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Vi n h o n os di ci on ár i os on -l i n e por t u gu eses

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Academic year: 2019

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Sílvia Bar bosa[1]

Universidad Nueva de Lisboa

1. INTRODU? ÃO

Numa er a onde a infor mação sur ge em diver sos for matos, o dicionár io continua a ser consider ado uma obr a r elevante par a o desenvolvimento cultur al e social, onde podemos aceder a um r epositór io fiável de infor mação e obser var o modo como uma comunidade vê e nomeia o mundo envolvente, ainda que não conceptualizemos do mesmo modo o que nos r odeia, mas tendamos par a uma har monização.

O motivo comum par a a utilização de um dicionár io par ece ser ?saber o significado de uma palavr a?. No entanto, este está longe de ser o único motivo pelo qual o utilizador consulta um dicionár io. As r azões que levam à consulta de uma deter minada palavr a são diver sas: saber qual a gr afia cor r eta, como se faz a divisão silábica ou como se pr onuncia, encontr ar um sinónimo/antónimo, conhecer a infor mação gr amatical, confir mar se está dicionar izada ou se há mais aceções da palavr a, per ceber se há difer enças de sentido entr e palavr as semelhantes, entr e outr as.

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O dicionár io per mite satisfazer deter minadas necessidades dos seus utilizador es, pode ser usado com funções específicas (Tar p, 2008), pode funcionar como um pr oduto pedagógico, pois for nece infor mação do uso r eal da palavr a, r egista as aceções conhecidas e/ou fr equentes. O dicionár io funciona também, por um lado, como um solucionador de pr oblemas (de vár ia or dem) e, por outr o, como um r epositór io do patr imónio linguístico e cultur al que uma sociedade par tilha, tudo isto tendo em conta um deter minado per fil de público-alvo e deter minadas funções específicas (cognitivas, comunicativas, oper ativas e inter pr etativas) que podem existir.

Atr avés da análise do dicionár io é possível, também, obser var de for ma indir eta: (i) como o lexicógr afo apr esenta de modo mais ou menos evidente as suas opções (políticas, r eligiosas, entr e outr as) e os cr itér ios selecionados (o público a que se destina, o númer o de entr adas, a constr ução das definições, etc.), pr ojetando uma imagem das suas intenções/ideologias na edição dos mesmos; (ii) de que modo a sociedade nomeia o que a envolve e r eflete as influências sócio-histór icas do momento em que foi cr iado; e (iii) como a cultur a é entendida e par tilhada entr e lexicógr afo e leitor, mas também como a pr ópr ia definição é constr uída.

Sabendo que o dicionár io de língua ger al pr ocur a apr esentar na definição lexicogr áfica a descr ição da estabilidade atr avés das polissemias estabilizadas no sistema linguístico (Rey, 2008) e o ver bete tem ?elementos lexicultur ais [que] estão pr esentes em muitos ter mos das nomenclatur as e nas definições lexicogr áficas? (Lino, 2010), par eceu-nos inter essante analisar o ver bete ?vinho? num conjunto de dicionár ios monolingues de língua ger al do por tuguês eur opeu[2] on-line que o utilizador comum facilmente consulta.

O objetivo deste tr abalho é analisar este ver bete numa amostr a de dicionár ios par a obser var : (i) que infor mação está pr esente, (ii) se a infor mação é r elevante, (iii) se a infor mação é compr eensível (à semelhança do tr abalho r ealizado por Ber genholtz & Kaufmann (1997)[3]), (iv) que aspetos lexicultur ais estão pr esentes.

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[2] Descr evem par te do léxico de uma língua par a os falantes nativos da mesma, têm um númer o consider ável de palavr as definidas nas vár ias aceções e significados; for necem infor mação sobr e a língua e alguns domínios, apr esentam aceções de for ma a usar cor r etamente as expr essões linguísticas.

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Par a selecionar os dicionár ios, foi tido em conta um conjunto de car acter ísticas de acor do com os pr incípios apr esentados por Sinclair (2005):

· For m at o: for am escolhidos apenas dicionár ios em for mato digital.

· L ín gu as: optámos por usar dicionár ios monolingues de língua ger al (excluindo

glossár ios, thesauri, vocabulár ios ou enciclopédias), dado que ?abar ca[m] o vocabulár io ger al da língua, dando conta do maior númer o possível de unidades e do maior númer o possível de acepções e usos par a cada unidade? (Cor r eia, 2009: 20).

· Descr i ção: r ecor r emos a dicionár ios sincr ónicos.

· Or gan i zação: pr efer imos aqueles que par tem da for ma par a o significado

Existem vár ios estudos que compar am o dicionár io em ver são digital com o dicionár io em ver são em papel, mas sobr e estas questões não nos ir emos debr uçar.

Devido às car acter ísticas que exibem nas suas pr ópr ias apr esentações, for am selecionados os ver betes das seguintes fontes: Dicionár io Aber to; Dicionár io da Língua Por tuguesa da Por to Editor a (Infopédia); Dicionár io Pr iber am da Língua Por tuguesa; Léxico. Os motivos par a esta escolha pr endem-se com os seguintes aspetos: (i) estão acessíveis a um público mais vasto quando e onde quiser ; (ii) per mitem ao leitor aceder a uma pesquisa mais r ápida; (iii) podem ser aumentados e atualizados, sem a pr eocupação r elativa ao espaço, entr e outr os aspetos; (iv) são de acesso gr atuito; (v) r efer em-se ao por tuguês eur opeu.

2. APRESENTA? ÃO DA AMOSTRA

Antes de mais, ter emos como ponto de par tida a definição de vinho existente no glossár io do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Tr ata-se de um r epositór io de ter mos e definições par a um público semiespecialista e especialista, estando implícito um conhecimento mais apr ofundado do domínio da enologia por par te dos utilizador es.

De acor do com o estabelecido no glossár io do IVV, vinho é definido como:

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consumo, apresenta aromas frutados, perfumados e diversos outros bouquets.[4]?

Na definição supr acitada, ver ifica-se que há uma explicação clar a e por menor izada, não só do que é o pr oduto, como é constituído, do pr ocesso necessár io par a a sua pr odução, bem como dos aspetos químicos envolvidos e das par ticular idades sensor iais do pr oduto final. É possível apr eender a essência do objeto definido atr avés do r ecur so a comentár ios adicionais entr e par êntesis, a ?m de situar o leitor quanto a questões de sinonímia, de explicação de conteúdos, entr e outr os. É uma definição escr ita por especialistas par a especialistas, onde a explicação faz sentido num deter minado domínio, mas tender á a ser incompr eensível par a os r estantes utilizador es, pois não conseguem descodificar a infor mação contida.

Esta definição apr esenta-se como contr aponto às definições que sur gem nos dicionár ios de língua ger al par a um público não especialista e, consequentemente, pouco familiar izado com o domínio enológico. Se, por um lado, a definição do IVV ajuda os semiespecialistas e os especialistas a compr eender o conceito no seu domínio de especialidade, as definições nos dicionár ios ger ais devem ajudar o utilizador comum a compr eender melhor o mesmo conceito, ainda que as definições sejam distintas do ponto de vista da elabor ação e do pr opósito. Apr esentar emos de seguida as quatr o definições de ?vinho? cor r espondentes aos dicionár ios selecionados, par a compr eender que infor mação e de que modo está apr esentada nos dicionár ios de língua ger al. Ser á indicado o nome do dicionár io a que cor r esponde, seguido da estr utur a do ver bete tal como sur ge na fonte[5] e uma pr imeir a descr ição dos dados.

Di ci on ár i o Aber t o

m. Líquido alcoólico, r esultante da fer mentação do sumo das uvas ou de outr os vegetais: vinho de maçans. Vinho de maçans, sidr a. Vinho de cheiro, vinho ar omático,

fabr icado nos Açor es com uva isabel. Vinho de arbusto, vinho fabr icado com uvas das

uveir as. Vinho de enforcado, vinho clar ete, o mesmo que vinho de arbusto. Vinho abafado, ger opiga for te. Vinho surdo, nome, que dão na Madeir a ao vinho abafado.

Vinho fino, vinho gener oso, vinho velho e alcoólico. Vinho verde, vinho de sabor ácido, menos alcoólico que o vinho comum, e fabr icado no Minho e em par te da Beir a com uvas especiais, às vezes colhidas antes da matur ação. Fig. Bebedeir a. (Do

lat. vinum) hiper ónimo de: forfete, sidra. r elacionado com: vinário. sinónimo de:

óleo-de-setembro, v?o. ter mo mais abr angente que: forfete, sidra

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[4] Retir ado de http://w w w.ivv.min-agr icultur a.pt/np4/155#V

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Este ver bete é apr esentado da seguinte for ma: categor ia gr amatical; uma aceção; oito de locuções/fr aseologias/combinatór ias; infor mação etimológica e, por fim, sinónimo, categor ia abr angente e hiper ónimo. Obser va-se que em momento algum há r efer ência ao domínio técnico (enologia). Relativamente à aceção, fica implícito que vinho pode ser qualquer líquido r ealizado com vegetais, o que não é de todo cor r eto, i.e., coloquialmente pode-se denominar ?vinho de maçã?, mas a adequada designação dever á ser ?sidr a?. O utilizador não obtém nesta definição nenhuma infor mação sobr e o facto de este tipo de vinho de vegetais poder ou não conter vinho de uva na sua composição, que é de facto uma bebida fer mentada que poder á ou não ser alcoólica e que, num discur so for mal (tendo em conta as especificações da legislação nacional e comunitár ia vigentes), não se utiliza a denominação ?vinho? par a outr os vegetais. Obser va-se que a infor mação constante neste ver bete par ece insuficiente, pouco clar a e sem r emissões par a outr as palavr as que possam esclar ecer quanto a estes factos. Isto é, se o utilizador não souber de antemão que existem algumas r estr ições de nomeação ao nível legal, não é neste ver bete que encontr ar á essa infor mação. Neste dicionár io, não é possível clicar na palavr a dentr o do ver bete e saber mais, como acontece noutr os dicionár ios on-line. Se o utilizador não souber o que é ?fer mentação, uva isabel, uveir as, jer opiga?, ter á de inser ir manualmente a palavr a e pr ocur ar mais infor mação. Foi isto que fizemos e concluímos que apenas em ?fer mentação? não há extensão de infor mação. Nesta palavr a, r efer e-se somente que se tr ata de ?Reacção espontânea de um cor po or gânico, pela pr esença de um fer mento que o decompõe?, sem explicar que tipo de fer mentação poder á ser e como se dá o pr ocesso, quando aplicada ao vinho. Nas r estantes palavr as inser idas, havia infor mação complementar ao ver bete ?vinho?, ampliando desta for ma o conhecimento do utilizador, caso ele assim o necessite.

Di ci on ár i o da L ín gu a Por t u gu esa da Por t o Edi t or a (I n f opédi a)

nome masculino 1. bebida alcoólica pr oveniente do sumo das uvas fer mentado; 2. qualquer líquido alcoólico obtido por fer mentação; 3. figurado embr iaguez;

bebedeir a; v i n h o a m ar t el o vinho de fr aca qualidade ou falsificado; v i n h o f i n o

vinho gener oso de longa for mação e dur ação que, com o tempo, vai apur ando algumas das suas qualidades, como o que é conhecido por vinho do Por to. (Do latim

vinu-, «idem»)

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r espetivo ver bete de falsificação, não há infor mação complementar ; sobr e ?vinho fino?, apr esenta dois equivalentes ? ?gener oso? e ?vinho do Por to? ? , mas não explica como se obtém este tipo de vinho e quais são as qualidades específicas apur adas.

Di ci on ár i o Pr i ber am da L ín gu a Por t u gu esa

(latim vinum, -i) substantivo masculino 1. Bebida alcoólica que se obtém da

fer mentação, total ou par cial, do sumo das uvas fr escas (mosto). 2. [Por extensão] Nome de qualquer líquido açucar ado que a fer mentação tr ansfor mou em bebida alcoólica. 3. [Figur ado] Bebedeir a. v i n h o a m ar t el o [Infor mal] Vinho falsificado ou

de muito baixa qualidade. v i n h o de bar r a a bar r a Vinho que pode supor tar a

viagem por mar sem se azedar. v i n h o de cor t e [Enologia] Vinho feito a par tir de

duas ou mais castas, por oposição ao vinho var ietal. v i n h o de en f or cado [Enologia]

Vinho ver de feito de uvas de enfor cado. v i n h o f i n o [Regionalismo] Vinho do Por to. v i n h o f or t i f i cado [Enologia] O mesmo que vinho gener oso. v i n h o gen er oso

[Enologia] Vinho que tem alto teor alcoólico, ger almente por adição de aguar dente dur ante a sua elabor ação. v i n h o l i cor oso [Enologia] O mesmo que vinho gener oso. v i n h o m ou r o [Enologia] Vinho pur o, sem mistur a de água, vinho não baptizado. v i n h o t r at ado [Enologia] O mesmo que vinho gener oso. v i n h o v er de [Enologia] Qualidade de vinho natur almente efer vescente, tinto e br anco, feito com uvas pouco sacar inas por que colhidas cedo.

Este ver bete exibe uma infor mação mais completa no que r espeita à infor mação etimológica completa (o r adical, a desinência e a declinação a que per tence). Indica tr ês mar cas de uso distintas dos r estantes, como ?infor mal? e ?r egionalismo? (apesar de não indicar a zona a que se r efer e) e o domínio técnico a que cor r espondem, neste caso, Enologia. Além de uma extensa lista de locuções/fr aseologias/combinatór ias com r espetiva descr ição (que ser ão analisadas em por menor mais adiante).

L éx i co

subst. m. 1. bebida alcoólica feita a par tir de uvas: vinho br anco. Fr ases com a palavr a Vinho: "O vinho não embr iaga tanto ao homem como o pr imeir o movimento da ir a, pois ele cega o entendimento sem deixar luz par a a r azão." Mateo Alemán. "Sabor eiem do amor tudo o que um homem sóbr io sabor eia do vinho, mas não se embebedem." Alfr ed de Musset.

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3. OBSERVA? ÕES GERAIS

De for ma sucinta, apr esentamos, de seguida, as obser vações ger ais quanto ao modo como o ver bete está constr uído.

· Extensão do ver bete: dos quatr o dicionár ios analisados, o Aber to e o Pr iber am

apr esentam ver betes mais extensos, em contr aste com os ver betes mais br eves do dicionár io da Infopédia e do Léxico.

· Infor mação etimológica: exceto o Léxico, que não apr esenta essa infor mação

de todo, nos r estantes dicionár ios, ela sur ge em difer entes posições.

· Estr utur a do ver bete: r egr a ger al, o ver bete é composto por uma ou mais

aceções seguidas de locuções, fr aseologias, exemplos, mar cas de uso, citações.

· Númer o de aceções: var ia entr e apenas uma (Aber to e Léxico) e tr ês aceções

(Infopedia e Pr iber am).

· Númer o de locuções/fr aseologias/combinatór ias: o númer o var ia entr e uma ou

duas (Infopédia, Léxico) e oito ou onze (Aber to e Pr iber am).

· Mar cas de domínio técnico especializado: apenas o Pr iber am apr esenta como

per tencentes ao domínio da Enologia todas as locuções consultadas.

De seguida, destacam-se algumas obser vações sobr e as aceções e as combinatór ias nesta amostr a r ecolhida, com especial destaque par a os aspetos lexicultur ais.

Sobr e as aceções podemos r efer ir :

· que existe uma pr efer ência por ?bebida alcoólica?; ?líquido alcoólico? é sis

· que há indicação do significado básico e que, nos casos em que há mais do que

uma aceção, há uma leitur a por extensão, que pode ser mar cada explicitamente ou não, mas sempr e que há um uso figur ado, ele é sempr e mar cado;

· apesar de apar entemente a infor mação nas aceções ser semelhante nas vár ias

fontes, o facto de ser em utilizados constr uções e ver bos difer entes per mite infer ir distintas infor mações:

o x r esultante de y (a consequência de um pr ocesso);

o x pr oveniente de y (a or igem);

o x obtido por y; x que se obtém por y, x feito a par tir de y (o pr ocesso);

. sobr e a fer mentação pr opr iamente dita, que é uma tr ansfor mação química,

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Sobr e as combinatór ias, podemos destacar :

· o númer o ? o númer o das combinatór ias var ia entr e uma ou duas (Infopédia e Léxico) e oito ou onze (Aber to e Pr iber am);

· a or denação ? no dicionár io da Infopédia e no da Pr iber am, as combinatór ias são or denadas alfabeticamente, já no Aber to par ece não ter or dem específica.

Ainda sobr e as combinatór ias, das difer entes combinatór ias existentes apenas duas são mencionadas em dois dicionár ios, mas com definições ligeir amente difer entes: ?vinho a mar telo? e ?vinho fino?.

Vi n h o a m ar t el o

Há inver são na apr esentação das car acter ísticas do tipo de vinho consoante o dicionár io. O Pr iber am adiciona a infor mação de que é um uso infor mal; a utilização de difer entes adjetivos par a se r efer ir à qualidade (?fr aca?, ?baixa?) e ainda o advér bio ?muito? par a intensificar o valor do adjetivo. Cur iosamente, não há r efer ência à or igem. Numa pesquisa em glossár ios existentes disponíveis nos sites de cooper ativas, não há qualquer r efer ência a ?vinho a mar telo?, já numa pesquisa pela Inter net, existem pelo menos duas ver sões, ambas com or igem no antr opónimo e que r elatam situações específicas do contexto vitivinícola por tuguês.

Vi n h o f i n o

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Seguem-se as combinatór ias pr esentes nos outr os dicionár ios.

No Di ci on ár i o Aber t o

· ?Vinho de cheir o?, ?Vinho sur do? e ?Vinho ver de? r emetem par a r egiões

específicas de Por tugal e pode-se pensar que são, de facto, r egionalismos, mas não há mais infor mação disponível.

. Há uma r elação entr e ?vinho ar busto? e ?vinho enfor cado?, no entanto,

?vinho clar ete? é intr oduzido na definição de ?vinho enfor cado?, que r emete par a ?vinho ar busto?.

No Di ci on ár i o Pr i ber am

· Existem quatr o r emissões par a vinho gener oso.

· ?Vinho de bar r a a bar r a? ? ativa o conhecimento da entr ada dos

por tos, designadas bar r as.

· Na definição de ?vinho de cor te? pode infer ir -se o seu antónimo ?vinho

var ietal?.

· ?Vinho de enfor cado? ? não há qualquer r efer ência de que se tr ata de

videir as que se encostam/tr epam por outr as ár vor es, mas sim que par ece ser uma qualidade de uvas.

· ?Vinho mour o? ? uma definição que associa aspetos r eligiosos par a

explicar a ausência de água no vinho, ainda que esteja associado ao domínio da Enologia, talvez por ser consensual o conhecimento do que é o batismo e o que r epr esenta o mour o (pagão) na cultur a por tuguesa.

4. CONCLUSÃO

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Outr o aspeto inter essante é o modo como o saber par tilhado, coletivo e consensual por par te de uma comunidade par ece ser intr ínseco em todos os dicionár ios. Assim, par ece que fica a faltar infor mação r elevante, como: (i) mencionar que existem tipos de vinho difer entes (br anco, tinto e r osé); (ii) indicar que tipo de fer mentação se tr ata (alcoólica por oposição a malolática e acética); (iii) aludir em que consiste a falsificação de um vinho (par a um não conhecedor poder á apenas r emeter par a uma alter ação do r ótulo e não do conteúdo em si, ou de ambos, por exemplo); (iv) indicar os tipos de vinho mais conhecidos em Por tugal (ligeir a r efer ência ao vinho do Por to, ao vinho da Madeir a, ao vinho Ver de, ao vinho de cheir o dos Açor es) sem contudo r efer ir que são vinhos existentes apenas nesta localização geogr áfica; (v) explicitar em que é cultur almente aceitável inger ir vinho em deter minadas r efeições, em celebr ações r eligiosas, em comemor ações sociais (um aspeto impor tante se tiver mos em conta que nem todos os povos e r eligiões assumem o vinho como par te r elevante da sua cultur a); (vi) r efer ir que as r estantes bebidas alcoólicas fer mentadas (bebidas alcoólicas por mistur a) podem levar ou não vinho na sua composição; (vii) salientar que, de acor do com o teor alcoólico, podemos ter difer entes tipos de vinho (leve, fr isante, espumante, gaseificado, licor oso, etc.); (viii) r essaltar que, do ponto de vista legal, não se deve utilizar ?vinho de? (outr o pr oduto que não a uva), por que legalmente não se r econhece esta designação, mas coloquialmente é aceitável, par a citar alguns exemplos de infor mação que poder á ser r elevante par a o utilizador.

Tais aspetos fazem-nos questionar a per tinência da infor mação na definição que, de um modo ger al, não está totalmente adequada, nem detalhada, nem completa e pr essupõe um conhecimento pr évio mais amplo, não só do domínio técnico, mas também da cultur a associada ao utilizador. Podemos consider ar que o público-alvo da amostr a de dicionár ios é o mesmo e que, em cer ta medida, cumpr em o papel infor mativo com ver betes mais ou menos extensos, mas o utilizador ter á, em qualquer um dos casos, dificuldades em r esolver questões r elacionadas com a compr eensão, pr odução e/ou conhecimento. É, por tanto, necessár io r econhecer que a maior ia dos ver betes são par cos na infor mação apr esentada e não exibem uma solução par a quem quer saber mais infor mação sobr e o tópico, pois a compr eensão do ver bete engloba a estr utur a das fr ases, mas também o modo como as fr ases são escr itas.

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Vi n h o

(Do latim vinum, -i)

1. Bebida alcoólica feita de uvas, br ancas ou tintas, atr avés da fer mentação alcoólica dos bagos de uva. Existem vár ios tipos de vinho de acor do com a cor vinho branco, rosé e tinto. Podem existir difer entes tipos de vinho quanto ao teor alcoólico leve, frisante, espumante, gaseificado, licoroso. Consumido de for ma moder ada às r efeições e em algumas celebr ações r eligiosas.

2. Nome de qualquer líquido açucar ado que a fer mentação tr ansfor mou em bebida alcoólica que pode ou não conter uvas na sua composição.

3. [Figur ado] Bebedeir a, embr iaguez.

4. Que é da cor ar r oxeada da uva, cor de vinho.

Combinatór ias lexicais

Vi n h o a m ar t el o ? Vinho de muito baixa qualidade, vinho falsificado, ao

nível da composição e/ou da r otulagem.

Vi n h o l i cor oso ? Vinho com alto teor alcoólico, ger almente por adição de

aguar dente dur ante a sua elabor ação. Vinho muito doce como os vinhos do Por to, da Madeir a e Moscatel em Por tugal. O mesmo que vinho generoso, vinho fino, vinho fortificado, vinho tratado.

Vi n h o Ver de ? Qualidade de vinho natur almente efer vescente, tinto e br anco,

feito com uvas pouco sacar inas por que colhidas cedo, pr oduzido somente na r egião do Minho em Por tugal.

Vi n h o de cor t e ? Vinho feito a par tir de duas ou mais castas, por oposição ao

vinho var ietal. O mesmo que monocasta, elementar.

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Natur almente, esper amos, no futur o, desenvolver este estudo atr avés do aumento do númer o de ver betes r ecolhidos noutr os dicionár ios monolingues de língua por tuguesa. Esse desenvolvimento per mitir á conhecer não só o per cur so do ver bete em por tuguês eur opeu, mas também analisar quando deter minadas aceções for am r egistadas em dicionár io e que alter ações for am sendo atestadas e de que modo r efletem a cultur a associada a uma unidade lexical que faz par te do léxico fundamental da língua por tuguesa.

5. Ref er ên ci as bi bl i ogr áf i cas

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LINO, Ter esa, Alexandr e CHICUNA, Ana Pita GRÔZ e Daniel MEDINA (2010): «Neologia, Ter minologia e Lexicultur a. A Língua Por tuguesa em contacto de línguas», Revista de Filologia e Linguística Portuguesa 12(2) Univer sidade de S. Paulo. SINCLAIR, John (2005): «Cor pus and Text - Basic Pr inciples», Developing Linguistic Corpora: a Guide to Good Practice, ed. M. Wynne.

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Referências

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