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Palavras-chave: Diários de Bordo. Licenciatura em Biologia. Educação a Distância.

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Academic year: 2021

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A ESCRITA E A FORMAÇÃO DE LICENCIANDOS EM BIOLOGIA NA MODALIDADE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Christiana Andréa Vianna Prudêncio – Universidade Estadual de Santa Cruz Viviane Borges Dias – Universidade Estadual de Santa Cruz Alexandra Marselha Siqueira Pitolli – Universidade Estadual de Santa Cruz Resumo

Desde 1996 quando a Educação a Distância ganhou status de modalidade de ensino, os cursos de licenciatura vêm recebendo uma grande demanda de alunos, pelos mais diversos motivos. No entanto, as especificidades desse tipo de ensino levam os docentes a procurarem formas de se aproximarem de seus alunos. Especificamente durante o Estágio Curricular Supervisionado (ECS) uma metodologia quem vem sendo utilizada com sucesso no curso de licenciatura em Biologia da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus-Bahia, são os Diários de Bordo. Um dos principais objetivos dessa ferramenta é proporcionar experiências de reflexão a respeito da prática docente e sobre as demais atividades desenvolvidas pelos licenciandos em seus primeiros contatos com o ambiente escolar. Essa pesquisa analisou, com base na metodologia de Análise Textual Discursiva, os Diários de Bordo mantidos pelos licenciandos nos dois últimos semestres de ECS e postados na Plataforma Moodle. O acompanhamento desses Diários, dos quais utilizamos somente alguns trechos, dada à limitação de espaço, mostra que, em um primeiro momento, é comum encontrarmos registros descritivos de atividades desenvolvidas durante o estágio. No entanto, conforme os licenciandos passam a se apropriar da ferramenta, começam a registrar reflexões tanto sobre as atividades desenvolvidas no ECS (planejamento, tomada de decisões em sala de aula, escolha de materiais didáticos etc.), quanto pensamentos e ponderações a respeito sua própria formação e a construção de seu perfil profissional. Nesse sentido, levando em consideração um dos frequentes incômodos que os licenciandos de Educação a Distância relatam a respeito do isolamento ao qual se sentem submetidos, possibilitar momentos de reflexão sobre sua formação pode representar um grande ganho na construção da identidade docente desses futuros profissionais.

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O contexto da pesquisa

A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), a EaD ganhou status de modalidade de ensino. O artigo 80, desta legislação, instituiu as bases legais para a modalidade regulamentada pelo Decreto n.º 5.622/05.

De acordo com os dados do Censo da Educação Superior (BRASIL, 2013) entre os cursos de graduação no Brasil, 3,4% são na modalidade a distância, sendo que 43,3% das matrículas destes cursos são de licenciatura. Os dados do Censo nos possibilitam refletir sobre a inserção destes cursos na educação brasileira e suas especificidades e diferenças com relação aos cursos de licenciatura presenciais, nos levam a pensar em metodologias e recursos didático-pedagógicos que viabilizem o processo de ensino e aprendizagem que atendam a contento esses estudantes.

O curso de licenciatura em Biologia, modalidade EaD da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) no qual desenvolvemos a presente pesquisa possui estrutura modular e interdisciplinar, sendo cada módulo estruturado em três eixos temáticos: Pedagógico, Biologia, Sociedade e Conhecimento (BSC) e Biológico. Cada eixo temático encontra-se organizado em unidades que abordam temas específicos de uma determinada área do conhecimento. O Estágio Curricular Supervisionado (ECS) é vinculado ao eixo Pedagógico e está organizado nas etapas de observação, coparticipação e regência em escolas de ensino Fundamental e Médio.

Pesquisas mostram que o Diário de Bordo vem sendo utilizado como uma importante ferramenta na formação docente para que os licenciandos possam descrever e refletir sobre as dificuldades encontradas, bem como situações e sentimentos vivenciados por eles durante o ECS. A análise dessas narrativas se configura como ponto de partida para a tomada de decisões a respeito de sua prática pedagógica.

A respeito dessa ferramenta Zabalza (2004) discute que ao escrever sobre a prática, o professor aprende e (re)constrói seus saberes, uma vez que:

[...] escrever sobre o que estamos fazendo como profissional (em aula ou em outros contextos) é um procedimento excelente para nos conscientizarmos de nossos padrões de trabalho. É uma forma de “distanciamento” reflexivo que nos permite ver em perspectiva nosso modo particular de atuar. É, além disso, uma forma de aprender (ZABALZA, 2004, p. 10).

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compreender em que medida os Diários de Bordo se configuram como um instrumento colaborador da prática reflexiva dos futuros docentes.

Metodologia

A atividade de produção do Diário de Bordo esteve atrelada ao Estágio Curricular Supervisionado no decorrer de quatro semestres (Ensino Fundamental e Médio) e, nos dois últimos semestres, os alunos foram orientados a registrarem as aulas no Diário de Bordo.

A metodologia de análise dos dados se pauta na Análise Textual Discursiva e foi utilizada, pois “[...] opera com significados construídos a partir de um conjunto de textos e os materiais constituem significantes a que o analista precisa atribuir sentidos e significados” (MORAES; GALIAZZI, 2007, p. 13).

Para tanto selecionamos duas categorias de análise, como preconiza a metodologia: relatos prioritariamente descritivos, identificados pela letra D que precede os trechos selecionados e relatos que contemplam a reflexão, identificados pela letra R.

Os Diários foram postados na Plataforma Moodle, de onde retiramos os trechos apresentados a seguir, sem fornecer quaisquer identificações sobre os alunos, cujos nomes trocamos pelo de escritores(as) brasileiros(as) para preservar seu anonimato.

Análise dos resultados

O Diário pode ser considerado uma ferramenta importante no processo de reflexão-ação-reflexão, pois como defende Carniato (2002, p. 18), “Quando um pesquisador se ocupa da investigação narrativa, o processo se converte em algo mais complexo, posto que, como investigadores, nós nos convertemos em parte do processo”.

Nesse sentido, utilizar a narrativa dos alunos como forma de incentivá-los a (re)pensarem a construção de seu processo de formação pode representar um ganho no que diz respeito à autonomia necessária ao desenvolvimento da identidade profissional desses futuros professores.

Porlán e Martín (1997) falam a respeito de diversos níveis de descrição no processo de reflexão e, dessa forma, é possível perceber que em um primeiro momento, os Diários tendem a ser majoritariamente descritivos:

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Cora Coralina.D. Na segunda aula comecei fazendo um comentário sobre o teste feito

na aula anterior. Dividi a turma em cinco grupos e solicitei uma pesquisa sobre as DSTs.

Mario Bandeira.D. Ufa! Só no dia 27/09/2013 02 h/aulas, foi que eu comecei a

desenvolver a sequência didática, mas sabendo que até o final do estágio não conseguiria executar todo o planejamento.

No entanto, com o decorrer do processo, as reflexões começam a acontecer à medida que o licenciando inicia o processo de pensar suas ações em sala de aula e reconhecer as contribuições da escrita para sua prática docente:

Carlos Drummond.R. O Diário de Bordo constitui-se como um instrumento importante

no quesito reflexivo da prática docente, é através dele que conseguimos registrar nossas memórias no decorrer do estágio, sua função é consideravelmente importante, pois oferece subsídios para avaliarmos nossa atuação, planejar as próximas etapas, manter a organização e corrigir os erros que estamos sujeitos a cometer.

Cecília Meireles.R. Todos os dias percebo o quanto é importante iniciar uma aula

retomando a anterior, os alunos ficam mais inteirados do conteúdo e conseguem identificar o conhecimento que apropriaram-se e aquele que ainda não fizeram relação. Antes eu achava perda de tempo fazer essa retomada, hoje acho imprescindível pois, o conteúdo não fica desconectado do resto.

Os trechos corroboram as ideias de Wyzykowski e Güllich (2013) quando defendem a importância da reflexão não ser descompromissada, se configurando como:

[...] uma reflexão sobre a formação e para a docência; que também serve como subsídio de investigação sobre temas intrigantes que permeiam o Ensino de Ciências. Ademais, podemos inferir que a narrativa pode contribuir para uma formação inicial de professores que se constituem mais críticos e melhor situados quanto à realidade do que é “ser professor” (WYZYKOWSKI; GÜLLICH, 2013, p.8).

Conclusão

A presente pesquisa não tem a pretensão de esgotar a discussão a respeito dos ganhos que a escrita de um Diário de Bordo pode oferecer para a formação docente no âmbito do Estágio Curricular Supervisionado.

A experiência relatada está de acordo com a literatura que evidencia num primeiro momento que os Diários se pautam muito mais na descrição de atividades realizadas nas escolas, mas que ao longo do processo a questão da reflexão sobre a

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passem a visualizar e compreender melhor suas atitudes frente ao ambiente escolar, mas também para a construção de uma identidade profissional mais crítica e engajada.

No caso da modalidade Educação a Distância, ferramentas que auxiliem o desenvolvimento e a construção de uma prática reflexiva se tornam ainda mais relevantes, visto que, apesar das atividades presenciais nos Polos junto a tutores e professores responsáveis pelas disciplinas, em grande parte do processo de formação o licenciando está sozinho. Nesse sentido, oportunizar aos futuros docentes atividades dessa natureza contribuem com seu comprometimento possibilitando maiores oportunidades de se (re)pensar seu campo de atuação.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

______. Censo da Educação Superior – resumo técnico. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Brasília, 2013.

CARNIATTO, I. A formação do sujeito professor: investigação narrativa em Ciências/Biologia. Cascavel: Edunioeste, 2002.

MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva. Ijuí: Ed. Unijuí, 2007.

PORLÁN, R.; MARTÍN, J. El diario del profesor: um recurso para investigación em el aula. Díada: Sevilla, 1997.

WYZYKOWSKI, T.; GÜLLICH, R. I. da C. O papel da narrativa na constituição docente em ciências. In: VI ENCONTRO REGIONAL SUL ENSINO DE BIOLOGIA – EREBIO-SUL. 2013. Anais... Santo Ângelo.

ZABALZA, M. A. O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Porto Alegre: Artmed, 2004.

Referências

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