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A PASTORAL DA SAÚDE DA ARQUIDIOCESE DE CURITIBA E SEUS DESAFIOS

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A PASTORAL DA SAÚDE DA ARQUIDIOCESE DE CURITIBA E SEUS DESAFIOS

Inez de Fátima de Oliveira1 Waldir Souza2

RESUMO

Este resumo faz parte do artigo “A Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Curitiba e seus Desafios”, com o objetivo de compreender o desenvolvimento e a atuação da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Curitiba em suas três dimensões: solidária, comunitária e político institucional. A metodologia aplicada foi a qualitativa, utilizando-se de técnicas de pesquisa: a) bibliográfica, com embasamento teórico a partir da Bíblia, de documentos do CELAM (Guia da Pastoral da Saúde do Celam, Documento de Aparecida ), alguns autores como: Baldessin, Pessini, Bertachini e outros; b) mapeamento, ao longo de toda a pesquisa, de todos os periódicos e documentos disponíveis; c) participação efetiva nos grupos e equipes que abordaram o assunto sobre a Pastoral da Saúde; d) participação em eventos que ocorreram em âmbito local e regional sobre o tema. Em síntese os resultados indicam que: A parábola do bom samaritano é considerada como o paradigma do agente da pastoral da saúde, já a parábola do paralítico serve de modelo para uma ação comunitária na qual o trabalho em equipe precisa ser planejado e organizado. Como modelo de intervenção contra a injustiça apresentamos o episódio em que Jesus expulsa os vendilhões do templo. O grande desafio da Pastoral da Saúde está na dimensão político-institucional, ela precisa alcançar todos os setores da sociedade para fortalecer a participação efetiva das entidades representativas na formulação, implantação e controle das políticas públicas de saúde, fazendo com que a lei do SUS seja cumprida.

Palavras-chave: Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Curitiba. Solidária. Comunitária.

Político-Institucional.

INTRODUÇÃO

Apresentaremos a estrutura da pastoral da saúde em suas três dimensões: solidária, comunitária e político-institucional, seu histórico e as suas atividade permanentes, buscando o embasamento teológico para a pastoral da saúde. A parábola do bom samaritano é considerada como o paradigma do agente da pastoral da saúde, já a narrativa do paralítico serve de modelo para uma ação comunitária na qual o trabalho em equipe precisa ser

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Bacharel em Teologia pela PUC-PR. Assessora da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Curitiba. Email: inezoliveira2011@hotmail.com

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Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Professor do PPGT em Teologia e do PPGB em Bioética da PUCPR de tópicos de teologia e bioética e questões fundamentais de teologia. Professor de antropologia teológica, bioética e teologia moral no Bacharelado em Teologia da PUCPR. Membro do Comitê de Ética e Pesquisa no Uso de Animais da PUCPR. E-mail: waldir.souza@pucpr.br.

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planejado e organizado. Como modelo de intervenção contra a injustiça apresentamos o episódio em que Jesus expulsa os vendilhões do templo. Concluindo faremos uma reflexão sobre os desafios da pastoral da saúde nas três dimensões, com a necessidade de cursos de capacitação para os agentes de pastoral da saúde em todos os setores, a atualização dos conteúdos para os formadores, o aumento da equipe de assessoria e a necessidade de novas parcerias para as palestras, seminários e mutirões, incentivando a participação do povo nos conselhos e conferências de saúde para a garantia dos direitos do cidadão, havendo uma necessidade de se ter mais voluntários nesta pastoral.

HISTÓRICO DA PASTORAL DA SAÚDE E ATIVIDADES REALIZADAS

A Pastoral da saúde é a ação evangelizadora de todo povo de Deus, comprometido em promover, preservar, defender, cuidar e celebrar a vida, tornando presente no mundo de hoje a ação libertadora de Cristo na área da saúde. Tem como objetivo “evangelizar com renovado ardor missionário o mundo da saúde, à luz da opção preferencial pelos pobres e enfermos, participando da construção de uma sociedade justa e solidária a serviço da vida” (GAPSB, 2011, p. 12).

O Documento de Aparecida (n. 419) diz que a Pastoral da Saúde, assim como a ação de Jesus transforma-se no anúncio da morte e ressurreição do Senhor, “única e verdadeira saúde”. Sua ação não se volta apenas para os enfermos, mas a toda pessoa humana. Não é apenas assistencialista, mas oferece consolo nos momentos de dificuldades. É uma ação solidária que ultrapassa os limites pessoais e familiares, pois deve se estender para a ação comunitária. Deve atingir a luta pelos direitos fundamentais no campo da saúde. Deve trabalhar a saúde integral e integrada. “É necessário ir mais longe, à mudança de estruturas sociais que permitam uma vida em todas as suas dimensões e etapas” (GPS, 2010, p. 9).

Conforme o documento de Aparecida (n. 418) a Pastoral da Saúde é a “resposta às grandes interrogações da vida, tais como o sofrimento e a morte, à luz da morte e da ressurreição do Senhor”.

A tarefa da Pastoral da Saúde é promover, cuidar, defender e celebrar a vida, tornando presente na história o dom libertador e salvífico de Jesus, sendo humanizadora e evangelizadora e deve “tornar presente os gestos e as palavras de Jesus misericordioso e que infunde consolo e esperança aos que sofrem” (GPS, 2010, p. 16). Anuncia o Deus da Vida e promove a justiça e a defesa dos direitos dos mais fracos e dos doentes. O trabalho da Pastoral da Saúde é organizado e estruturado no âmbito da pastoral de conjunto.

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Mateo Bautista lembra que o cuidado com os enfermos sempre foi uma preocupação dos cristãos, desde os tempos apostólicos (BAUTISTA, 2007, p. 7). A Pastoral da Saúde resgata a ação curadora da Igreja que sempre ficou em segundo plano. O mandato de Jesus era: “Ide pelo mundo inteiro, evangelizai e curai os enfermos”. Segundo Bautista quando Jesus enviou os apóstolos ele mandou que curassem os doentes como sinal inequívoco da presença do Reino conforme o Evangelho de Marcos (10,1).

Em sua missão de pregar o Reino e curar os doentes Jesus reintegrava as pessoas à sociedade.

A Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Curitiba foi criada no ano de 1986 devido a uma grande preocupação com a saúde para além do cuidado dos enfermos, vindo ao encontro da proposta feita por João Paulo II, em 1984 no dia mundial do enfermo (11 de fevereiro) quando o sumo pontífice expressa sua preocupação com todos os doentes. Escreve, então, a encíclica Salvifici doloris na qual diz que “o sofrimento humano suscita compaixão, inspira também respeito e, a seu modo, intimida” diz o Papa. “É por isso que se torna urgente refletir sobre o mundo do sofrimento e encontrar os caminhos para superá-lo e descobrir para ele um sentido mais profundo” (SD, 2007, p. 7). E, para que supere o olhar apenas para a doença física, há que se olhar para o ser humano integral, seu sofrimento psicológico, mental, social. Parte não só da doença, mas de todo o histórico que envolve a doença, tendo como princípio a defesa da vida e a promoção da saúde. Foi uma resposta aos anseios do povo de Deus diante das dores e sofrimentos à luz da morte e ressurreição de Jesus Cristo, tendo como missão “priorizar a vida e testemunhar o Evangelho no mundo da saúde” (segundo Planejamento Estratégico da Pastoral da Saúde Nacional – 2008). Os principais valores da Pastoral da Saúde são: comprometimento, doação, equilíbrio, ética, humanização, humildade, perseverança, respeito e trabalho em equipe.

Na Arquidiocese de Curitiba, a Pastoral da Saúde tem encontros mensais na Cúria Metropolitana, no qual discute sobre pautas específicas e faz alguma formação com especialistas sobre algum assunto relevante. Os agentes participam de cursos de formação em bioética, congressos de humanização na área da saúde, simpósios e seminários, tendo participação ativa, junto com as demais pastorais sociais, atuando em suas três dimensões: solidária, comunitária e político-institucional. A dimensão solidária é a mais constante, pois atua na visita aos enfermos e familiares buscando ser a presença de Jesus, o bom samaritano junto aos que sofrem nas famílias, comunidades ou em instituições de saúde. Busca também atender a pessoa integralmente nos aspectos físico, psíquico, social, espiritual e ambiental.

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Na dimensão comunitária destacam-se o Mutirão da Saúde que acontece anualmente em parceria com algumas instituições tais como Hemepar, Pró-Renal e as demais pastorais sociais. Esse mutirão acontece no mês de abril em comemoração ao dia mundial da saúde. Busca levar informação, esclarecimento sobre cuidados com a saúde. Conta com palestras sobre temas variados, como por exemplo: quedas em idosos, prevenção contra as drogas (lícitas e ilícitas), DSTs, hábitos alimentares, diabetes, hipertensão, etc.

A dimensão político-institucional está ganhando força desde o ano passado, principalmente com o tema da Campanha da Fraternidade 2012 que teve como tema: Fraternidade e Saúde Pública.

A PASTORAL DA SAÚDE E SUAS DIMENSÕES

A Pastoral da Saúde representa a atividade desempenhada pela Igreja no setor da saúde e manifesta a ternura de Deus para com a humanidade que sofre (GAPSB, 2011, p. 09). Portanto, sendo “uma ação organizada e evangelizadora da Igreja no mundo”, isso implica em algumas questões: enquanto ação mostra que é ativa e não passiva; organizada porque não é feita de qualquer jeito, exige planejamento, embasamento e organização; enquanto evangelizadora mostra que temos em Jesus nosso modelo de ação; da Igreja porque é uma ação em nome da Igreja, logo, não é uma ação individual feita em nome das pessoas. As pessoas que atuam em uma pastoral atuam a partir de sua comunidade e em nome da comunidade. No mundo porque essa ação da Igreja deve ultrapassar os muros da nossa comunidade eclesial e deve atuar no mundo, seguindo Cristo como modelo. Tudo em união com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Na dimensão solidária, ela objetiva “ser vivência e presença de Jesus, o bom pastor, junto aos doentes e aos que sofrem em instituições de saúde, nas famílias e nas comunidades, enfim, onde houver necessidade, buscando atender a pessoa integralmente nos aspectos físicos, psíquico, social, e espiritual” (GAPSB, 2011, p. 14).

As visitas às famílias são feitas com o propósito de levar informações sobre a promoção e a prevenção da saúde.

A dimensão comunitária atua na promoção à saúde e na prevenção a partir da educação para a saúde. Essa dimensão promove debates, palestras, encontros educativos sobre as doenças, alimentação, saneamento básico, higiene, entre outros, fazendo projetos em prol da saúde da comunidade em parceria com instituições e outras entidades, escolas, associação de moradores, promovendo os hábitos saudáveis.

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A dimensão político-institucional atua junto às instituições públicas e privadas que prestam serviços. Talvez seja a mais difícil de atuar, porém, também a mais importante no que diz respeito à participação social no controle social. A Pastoral da Saúde precisa conhecer a Constituição Federal, especialmente naquilo que diga respeito à saúde. Precisa conhecer o funcionamento do SUS, princípios e atuação. O agente da Pastoral da Saúde deverá representar sua comunidade no Conselho de Saúde e estar por dentro das conferências de saúde (principalmente a local). Esta dimensão também é responsável pela reflexão bioética e de humanização, pela formação ética e uma política de saúde plena.

É importante ressaltar que, embora os objetivos sejam para a Arquidiocese de Curitiba, dentro de cada comunidade é necessário que haja uma reflexão para a realidade local. Cada comunidade deve escolher os três objetivos mais importantes para aquela realidade e, aos poucos, na medida em que forem alcançados, possam ir avançando nos demais.

FUNDAMENTO TEOLÓGICO

Para que o trabalho pastoral seja feito com competência e qualidade é necessário que a equipe tenha uma base teórica mínima. Deve estar em unidade com a Igreja local. No caso da Pastoral da Saúde é fundamental conhecer a mensagem evangélica, especialmente sobre o mandato de Jesus para curar os doentes. Temas como dor, sofrimento e morte devem ser compreendidos à luz da morte e ressurreição de Cristo.

Quando a realidade é vista à luz do Evangelho somos capazes de descobrir os sinais da vida e da morte que constantemente nos interpelam. Quando a Palavra é ouvida e interpretada na perspectiva dos rostos sofredores de todo ser humano que nos diz que tem fome e sede, não há como não se comprometer com a defesa da vida e com o cuidado da saúde, especialmente com relação aos mais vulneráveis. É essa a perspectiva de fé que deve mover o agente da pastoral da saúde. É importante conhecer o contexto em que Jesus conta as parábolas para podermos fazer uma exegese. Para isso precisamos conhecer minimamente as condições econômicas, sociais, políticas e religiosas do tempo de Jesus para podermos compreender melhor os fatos e hermeneuticamente atualizarmos para a nossa realidade para sabermos aplicá-la no nosso contexto.

A parábola do bom samaritano é compreendida como o paradigma do agente da pastoral da saúde. É importante analisar o comportamento dos personagens e observarmos como estes reagem diante daquela pessoa ferida no chão e pelo qual, todos passaram. Temos um homem assaltado e ferido por assaltantes, um levita, um sacerdote e um samaritano. Sabe-se que os judeus não Sabe-se davam bem com os samaritanos e quando Jesus conta essa parábola

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ele está respondendo a uma pergunta sobre o que se deve fazer para alcançar o Reino dos céus.

A parábola nos ajuda a pensar sobre a solidariedade e sobre os mais vulneráveis que não têm a quem recorrer. Entendendo um pouco o contexto, aprendemos que tanto o levita quanto o sacerdote estavam se dirigindo ao templo e, de acordo com os preceitos, não poderiam tocar no homem caído porque senão ficariam impuros. Muitas vezes nós, membros atuantes de uma comunidade de fé podemos passar pela mesma situação e responder a ela da mesma maneira. Já o samaritano que era considerado um impuro, quando passa pelo homem caído se deixa transformar pela necessidade do outro. Não só porque cuida do ferido e lhe dá abrigo, mas porque o faz em prejuízo dos seus próprios planos iniciais. Tornar-se próximo compreende uma vulnerabilidade ativa, um aceitar tornar-se frágil nas mãos de outrem. O que essa dimensão revela é outra dimensão da fragilidade humana, uma dimensão ativa que se manifesta em ato de entrega ao projeto do outro, o que implica deixar-se nas mãos de quem se cuida. (BALDESSIN, 2005, p. 69-74).

A dimensão comunitária é fundamentada na passagem do paralítico, que representa o esforço da comunidade em ajudar um paralítico a chegar até Jesus. Todos procuram ajudar. Demonstra o trabalho em equipe, no qual todos precisam fazer para que o plano de levar o homem até Jesus fosse cumprido. Foi necessário um planejamento para carregar o homem de modo que ele não caísse. Diante da dificuldade de passar por uma grande multidão contou com a criatividade do povo que ajudou até decidirem descê-lo pelo telhado. Ousadia e criatividade são importantes para que a pastoral consiga ultrapassar barreiras e obstáculos. Não pode desistir logo à primeira dificuldade que encontrar no caminho. É um exemplo de perseverança.

Este texto bíblico nos dá exemplos de como devemos estar dispostos a colaborar para o bem comum, contribuindo o máximo em todos os campos de nossas atividades com a mensagem de Cristo, sendo fermento na massa, oferecendo soluções positivas para anular o mal, colaborando com obras em favor do bem e da vida.

A dimensão político-institucional pode ser fundamentada na passagem dos vendilhões do templo que é narrada por todos os evangelistas, o que deixa claro que é um episódio que certamente aconteceu. Mais que isso, é um episódio central na medida em que a partir dali os sacerdotes e senhores da lei começam a tramar um jeito de prender e matar Jesus, é de fato a atitude que leva ao fim que todos conhecemos.

Quando Jesus expulsa os vendilhões ele mostra sua indignação com o desrespeito à casa de oração. Trazendo para os dias de hoje podemos ver que há muitos lugares de culto que

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fazem da casa de oração um lugar de comércio e os “sacerdotes” são os que lucram. No cenário político, faz-se uso da religião para conseguirem cargos, uma busca pelo poder a qualquer preço. Tudo para satisfazerem seus interesses particulares e muitas vezes escusos. Apropriam-se da Palavra de Deus para benefício próprio.

Assim como Jesus, esta passagem nos ensina que devemos fiscalizar nossos governantes, pois são os nossos representantes e pagos por nós para defender os interesses do povo. Precisamos mostrar nossa indignação denunciando falcatruas e desvios, participando ativamente do Controle Social das políticas públicas, especialmente as de saúde, isto significa que devemos ter representatividade nos conselhos de saúde. Os estudiosos dizem que depois dessa manifestação de Jesus, aqueles que já estavam preocupados com sua atuação começaram a conspirar para matá-lo.

Jesus não só contesta radicalmente a especulação das grandes famílias sacerdotais que enriquecem à sombra do templo de Jerusalém mas, segundo o teor do texto de Jeremias, denuncia a religiosidade que se fundamenta sobre a falsa segurança do templo. O lugar de culto, sem a prática da justiça e da fidelidade, é um falso refúgio, um covil de ladrões. Compreende-se então a reação dos notáveis, quer dos diretamente interessados, os sacerdotes, quer dos escribas. Estes últimos, na realidade, estariam de acordo com Jesus se ele perseguisse unicamente o bem-conhecido comércio religioso da aristocracia sacerdotal, aparentada com a classe dos saduceus. (BRAVO, 1996, p. 554).

Apresentamos o comentário da Bíblia TEB (1994) sobre a passagem nos Evangelhos de Mateus e de Marcos:

 Em Mateus 21,12-17, O gesto de Jesus pode ser entendido, ou como um ato de autoridade que abolia os sacrifícios do Templo, ou como um gesto simbólico de purificação do Templo, purificação esperada pelos judeus desde a purificação por Antíoco Epifanes (167 a. C.) e Pompeu (63 a. C.) ou ainda como um protesto contra o abuso do tráfico dos cambistas e dos comerciantes.

 Segundo Marcos 11,15-19, este pormenor prepara a cena da expulsão dos vendilhões do Templo (vv. 15-19). Aqui se trata do conjunto, com seus átrios, e não do edifício que constituía o coração do Templo, cujo acesso só era permitido aos sacerdotes (cf. 14, 58; 15-29-38).

DESAFIOS DA PASTORAL DA SAÚDE NA ARQUIDIOCESE DE CURITIBA

Tomando como ponto de referência o texto-base da campanha da fraternidade de 2012 podemos observar as “propostas de ação para a Igreja cooperar no avanço do Sistema Público de Saúde” (TEXTO-BASE, 2011, p. 100) que apresenta algumas orientações a serem seguidas de acordo com a realidade de cada comunidade.

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Partindo do princípio do Guia da Pastoral da Saúde para a América Latina e Caribe, diz o seguinte:

A igreja, em sua missão profética, é chamada a anunciar o Reino aos doentes e a todos os que sofrem, cuidando para que seus direitos sejam reconhecidos e respeitados, assim como denunciar o pecado e suas raízes históricas, sociais, políticas e econômicas, que produzem males como a doença e a morte (GPS n. 58). Embora a Pastoral da Saúde já exista na Arquidiocese de Curitiba desde 1986, foi só agora, em 2012 que as comunidades começaram a se articular como unidade nas dimensões. Isso devido principalmente pelo tema da CF 2012 que esclarece o que é uma pastoral da saúde e como esta deve atuar, assim como também, apresenta suas dimensões. São muitos os desafios. É importante haver um consenso com relação aos conceitos de saúde, conhecimento de como funciona o sistema de saúde, as políticas públicas, os cuidados de saúde, promoção e prevenção e padronizar critérios de ação e diretrizes como propõe o CELAM no guia para a pastoral da saúde da América Latina e o Caribe.

O desafio da dimensão solidária é levar a proposta da pastoral da saúde como promoção e prevenção da saúde. A visita solidária é para toda a família e, não deve estar restrita às famílias que têm algum enfermo em casa. Levar a promoção à saúde é chegar às famílias antes da doença. Prevenir e ensinar hábitos saudáveis para que a doença não chegue especialmente nos cuidados primários como alimentação, higiene, orientações sobre cuidados para evitar a dengue, verminoses e demais doenças passíveis de serem evitadas conforme o próprio texto-base apresenta (doenças evitáveis).

Com a Campanha da Fraternidade 2012, foi grande o número de pedidos de capacitações para agentes de pastoral da saúde. Pensando nisso, a equipe arquidiocesana da Pastoral da Saúde elaborou um projeto de capacitação para aqueles setores que mais apresentaram pedidos de capacitação.

Ao longo prazo, podemos vislumbrar um crescimento substancial de comunidades atuantes.

Os desafios da dimensão comunitária vêm a articulação para que cada setor possa fazer um mutirão setorizado. Porém isso exige muito trabalho, várias parcerias e muitos voluntários. Por enquanto, o mutirão arquidiocesano já conta com muitas parcerias importantes como o Hemepar, a Pró-renal e alguns profissionais liberais que sempre se disponibilizam a ajudar com palestras informativas, assim como, algumas pastorais afins como a Pastoral da AIDS, a Pastoral da Sobriedade, Pastoral do Idoso, da Criança, dos Imigrantes. Também algumas unidades de saúde fornecem materiais informativos de prevenção e cuidados básicos. Fora o mutirão, os assessores e agentes da Pastoral da Saúde da

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Arquidiocese de Curitiba estão frequentemente presentes no Núcleo Arquidiocesano de Bioética, outros participam ativamente nas comunidades locais como conselheiros de saúde. Também participam ativamente nos encontros das pastorais sociais, uma vez que a Pastoral da Saúde, enquanto pastoral de conjunto se vincula a outras pastorais, levando informação e formação comunitária sobre cuidados com a saúde.

A dimensão político-institucional ainda é a mais defasada apesar de já contar com alguma participação. Como a Campanha da Fraternidade de 2012 enfatizou precisamente a questão da saúde pública na sua dimensão político-institucional, foi a que teve maior destaque. A Pastoral da Saúde Nacional quis destacá-la justamente para que houvesse uma maior adesão da população e da Pastoral da Saúde no controle social.

O controle social tem um regimento próprio e diz respeito à participação da comunidade no controle das políticas públicas sobre saúde. Através do controle social as comunidades elegem seus representantes junto às unidades de saúde para fiscalizar as ações propostas para cada localidade específica.

O grande desafio é fazer com que esses agentes de pastoral atuem de perto no controle social e ajudem a fazer com que a lei do SUS seja cumprida.

A dimensão político-institucional vai para além da Pastoral da Saúde. Ela precisa alcançar todos os setores da sociedade para fortalecer a participação efetiva das entidades representativas na formulação, implantação e controle das políticas públicas de saúde (TEXTO-BASE, 2011, p. 103).

A sociedade também deve cumprir o seu papel enquanto cidadãos ativos. Ainda são poucas as ações voltadas para o trabalho intersetorial que articule saúde, educação, desenvolvimento social, justiça, esporte, emprego e renda. Ainda há uma grande fragmentação das ações. Cada setor pensa o seu trabalho específico e poucos são aqueles que vêem uma intrínseca relação entre cada um, esse é um desafio que ainda vai demorar a ser cumprido, mas, já há uma maior conscientização não só na área da saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim diz Bento XVI na Encíclica Deus Caritas est, n. 31b: “O programa do cristão, o programa do bom samaritano, o programa de Jesus, é um coração que vê”. Esse coração vê onde há necessidade de amor e age correspondentemente. Além disso, a caridade não deve ser um meio em função daquilo que hoje é indicado como proselitismo. O amor é gratuito, não é realizado para alcançar outros fins (DCE, n. 31b).

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O trabalho na Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Curitiba exige bastante comprometimento e competência. A equipe permanente ainda é pequena e necessita de mais voluntários. Os estudos sobre o funcionamento do sistema público de saúde no Brasil e sobre a participação nos conselhos de saúde e de como garantir os direitos, tem sido amplamente incentivado e aprofundado.

O trabalho da Pastoral da Saúde cresceu bastante e tem buscado seu aprimoramento através das parcerias para a sua formação permanente.

REFERÊNCIAS

ALARCOS, Francisco J. Bioética e pastoral da saúde. São Paulo: Paulinas, 2006.

BALDESSIN, Anísio. Como organizar a pastoral da saúde. São Paulo: Província Camiliana Brasileira; Loyola, 2007.

BAUTISTA, Mateo. O que é pastoral da saúde? São Paulo: Paulinas, 2000.

BENTO XVI. Deus Caritas Est. Carta encíclica aos bispos, aos presbíteros e aos diáconos, as pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos, sobre o amor cristão. São Paulo: Canção Nova, 2006.

BÍBLIA Sagrada. Edição pastoral. São Paulo: Paulus, 1991. BÍBLIA Tradução ecumênica. TEB. São Paulo: Loyola, 1994.

BRAVO, Carlos. Galiléia ano 30: para ler o Evangelho de Marcos. São Paulo: Paulinas, 1996. CNBB. Campanha da fraternidade 2012: TEXTO-BASE. Brasília: Edições CNBB, 2011. CNBB. Estudos da CNBB - 9. Pastoral da saúde. São Paulo: Paulinas, 1975.

CELAM, Conselho Episcopal Latino-americano. Discípulos missionários no mundo da

saúde – Guia para a pastoral da saúde na América Latina e no Caribe. Bogotá: Colômbia; São

Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2010.

CELAM. Documento de Aparecida: texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe. São Paulo: Paulinas; Paulus, 2007.

CONCÍLIO VATICANO II. Gaudium et Spes . Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje. Petrópolis: Vozes, 1982.

JOÃO PAULO II. Evangelium Vitae. Sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana. 6. ed. São Paulo: Paulinas, 2009.

_______________. O Sentido cristão do sofrimento humano – Carta apostólica “Salvifici

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MOISÉS, Cristiano; MONTEIRO, Rinaldo; THIMOTEO, Thiago. Hermenêutica atual de Mateus 21,12-16. A purificação do Templo. In: THIMOTEO, Thiago. Exegese de Mateus

21: Jesus expulsa os comerciantes do Templo. [2012?]. Academia.edu. Disponível em:

http://www.academia.edu/902654/Exegese_de_Mateus_21-Jesus_expulsa_os_comerciantes_do_templo. Acesso em: 05 out. 2012.

PASTORAL DA SAÚDE NACIONAL. Guia do agente da pastoral da saúde no Brasil. Esperança de vida plena. 1. ed. São José dos Campos, 2011.

Referências

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