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SOCIEDADE E PRÁXIS ESPACIAL: A CONSTRUÇÃO DAS BASES METODOLÓGICAS PARA A COMPREENSÃO DA EXCLUSÃO CIBERESPACIAL NO MUNICÍPIO DE ALFENAS-MG

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Academic year: 2021

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SOCIEDADE E PRÁXIS ESPACIAL: A CONSTRUÇÃO DAS BASES

METODOLÓGICAS PARA A COMPREENSÃO DA EXCLUSÃO

CIBERESPACIAL NO MUNICÍPIO DE ALFENAS-MG

Fabio Ferreira Ramos¹

geofabioramos@gmail.com

Geografia-Licenciatura

Flamarion Dutra Alves²

flamarion.dutra@unifal-mg.edu.br

Instituto de Ciências da Natureza

1Bolsista de CNPQ/PIBIC – Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais (GERES) – Graduação em Geografia ² Prof. Dr. do Curso de Geografia – Líder do Grupo de Estudos Regionais e Socioespaciais (GERES)

Introdução

A geografia, ciência institucionalizada no século XIX, busca compreender a relação entre sociedade e natureza, tendo por categoria central de análise o espaço, este concebido de diferentes formas pela sociedade ao longo de sua história. Antônio Carlos Robert de Moraes afirma que “O espaço produzido é um resultado da ação humana sobre a superfície terrestre que expressa, a cada momento, as relações sociais que lhe deram origem” (MORAES, p.15, 2005) e que “esta valorização objetiva da superfície da Terra [...] passa inapelavelmente pelas representações que os homens estabelecem acerca do seu espaço” (p.15). Observa-se que há uma relação dialética entre teoria e prática no processo de produção do espaço, uma vez que a apropriação teórica do espaço antecede toda prática de produção de espaço.

Objetivo

Parece caro á geografia reconhecer o papel do ciberespaço no atual processo de produção do espaço, sob três perspectivas: sua caracterização conceitual; a relação entre o pensamento geográfico e a consciência do sujeito produtor de espaço

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no atual contexto de redes (geograficidade); e o papel do Estado e os atuais processos de territorialização, englobando espaços virtuais.

Com base nessa discussão, o presente trabalho tem por objetivo final caracterizar a condição de exclusão sócio-espacial, no contexto da sociedade de rede, no município de Alfenas-MG.

Fundamentação teórica

A geografia, é a expressão institucionalizada do pensamento geográfico, corpo de conhecimentos socialmente e historicamente construídos.

A história da geografia é um repositório de ideias sobre a relação entre homem e natureza. Ela é um relato da experiência do homem tentando compreender seu mundo. Em outras palavras, reflete amplamente o desenvolvimento da consciência humana. Assim, é compreensível que a história da geografia possa estar ideologicamente carregada e que tenha recebido interpretações variadas e conflitantes (BERDOULAY, 2003, p. 47).

Nesta perspectiva, a geografia se confunde com seu objeto, fazendo-se necessário, num momento de crítica, reconhecer-se como aspecto normatizado, institucionalizado, do chamado pensamento geográfico. Este se caracteriza como todo o conhecimento acerca do espaço, elaborado pela sociedade com base nas diferentes formas de relação entre ela e o meio.

Se é verdade que até a época contemporânea a rede de circulação e a rede de comunicação formavam uma só coisa, ou quase, a tecnologia moderna acabou por dissociá-las. Enquanto a informação, até o século XIX, andava mais ou menos no ritmo dos homens e dos bens, desde então as distâncias em matéria de comunicação foram praticamente abolidas, na medida em que a transferência da informação de um ponto a outro do mundo pode ser quase imediata (RAFFESTIN, 1993, p. 201).

Na busca por compreender e caracterizar os novos processos de produção do espaço, a relação entre sociedade e meio, a geografia deve voltar seus olhos para a atual práxis espacial no contexto da sociedade de rede, readequando sua base conceitual, bem como sua linguagem, ao novo contexto, de predominância dos meios técnicos-científicos-informacionais. Haesbaert (2001) chama atenção para os atuais mecanismos de territorialização, e espacialização do poder, ao dizer que “Trata-se agora muito mais de controlar linhas e pontos, ou melhor, fluxos e conexões, em

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síntese, redes, do que controlar zonas e fronteiras, os "territórios-zona" num sentido mais tradicional” (HAESBAERT, 2011, P. 270). Ele reforça a importância da necessidade de compreensão da nova práxis espacial em rede.

Talvez seja esta a grande novidade da nossa experiência espaço-temporal dita pós-moderna, onde controlar o espaço indispensável à nossa reprodução social não significa (apenas) controlar áreas e definir “fronteiras”, mas, sobretudo, viver em redes, onde nossas próprias identificações e referências espaço-simbólicas são feitas não apenas no enraizamento e na (sempre relativa) estabilidade, mas na própria mobilidade” (HAESBAERT, 2011, p. 279).

Lucia Santaella defende que a grande complexidade cultural vivenciada na contemporaneidade é fruto da mistura de seis lógicas comunicacionais e culturais (cultura oral, escrita, impressa, cultura de massas, cultura das mídias e cibercultura), que, embora surgindo e se desenvolvendo em diferentes momentos históricos, não são excludentes, mas se rearranjam, alterando as funções sociais, o papel, das tecnologias (SANTAELLA, 2009, p. 2). O trabalho da autora se mostra de grande valia na compreensão da nova práxis espacial, uma vez que a analisa na perspectiva das novas formas de apropriação teórica por parte do indivíduo social. Ela ainda afirma que as mídias, bem como as linguagens empregadas nelas, em cada momento sociocultural, originam perfis cognitivos que lhe são próprios.

[...] tecnologias de linguagem produzem mudanças neurológicas e sensoriais que afetam significativamente nossas percepções e ações.

Tendo isso em vista, pode-se avaliar a intensidade das transformações sócio-culturais e psíquicas por que a humanidade vem passando nos dois últimos séculos, período que já deu andamento a cinco gerações de tecnologias de linguagem e de comunicação[...](SANTAELLA, p.2).

Metodologia e resultados

Manuela D’Ávila e Fabricio Solagna, num artigo do site Pragmatismo político, esclarecem o choque de interesses entre os usuários da internet e as empresas que prestam serviços de telecomunicações na dimensão política, levantando o debate sobre a possível mudança na forma como o serviço é cobrado.

O que veremos será uma Internet de segunda classe, onde os mais pobres terão acesso limitado a rede, talvez apenas para a troca de mensagens de texto. Fazer aquele curso a distância em vídeo, por exemplo, será um privilégio de quem pode pagar muito pela conexão.

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A ideia de que o usuário deve pagar pelo que consome na rede esconde um problema de longa data no Brasil. As empresas de telecomunicação investem pouco na infraestrutura e obtêm lucros vultuosos. Hoje é um dos setores que mais lucra no país, ficando atrás apenas dos bancos. [...] Desde 1995, a Internet é considera um “serviço de valor adicionado”, ou seja, é um serviço que se utiliza das redes físicas de telecomunicação. É por isso que desde então existe o Comitê Gestor da Internet, um órgão multissetorial com participação de diversos segmentos da sociedade, que é responsável por produzir diretrizes e recomendações sobre a rede. Para regular as telecomunicações existe a Anatel.

Desde então a Internet é explorada em regime privado, de maneira concorrencial, diferente da telefonia. Ou seja, as operadoras não têm obrigações legais ou metas a cumprir para a expansão e inclusão da Internet. A rede chega apenas onde dá lucro.

Observa-se a sobreposição da lógica do lucro em detrimento do bem estar social no atual momento de normatização e regulamentação da internet. Entende-se que uma efetiva prática consciente no novo contexto de relações sociais, tendo em vista a nova realidade espacial imaterial e de grande densidade de relações, tem por base uma consciência crítica, por parte do sujeito praticante. Além disso, é necessário que o acesso ao ciberespaço, à internet, aos bancos de informações, aos espaços virtuais, se realize de forma democrática. Neste sentido, existem alguns elementos passíveis de análise que podem caracterizar a exclusão nesse novo contexto espacial das relações sociais: O acesso à internet, na perspectiva da cobertura do sinal, do valor do serviço, disponibilidade de provedores (condição ou não de monopólio de empresas ditas “téles”); outra problematização pertinente diz respeito á consciência do indivíduo social acerca desses espaços, territórios, redes, sistemas, estruturas comerciais, redes sociais, em que se insere (ou não!); ainda há de se pensar no papel do Estado no que tangue a normatização dos ciberespaços (na perspectiva matéria e imaterial), regulamentação dos mercados online e redes sociais, incentivo á pesquisa online por parte da escola, entre outros programas municipais, estaduais e municipais de incentivo ao acesso á internet.

Após essas problematizações, com foco de análise nas realidades do município de Alfenas-MG, propõe-se a caracterização da exclusão sócio-espacial, no contexto da sociedade de rede, por bairro.

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Bibliografia

BERDOULAY, V. A abordagem contextual. Espaço e Cultura, UERJ, RJ, n. 16, p. 47-56, jul/dez., 2003.

CLAVAL, P. Epistemologia da geografia. 1. Ed. Florianópolis: Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, 2011.

HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização. 6. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

HINDENBURGO, F. P. Estruturas virtuais de acumulação e cibercidades: das estruturas territoriais às estruturas virtuais de acumulação. Geo Crítica / Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de agosto de 2004, vol. VIII, núm. 170-59. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-170-59.htm> [ISSN: 1138-9788]

MIRANDA, A. Sociedade da Informação: globalização, identidade cultural e conteúdos. Ciência da informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 78-88, mai/ago. 2000.

MORAES, A. C. R. Ideologias geográficas. 5. Ed. São Paulo: Annablume editora, 2005.

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder. 1. Ed. São Paulo: Editora Ática, 1993. RIBEIRO, M. A. Abordagens analíticas das redes geográficas. Boletim Goiano de Geografia. v. 20, n. 1-2, jan./dez., 2000.

SANTAELLA, L. A aprendizagem ubíqua substitui a educação formal? Revista de

computação e Tecnologia da PUC-SP, Departamento de

Computação/FCET/PUC-SP, São Paulo, v.2, n. 1, p. 17-22.

SILVEIRA, M. D. P. Efeitos da Globalização e da Sociedade em Rede Via Internet na Formação de Identidades Contemporâneas. Psicologia Ciência e Profissão. V. 24, n. 4, p. 42-51, 2004.

SPOSITO, E. S. Geografia e Filosofia: contribuição para o ensino do pensamento geográfico. São Paulo: Editora Unesp, 2004. n. 1,

D’AVILA, M; SOLAGNA, F. Entenda como as mudanças anunciadas pelas “téles” vão mudar a sua vida. Disponível em:< http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/04/entenda-como-as-mudancas-anunciadas-pelas-teles-vao-mudar-a-sua-vida.html > acessado em 30 de abril de2016.

Referências

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