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1 Founder of Fractal Researches, Master in Economics from Universidade Federal Fluminense (UFF), Bachelor of Economics from Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Planning and Control Specialist at Óleo e Gás Participacões (OGPar / OGX). Has worked at OSX Construção Naval, Petrobras, Ernst & Young, Repsol Sinopec Brasil, IPEA, DIEESE and Eletrobras. Certified as Project Management Professional (PMI-PMP), as Risk Management Professional (PMI-RMP) and as Project Management Associate Level D (IPMA-D). 1st Place in Brazil XI Prize in Economics 2004, Visiting professor at courses of Project Management and Oil and Gas Engineering. Contact: rodgandra@gmail.com

PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA Rodrigo Mendes Gandra, MSc, PMP, PMI-RMP, IPMA-D1

Revision 0 Rio de Janeiro, 23/01/2015 2015, Fractal Researches

This article was published on the website: Fractal Researches (http://www.fractalresearches.com.br/)

O Brasil é um dos países com o maior índice de desigualdade de renda no mundo e segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014 da PNUD, dos 187 países pesquisados, ocupa a 13º posição. O estudo desta questão é importante para entender as causas do baixo e instável crescimento econômico, do grau de desenvolvimento humano insatisfatório (ocupando a 79º posição no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014), da pobreza e dos altos níveis de violência.

Quando Gandra (2002) defendeu a dissertação de mestrado, os dados disponíveis cobriam a desigualdade de renda no Brasil até o ano de 1999. O trabalho então contou com uma vasta revisão da literatura e teve por objetivo delinear a História do Pensamento Econômico Brasileiro sobre as questões distributivas a partir da década de 60. Primeiro, foi feita uma análise do debate sobre as causas do aumento da desigualdade de renda brasileira na década de 60, que ficou conhecido como a “Controvérsia de 70”. Após isto, foi feita uma análise dos argumentos dos economistas da década de 90 sobre as causas da elevada e estável desigualdade de renda no Brasil. Os argumentos dos pesquisadores da década de 90 estavam focados na Teoria do Capital Humano, na discriminação ocorrida no mercado de trabalho, na heterogeneidade e desigualdade do sistema educacional brasileiro, bem como na má focalização dos gastos públicos com educação, com saúde, com saneamento público etc, que de forma geral não beneficiavam os menos privilegiados da distribuição. Como política governamental, estes pesquisadores recomendavam que a melhor forma de reduzir as desigualdades de renda seria através da ampliação e da melhor focalização dos gastos públicos, principalmente com educação, pois promoveria uma redistribuição das oportunidades no mercado de trabalho. Segundo eles, a melhor distribuição da educação seria mais eficiente e menos complexo do ponto de vista econômico, social e distributivo.

A década de 90 de fato apresentou uma estabilidade nos índices de desigualdade de renda, até que no início dos anos 2000 (ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso) a desigualdade começou a baixar. Foi no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que a desigualdade caiu de forma acelerada e praticamente constante. Já no governo de Dilma Rousseff, a queda da desigualdade desacelerou, mas se observar o Índice de Theil, a desigualdade até mesmo aumentou em 2012. O Gráfico 1 apresenta a evolução da desigualdade de renda através dos índices de Gini, Theil e da Razão entre dos 10% mais ricos da população e 40% mais pobres da população.

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Gráfico 1

Atualmente, a queda na desigualdade pessoal da renda ainda é atribuída ao aumento da cobertura educacional no país, satisfazendo assim a tese dos defensores da Teoria do Capital Humano. Esta crença é evidente quando vemos a declaração de um dos principais pesquisadores da área, Ricardo Paes de Barros, em entrevista ao R7.com em 27/5/2014, afirmando que: “todos os estudos mostram uma queda grande no retorno ao capital humano e isso que está reduzindo a desigualdade de renda no Brasil (...). A gente fala muito em Bolsa Família, mas na verdade a principal razão para a queda na desigualdade nos últimos dez anos é que nós ficamos menos desiguais em temos de capital humano. Ou seja, lá em 2002, 2003, a desigualdade de educação no Brasil começa a cair e o retorno da educação (o diferencial entre os salários dos mais e menos qualificados) despenca. A remuneração dos trabalhadores brasileiros de baixíssima escolaridade tem crescido gigantescamente, enquanto a dos trabalhadores de alta qualificação tem crescido muito pouco. Isso está acontecendo porque eu estou aumentando a oferta de trabalhadores qualificados, mas - como não há um grande avanço tecnológico no país - a demanda por eles não está aumentando tanto assim. Então, o que acontece - o capital humano no Brasil passa a ficar mais bem distribuído e, mais do que isso, o preço desse capital humano começa a despencar. E quase metade da queda de desigualdade do Brasil vem disso”.

Mas foi a partir de 2004, com a consolidação do Programa Bolsa Família, que a desigualdade de renda passou a cair de forma mais acelerada. O Bolsa Família, criado em outubro de 2003, é o principal programa de transferência de renda do governo federal e é administrado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Ele unificou outros programas de transferência de renda condicionados, como o Programa Bolsa Escola e o Programa Bolsa Alimentação, bem como outros programas de transferência de renda sem condicionalidades: Auxílio-Gás e

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Cartão-Alimentação do Programa Fome Zero, os quais ainda estavam funcionando em 2004. O Programa Bolsa Família visa transferência de renda com condicionalidades, focalizado em famílias pobres, com renda per capita de até R$ 154 mensais, cadastradas em cada município do país. O valor do benefício, reajustável por decreto, varia conforme a renda domiciliar per capita da família, o número e a idade dos filhos.

O Gráfico 2 apresenta o número de benefícios do Bolsa Família e o valor nominal total em R$ das transferências em dezembro de cada ano de 2004 a 2012, disponíveis no site do IPEADATA. Conforme apresenta o Gráficos 2, o valor dos benefícios e o número de beneficiários praticamente aumentaram a cada ano. Só em 2012, segundo informações do site da Folha de São Paulo (Gráfico 3), as transferências totalizaram R$ 21,7 bilhões.

Gráfico 2

Não se pode negar que a ampliação do benefício mostrou uma clara redução / aceleração da redução nos indicadores de desigualdade de renda no Brasil, conforme apresenta o Gráfico 4. Ou seja, transferência direta de recursos beneficiou os estratos mais pobres da população, tal como apresenta o Índice de Theil e a Razão entre dos 10% mais ricos da população e 40% mais pobres da população. Estes dois indicadores foram mais afetados, pois são mais sensíveis às mudanças ocorridas na renda dos extratos extremos da distribuição. Já o Índice de Gini, que é mais sensível às mudanças nos estratos intermediários da população, mostrou uma variação menor em relação à ampliação do Programa Bolsa Família.

Paes de Barros, de Carvalho e Franco (2007: 85) atribuem o sucesso do efeito redistributivo do Programa Bolsa Família à sua boa focalização (que atinge os mais pobres). Hoffmann (2007: 39) destaca o efeito redistributivo do programa afirmando que, no período 2001-2005, a variação no índice de Gini é ∆G = –0,0277, verificando-se que 68,2% dessa redução estão associados aos

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rendimentos de todos os trabalhos, e 20,5% podem ser atribuídos ao crescimento das rendas de transferências. Os resultados são sensíveis à escolha da medida de desigualdade. Se for utilizado o índice de Mehran que, em comparação com o índice de Gini, é mais sensível a modificações na cauda esquerda da distribuição de renda, verificar-se-á que 24,5% da redução da desigualdade, no período 2001-2005, poderão ser atribuídos às mudanças na variável que inclui o Programa Bolsa Família.

Gráfico 3

Fonte: Folha de São Paulo de 08/09/13 (retirado do site no dia 21/012015:

http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.br/2013/09/08/bolsa-familia-faz-dez-anos-exame-de-paternidade-aponta-petistas-tucanos-e-neoliberais-do-banco-mundial)

Embora esta transferência direta seja benéfica no curto prazo para redução da desigualdade de renda, ela não muda a estrutura socioeconômica do país, uma vez que depende do viés da política assistencialista que se está adotando no momento e esbarra na política / capacidade fiscal. Ou seja, caso o benefício seja extinto por um motivo qualquer, a desigualdade e a pobreza voltariam crescer. Por fim, a ampliação do programa parece ter um efeito decrescente sobre a desigualdade de renda. Sendo assim, para que a desigualdade caia de forma sustentada, deveriam ser adotadas medidas de longo prazo que interfiram na estrutura socioeconômica; “ao invés de oferecer o peixe, deveriam ensinar a pescar”. Estas medidas poderiam vir com a melhoria da qualidade do sistema educacional público, melhoria do sistema de saúde pública e tornar o sistema tributário mais progressivo (tema que ainda não recebe a atenção merecida no país).

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Gráfico 4

Referências Bibliográficas

GANDRA, Rodrigo Mendes. “O debate sobre a desigualdade de renda no Brasil: da controvérsia dos anos 70 ao pensamento hegemônico nos anos 90”. Texto para Discussão, n. 01/2004. Rio de Janeiro (RJ): Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), Fev./2004. Disponível em: http://www.fractalresearches.com.br/index.php/o-debate- sobre-a-desigualdade-de-renda-no-brasil-da-controversia-dos-anos-70-a-convergencia-nos-anos-90-2/

GANDRA, Rodrigo Mendes. “O debate sobre a desigualdade de renda no Brasil: da controvérsia dos anos 70 ao pensamento hegemônico nos anos 90”. Niterói: Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Dez./2002 (Dissertação de Mestrado).

HOFFMANN, Rodolfo. “Transferências de Renda e Redução da Desigualdade no Brasil e em Cinco Regiões entre, 1997 e 2005”. In: Desigualdade de renda no Brasil: uma análise da queda recente, Volume 2. Organizadores: PAES DE BARROS, Ricardo; FOGUEL, Miguel Nathan; ULYSSEA, Gabriel. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2007, pp. 17-40.

PAES DE BARROS, Ricardo. “Taxar mais os ricos não é essencial para reduzir desigualdade hoje, diz 'pai' do Bolsa Família”. Entrevista ao R7.com em 27/5/2014. Retirado do site no dia 21/012015: http://noticias.r7.com/economia/taxar-mais-os-ricos-nao-e-essencial-para-reduzir-desigualdade-hoje-diz-pai-do-bolsa-familia-27052014

PAES DE BARROS, Ricardo; DE CARVALHO, Mirela; FRANCO, Samuel. “O Papel das Transferências Públicas na Queda Recente da Desigualdade de Renda Brasileira”. In: Desigualdade de renda no Brasil: uma análise da queda recente, Volume 2. Organizadores:

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PAES DE BARROS, Ricardo; FOGUEL, Miguel Nathan; ULYSSEA, Gabriel. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2007, pp. 41-86.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Relatório de Desenvolvimento Humano 2014. New York. Disponível em:

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