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PERDAS QUALI-QUANTITATIVAS DE ALGODÃO: INFLUÊNCIA DO ATRASO NA COLHEITA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

PERDAS QUALI-QUANTITATIVAS DE ALGODÃO:

INFLUÊNCIA DO ATRASO NA COLHEITA

EDUARDO CÉZAR MACHADO DE SOUZA

SINOP

MATO GROSSO – BRASIL 2018

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EDUARDO CÉZAR MACHADO DE SOUZA

PERDAS QUALI-QUANTITATIVAS DE ALGODÃO:

INFLUÊNCIA DO ATRASO NA COLHEITA

Orientadora: Prof

a

. Dr

a

. Solenir Ruffato

Trabalho

de

Curso

apresentado

à

Universidade Federal de Mato Grosso -

UFMT - Campus Universitário de Sinop, como

parte das exigências para obtenção do Título

de Engenheiro Agrícola e Ambiental.

SINOP

2018

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(5)

A Deus, por me guiar durante essa caminhada.

A minha mãe Clarice R. Machado de Souza e meu pai Neuri

G. Machado de Souza, meus maiores exemplos de vida.

A minha irmã Vanessa M. de Souza e minha sobrinha

Geovanna de S. F. dos Santos, minhas companheiras.

A minha namorada Helen Vidal e minha avó Solfrena M. M.

de Souza, minhas maiores incentivadoras.

Por me apoiarem hoje e sempre, por acreditarem em mim, pelo

amor, paciência e principalmente pelo carinho, me dando a força

necessária para jamais desistir.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por sempre me guiar no caminho do bem, abençoando a minha vida e minha família, me dando forças para superar toda e qualquer dificuldade para realizar esse sonho.

As pessoas mais importantes da minha vida, meus pais, Clarice e Neuri, por todo o amor e carinho dedicado a mim, por sempre me incentivarem a correr atrás dos meus sonhos e me apoiarem nas horas mais difíceis, de desânimo e cansaço.

A minha irmã Vanessa e minha sobrinha Geovanna, por serem a alegria e felicidade nos meus dias e por sempre acreditarem em mim.

Agradeço em especial a minha namorada Helen Vidal, que jamais me negou apoio, carinho e incentivo. Obrigado por ser tão atenciosa e entender minha ausência em diferentes momentos.

A minha querida avó Solfrena, que me incentivou e apoiou durante toda a faculdade, sempre com o brilho nos olhos de ver o seu neto estudando.

A toda a minha família, que sempre me apoiou dentro e fora da faculdade, obrigado por todos os ensinamentos e carinho.

Aos meus amigos e colegas de faculdade, em especial ao trio André Campos, Ronan S. Bueno e Adelina V. S. de Rezende por fazerem parte desse ciclo, torná-lo mais divertido e por estarem ao meu lado.

Aos amigos de infância Bruno de Oliveira, Gabrielle Alves, Alan Christian e Dario Rodrigo e demais amigos que acreditaram e que de certo modo contribuíram para que eu chegasse até aqui.

A minha querida Profª. Drª. Solenir Ruffato pela orientação, dedicação e amizade durante todo esse ciclo acadêmico. Suas palavras de apoio foram essenciais nessa jornada. Você é uma grande fonte de inspiração para mim.

A UFMT, seu corpo docente, direção e administração pelo ambiente criativo e amigável que a mesma proporciona.

Aos meus professores, desde o primário até a faculdade, por todos os ensinamentos, desde racional quanto de caráter como cidadão, meu muito obrigado.

Ao Sr. André G. Sucolotti pela disponibilização da área para que esse projeto fosse realizado, ao gerente da fazenda Sr. Valteir pelo apoio durante a realização do projeto e ao Sr. Antônio pela atenção dada para a realização das análises das amostras.

A COOAMI, Algodoeira Celeste e Fazenda Caregi pela disponibilização do espaço na empresa e dos profissionais que auxiliaram neste projeto.

Por fim, a todas as pessoas que passaram pela minha vida até o presente momento e que contribuíram com mais essa conquista. Muito obrigado.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...11

2. REVISÃO DE LITERATURA ...13

2.1 Cultura do algodão ...13

2.2 Pré-colheita do algodão ...14

2.3 Atraso na colheita e perdas no cultivo do algodão ...15

2.4 Classificação e qualidade da fibra ...16

3. MATERIAL E MÉTODOS ...20

3.1 Área experimental ...20

3.2 Características das cultivares ...21

3.2.1 Bayer FM 944GL ...21

3.2.2 TMG 81 WS...21

3.3 Tratos culturais ...21

3.4 Características agronômicas ...22

3.5 Perdas quantitativas em função do atraso na colheita ...22

3.6 Perdas qualitativas em função do atraso na colheita ...23

3.7 Rendimento da fibra e características físicas dos capulhos ...23

3.8 Teor de água ...24

3.8.1 Teor de água da fibra ...24

3.8.2 Teor de água do caroço...24

3.9 Dados climáticos ...24

3.10 Atribuição de notas para ágio e deságio na comercialização ...25

3.11 Análises de dados ...25

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...26

4.1 Dados climáticos durante o período de colheita ...26

4.2 Teor de água da fibra do algodão em caroço e do caroço durante a colheita ...27

4.3 Perdas quantitativas em pré-colheita de algodão em função do atraso na colheita ...29

4.4 Rendimento da fibra ...30

4.5 Massa de capulhos de acordo com a posição na planta ...32

4.6 Qualidade da Fibra ...33

4.6.1 Comprimento e uniformidade da fibra ...33

4.6.2 Resistência e alongamento da fibra ...35

4.6.3 Índice micronaire e maturidade da fibra ...37

4.6.4 Índice de fibras curtas e índice de fiabilidade ...38

4.6.5 Grau de refletância das fibras e Índice de amarelecimento ...40

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4.6.7 Número de partículas de impurezas superficiais, área ocupada pelas partículas e grau de folha ...43 4.7 Avaliação das características qualitativas em função de ágio e deságio na

comercialização ...45 5. CONCLUSÕES ...48 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...49

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RESUMO

A colheita é um dos mais importantes processos dentro da cadeia produtiva algodoeira, visto que é o período de maior exposição da fibra a intempéries climáticas, poeira e deposição de partículas de folhas e outros materiais, que podem provocar a redução da qualidade da fibra e favorecer a perda de pluma, caso a colheita seja executada com atraso. Assim, o objetivo com este estudo foi avaliar as perdas pré-colheita e a variação qualitativa da fibra de duas cultivares de algodão em função do atraso na colheita, e de acordo com a posição do capulho na planta. O experimento foi conduzido na safra 2016/17, na área de produção da Fazenda Caregi, localizada no município de Ipiranga do Norte – MT. Avaliou-se duas cultivares (FM 944 GL e TMG 81 WS) produzidas em talhões localizados lado a lado. Antes da coleta das amostras foi aplicado herbicida desfolhante e regulador de crescimento. Mensurou-se as perdas pré-colheita em três etapas, sendo a primeira no momento considerado ideal para a colheita, seguido de duas outras etapas de colheita posteriores, configurando em atrasos. Foi realizada a coleta manual dos capulhos encontrados no solo e dispostos dentro de uma área de coleta demarcada em cada talhão, em três repetições em cada etapa. A qualidade da fibra foi determinada de acordo com a inserção do capulho na planta: terço superior, médio e inferior. As análises das características da fibra foram realizadas no Laboratório de Classificação de Fibras da COOAMI (Cooperativa Mercantil e Industrial dos Produtores de Sorriso) por meio do aparelho HVI (High Volume Instrument). Verificou-se perdas significativas de algodão no solo em relação ao atraso de colheita para ambas as cultivares. A cultivar TMG 81 WS apresentou maiores perdas ao longo do tempo com média geral de 3,79 @ ha-1, e a perda média da cultivar FM 944GL foi de 2,85 @ ha-1. O atraso na colheita favoreceu o aumento de partículas presentes na fibra e reduziu a resistência, o alongamento e o índice micronaire. A cultivar FM 944 GL demonstrou melhor desempenho no que diz respeito ao rendimento de fibra, índice micronaire, comprimento, grau de reflectância e grau de cor, além de apresentar menor grau de folha, quantidade e área de impurezas. Em relação a posição na planta, verificou-se algodão de maior qualidade no terço superior.

Palavras-chave: perdas pré-colheita; rendimento de fibra; resistência da fibra; índice

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ABSTRACT

Harvest is one of the most important processes within the cotton production chain, insofar as, it is the most exposure period of the fiber to climate issues, dust and deposition of particles of leaves and other materials, which can reduce fiber quality and favor the loss of cotton fibers if the harvest it is performed late. Thus, the objective of this study was to evaluate the pre-harvest losses and the qualitative variation of the fiber of two cotton cultivars due to the delay harvest, and according to the position of the bud in the plant. The experiment was conducted in the 2016/17 harvest, in the production area of the Caregi Farm, located in the municipality of Ipiranga do Norte - MT. Two cultivars (FM 944 GL and TMG 81 WS) grown in fields side by side were evaluated. Before the samples were collected, a defoliation herbicide and a growth regulator were applied. Pre-harvest losses were measured in three stages, the first one being considered ideal for harvesting, followed by two subsequent harvesting stages, setting in arrears. A manual collection of the cotton boll found in the soil was carried out and arranged within a collection area marked in each plot, in three replications at each stage. The fiber quality was determined according to the insertion of the boll in the plant: upper, middle and lower part. The analyzes of fiber characteristics were carried out in the Fiber Classification Laboratory of COOAMI (Industrial and Commercial Cooperative of the producers of Sorriso) using the HVI (High Volume Instrument). There were significant losses of cotton in the soil in relation to the harvest delay for both cultivars. TMG 81 WS presented higher losses over time with an overall mean of 3.79 ha-1 and the mean FM 944GL loss was 2.85 ha-1. The delay in the harvest favored the increase of particles present in the fiber and reduced the resistance, elongation and micronaire index. The cultivar FM 944 GL showed better performance about the fiber yield, micronaire index, length, degree of reflectance and degree of color, besides presenting lower leaf grade, quantity and area of impurities. In relation to the position in the plant, cotton of higher quality was verified in the upper part of the plant.

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1. INTRODUÇÃO

Até início da década de 90 a produção brasileira de algodão era concentrada nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, expandindo-se após esse período para regiões de cerrado, a exemplo da região Centro-Oeste. Dentre as áreas do Cerrado brasileiro, destacadamente as regiões Centro-Oeste e Nordeste firmaram-se como as principais produtoras de algodão herbáceo, caracterizado pelo cultivo com elevado nível tecnológico e intensivo uso de máquinas. O estado de Mato Grosso é o principal produtor da região Centro-Oeste (RICHETTI, 2017).

Dentro de um sistema de cultivo mecanizado, para que a fibra no final do processo produtivo tenha as características qualitativas desejadas, são necessários cuidados com alguns fatores que interferem no resultado, dentre os quais estão o clima, as plantas daninhas, desfolha do algodoeiro, colheita, armazenamento e transporte do algodão em caroço, beneficiamento e armazenagem (RESENDE, 2013).

De acordo com Beltrão (1999) a mecanização da lavoura e o uso de produtos químicos que provocam a queda das folhas são de extrema importância para melhorar o rendimento da colheita e possibilitar a obtenção de fibras de maior qualidade, em consequência da redução de impurezas.

Dentro da cadeia produtiva a colheita é uma etapa significativa, pois liga a lavoura ao processamento, sendo o processamento totalmente condicionado pela colheita (RIBAS, 2011). Para Carvalho (2013), em ocorrendo condições para que seja realizada a colheita, é favorável que sejam evitados atrasos, pois o produto fica exposto a contaminação, principalmente por terra e folhas se permanecer no campo. Conforme Leite e Nuss (2017), a perda que ocorre de modo natural é ocasionada por meio da maturação fisiológica da cultura, e por conta do atraso na colheita, as plumas soltam-se das brácteas e recaem sobre o solo.

Quanto ao teor de água do algodão, é recomendável que a colheita seja realizada nas melhores condições possíveis, impedindo a redução da qualidade da fibra, deste modo, a colheita mecanizada é necessária para que se evite a exposição dos capulhos abertos às condições climáticas adversas (MION et al., 2015).

A qualidade da fibra do algodão é um elemento decisivo na hora da negociação do produto, tanto para uso interno quanto para exportação. As propriedades qualitativas do algodão são determinadas em laboratórios especializados (SESTREN, 2014). De acordo com Mascarenhas (2010) a fibra do algodão possui diversos atributos, como: resistência, uniformidade, comprimento médio, cor e maturidade, entre outras, sendo essas características com influência direta no desempenho da fiação, portanto, além da análise visual, realiza-se a analise HVI, sendo esse um atestado de qualidade e garantia no momento do produtor comercializar sua produção.

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12 Em função da importância da cultura do algodão para o estado de Mato Grosso, objetivou-se com este trabalho quantificar as perdas pré-colheita e avaliar a qualidade do algodão de duas cultivares, em diferentes partes da planta, em função do atraso na colheita.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cultura do algodão

A domesticação do algodão deu-se no início do sul da Arábia há mais de 4.000 anos com o surgimento da raça acerifolium. Atualmente, existem mais de 50 espécies do gênero

Gossypium. Dentre as espécies mais cultivadas de algodão, a Gossypium hirsutum é a

principal responsável por cerca de 90% da produção mundial, produzindo fibra média quanto a comprimento, finura e resistência. Pressupõe-se que atualmente existem mais de 2.500 cultivares em uso, entre os mais de 100 países que comercializam o algodão (BELTRÃO, 2004).

A cultura do algodão no Brasil originou-se nos primeiros anos da colonização, utilizando-se tanto espécies nativas quanto importadas. O cultivo era realizado em lavouras ao redor das residências e os processos de fiação e tecelagem eram exercidos de forma doméstica, com instrumentos obsoletos (COSTA; BUENO, 2004).

Atualmente, o cultivo do algodoeiro no estado de Mato Grosso, principal produtor nacional, é realizado por empresários rurais, que gerenciam a produção até o processo de beneficiamento. Cultivado em grandes áreas, com operações agrícolas mecanizadas e condições propicias de clima e solo. A maximização da terra e a busca de escala na produção, transformaram a cotonicultura em uma das principais atividades no Estado (LAMAS; CHITARRA 2014).

Com a crescente produção e os altos índices de produtividade, de acordo com informações publicadas pela Abrapa (2018), nos últimos anos o Brasil se posicionou entre os cinco maiores produtores mundiais, ao lado de países como China, Índia, EUA e Paquistão. Além de ser o país com a maior produtividade em algodão sequeiro, o Brasil tem-se destacado também entre os maiores exportadores mundiais. O cenário interno é considerado promissor, pois situa-se como um dos maiores consumidores mundiais de algodão em pluma.

De acordo com o décimo segundo levantamento da safra 2017/18 realizado pela CONAB no mês de setembro de 2018, no Brasil foram cultivados 1.174,7 mil hectares, cerca de 25,1% a mais em relação à safra 2016/17, e produzido mais de 2,0 milhões de toneladas de algodão em pluma. O Mato Grosso lidera com o ranking nacional produzindo por volta de 1,29 milhões de toneladas de algodão em pluma, em uma área de 777,8 mil hectares (CONAB, 2018).

Segundo Rangel et al. (2004) no estado de Mato Grosso a cultura do algodão começou a ter relevância a partir de fatores que favoreceram seu cultivo em regiões de cerrado, como a mecanização e o desenvolvimento de novas variedades. Por ser uma cultura de elevado custo de produção, grande parte da tecnologia utilizada na redução das perdas e para o melhor proveito das áreas e dos materiais, proporciona a obtenção de maiores rendimentos.

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2.2 Pré-colheita do algodão

O algodoeiro apesar de ser uma espécie perene e de crescimento continuo, foi modificado geneticamente para o cultivo anual, em que, mesmo depois do estágio reprodutivo, ainda permanece com a geração de estruturas frutíferas e folhas. porém sem auxiliar em nenhum processo seguinte de produção, e sim o oposto, estão sujeitas a tornarem-se alimento para organismos e pragas causadores de doenças, outrossim prejudica a colheita, em especial a mecanizada, sendo capaz de gerar danos a qualidade das fibras do algodão (AZEVEDO et al., 2004a).

De acordo com Ferreira e Lamas (2006), plantas com alto índice vegetativo favorecem o apodrecimento das maçãs, prejudicando a qualidade da fibra, postergando de maneira significativa a maturação dos capulhos, além de afetar a qualidade das aplicações de produtos químicos, devido à dificuldade de uma pulverização uniforme ao longo de toda a planta.

Contudo, a desfolha precoce tem efeito negativo na qualidade da fibra, pois pode acarretar no acréscimo da porcentagem de fibras imaturas (SILVA; SOFIATTI, 2012). Caso o algodoeiro continue por um longo tempo desfolhado, é passível de rebrota se o solo apresentar umidade (SILVA; SOFIATTI, 2012; ROSOLEM, 2006).

Silva e Sofiatti (2012) destacam que a colheita mecanizada pode ser dificultada caso não ocorra o devido controle de plantas daninhas, ocasionando “embuchamento” de certos mecanismos das colhedoras, e também em possível aderência de restos de plantas daninhas junto a fibra, diminuindo a qualidade e resultando em descontos na hora da comercialização. No mercado encontra-se alguns produtos utilizados na pré-colheita do algodão: dessecantes, desfolhantes e maturadores. Maturadores ou promotores de abertura dos capulhos são compostos químicos que promovem a produção de etileno, gerando a fragmentação das membranas celulares e secagem das células, expondo as fibras ao meio ambiente, promovendo a evaporação de água das fibras, seca e posterior abertura dos capulhos (LANDIVAR; MARTUS, 2005).

Outros produtos, a exemplo dos reguladores de crescimento agem no metabolismo da cultura, atuando, portanto, como inibidores do alongamento celular. Os efeitos da utilização se dá por meio da redução do tamanho dos internódios das plantas, número de nós, altura da planta, comprimento dos ramos vegetativos e frutíferos, número de ramos danificados e o número de folhas na época de colheita. A aplicação contribui para a compactação das plantas, proporcionando o aumento da população, facilitando a aplicação de produtos químicos e a penetração de luz, auxiliando em uma abertura mais uniforme e ágil dos capulhos (AZEVEDO et al., 2004b).

Os dessecantes são compostos químicos que ao entrarem em contato com a parte verde da planta, promovem a seca total ou parcial. Na dessecação, ocorre uma acelerada perda de água da folhagem acarretando em uma morte rápida da folha e do pecíolo. A ação

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15 química é tão forte que as folhas simplesmente secam e permanecem na planta, viabilizando a coleta do algodão, porém com elevado grau de impurezas, ampliando os custos com beneficiamento, portanto, é desejável sempre que possível o uso de desfolhantes. (AZEVEDO et al., 2004a).

Em relação a colheita, após a aplicação dos desfolhantes e promotores de abertura de capulhos, é desejável que a mesma ocorra assim que possível, visto que o atraso é capaz de ocasionar perda de peso por desidratação excessiva, promovendo uma fibra quebradiça, aumentando o percentual de fibras curtas, resultando em danos a qualidade (PAZETTI; FERNANDO, 2015).

2.3 Atraso na colheita e perdas no cultivo do algodão

Dentre as etapas do cultivo do algodão, a colheita é um processo que demanda muita atenção e cuidado, afinal, é de grande importância manter e preservar a qualidade do algodão. Dessa forma, efetuá-la em boas condições evita prejuízos com a entrega de uma fibra com menor qualidade, e em caso de planejamentos, a produção elaborada em condições favoráveis permite a entrega da fibra com alta capacidade de qualidade e com um menor custo de cultivo (BÉLOT; VILELA, 2006).

A colheita do algodão pode ser realizada de duas formas, manual ou mecanizada. O que define qual forma será utilizada é o tamanho e aspectos da área, bem como a disponibilidade de máquinas e equipamentos (RIBAS, 2014). A colheita manual é executada com grande cautela a fim de evitar contaminações por matérias estranhas e fragmentos. Contudo, tal atividade é limitada devido a exigência de elevado quantitativo de mão-de-obra. Por outro lado, a colheita mecanizada necessita de alguns cuidados extras para que possa diminuir os impactos sobre a qualidade da fibra. Este tratamento diferenciado envolve desde a condução do recurso mecanizado pelo campo até a preparação realizada antes da colheita (BÉLOT; VILELA 2006).

Segundo Eleutério (2001) no momento da colheita é de grande importância monitorar as perdas, identificando os prováveis erros que possam ocorrer e corrigi-los, para que se possa obter resultados quantitativos e qualitativos desejáveis.

As perdas qualitativas referem-se à contaminação do algodão com os demais fragmentos da planta, umidade em excesso que pode proporcionar fermentações, fibras precoces (provenientes da colheita antecipada), diminuição da resistência, comprimento e coloração da fibra pertinentes a diversos fatores, como por exemplo, o climático (FERRONATO et al., 2002; ELEUTÉRIO, 2001). Por outro lado, as perdas quantitativas são devido à queda dos capulhos no solo, ou capulhos e fibras que permanecem na planta do algodoeiro após a passagem da colhedora, além da perda de peso em função do atraso da colheita (FERRONATO et al., 2002).

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16 Carvalho (2013) destaca que uma situação pode dificultar o produtor ao tentar alcançar a produtividade esperada, que é o atraso na colheita, ou seja, quanto mais rápida a colheita do algodão, considerando que todos os fatores estejam propícios a ação, melhor para a integridade da fibra.

O atraso na colheita do algodão, propiciado pelas chuvas, por exemplo, gera a necessidade de uma melhor limpeza das fibras para manutenção da qualidade. Há situações em que se faz necessário a realização de um segundo processo de limpeza, porém, nestes casos, pode ser que ocorra a retirada de certa quantidade do fardo e cause rupturas nas fibras, aumentando a formação de neps (ECHER et al., 2018).

A exposição extensa e continua do algodão no campo denota uma elevação no índice de fibras curtas e atenuação da uniformidade de comprimento no beneficiamento, outrossim, fungos e a radiação solar podem ocasionar redução da resistência da fibra (ECHER et al., 2018).

A colheita mecânica, por ser o método com maior rendimento de tempo do que o manual, ocasiona perdas consideravelmente elevadas, sendo aproximadamente de 15 a 17 % comparada a 5 % na colheita manual. Outrossim, a eficiência da produtividade é menor em vista à colheita mecânica, perante a parcela de impurezas que a colhedora carrega (SILVA et al., 2007). Bélot e Vilela (2006) afirmam que as perdas na colheita do algodão situam-se entre 5 e 15 %. Para Carvalho (2013) o índice de perdas deve-se limitar a 6 % da produtividade estimada.

Na colheita manual, as perdas registradas no beneficiamento são poucas (3 a 5 %), com padrões de qualidade produzidos superiores, e oscila entre os tipos 11-1 e 21-2, enquanto na colheita mecanizada, as perdas no beneficiamento variam entre 5 e 10 %, com padrões de qualidade variando entre tipos superiores e médios, 21-2 e 41-4 (RIBAS, 2014).

O controle do teor de água no momento da colheita é extremamente importante, ao passo que, altas umidades no momento da colheita geram embuchamento nas plataformas resultando em paradas, prejudicando o ritmo e a produtividade de trabalho. A colheita deve iniciar após a secagem do orvalho, com a umidade relativa inferior a 60%, sendo que a umidade indicada para a colheita situa-se entre 5 e 7 % (RIBAS, 2014).

2.4 Classificação e qualidade da fibra

As propriedades da fibra são essenciais na determinação da qualidade para a indústria têxtil, influenciando na comercialização e industrialização do algodão. O produtor, conhecendo seu produto, as propriedades da fibra, valor médio e dispersões, desfrutará de fundamentos para reconhecer e negociar seu produto, à medida que a indústria têxtil deterá de instruções para tomar decisões acerca da aquisição ou não dos lotes de algodão (FREIRE, 2015).

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17 Inúmeros atributos estão relacionados à qualidade da fibra, entre eles destacam-se o comprimento*, uniformidade*, índice micronaire*, maturidade, finura, resistência à ruptura* (ou tenacidade), alongamento à ruptura, colorimetria (reflectância*, grau de amarelo*, cargas) e contaminantes das fibras do algodão. Porém, apenas as características demarcadas com asterisco são consideradas como critérios comerciais globais e possuem apreço nos contratos de venda (BACHELIER; GOURLOT, 2018).

A CONAB (2017) ressalta que o mercado internacional é quem determina os preços da comercialização do algodão, salientando ainda que a fibra do algodão compete com as fibras sintéticas, influenciando assim no preço desta commodity por meio da instabilidade das bolsas de mercadorias mundiais.

De acordo com a ADVFN (2019) contratos de algodão e futuros são negociados basicamente na Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) e na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque (ICE), destacando ainda que o algodão é uma commodity de elevado custo de produção, assim, países que aplicam um maior nível tecnológico na produção possuem maior influência na determinação do preço.

Lima e Belot (2015) denotam que para a determinação do preço da fibra, torna-se necessário informar-se sobre os valores tabelados atuais de ágio e deságio.

Pela Instrução Normativa nº 63 de 05 de dezembro de 2002, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define-se os termos empregados para a fibra de algodão em pluma e para os subprodutos da sua industrialização, em acordo com o Art. 1º que aprova o Regulamento Técnico de Identidade e de Qualidade para a Classificação do Algodão em Pluma (BRASIL, 2002), a saber:

 Umidade: percentual de umidade encontrado na amostra e/ou no fardo do produto.  Comprimento médio da fibra (UHM): comprimento médio da metade das fibras mais

longas.

 Índice de uniformidade do comprimento da fibra (UI): relação entre o comprimento médio (ML) e o comprimento médio da metade das fibras mais longas (UHM), expresso em porcentagem.

 Resistência da fibra: força, em gramas, requerida para romper um feixe de fibras de um tex, que equivale ao peso em gramas de 1000 (mil) metros de fibra.

 Micronaire da fibra: índice determinado pelo complexo finura/maturidade da fibra.  Grau de reflexão das fibras (% Rd): valor correspondente à quantidade de luz refletida

na amostra do algodão.

 Grau de amarelecimento das fibras (+b): valor correspondente ao amarelecimento das fibras com a ajuda de um filtro amarelo.

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18  Diagrama de cor das fibras (GC): valor obtido a partir do grau de reflexão e do grau

de amarelecimento.

Outros aspectos qualitativos referem-se as seguintes características:

 Alongamento (% Elg): elasticidade da fibra do algodão à tração, até sua ruptura, dada em percentagem (SANTANA et al., 2004).

 Índice de fibras curtas (% SFI): percentual de fibras menores que 0,5 polegadas ou 12,7 milímetros presentes nos corpos de prova (LIMA, 2018).

 Grau de folha: Código Leaf, grau de folha ou trash é uma definição oriundo da USDA (Departamento Norte Americano de Agricultura) e relaciona-se a incidência de impurezas (matérias não fibrosas) existentes na amostra de algodão quando comparada aos padrões físicos universais (FONSECA; SANTANA, 2002).

 Número de partículas de impurezas superficiais (Count): diz respeito a quantidade de partículas de impurezas presentes na superfície do corpo de prova (LIMA, 2018).  Percentual de área ocupada pelas impurezas (% Area): percentual da área ocupada

pelas partículas de impurezas presentes na superfície da amostra em relação à área total analisada pelo colorímetro e trashmeter do HVI (FREIRE, 2015).

 Índice de fiabilidade (CSP): atributo de resistência dos fios que depende especialmente da tenacidade individual das fibras, derivando-se do parâmetro americano de resistência do fio, que tem como origem a verificação da resistência de uma meada (FONSECA; SANTANA, 2002).

 Grau de Maturidade: medida da espessura da parede celular, em relação ao seu diâmetro, sendo representado pela porção de celulose depositada na parede secundária da fibra, em camadas concêntricas (SANTANA et al., 2004).

Segundo Costa et al. (2006), o algodão em pluma é classificado por tipo e comprimento das fibras, sendo que o tipo é estabelecido levando-se em consideração a cor das fibras, a presença de folhas que caracterizam as impurezas, e o modo de beneficiamento do algodão em caroço.

O grau de cor (CG) é expresso por meio do cruzamento entre os valores do grau de refletância (% Rd) e do grau de amarelecimento (+b) determinado no diagrama de cores de Nickerson/Hunter (Figura 1). Para o algodão americano Upland, o grau de cor é representado por um código numérico com três dígitos, sendo os dois primeiros para o tipo de cor de seus padrões físicos universais, e o terceiro, o quadrante localizado na área do diagrama de cores (LIMA, 2018).

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Figura 1. Diagrama de cor para o algodão americano Upland com código de três dígitos, a partir dos

valores do grau de refletância (% Rd) e grau de amarelecimento (+b). Fonte: Cotton Incorporated, 2018.

Para realizar a medição das características da fibra, utiliza-se o equipamento HVI (High Volume Instrument), que dá nome ao tipo de análise, sendo esse o responsável por mensurar as características intrínsecas da fibra do algodão (CASA DO ALGODÃO, 2017).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Área experimental

Com o objetivo de quantificar as perdas qualitativas e quantitativas do algodão, foi conduzido um experimento no ano agrícola de 2016/2017, na Fazenda Caregi, localizada no município de Ipiranga do Norte – MT, sob as coordenadas geográficas de 12°12'25.0"S, 56°02'28.6”O, e altitude média de 370 metros. Segundo a classificação de Köppen-Geiger (1936), o clima é classificado como Aw, no qual possui um clima tropical, com alta pluviosidade no verão e seca no inverno. A região foi escolhida pelo fato de ser uma das mais produtivas no estado, representando assim parte significativa dos produtores da região.

Figura 2. Área experimental. Município de Ipiranga do Norte – MT, 2017.

Avaliou-se duas cultivares de algodão sendo selecionado um talhão de cada cultivar, localizados lado a lado. No Talhão 1 foi produzida a cultivar FM 944GL, e no Talhão 2 a TMG 81 WS. Para a demarcação dos talhões respeitou-se uma faixa de aproximadamente 10 metros a partir da estrada utilizada para o tráfego de máquinas, evitando-se assim contaminações nos capulhos. Cada talhão foi demarcado em uma área de 30 m x 300 m, totalizando uma área de 9 ha cada talhão.

Para cada cultivar avaliou-se perdas de algodão em caroço e fibra no solo e perdas qualitativas ao longo do tempo. As colheitas, realizadas manualmente, foram iniciadas no décimo terceiro dia após aplicação do desfolhante, e foram realizadas em três etapas, configurando em atrasos no processo, visto a primeira etapa ter sido realizada de acordo com as recomendações técnicas como sendo ideal. As datas de colheita foram: 26/07/2017, 02/08/2017 e 08/08/2017. Para cada etapa de colheita eram demarcadas 3 sub-parcelas

(21)

21 aleatórias no talhão de cada cultivar.

Além do fator tempo, as perdas qualitativas de fibra foram quantificadas em diferentes posições de inserção do capulho na planta: terço superior, médio e inferior. Para tanto a coleta e processamento do material eram feitos de forma separada.

3.2 Características das cultivares 3.2.1 Bayer FM 944GL

A cultivar FM 944GL pertence a Agro Bayer Brasil, contando com um ciclo médio de 160 a 180 dias, taxa de crescimento alta com altura ideal de 110 a 130 cm, população final variando entre 95.000 a 100.000 plantas ha-1 e rendimento de fibra de 40 a 42 % (BAYER, 2016).

Apesar de ser resistente a doença azul e bacteriose, é muito sensível a ramulária. Essa variedade é usada para refúgio das variedades com tecnologia Bt, e apresenta boa qualidade de fibra, considerada referência de qualidade no estado de Mato Grosso (BÉLOT et al., 2017).

3.2.2 TMG 81 WS

A cultivar TMG 81 WS pertence a Tropical Melhoramento & Genética – TMG e é uma variedade com ciclo tardio de 160 a 190 dias, com um espaçamento recomendado de 0,76 a 0,90 m, apresentando um sistema radicular agressivo e varia entre 7 a 9 plantaspor metro, resultando em aproximadamente 92.000 a 118.000 plantas ha-1. A exigência de fertilidade e regulador de crescimento é alta e possui uma aderência de fibra forte (TMG, 2018).

De acordo com informações do IMA-MT, a variedade ostenta vigor no desenvolvimento e bom pegamento do baixeiro. Sensível à ramulária; tolerante a nematoides, resistente a bacteriose e doença azul. Apresenta uma fibra com alto micronaire, porém um comprimento de fibra no limite inferior, o que pode gerar impasses na comercialização (BÉLOT et al., 2017).

3.3 Tratos culturais

Utilizou-se o sistema convencional para o cultivo do algodão, com um espaçamento entre linhas de 0,76m. O cultivo do algodão foi realizado em sucessão ao cultivo da soja.

Durante o desenvolvimento da cultura, os tratos culturais foram conduzidos pelo responsável técnico da propriedade, de acordo com as recomendações agronômicas da cultura na região.

Na fase de pré-colheita do algodão foi aplicado o herbicida desfolhante Tidiazurom 120 g L-1 (Dropp Ultra SC®) na dose de 350 mL ha-1 (14/07/2017), e regulador de crescimento Etefom 480 g L-1, com Ciclanilida 60 g L-1 (Finish®) na dosagem de 1,3 L ha-1 (em 14/07/2017).

(22)

22

3.4 Características agronômicas

Na caracterização das cultivares foram avaliadas 15 plantas por cultivar em fase de pré-colheita, a saber:

a) Altura da planta: a altura das plantas foi obtida pela medida a partir do nível do solo até a ponteira da planta, com o uso de uma trena.

b) Diâmetro do caule: o diâmetro foi obtido com auxílio de um paquímetro, sendo avaliado nas alturas de 1 e 15 cm acima do solo.

c) Altura do primeiro ramo reprodutivo: a altura do primeiro ramo reprodutivo foi obtida pela medida, com uso de uma trena, entre o nível do solo até a inserção do primeiro ramo. d) Número de ramos frutíferos por planta: o número de ramos frutíferos por planta foi

obtido por meio da contagem dos ramos que apresentavam algum capulho.

e) Número de capulhos por planta: contagem do número total de capulhos abertos por planta.

f) Número de caroços por capulho: o número de caroços por capulho foi definido mediante a contagem dos caroços após o descaroçamento das maçãs do algodoeiro.

g) População média: a população média foi determinada por meio da contagem do número de plantas por metro, em três repetições por cultivar.

Com estes dados agronômicos definiu-se a caracterização das cultivares, conforme informações apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Média das características agronômicas da área experimental.

Características Agronômicas

Cultivar Bayer FM 944GL TMG 81 WS

Espaçamento entre linhas (m) 0,76 0,76

População média (plantas ha-1) 117.982,5 106.140,4

Altura média da planta (m) 1,26 1,52

Diâmetro médio do caule a 1 cm do solo (mm) 13,88 17,05 Diâmetro médio do caule a 15 cm do solo (mm) 11,50 14,56

Altura média do 1º ramo frutífero (cm) 35,10 46,20

Número médio de ramos frutíferos por planta 12,13 13,00

Número médio de capulhos por planta 15,33 15,73

Número médio de caroços por capulho 33,00 31,00

3.5 Perdas quantitativas em função do atraso na colheita

O levantamento das perdas na pré-colheita, em decorrência do atraso na colheita, foi realizado pela coleta manual de todo o algodão caído sobre uma área de 3,8 m², escolhida aleatoriamente no talhão (5 linhas x 1 metro, com espaçamento de 0,76 m entre linhas). Realizou-se três repetições por cultivar, em cada etapa de colheita. O material colhido foi

(23)

23 transportado para o laboratório de Pós-colheita da UFMT/Sinop. Após a retirada das impurezas, restos de folhas e materiais estranhos presentes na pluma, as amostras foram pesadas em balança semi-analítica para cálculo da perda por hectare.

Com a massa dos capulhos coletados no solo, na área de 3,8 m², extrapolou-se o valor para 10.000 m2 (1 ha), convertendo o valor de g h-1 para @ h-1.

3.6 Perdas qualitativas em função do atraso na colheita

Após o período de aplicação do desfolhante e maturador, foram contabilizados 13 dias para início da coleta das amostras, sendo a 1ª (primeira) no período indicado como ideal após aplicação do desfolhante, ou seja, no ponto em que ocorre 90 % de desfolha.

Para determinar as perdas, foi demarcado uma área de aproximadamente 3,8 m2 (5 linhas de 0,76 m x 1 m) em cada parcela. A área para a colheita do algodão foi escolhida de maneira aleatória dentro da área reservada para o experimento.

Foi coletado de modo manual aproximadamente 1 kg de algodão em pluma nas diferentes alturas da planta, sendo essas, terço superior, médio e inferior, em três repetições para cada cultivar, em cada etapa de coleta. As amostras foram acondicionadas em embalagens de polietileno e conduzidas ao laboratório de Pós-Colheita da UFMT e realizado de modo manual o descaroçamento do algodão. Após o descaroçamento, a pluma foi encaminhada a Cooami (Cooperativa Mercantil Industrial dos Produtores de Sorriso), na qual junto ao laboratório de qualidade pertencente a BM&F Bovespa, foram realizados os testes HVI (High Volume Instrument) para determinar a qualidade da fibra.

Determinou-se as seguintes propriedades da fibra: comprimento médio (UHM), índice de uniformidade (UI), resistência, índice micronaire, grau de reflexão das fibras (% Rd), grau de amarelecimento das fibras (+b), diagrama de cor das fibras (GC), alongamento (% Elg), índice de fibras curtas (% SFI), grau de folha, número de partículas de impurezas superficiais (Count), Percentual de área ocupada pelas impurezas (% Área), índice de fiabilidade (CSP) e grau de maturidade.

3.7 Rendimento da fibra e características físicas dos capulhos

Utilizando a mesma área demarcada para a avaliação das perdas qualitativas do algodão, foi coletado aproximadamente 1 kg de algodão em caroço para avaliações físicas. Os capulhos foram colhidos em três alturas da planta (terço superior, terço médio e o terço inferior da cultura) e acondicionados separadamente em sacos plásticos e encaminhados ao laboratório de Pós-Colheita da UFMT para determinação do rendimento de fibra, peso médio de capulhos e caroços, teor de água, e contabilização do número de caroços contido em cada capulho.

(24)

24 que foram pesados, obtendo-se assim o peso médio de cada capulho.

b) Peso da fibra (PF): após determinado o peso total do capulho, foi feito o

descaroçamento para obtenção do peso da fibra.

c) Peso do caroço (PC): obtido pela diferença entre PT-PF.

d) Rendimento de fibra: o rendimento de fibra foi determinado pela Equação 01:

𝑅𝐹 =𝑃𝐹

𝑃𝑇× 100 Eq. 01

Em que:

RF - Rendimento de fibra (%); PF - Peso de fibra (g), e; PT - Peso total dos capulhos.

e) Número médio de caroços por capulho: obtido através contagem do número de

caroços após o descaroçamento manual.

f) Peso médio de caroços por capulho: obtido pela pesagem dos caroços de cada

capulho, em balança semi-analítica.

3.8 Teor de água

3.8.1 Teor de água da fibra

O teor de água dos capulhos foi determinado minutos após a colheita com a utilização do equipamento de medição portátil da marca Delmhorst, modelo C-2000. As amostras de fibras eram coletadas e encaminhadas a algodoeira Celeste, localizada em Sorriso – MT.

3.8.2 Teor de água do caroço

O teor de água do caroço foi determinado pelo método padrão da estufa com circulação forçada de ar, à temperatura de 105 ± 3 ºC, durante 24 horas.

O teor de água foi calculado por meio da massa perdida após a secagem, representada pela Equação 02.

𝑈 = (𝑀𝐴

𝑀𝑇) ∗ 100 Eq. 02

Em que:

U – Teor de água, em base úmida (%b.u.); MA – Massa de água (g), e:

MT – Massa total (g);

3.9 Dados climáticos

Para verificação das condições climáticas foram obtidos dados de temperatura (média, máxima e mínima), umidade relativa (média, máxima e mínima) e velocidade máxima das rajadas de vento, do banco de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Estes

(25)

25 dados foram coletados pela estação automática instalada no município de Sorriso - MT, com latitude -12,33°, longitude -55,43°, e altitude média de 380 m.

Os dados climáticos compreendem desde a data da aplicação do desfolhante em 14 de julho de 2017, até a data da última colheita em 08 de agosto de 2017.

3.10 Atribuição de notas para ágio e deságio na comercialização

Segundo a ANAE (2018) existem cinco características qualitativas do algodão que possuem ágio e deságio na comercialização, sendo essas o comprimento, a resistência, o índice micronaire, a cor e o índice de fibras curtas (SFI).

Por meio dos valores observados durante as coletas de algodão, em cada posição dos capulhos na planta, para cada uma das caraterísticas citadas acima atribuiu-se notas em relação aos valores de ágio e deságio demonstrados pela ANAE (2018), o resultado foi plotado graficamente.

Para a atribuição das notas, determinou-se inicialmente o valor utilizado como base no momento da comercialização para cada uma das características, onde esse valor situa-se entre o limite mínimo sem que ocorra deságio e o valor máximo sem que ocorra ágio.

Determinou-se assim notas para os valores de base, de 5 a 10. Apresentado notas inferiores a 5 referente ao deságio no momento da comercialização e superiores a 10, como sendo ágio. Características que apresentaram notas entre 5 e 10 não foram consideradas ágio ou deságio.

Para calcular as notas, interpolou-se o valor verificado em cada uma das características ao longo do tempo e posição com os limites de ágio e deságio das mesmas.

3.11 Análises de dados

Os dados foram avaliados de forma descritiva, identificando as médias encontradas em relação a variação entre cultivares, posição e tempo.

(26)

26

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Dados climáticos durante o período de colheita

Verifica-se da Figura 3 que no período que compreende as 3 etapas de colheita as condições climáticas, no que diz respeito a temperatura e umidade relativa do ar, estiveram de acordo com o que ocorre normalmente na região. Trata-se da época de estação seca, sem precipitações, e caracterizada por altas temperaturas e baixas umidade relativas, o que promove rápida secagem do algodão no campo, podendo resultar em perdas quantitativas caso haja atrasos no processo de colheita.

Figura 3. Temperatura e umidade relativa durante o processo de colheita do algodão. Sorriso – MT.

Em que: 1ª; 2ª e 3ª são as datas de colheita.

A temperatura média ficou em torno de 25 ºC, com máximas entre 35 e 37 ºC e mínimas pouco abaixo de 20 ºC. Por se tratar da estação seca, a umidade relativa média manteve-se entre 48 e 40 %, com máximas entre 70 e 80 % e, mínimas próximas a 20 % que ocorrem normalmente no período diurno combinado a altas insolações, contribuindo de forma efetiva na secagem natural do algodão. Poucas oscilações importantes de temperatura e umidade relativa foram registradas no período.

Ainda em relação ao clima avaliou-se as rajadas de vento, em m s-1 (Figura 4). Nota-se uma tendência de aumento de velocidade de vento do quarto dia após aplicação do desfolhante até a semana compreendida entre a 1ª e 2ª colheitas, reduzindo em seguida, entre a 2ª e 3ª etapas de colheita.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 25 30 35 40 1 4 -j u l 1 5 -j u l 1 6 -j u l 1 7 -j u l 1 8 -j u l 1 9 -j u l 2 0 -j u l 2 1 -j u l 2 2 -j u l 23 -j ul 2 4 -j u l 2 5 -j u l 2 6 -j u l 2 7 -j u l 2 8 -j u l 2 9 -j u l 3 0 -j u l 3 1 -j u l 1 -a g o 2 -a g o 3 -a g o 4 -a g o 5 -a g o 6 -a g o 7 -a g o 8 -a g o 9-a go 1 0 -a g o 1 1 -a g o Um ida de r el ati v a, % T em pe ratu ra, oC

Temp. média, oC Temp. máx., oC Temp. min., oC

UR média, % UR máx, % UR min., %

(27)

27

Figura 4. Velocidade máxima da rajada de vento durante a colheita do algodão. Sorriso – MT. Em que:

1ª; 2ª e 3ª são as datas de colheita.

As rajadas de vento oscilaram entre 14 e 5 m s-1, com média geral de 8,7 m s-1. A análise deste fator é importante no que se refere a perdas pré-colheita, pois após desfolha química, os capulhos abertos ficam vulneráveis à ação do vento, podendo a pluma desprender-se do capulho e cair junto ao solo.

4.2 Teor de água da fibra do algodão em caroço e do caroço durante a colheita

No momento da colheita do algodão vários fatores são importantes, entre eles o teor de água. Segundo Lima (2018), o teor de água ou umidade é a quantidade de água presente na massa das amostras ou corpo de prova de algodão em referência a sua massa úmida (Moist – Mst) ou em referência a sua massa seca (Moist dry – Mst dry %), expressa em percentual.

Da Figura 5 observa-se que a variedade FM 944GL da Bayer apresentou teor de água da fibra superior quando comparada com a variedade 81 WS da TMG, da 1ª à última coleta, em todas as posições na planta. Após descaroçamento manual, analisou-se o teor de água do caroço, havendo pouca variação entre posições da planta e em relação a semana de colheita.

Analisando-se a 1ª e a 3ª semana de colheita, para a variedade FM 944GL verifica-se que os menores valores de teor de água da fibra são do algodão localizado nas posições média e superior da planta, ao passo que na posição inferior, devido a menor incidência solar, o teor de água é maior. Na 2ª semana verifica-se aleatoriedade do teor de água em relação as posições na planta, sendo pouco menor na posição inferior, entretanto a maior diferença entre as três posições foi de 0,5 %. A média geral, entre posições e colheitas para esta cultivar foi de 7,2 %b.u., ao passo que para a TMG 81 WS foi de apenas 5,7 %b.u.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 1 4 -j u l 1 5 -j u l 1 6 -j u l 1 7 -j u l 18 -j ul 1 9 -j u l 2 0 -j u l 2 1 -j u l 2 2 -j u l 23 -j ul 2 4 -j u l 2 5 -j u l 2 6 -j u l 2 7 -j u l 2 8 -j u l 2 9 -j u l 3 0 -j u l 3 1 -j u l 1 -a g o 2 -a g o 3 -a g o 4 -a g o 5 -a g o 6 -a g o 7 -a g o 8 -a g o 9-a go 1 0 -a g o 1 1 -a g o Raj ad a de v en to, m s -1 1ª 3ª 2ª

(28)

28

Figura 5. Valores médios observados de teor de água do algodão em caroço e do caroço, de duas

cultivares, em diferentes posições na planta e, em função do atraso na colheita. Ipiranga do Norte, MT, 2017. Em que: (Sup.) terço superior; (Med.) terço médio; (Inf.) terço inferior.

Para a cultivar TMG 81 WS verifica-se uma tendência de menores valores da parte intermediária para a superior na 1ª e 2ª semana de colheita, invertendo na 3ª semana, com maior teor de água na posição superior.

Em relação ao caroço, a tendência durante as semanas de colheita para a cultivar FM 944GL foi a de se obter teor de água pouco maior na posição inferior, seguida da posição média de coleta na planta, diferentemente do que foi constatado para a cultivar TMG 81 WS onde o maior teor de água foi observado na posição superior, com pouca variação entre a média e inferior. O teor de água médio das cultivares FM 944GL e TMG 81 WS foi de 6,2 e 6,1 %b.u., com variação máxima de 0,8 e 0,5 %b.u., respectivamente.

A variação aleatória do teor de água em relação a colheita e posição na planta podem ser decorrentes das condições climáticas, bem como da variação de arquitetura de plantas e maturação variável de capulhos entre plantas.

Segundo Mion et al. (2014), para não gerar a degradação da fibra, amarelecimento, manchas e o “encarneiramento”, recomenda-se que o teor de água da fibra no momento da colheita mecânica seja inferior a 8 %b.u. Caso seja efetuado a colheita com teor de água superior a 16 %b.u., mesmo que descaroçado em seguida, ocorrera perdas. Corroborando com o citado por Lima (2018) que ressalta que amostras com umidade média entre 6,5 e 8,0 %b.u. apresentam melhor precisão e acurácia no momento da mensuração das propriedades físicas das fibras de algodão. Em complemento, Costa et al. (2005) afirmam que no momento da colheita mecânica é fundamental que o teor de água do algodão em caroço, não seja superior a 12 %b.u., e de acordo com Freire (2015) quando o teor de água do algodão em caroço for superior a 12 %b.u. pode resultar em acidez, consequentemente, haverá redução do poder germinativo. É desejável que o teor de água do caroço seja igual ou inferior a 10 %b.u., caso a destinação seja para a produção de sementes, no tempo em que a destinação seja a trituração, valores menores ou iguais a 12 %b.u. são as mais desejáveis.

5 6 7 8 9 10

Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf.

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana

T e o r d e á g u a d a fi b ra d o al go dã o, %(b .u .) FM 944GL TMG 81 WS 5 6 7 8 9 10

Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf.

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana

T e o r d e á g u a d o c a ro ç o , % (b .u .) FM 944GL TMG 81 WS

(29)

29 Diante dessas afirmações e observações, pode-se inferir que a colheita da fibra e do algodão em caroço foi realizada no momento correto, tanto para o caso de plantio do algodão para semente, quanto para industrialização. Apesar da diferença entre as cultivares, o teor de água encontra-se dentro da faixa indicada por Mion et al. (2014), Lima (2018), Costa et al. (2015) e Freire (2015) para a colheita do algodão, não ocasionando perdas no processo de colheita mecânica.

A época de colheita do algodão no estado de Mato Grosso coincide com a estação seca, com altas temperaturas e baixa umidade relativa (Figura 3), o que favorece a secagem natural, propiciando a colheita dentro da faixa de teor de água considerado como ideal.

4.3 Perdas quantitativas em pré-colheita de algodão em função do atraso na colheita

Segundo Hake et al. (1992) a exposição do capulho a variações climáticas implica em perdas como a redução de peso do algodão devido à degradação microbiana, capulhos abertos e fechados caídos junto ao chão, perda no descaroçamento devido ao algodão encharcado, e em perdas que reduzem a qualidade da fibra, como a descoloração, menor comprimento, redução da resistência, entre outros. Levando em consideração tais aspectos, realizou-se a coleta das perdas com relação ao atraso na colheita de duas cultivares de algodão, conforme a Figura 6.

Figura 6. Valores médios observados de perdas pré-colheita de algodão em caroço e de fibra, de duas

cultivares, em função do atraso na colheita. Ipiranga do Norte, MT, 2017.

Observa-se na Figura 6 elevada perda no algodão em caroço entre a 1ª a 2ª semana de colheita, possivelmente ocasionada pela ação dos ventos que foram mais fortes nesta etapa de colheita (Figura 4), enquanto que da 2ª a 3ª semana, ocorreram perdas, porém, menores.

Realizando-se o descaroçamento do algodão, observa-se que a perda na 1ª semana foi maior para a cultivar FM 944GL, e nas semanas seguintes, os maiores volumes de perdas

0 1 2 3 4 5 6 7 8

1ª semana 2ª semana 3ª semana

Pe rd a a lg o d ã o e m c a ro ç o , @ h a -1 FM 944GL TMG 81 WS 0 1 2 3 4

1ª semana 2ª semana 3ª semana

Pe rd a d e fi b ra , @ h a -1 FM 944GL TMG 81 WS

(30)

30 de fibra foram da cultivar 81 WS, apresentando similaridade com as perdas em algodão em caroço.

Para o algodão em caroço, nota-se que na 1ª semana, considerada como ponto ideal para a colheita, as perdas são de aproximadamente 1,72 @ ha-1 em ambas as cultivares. Na semana seguinte há um aumento para 2,77 e 4,03 @ ha-1, respectivamente para as cultivares FM 944 GL e TMG 81 WS, correspondendo em um aumento de 80,52 % e 117,15 % em relação a 1ª semana. Na 3ª semana de colheita, as perdas foram de 3,92 e 4,74 @ ha-1 para as cultivares FM 944 GL e TMG 81 WS, resultando em um aumento de 113,95 e 137,79 %, respectivamente, quando comparado a perda pré-colheita encontrada na 1ª semana.

A perda média geral do algodão em caroço foi de 2,85 @ ha-1 para a cultivar FM 944GL e de 3,79 @ ha-1 para a cultivar TMG 81 WS. No tocante as perdas de fibra, na 1ª semana, ambas as cultivares tiveram perdas semelhantes com cerca de 0,83 e 0,74 @ ha-1 para as variedades de Bayer e TMG, respectivamente. Na 2ª semana houve um acréscimo de 72,29 e 122,30 % de perda de fibra das cultivares FM 944GL e TMG 81 WS, alcançando médias de 1,20 e 1,81 @ ha-1, respectivamente. Na semana final de coleta, obteve-se médias de 1,72 e 2,03 @ ha-1, sendo maior para a cultivar TMG 81 WS. A diferença percentual de perdas da 1ª para a última semana foi de 103,61 % e 137,16 % para a variedade FM 944 GL e TMG 81 WS, na devida ordem.

Santos et al. (2005) em experimento avaliando as perdas de algodão em caroço no solo em São Desidério - BA, observaram perdas entre 7,3 e 11,6 @ ha-1, em seis cultivares avaliadas, sendo elas, Fiber Max 966, Delta Opal, BRS Cedro, BRS Camaçari, BRS Ipê. Por outro lado, Viotto et al. (2014) em estudo realizado com as cultivares FM 951LL e FM 975WS em Sinop/MT, verificaram perdas de algodão em caroço no solo de 2,17 e 0,54 @ ha-1.

No presente estudo, verifica-se médias de perdas inferiores quando confrontado com o estudo apresentado por Santos et al. (2005), porém, valores médios superiores aos observados por Viotto et al. (2014). O atraso na colheita proporcionou perdas consideráveis de algodão (pluma mais caroço), ficando claro que, quanto maior o tempo de exposição do produto no campo, maiores serão as perdas, e consequentemente maiores os prejuízos.

4.4 Rendimento da fibra

O rendimento da fibra (%) é a relação entre o peso da fibra sem caroço pelo peso da fibra com caroço. Segundo informações publicadas pela Basf (2018), o rendimento da fibra para a cultivar FM 944GL é entre 40 a 42 %. E de acordo com a TMG (2018), para a cultivar TMG 81 WS é esperado rendimento de fibra em torno de 43,3 %. Os dados obtidos experimentalmente para estas duas cultivares são apresentados na Figura 7.

Observa-se da Figura 7 valores de rendimentos de fibra superiores quando contraposto ao indicado pelas fabricantes das cultivares. Dois fatores podem ter influenciado

(31)

31 no resultado, colheita realizada manualmente com retirada de todo o material da planta, e menor contaminação, quebra e sujeira da fibra quando comparada com a colheita mecânica. O descaroçamento também foi manual, possibilitando a separação total da fibra e caroço.

Figura 7. Valores médios observados do rendimento de fibra de duas cultivares, em diferentes posições

na planta e, em função do atraso na colheita. Ipiranga do Norte, MT, 2017. Em que: (Sup.) terço superior; (Med.) terço médio; (Inf.) terço inferior.

Nota-se uma tendência de que os maiores valores de rendimento de fibra foram para a cultivar FM 944GL, como também há a tendência de nos terços superiores, para ambas as cultivares ser maior, reduzindo nos terços médios e obtendo os menores rendimentos no terço inferior. Em relação ao atraso na colheita, verifica-se que as médias se mantiveram estáveis ao longo do tempo para cada posição, apresentando somente pequenas oscilações.

A variação entre o menor e o maior rendimento da fibra foi de 6,3 %, sendo o menor obtido no terço inferior da 2ª semana de coleta da cultivar 81 WS e, o maior, na ponteira da planta na 1ª semana de coleta, para a cultivar FM 944GL. Salvo a variação entre as posições, verifica-se médias de 46,2 e 44,4 % para as cultivares FM 944GL e 81 WS, respectivamente, apresentando diferença de 1,8 %.

Em ensaio realizado na safra 2013/14 com cultivares de algodoeiro herbáceo na região de Sinop, MT, Farias et al. (2015) verificaram resultados médios de porcentagem de fibra de 45,3 e 46,6 % para as cultivares FM 944GL e TMG 81 WS, respectivamente, sendo próximo ao observado neste estudo. Valores menores foram observados por Vilela e Bélot (2015) em estudo realizado no município de Sorriso, MT na safra 2014/15, sendo em torno de 40,7 %. E ainda, Bélot et al. (2017) avaliando a safra 2015/16 no município de Sorriso, MT, obtiveram rendimento de fibra em torno de 40,84 %.

40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf.

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana

R en di m en to de f ibra, % FM 944GL TMG 81 WS

(32)

32 Por meio de ensaios conduzidos nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte na safra 2014/15 para a identificação de cultivares de elevado potencial produtivo, Farias (2017) identificou médias de 45,35 % de porcentagem de fibra para a cultivar FM 944 GL, demonstrando a ampla adaptação climática desta cultivar, com manutenção de rendimento de fibra em diferentes regiões.

Relacionando com os valores médios de rendimento de fibra obtidos neste estudo realizado no município de Ipiranga do Norte, MT com os dados citados, constata-se médias superiores de rendimento de fibra tanto para a cultivar FM 944GL quanto para a cultivar TMG 81 WS, para a maioria das fontes de variação, ou seja, cultivar, posição do capulho na planta e época de colheita.

4.5 Massa de capulhos de acordo com a posição na planta

De acordo com a Basf (2018), o peso dos capulhos da cultivar FM 944GL situa-se entre 4,5 e 5,5 g, e a TMG (2018) aponta que o peso dos capulhos da cultivar TMG 81 WS é de 4,89 g.

(a) (b)

(c)

Figura 8. Valores médios observados de massa total, do caroço e da fibra de duas cultivares, em

diferentes posições na planta e, em função do atraso na colheita. Ipiranga do Norte, MT, 2017. Em que: (a) terço superior; (b) terço médio; (c) terço inferior; (Tot.) total; (Car.) caroço; (Fib.) fibra.

0 1 2 3 4 5 6 7

Tot. Car. Fib. Tot. Car. Fib. Tot. Car. Fib.

1ª semana 2ª semana 3ª semana

M a s s a , g FM 944GL TMG 81 WS 0 1 2 3 4 5 6 7

Tot. Car. Fib. Tot. Car. Fib. Tot. Car. Fib.

1ª semana 2ª semana 3ª semana

M a s s a , g FM 944GL TMG 81 WS 0 1 2 3 4 5 6 7

Tot. Car. Fib. Tot. Car. Fib. Tot. Car. Fib.

1ª semana 2ª semana 3ª semana

M as s a, g FM 944GL TMG 81 WS

(33)

33 Observa-se na Figura 8, similaridades entre os valores de massa dos capulhos nas diferentes partes da planta. Verifica-se valores médios de massa dos capulhos maiores para a cultivar TMG 81 WS, entretanto, a diferença média da massa de fibra entre as cultivares é de apenas 0,1 g. Devido a densidade, nota-se maior massa do caroço em relação a fibra.

Constata-se as maiores médias de massa total, caroço e fibra no terço superior, e as menores, no terço inferior, para ambas as cultivares. Verifica-se valores médios gerais ao longo do tempo para as cultivares FM 944 GL e TMG 81 WS de 5,07 e 5,48 g na massa total; 2,72 e 3,07 g no caroço e 2,34 e 2,43 g na fibra. Desta forma, aproximadamente 53,65% da massa total do capulho é caroço e 46,35% é pluma na cultivar FM 944 GL. Na cultivar TMG 81 WS, cerca de 56,02% da massa total é caroço e 43,98% é pluma. Determinando assim média de massa superior na cultivar TMG 81 WS.

Observa-se uma tendência de aumento de massas (total, caroço e fibra) entre a 1ª e a 2ª semanas, seguido de leve tendência de redução na 3ª semana de colheita.

Farias et al. (2015) avaliando as mesmas cultivares deste estudo, em ensaio realizado na safra 2013/14 na região de Sinop-MT, observaram valores de massa do capulho de 4,65 e 4,43 g para as cultivares FM 944GL e TMG 81 WS, respectivamente. Na safra 2014/15 Vilela e Bélot (2015) quantificaram massa média dos capulhos de 5,63 e 5,48 g para as cultivares FM 944 GL e TMG 81 WS, nesta ordem. Cordeiro et al. (2016) também avaliaram a cultivar TMG 81 WS na região Oeste Paulista, e obtiveram massa média de capulho de aproximadamente 4,0 g.

Diante destes resultados, constata-se que os valores de massa de capulhos obtidos neste estudo foram similares ou superiores a outros realizados com os mesmos materiais.

4.6 Qualidade da Fibra

4.6.1 Comprimento e uniformidade da fibra

Pelos dados de comprimento e uniformidade da fibra observados (Figura 9) em relação as cultivares, ambas apresentaram valores similares, com médias gerais de 86,3 % de uniformidade, e em torno de 31,5 mm de comprimento.

Entre as semanas de colheita verifica-se uma tendência de melhores valores de comprimento e uniformidade de fibra na 1ª e 3ª semana para ambas as cultivares. É provável que as diferenças observadas durante as semanas de coleta sejam em função da heterogeneidade entre plantas no talhão e na área em geral. Possivelmente no ponto de coleta do material na 2ª semana, em que se procedia praticamente na mesma altura dos talhões (mesmo alinhamento) para ambas as cultivares, houvesse alguma característica de fertilidade do solo que tenha influenciado no desenvolvimento das plantas e proporcionado menor

(34)

34 desenvolvimento das fibras, ou então, que houvesse naquele local outros problemas que afetam a produção, como maior incidência de pragas ou doenças.

Figura 9. Valor médio do comprimento e uniformidade da fibra de duas cultivares, em diferentes

posições na planta e, em função do atraso na colheita. Ipiranga do Norte, MT, 2017. Em que: (Sup.) terço superior; (Med.) terço médio; (Inf.) terço inferior.

Nota-se da Figura 9, que na posição inferior os valores de comprimento de fibra foram superiores para as duas cultivares, seguido do terço médio e superior. Para a uniformidade, os terços médio e inferior tenderam a apresentar as melhores médias. Estes valores foram similares aos apresentados por Bélot et al. (2017), avaliando a qualidade HVI da fibra de talhões comerciais para as mesmas cultivares, verificaram comprimento médio da fibra de 30,07 e 28,86 mm e, uniformidade de 82,94 e 83,10 % para as cultivares FM 944GL e 81 WS, respectivamente.

Resultados semelhantes foram obtidos por Silva Filho et al. (2017) que realizaram estudo com cultivares de algodoeiro no cerrado da Bahia na safra de 2015/2016, e obtiveram valores médios de 30,4 e 29,6 mm no comprimento e 84,6 e 84,7% na uniformidade da fibra para as cultivares FM 944GL e TMG 81 WS, respectivamente. Farias et al. (2015) observaram por meio de ensaio realizado na safra 2013/14 na região de Sinop – MT, com as cultivares FM 944GL e TMG 81 WS valores médios de comprimento de fibra entre 28,4 e 26,6 mm, e 83,5 e 83,6 % de uniformidade de fibra, respectivamente.

Santana et al. (2004) destacam que o comprimento comercial da fibra considerado como ideal pela indústria têxtil se encontra entre 30 a 40 mm. De acordo com Resende (2010), o tipo de algodão mais consumido pelo setor têxtil possui comprimento de fibra em torno de 27 mm.

Segundo Fonseca e Santana (2002), de acordo com a norma ASTM D-1447, que dispõe sobre o comprimento e uniformidade da fibra, as cultivares avaliadas neste estudo alcançaram comprimento longo e muito longo, no qual comprimento longo situa-se na faixa de 27,94 a 32 mm, e comprimento muito longo acima de 32 mm. A uniformidade exibiu índice muito elevado e homogêneo, o que caracteriza uniformidades maiores que 85 %.

27 28 29 30 31 32 33 34

Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf.

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana

Com p ri m e n to d a fi b ra , e m m m FM 944GL TMG 81 WS 82 83 84 85 86 87 88 89 90

Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf.

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana

Uni fo rm id a d e d a fi b ra , e m % FM 944GL TMG 81 WS

(35)

35 E conforme informações verificadas em Brasil (2002) para o comprimento das fibras, as cultivares classificam-se de acordo com código Universal entre 37 e 44, isto por possuírem comprimentos entre 29,7 a 32,4 mm. Quanto a uniformidade, as cultivares estão classificadas nas categorias Alta e Muito Alta, com uniformidades entre 83 a 85 % para a categoria Alta e acima de 85% para a categoria Muito Alta.

Comparando-se com os dados apresentados, com relação ao algodão cultivado em Ipiranga do Norte – MT, verifica-se altos valores de comprimento e uniformidade da fibra, estando também dentro da faixa ideal para a indústria têxtil, independente das fontes de variação deste estudo.

4.6.2 Resistência e alongamento da fibra

Nota-se oscilações na resistência da fibra no decorrer das semanas e entre posições em ambas as cultivares. No alongamento, pouca variação foi verificada, tanto entre cultivares, quanto em relação as outras fontes de variação, que se refere a posição de coleta e semana de colheita (Figura 10).

Dos dados observados (Figura 10) no que diz respeito às cultivares, tem-se que estas apresentaram valores similares, com médias gerais de 30,37 e 30,23 g tex-1 para resistência, e 6,8 e 6,9 % no alongamento para a FM 944 GL e TMG 81 WS, respectivamente. Verifica-se tendência de maior resistência no terço superior, seguido do terço médio e inferior, entretanto, no alongamento da fibra, observa-se percentuais maiores no terço inferior, acompanho dos terços médio e superior.

Figura 10. Valores médios observados de resistência e alongamento da fibra de duas cultivares, em

diferentes posições na planta e, em função do atraso na colheita.Ipiranga do Norte, MT, 2017. Em que: (Sup.) terço superior; (Med.) terço médio; (Inf.) terço inferior.

Em relação ao atraso na colheita, verificou-se irrelevantes oscilações no alongamento da fibra em ambas as cultivares. Quanto a resistência, tende-se a aumento nas médias da cultivar TMG 81 WS ao longo do tempo, enquanto na cultivar FM 944 GL verifica-se o pico da resistência na 2ª etapa de colheita. Farias et al. (2015) que avaliaram cultivares de algodoeiro

25 26 27 28 29 30 31 32 33

Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf.

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana

Res is tê n c ia d a f ib ra , e m g t e x -1 FM 944GL TMG 81 WS 4 5 6 7 8 9

Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf. Sup. Med. Inf.

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana

Al o n g a m e n to d a fi b ra , e m % FM 944GL TMG 81 WS

Referências

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