• Nenhum resultado encontrado

FEDERAÇÃO INDÍGENA DO POVO KUKAMƗ-KUKAMIRIA DO BRASIL, PERU E COLOMBIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "FEDERAÇÃO INDÍGENA DO POVO KUKAMƗ-KUKAMIRIA DO BRASIL, PERU E COLOMBIA"

Copied!
107
0
0

Texto

(1)

1

FEDERAÇÃO INDÍGENA DO POVO KUKAMƗ-KUKAMIRIA DO BRASIL, PERU E COLOMBIA

Tapɨya Weteratsun Ritamakuara Kukamɨ-Kukamiria Pray+iuka, Peruka riai Kurumpiaka - TWRK

CNPJ (MF): 16.862.108/0001-23

MOVIMENTO DO PATRIARCADO CACICADO GERAL DO

POVO INDÍGENA KOKAMA DO BRASIL - MPKK

Reconhecido “Ad Referedum” pela Federação TWRK.

Endereço: Beco Marechal Rondon, 5 – Portobras, 69.640-000, Tabatinga-Am, celular: 097-98412-4115, e-mail: edney_cunha@hotmail.com

EDNEY DA CUNHA SAMIAS

O POVO KOKAMA: É A NAÇÃO DA RESISTENCIA

Tabatinga-AM 2020

(2)

2

INTRODUÇÃO

Nós do povo indígena Kokama, somos uma nação indígena secreta, de hábitos secretos, firmados na medicina vegetal, sideral, ancestral e conhecimentos ocultos, com pouca documentação bibliográfica real de nosso conhecimento mais profundo e de nossa historicidade. Não contamos a ninguém nossa historia verdadeira e ninguém tem por escrito nossa origem. Somos guerreiros da floresta, sabemos onde ficam os santuários da natureza, conhecemos os espíritos superiores da natureza e trabalhamos com arcanas poderosas. Não somos Tupi e nem Ómagua, não temos nenhuma ligação com o Ómagua, somos Kokama mesmo.

Temos a medicina tradicional como base de nosso conhecimento milenar. Sendo a Ayahuasca como a medicina tradicional central de nosso povo. Nesse momento de cura guardamos a medicina, amuletos, língua, grafismos, cerâmicas, danças, armas tradicionais, armadilhas, venenos, perfumes, instrumentos de caça e pesca, e locais sagrados e onde se encontra ouro.

Não podemos usar material de outros povos, pois interrompe a nossa conexão ancestral. Por exemplos nosso povo não pode consumir “Rapé”, pois é de outro povo, assim por diante. O povo indígena Kokama não pode consumir carne de porco, nem pimenta e nem bebidas alcoólicas, pois enfraquece a conexão ancestral.

A palavra Kokama vem da língua Kokama, “kukamɨ” que significa “descendente da coca”, ou ainda, “agricultores da coca”, outras definições também afirmam como “amantes da roça” ou “da roça para cama”. Toda nossa medicina tradicional tem nos remédios tradicionais a folha da coca para curar, como a folha seca de coca para purificar a mente e espírito ao mastigar, chá da folha de coca e etc. E todas essas misturas podem incluir tabaco, toé, chacruna, flores e plantas diversas.

Segundo MPKK (2015, p.03),

Antigamente, quando existiam os primeiros Kukamɨ-Kukamiria (Kokama), nós habitávamos um modelo “arquitetural” próprio, era uma oca grande (uka nuan) no meio da comunidade e as demais ocas menores (uka misha) ao redor da oca grande, ao todo eram sete casas pequenas e uma grande ao centro. Sendo que, as casas pequenas eram para os afazeres diários, para os ofícios de cada família (clã) e a casa grande era para todos dormir, todos passarem a noite. Ninguém dormia nas casas pequenas.

(3)

3 O povo Kokama tem suas coisas próprias, casa tradicional, língua, grafismo, artesanatos, cerâmicas, dança tradicional, musica tradicional, instrumento musical tradicional, medicina tradicional milenar, rituais diversos, como, o ritual de pelação no menino, ritual do corte de cabelo da nuca e primeira menstruação da menina, ritual fúnebre, ritual da ayahuasca e etc.

Nós do povo Kokama não copiamos nada de outro povo indígena, o nosso povo Kokama usa cocá próprio como amuleto, cada hierarquia e oficio o seu próprio material tradicional. O líder tradicional Samias tem a missão de ensinar a todos os respeitos pelos conhecimentos que comunica com a ancestralidade, se tiver alguma coisa errada não faz a conexão ancestral e nem há cura (SAMIAS, 2019).

Nosso povo tem um modelo próprio de organização tradicional e tudo é decidido no coletivo, ninguém pode falar por nós a sós, mas temos três grandes lideres administrativos em duas entidades de porte nacional e internacional que nos representam juridicamente: ELADIO RODRIGUES CURICO, presidente da OGCCIPK, GLADES RODRIGUES RAMIRES, presidente da Federação TWRK e ANA MILENA SOUZA MARULANDA, Vice-Presidente da Federação Kokama. Todos os trabalhos são feitos sob consulta das Comunidades Kokama. Estes líderes jurídicos são reconhecidos pelo movimento indígena em níveis nacionais e internacionais e trabalham em conjuntos com os caciques locais, caciques gerais, patriarcas, pajés, taitas, associações e demais lideranças.

Nós temos um jovem antropólogo formado na UnB, da etnia Kokama, que vem lutando juntos com as lideranças jurídicas e lideranças tradicionais, MAURICIO CURICO, quem vem se destacando no Movimento Indígena Kokama.

Segundo ARIMUIA (2018) afirma que, “O povo Kokama é um povo inteligente, pode ser arquiteto, advogado, piloto, médico, enfermeiro, etc. O povo Kokama morava na beira do rio e não morava no mato. Não somos do mato”.

O ano de 2019 o povo Kokama reuniu todos os movimentos indígenas Kokama para trabalhar de forma unida, unir os lideres e pessoas jurídicas que estavam separados e aprovar em Assembléia geral a palavra “Kukami-Kukamiria” em nossa língua materna e em português a nomenclatura Kokama.

Vamos contar pela primeira vez ao público um pouco sobre nossa história verdadeira do povo indígena Kokama em palavras simples e profundas, tendo com testemunha o povo Kokama, nós falamos por nós e sabemos quem somos.

(4)

4

1 QUAL A ORIGEM DO POVO KOKAMA

Descreve-se como nosso povo Kokama acredita que nasceu como nação, relatos de Francisco Samias (2015):

Na era 1 (wepe), TIUTSU MUKI YARA (Deus Criador de tudo) criou o mundo com todas suas maravilhas: céu, nuvens, sol, lua, estrelas, planetas, terra, mares, montanhas, árvores e animais. Com o tempo ele pensou e viu que não havia criado o homem. E criou o primeiro Kukamɨ, um homem. Ele pegou um pouco de terra em suas mãos, salivou e soprou e daí saiu o indígena kukamɨ. Então, TIUTSU MUKI YARA falou para ele, você vai ficar aqui e vai se juntar com os que aparecerem. Você vai ficando bem preparado. Todas as atividades vão ser com você. E aí , começaram a chegar os animais e logo foram se camaradando e fazendo amizades e esqueceu que TIUTSU MUKI YARA falou. Então viveu entre os animais, com muito tempo que vivia junto dos animais, derrepente ele chegou a pensar pelo que TIUTSU MUKI YARA falou. Ai ele foi dar de conta que ele não estava vivendo junto com outras pessoas igual como ele e logo chamou atenção dos companheiros animais. E disse: companheiros, eu vou embora. Depois de muito tempo que viajou encontrou uma arvore, caída, já velha e sentou-se sobre ela. E ficou vendo, do lado e do outro, sem saber o que fazer, até que imaginou, será que eu ralando essa madeira, do pó dela não levantaria pessoa que nem eu? Eu vou tentar. Pegando uma pedra e iniciou a ralar, da primeira parte da madeira que nós chamamos de carne da madeira, juntou os pós e suas mãos, pegou um pouquinho de terra e salivou dizendo, ai meu Deus como eu queria que do pó dessa madeira levantasse pessoas que nem eu e soprou o pó de suas mãos. Os pós se transformaram todos em insetos. Vendo os insetos se transformarem da primeira parte da madeira, eu vou ralar mais profundo, ralou a parte mais dura da arvore e fez o mesmo processo como da primeira vez, pegando os pós em suas mãos e agradeceu dizendo: ai meu Deus como eu queria que do pó dessa madeira levantasse pessoa igual a mim, para me fazer companhia e levantaram sete mulheres, ele chamou de WAINA. Ele não se conformou com isso, ele tentou ralar mais profundo até chegar ao coração da madeira, a parte mais dura da madeira, chamado de âmago da madeira. Ele ralou, ralou, até que chegou no centro, no âmago mesmo, a parte mais dura da madeira, essa madeira era mais durativa da mata, ele juntou os pós da madeira em suas mãos pegando um pouco de terra e misturou com os pós de madeira que estava em suas mãos e deu três salivadas e agradeceu e soprou, então, levantaram seis homens, sendo 7 com ele. Ele chamou de NIAPITSARA. Os homens e mulheres que ele criou chamaram ele de TATAYARA e no mesmo tempo ele entregou uma mulher para cada homem. A primeira mulher que pulou do pó da madeira ficou com ele e seguiram em frente. Até hoje estamos aqui (SAMIAS, 2015, p. 122).

São diversas historias tradicionais que são contadas para nosso povo e a história da criação do povo Kokama, Francisco Samias, relata a versão aceita por todos os antigos sábios de nosso povo. O povo indígena Kokama tem sua Cosmovisão própria e milenar.

(5)

5 Nós não temos o costume de contar para os não-Kokama “quem somos e de onde viemos”, não está nos livros, mas vou abrir o baú de nosso conhecimento tradicional para descrever sobre o nosso povo Kokama de forma tradicional, que nunca foi registrado em livros, pesquisas ou conhecido por antropólogos ou historiadores. Lembre-se somos um povo oculto e serão apenas uma visão para a sociedade não - Kokama saber um pouco sobre nós.

De acordo com Samias (2015, p. 123 - 128), apresentaremos como tudo recomeçou no movimento kukamɨ: de 1976 até os dias de hoje. Que foi escrita por Francisco Guerra Samias (em 18/10/2012 - 18/02/2015):

Em 1976, os Kokama (kukamɨ) foram resgatados pelo Padre Arsênio, italiano, que vivia na Comunidade Indígena Ticuna Belém do Solimões, na época fazia pesquisa e levantamento das comunidades Kokama e Ticuna. Onde encontrou mais comunidades Kokama, isso de São Paulo de Olivença, Benjamin Constant a Tabatinga-Am.

Até que ele chegou no Colégio onde estava, eu, Francisco Guerra Samias, Guilherme Padilha Samias e Claudionor Tananta Januário, onde fazíamos Curso de Capacitação dos Professores Leigos Rurais pelo Campus Avançados do Alto Solimões (vinculada à Porto Alegre, Rio Grande do Sul).

Foi quando o Padre fez a pergunta: “aqui no Curso tem algum Kokama?”. Um parente Ticuna que fazia curso também respondeu: “aqui tem três kokama padre”. E ficamos de pé para nos apresentar.

A partir daí eu procurei me informar bem sobre a história do nosso povo Kokama. Chegando do curso logo fui chamando a atenção dos meus pais e dos anciãos da Comunidade de Sapotal (chamada pelos anciãos de RITAMAKUARA KUKAMƗ ATEREPAN1), para

uma conversa do povo Kokama no Amazonas, Brasil.

Os anciãos junto com meus pais me falaram a respeito de não falar mais a língua materna (língua masculina e língua feminina) na frente das crianças. Os nossos ancestrais foram proibidos, deles se comunicarem com seus filhos, netos e aos outros parentes.

Na época já existia senhores coronéis dono de Propriedades que tinham seus soldados, a quem eles mandavam vigiar e cuidar aos nossos ancestrais, se continuavam falando suas línguas, o soldado levava a notícia para o coronel e ele vinha tomar as devidas providencias, com coro de peixe ou de boi seco para açoitar o Kokama velho, que ficava ensangüentado, o corpo em carne viva do Kokama velho, depois passava sal no corpo ensangüentado e mandava para o trabalho forçado na sua lavoura de cana-de-açúcar. Quem tinha sorte ficava bom, se não morria. Os Kokama vendo isso acontecer, fugiam em procura de terra sem demônio ou terra sem males. É por isso que os Kokama estão espalhados em todos os cantos do Amazonas, no Brasil, no Peru e na Colômbia.

Em 1978 a 1985, uma italiana MARIA FELICIDADE CASTE, trazida da Itália pelo Bispo Dom Adalberto, para vir catequizar os Kokama da Comunidade de Sapotal, o que acabou com a cultura da comunidade, pois o povo já andava ameaçados pelos coronéis e com mais a proibição que a italiana fazia.

1 A Comunidade de Sapotal é o inicio da luta Kokama no Brasil, confirmada através da página 59, da Seção 1, do Diário Oficial da União (DOU) de 20 de Maio de 2008. Confirma o líder tradicional superior do povo Kokama.

(6)

6

O povo usava uma cultura para lembrar dos finados, os parentes vivos ofereciam presentes, frutas ou comida para seus mortos e os parentes vivos recebiam homenagens pelos parentes mortos, como forma de honra. Ela vendo isso, dizia para os nossos pais da comunidade: “quem já morreu não precisa de comida, eles só precisam de vela”. Ouvindo isso sentiram medo e vergonha e nunca mais até os dias de hoje repetiram essa cultura de lembrar dos falecidos.

E outros diziam: “vocês não são mais índios, porque vocês já sabem ler e escrever e até tem filhos estudando na cidade. ”

E tem mais ameaça de palavras. Em um domingo após um culto, ela me chamou a atenção: “Chiquinho, antigamente vocês eram kokama, hoje vocês não são, mais sabe porquê? Você mesmo já é professor da tua comunidade, além de ser professor, é agente de saúde e é dirigente da igreja e outros já sabem ler e escrever”.

E eu, Francisco kukamɨ respondi: “tudo bem professora, a senhora está vendo aqui em frente da escola um pé de laranjeira? Ela respondeu: “sim, estou vendo”. E eu disse: “a fruta dela cai no chão na terra, com uns dias a fruta apodrece, da semente dela vai nascer uma nova planta. Que planta vai ser? Um pé de jambeiro? Ingazeira? ou abieiro? E ela: “Ah, não”, exclamou ainda: “vai nascer outro pé de laranjeira!

E eu, Francisco Kokama respondi: “como a senhora disse que antigamente o povo era kokama e hoje não são mais”? E ela respondeu: “ outro dia conversamos sobre isso”.

No outro dia, a sala da escola estava lotada de gente, esperando a chegada do Bispo e do Padre Arsênio, que chegariam para rezar a Santa Missa.

Eu e meu pai, ninguém sabia, só que ela nos quis pegar de cócoras, na verdade, o Bispo chegou, rezou a missa, após a missa, ele perguntou da italiana: “de que se trata a reunião? ” Ela ficou toda doida, sem saber como responder e olhou para mim e disse: “Chiquinho que sabe”. Francisco Kokama, inocente, sem saber se ia ter reunião após a missa, respondi para o Padre: “desculpe-me, nem eu sabia da reunião. Mas o que ela está dizendo que antigamente o povo era kukamɨ, hoje não são mais”.

O Bispo ouvindo isso, disse para a italiana: “arruma a mala e vai para o barco agora”. O Padre disse: “pessoal, o Francisco está certo e a Felicidade está errada. Aqui todos vocês são kokama”. A partir daí, nunca mais a senhora Felicidade foi a comunidade de Sapotal.

Em 1984, o primeiro prefeito representante municipal de Tabatinga, senhor FANTINO CASTRO, ficou sabendo que o professor e cacique da Comunidade de Sapotal estavam hasteando a bandeira da FUNAI em frente da escola, aí ele foi até a comunidade de Sapotal, com três policiais civis, para nos prender e nos proibir de hastear a bandeira, dizendo: “aqui ninguém é Tuxaua, todos vocês são civilizados”.

E eu respondi: “Prefeito, se nós e a Comunidade somos todos da tribo kukamɨ, nem assim temos direito de hastear a Bandeira da FUNAI? Ele respondeu: “Não, pode sim hastear a Bandeira do Brasil, do Amazonas e do Município”. Falando isso, prosseguiram suas viagens.

Nesse período de tempo, os Kokama (kukamɨ) andavam de reboque com os parentes Ticuna. Andávamos juntos pela demarcação das terras indígenas.

No período de 1977, os Ticuna fizeram uma reunião na Comunidade de Sapotal e falaram: “olha parentes kokama, até aqui chegamos com vocês, daqui para frente vocês vão dar o jeito de vocês, o que tínhamos que ensinar já ensinamos”.

(7)

7

E deram por encerrada a reunião. Após a reunião, meu pai Antônio Januário Samias, ficou triste e lagrimou. E eu tomei as palavras e disse: “não chora pai, Deus verá por nós, em breve virá alguém por nós”.

Em 1988, chegou na comunidade de Sapotal, a senhora lingüística Ana Suely Arruda Câmara Cabral, que veio para fazer estudo da língua kukamɨ, eu e meu pai nos alegramos com a presença da lingüística, “quem sabe com ela as coisas vão pra frente”. Ela ficou durante 45 dias na Comunidade de Sapotal.

Na época participaram três comunidades Kokama (kukamɨ): Sapotal, Jutimã e Sacambú 1. Os participantes da Comunidade de Sapotal foram: ANTÔNIO JANUÁRIO SAMIAS, MARIA JANUÁRIO SAMIAS, ANGELINA JANUÁRIO SAMIAS, OTAVIO GARCIA CURICO, JOSELINO SAMIAS GAMA e FRANCISCO GUERRA SAMIAS.

O participante da Comunidade Jutimã: FERMINO ARIMUIA CURICO.

O participante da Comunidade Sacambú 1: HERMÓGENES TANANTA CORDEIRO.

A lingüística viajou e disse que voltava mais não disse quando. E ficamos esperando alguns avisos e nada. Vivíamos desesperados sem poder fazer nada. A maioria dos participantes já morreram sem ver o retorno da lingüística.

Já em 1995, na Prefeitura de Tabatinga, na época o meu irmão Jair Kukamɨ Guerra Samias, veio reclamar seu PIS/PASEP e se deu com um tal de JOSÉ LEANDRO CAJUEIRO que perguntou para meu irmão: “quem é você? E ele respondeu: “eu sou kukama”. Exclamou ele: Kokama! Meu irmão respondeu: “sim”. Então o Cajueiro perguntou mais uma vez: “me diga uma coisa, quantos kokama são ao todo”? E meu irmão respondeu: “eu não sei, quem sabe sobre essas coisas é meu irmão FRANCISCO GUERRA SAMIAS, ele já andou, já foi por Manaus”. E Cajueiro perguntou: “e cadê ele? E meu irmão respondeu: “Está aí na casa de minha irmã”. Como já era 6ª feira, Cajueiro disse: “convida ele para amanhã, é sábado, às 8 horas, eu vou abrir, eu quero conversar muito com ele”.

Eu já ia andando para lá, quando encontrei com meu irmão voltando da prefeitura, em frente a SEFAZ, com uma cara de quem ia trazendo notícias boas. E eu perguntei: “já vai de volta? Quase não respondia de tanta emoção, até que ele me respondeu: “meu irmão, aí na Prefeitura tem um homem de cara vermelha, quer falar muito contigo, sobre assuntos kokama e mandou convidar você para um encontro aí na Prefeitura”. E eu respondi: “mas amanhã é sábado, não tem expediente”. Meu irmão confirmou: “ele vai te está com a chave”. As 8 horas chegamos na Prefeitura e ele já estava, aí entramos, cumprimentamos e logo foi puxando assunto. Perguntou o que tinha que perguntar e disse que tinha “um casal de jornalistas com Jornal que é próprio deles e eles falaram que garantem sustentar e manter uma organização com o próprio Jornal, se causa aceitarem eles já deram o nome da organização de COIAMA (Organização Geral de Apoio aos Índios Cocama). Eles precisam te conhecer”.

E eu respondi: “vamos lá, estou pronto”. Isso no mês de agosto de 1995. Eu fui pela primeira vez atender a chamada telefônica, bem, tudo na primeira vez é bom, do meio para o fim é que não se sabe.

É o que aconteceu com os kukamɨ do meio para o fim, fomos descriminados por eles, onde eles desejavam até a morte para os kokama, suspendendo as mãos para o céu.

Desde antigamente fomos enganados e somos enganados até os dias de hoje, por pessoas não-indígenas que no início pareciam que queriam ajudar, mas foram aproveitadores, oportunistas. E fomos

(8)

8

enganados até mesmo por próprios irmãos Kokama, aqueles que estavam ao nosso lado nos momentos difíceis, mudaram a cabeça, esqueceram que são Kokama.

Mas devemos ficar sem remorsos e pedi ajuda de Deus Pai para iluminar os nossos caminhos e junto com as forças de nossos ancestrais ir adiante. Se nossos ancestrais erraram nossa missão é corrigir, é a nossa hora de concertar as coisas e trabalhar com as pessoas certas, para dirigir nosso povo que está parecendo formiga doida sem um líder e sem direção.

Eu, FRANCISCO GUERRA SAMIAS, assumi a missão de lutar pelo meu povo Kokama, fiz juramento diante de meu pai ANTÔNIO JANUÁRIO SAMIAS no leito de morte e ele pediu para eu continuar a luta dele. E quando eu partir, no meu lugar deixarei o meu sobrinho EDNEY DA CUNHA SAMIAS para assumir a minha luta. Preparei meu sobrinho para ir adiante e ele terá a missão de preparar o novo líder de nosso povo, só assim vamos nos manter a tradição fortalecida, a nossa língua viva e protegida e o nosso povo no rumo certo.

Servi o meu povo Kokama com honra e dediquei toda a minha vida por todos os Kokama, até o último instante de meu suspiro vou continuar lutando.

A Federação Indígena do Povo Kokama terá o compromisso de unir todo o povo Kokama, foi um sonho meu, que acredito que agora vai se concretizar.

A memória de meu pai, a minha memória e a memória de todos os nossos pais antes de nós se manterá viva para as futuras gerações. Meu pai foi um grande patriarca cacique geral, que juntos com as outras lideranças antigas lutaram por todos nós de hoje.

Tenho fé que ainda vai chegar a vez do nosso povo Kokama ser respeitado, recepcionado bem e reconhecido, pois até hoje ainda sofremos descasos, preconceito, desamparo, discriminação e etc. das classes dominantes, das instituições indigenistas e das públicas como Prefeituras, INSS e outros.

Nós Kokama somos todos irmãos, os outros povos indígenas são nossos parentes, então se tratem como irmãos (primos) e não como parentes, se refiram a parente quando se dirigir ao outro que não é Kokama.

Nossos jovens quando fazem faculdade acabam esquecendo que são Kokama, ficam alienados e não observam as coisas mais com a razão indígena, perdem o coração indígena e acreditam mais nos brancos e nas suas teorias e deixam de acreditar no Kokama e suas experiências. Acabam ficando gente “estudada-burra”.

Portanto, tomem cuidado com a falsa democracia do branco, eles compram votos, colocam pessoas sem idoneidade moral e interesseiras para governar. O processo democrático do branco é corrupto e não é assim que trabalhamos, não é nossa cultura, devemos nos mostrar as claras, aprovar na transparência, com aprovação dos anciãos e trabalhar em ajuri e todos devemos apoiar nossos líderes tradicionais e lutar junto com eles.

Deixo meu coração se sentido com o dever cumprido, sentido que estou voltando para casa de meu pai depois de anos de luta. Se minha saúde não melhorar, tenho certeza de que a luta vai continuar, deixei tudo pronto e com as coordenadas preparadas, não se enfraqueçam e apóiem meu sobrinho EDNEY DA CUNHA SAMIAS para ser nosso novo líder tradicional superior “Patriarca cacique geral” e GLADES RODRIGUES RAMIRES para ser “Presidente de nossa Federação Kokama”, esse é meu último pedido, eles me representam e representam a todos vocês na tradição milenar do povo Kokama.

(9)

9 O texto acima foi escrito por Francisco Samias (in memória2) e nos deixou essa história para os nossos lideres, povo Kokama e interessados saber de nossas lutas constantes que se repetem de geração a geração.

3 QUEM SOMOS OS KOKAMA

2 FRANCISCO GUERRA SAMIAS, Patriarca Cacique Geral do Povo Indígena Kokama, natural de Tabatinga-AM, nascido em 15/07/1954, filho de Antônio Januário Samias e de Alicia Helena Guerra. Fez muitas realizações pelo povo Kokama conforme mostra este artigo. Falecido em 20/03/2015 na cidade de Manaus, onde foi para tratamento e não resistiu. No leito de morte conversou com sua esposa IRACY GARCIA que estava como acompanhante de paciente e disse que não iria mais voltar para Tabatinga vivo e que era para Comunicar que seu sucessor seria EDNEY DA CUNHA SAMIAS, seu sobrinho e que a GLADES RODRIGUES RAMIRES seria a Presidente da Federação Kokama. A família de Francisco Samias assinou um documento atestando o novo líder tradicional.

(10)

10 Segundo nossa Cosmovisão, nossos ancestrais vieram de hoje é o nordeste brasileiro, há mais de 3 mil anos atrás, e que éramos milhões de Kokama que andava toda onde hoje é América do Sul, América Central até a América do Norte, éramos dominadores de embarcações que transportavam as nossas famílias, cavalos e etc. por onde impossibilitava caminhada terrestre a viagem era feita pelos rios.

Calcula-se a chegada do povo Kokama na Amazônia brasileira há dois mil anos atrás, para Amazônia peruana faz uns 200 a 300 anos antes da colonização invasora européia e na Amazônia colombiana no período do “ciclo da barrocha”.

Com a Colonização tivemos muitos confrontos de morte e tivemos muitas perdas de nossos guerreiros, mas nunca conseguiram nos dizimar, pois somos um povo que estudamos os astros, naturezas e visões de futuro através da medicina tradicional.

A partir de 1821, no Peru com a sua independência iniciaram as disputas pelo controle da Amazônia, por sermos bons canoeiros, guardiões e conhecedores dos lugares onde existia ouro. Enquanto no Brasil estávamos como extintos, apesar de estarmos ai no meio da população ribeirinha ou nas comunidades que estavam se tornando cidades na Amazônia, ou seja, muitas cidades se formaram a partir das grandes aldeias no Alto Solimões.

Em 1853, se iniciaram os projetos de colonização da Pan-Amazônia em grande escala, ainda mais no Ciclo da borracha. Os verdadeiros herdeiros das florestas mesmo entregavam mercadorias primarias a troco de seu trabalho a um sistema colonial por endividamento, escravidão, catequização e esbranquecimento racial ou negação de identidade.

Até o ano 1950 o povo Kokama estava nas calhas dor rios Solimões e Amazonas camuflados como ribeirinhos, somente os anciãos falavam a língua materna mas não ensinavam os filhos.

Toda a medicina tradicional e estudo da língua materna na comunidade ficava reduzido aos médicos tradicionais, lideranças tradicionais anciãos e não mais para a comunidade, onde somente no ritual da Ayahuasca é que curavam e cantavam curas na língua Kokama.

Não existia nenhuma entidade indígena Kokama para defender nosso povo no século passado.

O sistema oficial e indigenista já nos tinha o povo indígena Kokama como extintos no Brasil.

Sendo que na década de 1980 veio uma antropóloga Ana Suelly, UnB, pesquisar os Kokama na Comunidade de Sapotal e sua língua materna, mas nunca o povo teve respostas de

(11)

11 suas pesquisas e nenhuma política publica se regressou para as Comunidades, todas as conquistas se devem as lutas dos nossos antigos lideres de Sapotal e demais comunidades que foram resgatadas por eles.

Sendo um dos grandes líderes na época o Sr. ANTONIO SAMIAS, que foi o primeiro Kokama a lutar pela demarcação de terras indígenas de acordo com as normas legais e valorização da língua materna Kokama.

Segundo Vieira (2016, p. 65), afirma que,

atualmente, as relações políticas intraétnicas e interétnicas têm se intensificado também com a atuação das associações, organizações e da federação kokama, que tentam unificar politicamente boa parte das comunidades kokama da tríplice fronteira Brasil/Colômbia/Peru, criando assim uma rede de relações políticas intercomunitárias em toda a região estudada.

O autor afirma que o povo Kokama vem intensificando a unificação e lutando por direitos do todos e revitalização da língua materna com atuação das associações, organizações e a Federação Kokama.

Na década de 1980, no lado peruanos os nossos familiares Kokama fundaram a FORMABIAP (entidade kokama peruana de pesquisa e valorização da língua Kokama), atualmente eles já formaram mais de 100 professores Kukama-Kukamiria e vem implementando o ESTUDO DO IDIOMA BILÍNGÜE em cada uma das escolas peruanas em nossas Comunidades Kokama no Peru.

No lado Colombiano foi pouco explorado a luta por uma organização representativa do povo Kokama, pois eles trabalham com varias etnias e perderam a língua, suas terras foram demarcadas (resguardo indígena), o mais conhecido território Kokama na Colômbia se chama COMUNIDADE INDIGENA KOKAMA DE RONDA – RESGUARDO (Terra Indígena Demarcada na Colômbia), sendo o grande líder conhecido por todos nós Kokama o Cacique MANUEL CHUNHA (falecido), Kokama colombiano, que na época participou de uma pesquisa e daí saiu o livro: CANTOS DE LOS KOKAMA: IKARA KOKAMƗNU, que imortalizou os últimos falantes maternos Kokama que falavam todas as palavras da língua Kokama na Colômbia.

Atualmente moram alguns Kokama ancião na cidade de Letícia-Colombia que dominam algumas palavras Kokama (falantes maternos) e estão tendo uma velhice no abandono e no descaso social, alguns já falecidos vítimas de Covid-19, em maio de 2020, sendo a maioria dos entes, da Família AMIAS/SAMIAS os mais penalizados.

(12)

12 Recentemente, no lado peruano, se calcula uma quantidade aproximadamente mais de 100.000 (cem mil) habitantes Kokama na região Amazônica peruana, mais 52.000 (cinqüenta e dois mil) em comunidades indígenas peruanas reconhecidas e mais outras 48.000 (quarenta e oito mil) Kokama nas cidades como YURIMAGUAS, LAGUNAS, NAUTA, REQUENA e IQUITOS.

Ainda no lado peruano, cerca de 193 (cento e noventa e três) Comunidades indígenas reconhecidas (igualmente no Brasil: TERRAS DEMARCADAS e na Colômbia: RESGUARDOS) como tal com suas respectivas escolas de categoria bilíngüe (Kukama/Espanhol).

Segundo Acho (2008, p. 13),

algunos investigadores, como Jean-Pierre Chaumeil y Anthony Stocks, señalan com origen del pueblo Kokama a Brasil y su presencia em territórios peruanos como resultado de una migración desde los siglos IX y X D.C. hasta la primera mitad del siglo XVI y trescientos años de la llegada de los españoles. Acerca de la avanzada Tupi-Guarani, como movimiento mítico poblacional, explicado y provocado por su creencia de buscar la tierra nueva, donde no se muere, existen ciertas dudas históricas que tienen que ver con el orden de descendencia étnica que se fue dando en los distintos grupos Tupi en la cuenca amazónica, según esta condición, los Kokamas se registran como un grupo que se originó a partir de los distintos Omaguas [versão não aceita por nós Kokama], los que a su vez, provenían de los tupi, ubicados en lo que hoy corresponde a territorios del Brasil y se diseminaron, luego, desde el Alto Amazonas peruano donde pudieron, según el investigador Felipe Gonzales Ruiz, haber tenido contacto con los Quechuas, condicionando o aclarando lo que, para algunos, se llama rasgos del quechua en su lengua, continuando luego por las riveras de los ríos Ucayali, Bajo Marañon y Huallaga. Incluso ciertos trabajos, hacen alusión a los Tupi-Cocama directamente, al hablar de identidades amazónicas y anotar que los miembros de esta etnia – como muchas otras y en otras regiones – se sienten peruanos y no indígenas peruanos, escondiendo su etnia por prevención y estrategia de sobrevivencia.

Para nós kokama, somos um povo milenar, antigo, que andávamos todas as Américas e com contatos com diversos povos andinos, amazônicos e outros, mas não temos nenhuma genealogia ou familiaridade com Ómagua ou qualquer outra etnia antiga.

Sempre existiu o povo Kokama, desde o primeiro Kokama criado no planeta Terra. Falamos um idioma dividido em duas partes, a fala masculina e a fala feminina, todos devem compreender, mas a fala deve ser falado em questão biológica. Ou seja, o homem fala e a mulher compreende, mas ela não fala a língua masculina, ela só entende e vice-versa.

Percebemos negação de Kokama tanto no Brasil, no Peru e na Colômbia como uma questão de sobrevivência.

(13)

13

o Povo Kukama-Kukamiria no Peru soma cerca de 20.000, entretanto há apenas 1.500 falantes idosos espalhados em pequenas aldeias.Em 2014, ocorreu um avanço importantíssimo no processo de revitalização da língua Kukama-Kukamiria, após dois grandes encontros em que se reuniram lideranças, linguístas, professores e interessados. Em março e junho deste ano, o Ministério de Cultura do Peru deu início a um programa de política linguística chamado “Vozes vivas”, que atenderá comunidades de “Santa Clara y Santo Tomás, del Bajo Nanay, cuenca del Amazonas, en Loreto”.

Segundo a autora que existem cerca de 20.000 Kokama no Peru e mais de 1.500 falantes idosos espalhados no lado peruano. Sendo todas as informações discordantes do movimento Kokama e os dados oficiais.

No lado colombiano temos varias aldeias Kokama segundo a ACITAM (2008): SAN JUAN DE ATACUARI (275 habitantes), SIETE DE AGOSTO (285 habitantes), MUNICIPIO DE PUERTO NARINO (680 habitantes), SAN JOSÉ DEL RIO (226 habitantes), RONDA (418 habitantes), MUNICIPIO DE LETICIA (4.320 habitantes), sendo 95% de Kokama residentes em Letícia na área urbana.

Nós do povo Kokama estamos situados principalmente no Brasil, no Peru e na Colômbia, onde nossas famílias foram divididas pela fronteira da separação por invasores brancos que hoje mandam nestas nações que foram nossos territórios sagrados.

Mas como povos da floresta, ainda temos contatos e experiências conjunta através da Medicina Tradicional Kokama e do ritual da Ayahuasca entre os Kokama dos três países.

A partir da década de 1980, foi que o Povo Kokama começou a buscar os direitos por reconhecimento, através do grande líder tradicional ANTONIO SAMIAS, que na época chamavam de Capitão da comunidade.

No seu estudo tradicional, o senhor ANTONIO SAMIAS descobriu que vinha de uma linhagem denominada PATRIARKA KANA MAYURU TAPƗYA RITAMA KUKAMƗ (Patriarca Cacique Geral do povo indígena Kokama), que seu pai era um dos últimos líderes tradicional a guardar os segredos milenares, o Senhor BENJAMIN SAMIAS.

Na década de 1970, o povo Kokama ainda estavam em processo de resgate da etnia, pois haviam Kokama em todo o Estado do Amazonas e Pará, mas que estavam vivendo como ribeirinhos ou caboclos. Estavam sobrevivendo às escondidas.

Quando três jovens moradores de Sapotal (GUILHERME, FRANCISCO e CLAUDIONOR) foram estudar num Curso de Formação de Professores Leigos, que descobriram que pertenciam ao povo Kokama.

Quando os três jovens Kokama retornaram a comunidade de Sapotal pediram uma reunião com os idosos da Comunidade, que afirmaram serem do povo Kokama e por questão de

(14)

14 sobrevivência não ensinavam para os filhos a língua e nem afirmavam que eram indígena Kokama.

Nessa época a ayahuasca era a forma de cura da Comunidade de Sapotal, sendo o Taita mais poderoso, o Senhor BENJAMIN SAMIAS, que no ato do falecimento passou os poderes tradicionais para Senhor ANTONIO SAMIAS, que depois de muita luta e ajuda das comunidades em inicio de luta de reconhecimento e demarcação de terras.

Também no ato do falecimento o Senhor ANTONIO SAMIAS3 passou o poder tradicional para Senhor FRANCISCO SAMIAS, esse líder tradicional teve grande importância pela demarcação de terras em vários lugares do Estado do Amazonas e com apoio de grande lideres como os senhores ELADIO CURICO, HERNOC SOUZA e outros que foram muito importante para a luta de nosso povo Kokama.

O líder tradicional FRANCISCO SAMIAS formou vários novos lideres e os preparava para sua sucessão, sendo que no fim da vida procurou ensinar tudo que sabia sobre nossos segredos ao senhor EDNEY SAMIAS, sobrinho, que herdou os trabalhos tradicionais e tem a missão de manter vivos os conhecimentos milenares.

Na década de 90, iniciou a luta do povo Kokama para fundar uma organização representativa, mas não era feito por indígena, mas por brancos, a COIAMA, que era o meio do fortalecimento do povo Kokama, assim os líderes tradicionais e as comunidades começaram a se reunir mais fortemente nos anos de 1995.

Com a ajuda desses brancos de Manaus, assim fundaram a denominada a COORDENAÇÃO DE APOIO AO ÍNDIO KOKAMA, fundada em 25 de abril de 1995, aglutinava mais os Kokama residentes em Manaus e nas suas proximidades, onde também residem seus diretores. Esses diretores, alguns que tiveram que ir de Sapotal, ficavam bastante tempo em Manaus e as vezes passavam fome. Tinha como representante jurídica a não-indígena Kokama REGINA BIVAR e seu esposo IZAIAS RIBEIRO.

Em 1995, como o discurso que “os kokama residentes em Manaus estavam sendo apoiados pela COIAMA” e essa entidade também representava a Comunidade Sapotal no município de Tabatinga, mas o povo de Sapotal sentia um vazio ou uma falta de autonomia.

Não podemos esquecer que a COIAMA foi a primeira organização Kokama no Brasil, mas que não foi criada por nós e só sentíamos usados. Então a COIAMA começou a perseguir os lideres tradicionais e até levantar um processo jurídico contra o nosso maior líder tradicional

3 ANTONIO JANUARIO SAMIAS, Patriarca Cacique Geral do Povo Indígena Kokama, nasceu em 07 de outubro de 1932, na Comunidade

Espírito Santo no Município de São Paulo de Olivença-AM, filho de Benjamin Samias e Sofia Samias. Recebeu o cargo tradicional de Patriarca Cacique Geral do Povo Indígena Kokama de seu pai Benjamin Samias, que chamou os filhos o dividiu os poderes tradicionais, para um passou o poder de Pajé ultima coroa (segredo tradicional) e para outro o cargo de patriarca (nosso então Antonio Samias). No leito de morte, passou o cargo tradicional de Patriarca Cacique Geral do Povo Kokama para seu filho Francisco Guerra Samias. Faleceu em 10 de junho de 1995, em Tabatinga-AM. (Dados repassado por Francisco Samias, em 23/04/2012).

(15)

15 FRANCISCO SAMIAS. Então, a partir desse problema a base tradicional começou a mobilizar para a autonomia das Comunidades Kokama e seus lideres tradicional e formar novas entidades representativas coordenadas por nós mesmos.

Para Viera (2016, p. 142),

Em 1995 Regina Bivar, kokama residente em Manaus fundou na comunidade Sapotal, no município de Tabatinga, a COIAMA – Coordenação de Apoio ao Índio Kokama, primeira organização Kokama no Brasil contemporâneo. A partir daí os representantes da COIAMA começaram a reivindicar o reconhecimento da etnia kokama por parte do Estado e dos direitos indígenas a ela inerente, tais como a identificação da comunidade Sapotal. Nos anos seguintes a COIAMA buscou construir uma unidade etnopolítica mais ampla por meio da inclusão, nos quadros da organização indígena, de outros grupos kokama com os quais as pessoas de Sapotal mantinham algum tipo de relações de parentesco. Por meio de visitas e reuniões em comunidades localizadas no médio e alto rio Solimões, a COIAMA identificou mais de 30 comunidades Kokama, conseguindo o apoio e engajamento de muitas das lideranças locais. Em 2001 Francisco Samias criou a OGCIPC – Organização Geral das Comunidades Indígenas do Povo Kokama, também na comunidade Sapotal, na tentativa e dar continuidade ao trabalho de identificação de comunidades kokama no Estado do Amazonas, iniciado pela COIAMA, e “resgatar” a identidade e a cultura kokama deste povo, sua língua e rituais considerados tradicionais, não obstante a resistência inicial de algumas pessoas, supostamente Kokama, em assumirem uma identidade indígena. Sob a presidência de Cristóvão Moçambite a OGCCIPC procurou dialogar com outras organizações indígenas, especialmente as dos Kokama que estão no Peru e na Colômbia (Ramos, 2003).

Os lideres Kokama se sentiram traídos pelos “donos” da COIAMA e decidiram fundar a OGCCIPC para lutar livremente por todos os Kokama, de forma autônoma e soberana com o consentimento de todos os moradores Kokama do estado do Amazonas.

Nos idos de 2001, o povo Kokama e seus lideres sentiram a necessidade de autonomia. Então, decidiram fundar a ORGANIZAÇÃO GERAL DOS CACIQUES DAS COMUNIDADES INDÍGENAS DO POVO COCAMA - OGCCIPK.

Atuação marcante ao movimento Kokama foi do Senhor CRISTÓVÃO MACEDO MOÇAMBITE (já falecido), nome que será para sempre lembrado e respeitado por todos do movimento Kokama.

Com a fundação da OGCCIPC, atualmente OGCCIPK, várias comunidades do Estado do Amazonas, estavam invisível no tocante a identidade étnica Kokama passaram a buscar o apoio da organização civil para sair do esquecimento institucional e, entretanto o povo Kokama do alto Solimões ganhou autonomia e a lutar nós mesmos por nós, sem ajuda de brancos.

(16)

16 Depois de muita luta o líder tradicional FRANCISCO SAMIAS veio estimulando as Comunidades a se organizarem juridicamente, que em Tabatinga ainda fundou a AMIKCT, PTKRKTT e diversas outras associações.

De acordo com Viera (2016, p. 250-251),

Considerado o maior líder e patriarca pelos membros da PTKRKTT, Francisco Guerra Samias nasceu em Tabatinga em 1954 e faleceu em março de 2015, filho de Antônio Januário Samias e de Alicia Helena Guerra, aos 18 anos de idade Francisco foi o pioneiro na educação escolar do povo kokama. Francisco e seu primo Guilherme Padilha Samias foram os primeiros professores da Comunidade Sapotal. Foi fundador das primeiras e da maioria das organizações e associações kokama em território brasileiro. A primeira entidade kokama organizada no Brasil foi a Organização Geral dos Caciques das Comunidades Indígena do Povo Kokama. Em seguida fundou a AMIKCT, mas quando ficou doente esta associação teria sido assumida por pessoas [...]. Fundou a entidade civil indígena PTKRKTT - Associação Indígena dos Caciques do Povo Kokama do Município de Tabatinga-AM. Nos últimos anos de vida fundou a Associação Kokama Terra da Paz, situada às margens do Rio Takana na Terra Indígena Ewaré I. Seu maior sonho era que o povo Kokama tivesse seus direitos respeitados (produção de livros, educação, jogos esportivo-culturais kokama, saúde, habitação cultural, casa cultural em Tabatinga, etc.) e fundar a Federação Indígena do Povo Kokama (internacional), da qual já deixou a Comissão Organizadora de fundação preparada e com a minuta do Estatuto pronta. Para Edney Samias “a Federação do Povo Kokama congregará, orientará, desenvolverá e conservará a cultura milenar do povo Kokama, respeitando os conhecimentos do nosso principal líder e Patriarca Cacique Maior Francisco Guerra Samias (...) a fundação da Federação Indígena do Povo Kokama será um novo marco para as lutas do povo kokama e salvaguardar os conhecimentos do grande cacique Francisco Guerra Samias (in memória) e respeito por nossa propriedade à língua kokama. Como recebi as honrarias de ser o novo patriarca de meu povo kokama, serei o assessor vitalício da Federação Kokama. Quem estiver comigo estará com a tradição e respeito pelas lutas de meus ancestrais (...) recebi das mãos de meu chefe kokama Francisco Guerra Samias (agora está com nossos ancestrais) a missão de cuidar de todo o povo kokama, [...]. Que responsabilidade! [...], nunca pensei em receber este cargo, um cargo muito pesado. Durante minha gestão vitalícia deverei preparar o novo sucessor, assim será de geração em geração! devemos agora como primeiro trabalho em 2015, fundar a Federação Indígena do Povo Kokama - FPK, eleger o presidente que vai trabalhar ao meu lado, para o bem do povo kokama, sonho de meu chefe Francisco Guerra Samias que foi o maior líder geral de todos os Kokama de todos os tempos!”

O autor afirma das lutas e conquistas realizadas por Francisco Samias em organizar as entidades representativas através das associações, organizações e Federação Kokama. Fala sobre a Federação Kokama, o Movimento do Patriarcado Cacicado Geral do povo Indígena Kokama como uma entidade tradicional do povo Kokama e as relações de poder e estrutura de hierarquia tradicional e estrutura jurídicas para somar com as lutas das comunidades.

(17)

17

A luta do movimento kokama teria começado com o Patriarca Antonio Januário Samias, na comunidade Sapotal, dando visibilidade aos Kokama até então esquecidos pelo Estado. Em seguida passou o cargo de patriarca para seu filho Francisco Guerra Samias, o qual por sua vez passou a lutar pela demarcação das terras ocupadas pelos Kokama. Para saber mais sobre a “cultura kokama milenar” buscou os anciãos falantes da língua materna kokama, navegando rio acima e abaixo, nos três países (Brasil-Peru-Colômbia). Em dezembro de 2014, pouco mais de três meses antes de falecer, o Patriarca Francisco Guerra Samias, nomeou seu sucessor, o atual Patriarca Edney da Cunha Samias, o qual afirma que a partir de então irá juntamente com as demais lideranças verdadeiras Kokama, assumir a luta e corrigir os erros passados e atuais, daqueles que estão prejudicando os direitos do povo kokama.

O autor afirma que o líder Francisco Samias deixa um sucessor, Edney Samias, que foi testemunhado por nossos lideres tradicionais e entidades indigenista. Atualmente a OGCCIPK vem somando esforços com a Federação Kokama TWRK. E agora estamos sentimos um povo mais forte e mais fortalecido. Unidos em todos os lugares em uma só língua Kokama, unindo comunidades, lideres, organizações, trabalhos em uma só nação.

Lembramos ainda de nossos dois poderes administrativo-jurídico, que são grandes órgãos Kokama que nos representa através dos meios legais:

• ORGANIZAÇÃO GERAL DOS CACIQUES DAS COMUNIDADES INDÍGENAS DO POVO KOKAMA - OGCCIPK, inscrito no CNPJ (MF) nº: 04.603.779/0001-90, com sede e foro em Tabatinga-AM. Sendo Presidido por: ELADIO RODRIGUES CURICO.

• FEDERAÇÃO INDÍGENA DO POVO KUKAMƗ-KUKAMIRIA DO BRASIL, PERU E COLOMBIA - Tapɨya Weteratsun Ritamakuara Kukamɨ-Kukamiria Pray+iuka, Peruka riai Kurumpiaka - TWRK, inscrito no CNPJ (MF) nº: 16.862.108/0001-23, com sede e foro Tabatinga-AM. Sendo Presidido por: GLADES RODRIGUES RAMIRES.

• Esses dois grandes órgãos indígenas Kokama somam esforço com as lideranças tradicionais das Comunidades, dos Municípios e das Associações indígenas.

Apresentamos a nossa estrutura organizacional de governo tradicional, que são:

• Cacique de Comunidade: governante dos moradores locais. Preside a Comunidade local e reúne o conselho local de moradores da comunidade.

• Cacique Geral de Município: Assessora os caciques locais de Comunidade de seu território. Presidente o Cacicado Geral do Povo Kokama de Município – CGMK e reúne o conselho municipal das aldeias do seu município.

• Patriarca Cacique Geral do Povo Kokama: Assessora os Caciques gerais de Municípios. Um líder tradicional superior. Sendo que não decide nada sozinho. Os kokama decidem tudo

(18)

18 no coletivo pelo consenso da maioria. Sendo que o patriarca é o guardião dos conhecimentos milenares. Preside o Movimento do Cacicado Geral do Povo Indígena Kokama – MPKK e reúne o conselho nacional dos cacicados gerais.

• A estrutura tradicional se baseia na também na harmonia com os poderes tradicionais dos Médicos Tradicionais (Benzedores, Parteiras, Curadores, Rezadores, Sábios, Pajés e Taitas). Sendo o último nível dos Médicos Tradicional: Taita.

• Também em harmonia de poderes tradicionais com o Mestre-artesão que mantêm a cerâmica tradicional viva, danças, artesanatos e grafismos. Com o Comande de guerreiros e construtores que protegem e constroem a comunidade. Com os falantes maternos que são os Professores tradicionais da língua masculina e da língua feminina.

Juntos com esses poderes tradicionais de nosso povo, mantemos vivo o jeito de ser Kokama no mundo atual.

Para a Federação Indígena do Povo Kukami-Kukamiria do Brasil, Peru e Colômbia, neste ano de 2020 Tabatinga temos um total de 5.538 habitantes indígenas residente na área urbana e sem contar com aqueles que são nossos parentes que não querem se reconhecer, ou que tem vergonha se identificar e aqueles que não sabem mais a origem familiar.

De acordo com os dados oficiais de quantidades de habitantes indígena Kokama não são iguais aos contados por nossas associações, organizações, federação e movimento do patriarcado:

• No Brasil oficialmente constam 14.314 indígena Kokama (Siasi/Sesai, 2014), esse dados só os indígenas residentes em aldeias. Para nossas contagens somos mais 25 mil indígenas Kokama que se identificam no Brasil.

• Na Colômbia constam 236 indígenas Kokama (ONIC, 1988), faltam contar aquele Kokama que residente na área urbana de Letícia. Pois este ano recebemos noticia que existem 6.204 habitantes indígenas Kokama colombianos.

• No Peru constam 11.370 (INEI, 2007), sem contar os residentes em áreas urbanas no Peru. Informaram-nos que são mais de 200 mil habitantes kokama peruanos residentes no Peru.

No site do IBGE4 atual pesquisa realizada em 19/05/2020, às 10 horas da manhã, constam somente 11.274 habitantes indígenas Kokama, totalmente diferente de nossa realidade e menos que a contagem oficial da SESAI que faz a contagem dos indígenas Kokama que residem nas aldeias.

(19)

19 A SESAI atende as 237 aldeias no Alto Solimões, que somam mais de 68 mil indígenas registrados no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena - SIASI/SUS.

A SESAI em Tabatinga, por exemplo, não atende os 5.583 indígenas Kokama residentes na área urbana de Tabatinga.

No Peru, o povo Kokama é muito maior, somando cerca de 19 mil habitantes no ano de 2003 (RAMOS, 2003), totalmente diferente dos dados apresentados pela FORMABIAP-Peru. Já na Colômbia somavam 792 Kokama em 2003 (UNESCO, 2004), totalmente diferentes dados apresentados pela ACITAM-Colombia.

O governo brasileiro vem tentando exterminar a etnia Kokama desde a época da colonização e atualmente nos registrando em todos os cantos, como “pardo”, até mesmo na Declaração de Óbito dos hospitais, ainda mais nesse período de pandemia de Covid-19, nos fazendo sofrer mais com a falta de respeito pelo reconhecimento.

Nós indígenas Kokama temos a pele morena, negra e branca, cabelos lisos e encaracolados e olhos de todas as cores, pois já tivemos varias mistura e pouco são puros filhos de Kokama com Kokama. Nós sabemos quem são nossos Kokama, com os sobrenomes que vieram dos clãs e algumas famílias tiveram sobrenomes adaptados aos dos não indígenas Kokama, comprovando no Protocolo Kokama.

No ano de 2014, a equipe do Professor Dr. Pery, participaram do Censo indígena e na área urbana foram cerceados 4.325 indígenas kokama (FAPEAM, 2014). Sendo 71,9% dos indígenas residentes na área urbana.

Então, chegamos ao ano de 2020 com a Pandemia do Novo Coronavírus e o Brasil não se preparou e teve tempo, mas não se interessou defender os povos indígenas que são mais vulneráveis.

Todos os planos de genocídio vieram numa boa hora para o Presidente da República que odeia indígenas desde a época de campanha eleitoral. Percebemos também que o governo do Estado do Amazonas não se preparou para defender os povos indígenas e até hoje não fizeram um Plano Emergencial para os povos Indígenas. E ainda contratou uma branca que não conhece a realidade dos povos da floresta e ainda envolvida em varias polemica de corrupção de seu estado de origem, tudo orquestrado para destruir todos os conhecimentos milenares que foram levados pelos anciãos indígenas vitimas de Covid-19.

Registramos aqui, que o único a se preocupar no inicio da Pandemia foi a Prefeitura Municipal de Tabatinga através da Secretaria Municipal de Saúde que criou as barreiras sanitárias com os funcionários da Saúde mesmo antes de conformar o Gabinete de Gestão

(20)

20 Integrada de Fronteira - GGIFRON com todos os órgãos instalado em Tabatinga-AM das três esferas de governo, numa tentativa de proteger os tabatinguense e os povos indígenas em confronto com o Governo do Estado e Governo Federal que insistiam em não fazer estratégia de Isolamento Social que o mundo todo estavam fazendo.

O Brasil veio de confronto com tudo e hoje passa ser um país não mais agradável de visitar ou conhecer. Países de fronteira seca estão fazendo “valão aberto” para não deixar o povo passar. A realidade em Tabatinga no lado colombiano fechado militarmente e ficamos em maus lençóis para o mundo. O governo federal tornou o Brasil em um país disposto a matar indígenas em nome do ouro, de outros minérios, do desmatamento, do agronegócio (monocultura) e do progresso. Somos um país onde o povo não é riqueza e são levados a sofrer mais e mais por uma pressão de extermínio institucionalizado.

Onde percebemos funcionários tanto na SESAI e na FUNAI disposto a ganhar seus salários calados, pois são órgãos do governo, mas sendo conivente, vendo um novo massacre oficial. Os órgãos indigenistas sendo instalados a presença de ex-militares envolvidos com corrupção, ilícitos, milícias e perigosos para os lideres tradicionais e comunidades. Onde esses ex-militares já até andam com uniformes dos órgãos, sem mesmo seus nomes estarem no DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO como contratados ou voluntários (improbidade administrativa já). De forma a constranger as lideranças tradicionais, suas lutas coletivas e proteção ambientais.

Os hospitais sem estratégia para atender os povos da floresta e sem respeitar a presença dos médicos tradicionais das florestas (pajés) em suas instalações de poder dos descendentes dos invasores que mandam, desmandam e governam esse país. E esses hospitais discriminam, humilham e maltratam os lideres tradicionais.

Um fato revoltante, foi o caso do Hospital de Guarnição de Tabatinga – HGUT, onde o Diretor do Hospital falou ao líder supremo dos Kokama que “não recebe recursos para atender civis e indígenas”, que “deveria fazer igual fez o hospital militar de Marabá-PA que fechou as portas para civis e só atende militares”. Que “a única coisa que mandaram foi alguns funcionários civis e só. Onde tratam sem humanização pacientes indígenas e familiares”. Onde até momento, no mês de maio, nenhum nativo saiu curado do Hospital Militar, referente ao ano de 2020.

Vemos com muita preocupação a Militarização da Saúde, pois será mais difícil a saúde ter um olhar técnico e avanços na saúde e na tecnologia de saúde, pois não teremos analises técnicas e de conhecimento de causa, será o caos a saúde e futuro fim do SUS. Muito triste

(21)

21 ainda é por força de lei federal os povos indígenas serem separados como aldeados e urbanizados, os que moram na aldeia são atendidos pelo Subsistema de Saúde e os moram na cidade tentando lutar por espaço de atendimento com os não indígenas que também sofrem.

Mas o nosso desejo é que todas as terras indígenas sejam respeitadas e aqueles que faltam demarcar, sejam demarcados com urgência. As lutas foram constantes para a Demarcação de Terras Indígenas habitados pelo povo Kokama, que foram resultados de muitas lutas:

• Segundo o Despacho FUNAI nº Sn, de 19/04/2011, Federal - Publicado no DOU de 20/04/2011, Aprova as conclusões para reconhecer a TI Sapotal.

• Segundo o Despacho FUNAI nº 22, de 15/05/2008, Norma Federal - Publicado no DOU em 20 mai 2008, Aprova as conclusões objeto do citado resumo para afinal, reconhecer os estudos de identificação da Terra Indígena SURURUÁ de ocupação dos grupos tribais Kokama e Tikuna, localizada nos municípios de Benjamin Constant e São Paulo de Olivença, Estado do Amazonas.

• Segundo o Despacho FUNAI nº 15 de 19/04/2011, Norma Federal - Publicado no DOU em 20 abr 2011, Aprova as conclusões objeto do citado resumo para, afinal, reconhecer os estudos de identificação e delimitação da terra indígena GUANABARA (que fica Guanabara II e outras Comunidades Kokama) de ocupação tradicional do grupo indígena Kokama, situada no município de Benjamin Constant, estado do Amazonas.

Assim por diante, depois de muita luta, as nossas terras foram sendo demarcadas e ainda tem muitas terras habitadas por Kokama, que esperam e sonham com a demarcação das terras. Como líderes tradicionais e líderes jurídicos querem a demarcação de terras já! E não aceitamos a exploração de nossos territórios por governo, brancos ou suas empresas.

Para nós não temos diferença de Kokama residente em aldeia ou cidade, pois nossos Médicos Tradicionais atendem a todos os indígenas Kokama sem distinção, todos nós indígenas somos iguais, falamos a mesma língua, comemos a mesma comida tradicional e vivenciamos a mesma ayahuasca tanto na cidade como na aldeia.

4 QUAL O NOME DO EU VERDADEIRO KOKAMA

Os demais povos do planeta preservam o nome das pessoas, mas no nosso costume Kokama nós traduzimos os nomes de nossos membros em Kokama e traduzimos quaisquer palavras, como dizem nossos avôs, nós Kokamizamos os nomes das pessoas para deixar ela

(22)

22 mais forte ancestralmente, pois não podemos divulgar os nomes de nossos animais de proteção como nossos nomes pessoais (arcanas: animal de proteção).

Todos nós Kokama temos o nosso nome do “Eu verdadeiro” escrito em Kokama. Todos os nomes trocam na língua Kokama, exceto nomes como Ana, Maria,..., pois esses nomes existem em nosso vocábulo. Ou seja, seu EU verdadeiro é a sua proteção. Vamos dar alguns exemplos de nomes traduzidos em Kokama:

• Anselmo: Antsiumi. • Augustinho: Aukutstiniu. • Edney: Etinei. • Frederico: Piririku. • Guilherme: Wirimi. • Joana: Kuana. • José: Kutse. • Juan: Kuan. • Levi: Rewi. • Magdalena: Mararina.

• Maria das Graças: Maria Kratsia. • Miguel: Mijiri.

• Rosa: Rutsa. • Silvia: Tsiuvia. • Zilza: Yiuya.

Assim, todos os nomes das pessoas são traduzidos em Kokama, mas a preferência é para o indígena Kokama que precisa conhecer seu verdadeiro nome Kokama. Caso não traduzir a palavra, acrescentamos o morfema “–shka” para preservar a palavra em questão, exemplo, AVENIDA, preservando a palavra de origem, ficaria “AVENIDASHKA”. Mas esse caso não se aplica aos nomes de pessoa Kokama, que deve ser traduzido por um ancião que sabe os nomes verdadeiros em Kokama.

5 QUAL OS SIGNIFICADOS DOS CLÃS KOKAMA

Os nossos clãs eram a forma de saber os ofícios, dons e atribuições das famílias nas Comunidades Kokama. E muitos desses clãs foram registrados em Cartórios ou Cúria

(23)

23 batismais como sobrenomes de gente não indígena. Hoje conhecemos os clãs pelos os sobrenomes, mas nesse texto, vamos mostrar um pouco do significado de alguns clãs:

• AHUANARI: provém de “gente”. Hoje a família Ahuanari. Era o clã de agricultores. • AKƗKƗTUARI: provém de “onde aparece macaco grande”, AKƗKƗ TUA. Hoje a família AQUITUARI. Era o clã responsáveis pelas danças com fantasias (carnaval).

• ARIMUYA: provém de “espécie de bodó”. Hoje a família Arimuia. Era o clã de pescadores de lagos.

• ARIRAMA: provém de “pato agulha”. Hoje a família Arirama. Era o clã de caçadores. Espertos atiradores de arco e flecha.

• INUMU: provém de “agulha”, INUMU. Hoje a família INUMA. Era o clã dos costureiros e tecelões de tecido.

• KARITƗMA: provém de “os que não varrem”, Kari tɨma. Hoje a família CARITIMARI. Era o clã dos ceramistas.

• KUMATA: provém de “peneira ou coador”, KUMATA. Hoje a família CUMAPA. Era o clã responsável de criar material e instrumento de beneficiamento de farinha de mandioca e outros insumos.

• KURIKU: provém de “dinheiro”, KURIKI. Hoje a família CURICO. Era o clã responsável para derreter ouro, faziam dentes de ouro e moedas.

• KURITIMA: provém de “empachado”, KURITIMA. Hoje a família CURITIMA. Era o clã responsável de fazer bebidas fermentadas para as festas e ajuris.

• MAITAWARA: provém de “sou espírito”, MAITAWARA. Hoje a família MAITAHUARI. Era o clã dos médicos tradicionais que curavam soprando.

• MANIHUARI: provém de “peixe liso”. Hoje a família Maniwari. Era o clã de pescadores de rio. E grandes cozinheiros.

• MURAYARI: provém de “fruta muraiare”. Hoje a família Muraiare. Era o clã de coletores de frutas. E grande ajudante nas cozinhas.

• PAKAYA: provém de “Pacas”. Hoje a família Pacaio. Era o clã de caçadores e conhecedores de pagadas nos caminhos. Famílias peritos em camuflagem e observação na floresta. E também tocadores de maracás.

• TAMANI: provém de TAMANU, tamanduá. Clã Tamanduá. Hoje família TAMANI. Era o clã de caçadores. Famílias peritas em armadilhas de caça e de guerra. E também tocavam tutu nas festas.

(24)

24 • TAPIAYURU: provém de BOCA DE INDIGENA, Tapɨya yuru. Clã BOCA DE INDÍGENA. Hoje a família TAPAYURI. Era o clã de guerreiros que usavam sarabatanas para guerra. Família que faziam a proteção da Comunidade, de territórios e lagos. E também eram grande flautistas.

• TSAIKATA: provém de “onde estão os meus dentes da frente”, Tsai kata. Hoje a família YAICATE. Era o clã que faziam fumos, cachimbos, pilavam folha seca de coca, responsáveis pelos materiais que seriam usados pelos pajés. Família que arrancavam os dentes da frente para mostrar que eram guerreiros dos pajés.

• TSAMIA: provém de “vieram da folha”. Hoje a família Samias. Clã patriarcal do povo Kokama. Clã dos lideres tradicionais. Família estrategista que usavam conhecimentos dos astros e dos espíritos da floresta para ensinar o bom viver de todos e saber se preparar para o futuro. Eram grandes conhecedores da Ayahuasca.

• UPARI: provém de “Sardinha”. Hoje a família UPARI. Clã de guerreiros que faziam a proteção dos pescadores. Espertos nadadores e mergulhadores.

• WARATAPAI: provém de “adorno do tio”, WARATA PAI. Hoje a família HUARATAPAIRO. Clã responsável para fazer os cocáres e amuletos tradicionais. Andavam com os caçadores para aproveitar as penas, ossos e dentes para amuletos. Era grande escultores de madeira.

• WAYNAKARI: provém de “onde estão às mulheres”, Waina Kari. Hoje a família HUAYMACARI. Clã de guerreiros. Família responsável para guerra e proteção das Comunidades. Família que faziam proteção pessoal das lideranças e suas famílias. Especialista em anatomia humana para defesa pessoal, especialistas em arco e fecha e em confrontos corporais.

• YAWARAKANA: provém de CACHORROS, Yawarakana. Clã CACHORROS. Hoje a família YAHUARCANI. Clã que adestravam animais para caça e cuidados dos territórios. Eram especialista de busca na floresta.

• YUEMACHI: provém de FERRO, Yuema. Hoje a família YUIMACHI. Era o clã que dominava o derretimento de ferro em altas temperaturas para fazer ponta de arpão, flecha, facas, espadas e etc.

Daí desses clãs saíram os sobrenomes que hoje são os Kokama no Brasil, Peru e Colômbia, alguns permaneceram com sobrenomes e outros foram trocados devido desconhecimento do cartório ou de cúria batismal ou simplesmente camuflagem social ou vergonha da identidade indígena.

(25)

25

5.1 QUAIS SÃO CLÃS DAS FAMÍLIAS KOKAMA ATUALMENTE

Vamos apresentar o levantamento de nossos clãs que hoje são os sobrenomes dos indígenas Kokama:

Sobrenomes tradicionais Kukamɨ-Kukamiria modificados pelo esbranqueamento político de integração, catequização, perseguição, fuga, camuflagem, expulsão e por negação de identidade indígena Kokama.

CLÃ TRADICIONAL

MILENAR VARIAÇÕES, MODIFICAÇÕES OU ADAPTAÇÕES

ACHO Acho, Hacho (família modificada no Alto Solimões), Ataíde (família modificada no Peru), Barbosa, Da Paz, Paz, Abeldo, Abeldos, Anjos, Dos Anjos.

AKITUARI ou AKƗKƗTUARI

Aquituari, Amarantes, Arevalo (família modificada no Peru), Arévalo (Amaturá), De Freitas, De Matos, De Moura, De Oliveira, Dias, Domingo, Dones.

AMIA

(Clã Kokama da Colômbia)

Amias, Amías, Tsamia, Samia, Padilha, Do Nascimento, Vargas, Gama, Isidoro (família do Alto Solimões), Falcon (família modificada na Colombia), Pinedo (família modificada na Colombia), Reis (Tabatinga, Amaturá, São Paulo de Olivença e Santo Antonio do Içá), Samia, Samires, Sampaio, Sammp, Sanches (Amaturá), Sanchez (Amaturá), Sangama, Santa, Santana, Santiago, Saquiray (Kukamɨ com Japonês), Basques, Bastos (Amaturá). Vertente do Clã Tsamia.

ARINKA Arinca, Aringa, Alinga, Alinca, Alencar, Aguilar, Aguiar (família de Tabatinga), Oliveira, De Oliveira, Peres (família modificada no Amazonas), Sena.

ARIMUYA Arimuia, Arimui, Arimuya, Renchecho (Amaturá), Restrepo, Ribeiro, Ricopa, Rimachi, Rimate, Rios, Rivera, Rocha, Rodrigues, Rojas, Romaina, Rosas, Rubem, Rubim, Rufino, Ruiz, Sajamir, Saldanha, Salvino (Tabatinga), Sambrano (Alto Solimões).

ARIRAMA Aryrama, Harirama, Pereira (família modificada no Alto Solimões), Arirama, Aracari, Aricari, Aricuarima, Andrade (São Paulo de Olivença), Araújo, Arcanjo (São Paulo de Olivença), Ariano, Asiole (Atalaia do Norte), Passarinho.

AWANARI ou

HUANARI Awanari, Auanari, Ahuanari, Auanario, Januário (família do Amazonas). Abensur, Aimane, Aguiar, Aguilar, Ahuanari, Albam, Alcinez, Alencar, Almeida, De Almeida, Alves (Jutaí, Tabatinga e Amaturá), Amacifem, Anastacio, Andi, Asipali, Assis (Tabatinga), Auanarin, Auanaryo, Auanaris.

INUMA ou

INUMU Inuma, Hinuma, Faba, Fabá (família modificada no Alto Solimões), Babilônia (Tabatinga), Balieiro (Amaturá), Ballejo (Santo Antonio do Içá), Bancho, Banis, Bardalhes, Barros, Barroso, Batalha, Batista, Bentes, Bento (Amaturá), Bezerra, Braga (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Brota, Da Cruz, Dávila, De Araujo (Tabatinga), Paima, Paiva, Panduro, Paredes, Parente, Patricio, Pedrosa, Pedroza, Pena, Penedo, Penha (Tabatinga), Pereira, Peres, Peso, Pezo, Pinheiro, Pinto, Pipa, Pisco, Pissango (Atalaia do Norte), Plascido, Portilho, Portillo (Atalaia do Norte).

IWARAKI Ihuaraqui, Auaraqui, Leon (família modificada na Colômbia), Dos Santos, Erazo (Tabatinga), Eufrazio (Amaturá), Fancho, Façanha, Fatama, Faria, Felipe, Fermino, Fidelis (Amaturá), Figueiredo, Filomeno, Flores (Atalaia do Norte), Franco, Freitas (Alvarães e Fonte Boa), Fumachi, Garcia, Gean (Amaturá), Germana, Germano, Gomes.

(26)

26

Huanaquiri, Huance, Huane, Huanse, Huanuiri, Huarin, Huayta, Icahuate, Icomena (Amaturá), Inácio (Amaturá), Inaquiri, Inuma, Izuisa, Jaramillo, Jean, Junio (São Paulo de Olivença).

KARITIMARI ou

KARITƗMA Caritimari, Caritima, Batista (família modificada no Alto Solimões), Chaves, Chistama (Tabatinga), Chujutadi, Chunha, Chuquival, Carvalho (Tonantins), Gordom, Graça (Tabatinga), Grande, Grandes (Tabatinga e Atalaia do Norte), Guedes (Tabatinga), Caraquia, Karaqui.

KAWAMARI Kawamario, Cauamary, Cauamari (família do Alto Solimões), Felix (família modificada no Alto Solimões), Cariuasari, Carihuassari, Caitano, Cajueiro (Santo Antonio do Içá e Tabatinga).

KAWASHE Cauache, Cahuache, Cavalcante, Favache, Fassave, Cartilho, Castilho (família do Alto Solimões), Vela, Velas (modificado no Alto Solimões), Caldas, Caetano (Tabatinga), Cahuachi, Cahuasa, Cauasa, Canache, Carcere, Cardena, Caruacare, Casado (Tabatinga), Casara, Castilho, Castillo, Castro (Amaturá), Catique, Cauaça, Cauache, Cauachi, Cauamare, Cauasa (Tabatinga), Cauates, Cavaca, Cavalcante, Chachari, Chanchari, Chauchare, Chauchari, Cuasabe, Cuespan, Canvache, Xanchare.

KUMAPA ou

KUMATA Cumata, Cumapa, Cooper (família modificada no Alto Solimões), Cobos, Santos, Dos Santos, Da Costa, Cobos, Coelho, Comapa, Cooper (Kukamɨ com Americano), Coral, Correa (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Costa, Couto (Santo Antonio do Içá), Cruz, Caumari.

KURIKU Curicu, Curica (família modificada no Alto Solimões), Curico, Curique, Kurico.

KURINUKI Curinuqui, Neves (família modificada no Alto Solimões), Curinuque, Castelo Branco, Urinuque, Orinuque, Orinoco.

KURITIMA Curitima, Clarindo (família modificada no Alto Solimões, vieram de casamento entre Kukamɨ-Kukamiria e Tiwiru - Peru), Conceição.

MAITAWARI ou

MAITAWARA Maytahuari, Maitahuari, Maitauari. Lancha, Laranja (Santo Antonio do Içá), Laranjeira, Laurente, Leite, Leitão, Leonardo, Lima, Linares (Atalaia do Norte), Linhares, Lomas, Lopes, Lozada, Lucas, Lujan (Tabatinga).

MANIWARI ou

MANIHUARI Manihuari, Maniuari, Maniware, Manauare, Martins (Casamento entre Clã Samias e Maniwari), Estrella, Estrela.

MANUYAMA Manuiama, Mora (família modificada na Colômbia), Guerreiro, Guerrero, Guimarães (Amaturá), Haiden, Hayden, Hilario (Tabatinga, Kukamɨ/Caixana), Maca, Macahuachi, Macario, Macedo, Machado (Fonte Boa), Macuiama, Macuyama, Mafra (Santo Antonio do Içá, Amaturá e São Paulo de Olivença), Maia, Maita, Malafaia (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Maldonado (Kokama da Colombia), Mananita, Manrrique, Manuiama, Manuyama, Mapiama, Marcelo.

MARIKAWA Maricaua, Mafra, Morais, Moraes (família de Tonantins), Moreira, Nogueira, Pereira (Casamento entre clã Arirama e Marikawa), Peres, Ramos, Pinto, Seabra, Maricagua (família modificada na Colômbia), Maricagua, Neves (Amaturá), Nilo, Niveira, Nogueira (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Noriega, Nube, Nunes (Santo Antonio do Içá), Nunhes, Oliveira, Pacaio, Pacaya, Prado (Santo Antonio do Içá), Prisco, Quicube, Rabelo, Ramires, Ramirez, Ramos, Reategue (Kukamɨ com Frances), Reateque, Rego.

MURAYARI Murayari, Murayare, Muraiare, Marichin (família modificada na Colombia), Alvarez (família modificada na Colombia), Muraiare, Marin, Marinho (Santo Antonio do Içá e Benjamin Constant), Marite, Marques (Santo Antonio do Içá), Marquez, Martines, Marulanda (Tabatinga), Maytahuari, Melo (Amaturá e Santo Antonio do Içá), Medina, Mendes (Santo Antonio do Içá e Benjamin Constant), Menezes (Santo Antonio do Içá), Miller (Kukamɨ com Alemão), Montalvão (São Paulo de Olivença), Montes, Moraes (Tabatinga), Moraiari, Morais, Moraes, Morales, Moralles (Santo Antonio do Içá), Moreira, Moreno, Moura (Benjamin Constant), Mourão, Mozombite, Muraiare, Murayari.

Referências

Documentos relacionados

The objective of this study was to evaluate the influence of sorghum silage diets with different grain concentrate levels on ruminal parameters, nutrient intake and

Assim, no nado crawl, a coordenação pode ser descrita a partir de três modelos: (i) modelo de oposição, quando um dos membros superiores inicia a puxada exatamente quando o

Pretendo, a partir de agora, me focar detalhadamente nas Investigações Filosóficas e realizar uma leitura pormenorizada das §§65-88, com o fim de apresentar e

Na entrevista a seguir, Capovilla revisita a própria trajetória intelectual, debate a sua passagem pelo Centro Popular de Cultura de São Paulo e as críticas que escreveu para

No primeiro, destacam-se as percepções que as cuidadoras possuem sobre o hospital psiquiátrico e os cuidados com seus familiares durante o internamento; no segundo, evidencia-se

Algumas propostas de políticas foram influenciadas pelo fundamento político e pela ação do PVNC, tais como: o Programa Universidade para Todos – PROUNI e o Programa de Apoio

Desta forma, dada sua importância e impacto econômico como doença da esfera da reprodução, além da carência de informações atuais sobre leptospirose em suínos

Dessa forma, torna-se relevante a valoração econômica da APA São José com o intuito de fornecer aos órgãos e entidades públicas responsáveis por tal ativo subsídios para