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Academic year: 2021

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 431858-41.2012.8.09.0000 (201294318586) GOIÂNIA

AGRAVANTE: NET GOIÂNIA LTDA

AGRAVADO: ESTADO DE GOIÁS

RELATOR: DESEMBARGADOR CAMARGO NETO

CÂMARA: 6ª CÍVEL

R E L A T Ó R I O E V O T O

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto por NET

GOIÂNIA LTDA, qualificada, em face da decisão (fls.211/212) proferida

pela MMª Juíza de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual da Comarca de Goiânia, Drª Suelenita Soares Correia, nos autos da Ação

Anulatória de Ato Administrativo proposta em desfavor do ESTADO DE

GOIÁS.

Aduz a Agravante que requereu, em antecipação de tutela, a suspensão da exigibilidade de multa administrativa imposta pelo PROCON Goiás, bem como a não inscrição do débito em dívida ativa.

A juíza a quo, por entender que “após uma análise perfunctória dos autos, própria desta fase processual, não vislumbro presente a verossimilhança das alegações da autora, eis que os documentos constantes dos autos, não se configuram suficientes a comprovar, de plano, os argumentos por ela esposados ”

(f.212), indeferiu o pedido.

Em suas razões recursais, sustenta a Recorrente que a ação originária foi proposta “em virtude de uma série de vícios formais e materiais

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referentes ao ato administrativo praticado pelo Agravado, objeto de impugnação na citada demanda judicial” (fl.07).

Discorre sobre a impossibilidade jurídica do PROCON impor cumprimento de obrigação individual e sua incompetência para interpretar cláusula contratual, bem como ressalta a incompetência do agente e a nulidade do ato administrativo.

Sustenta a legalidade da cobrança pela instalação e manutenção de ponto adicional, tendo em vista a Resolução nº 488/2007, alterada pela Resolução nº 528/2009.

Alega que presentes os requisitos exigidos pelo artigo 273 do Código de Processo Civil, uma vez que “existe prova inequívoca comprovando a invalidade no plano formal e material do ato administrativo praticado” e

a “verossimilhança das alegações está comprovada pelos documentos juntados e argumentos trazidos, que comprovam o cumprimento das obrigações da Agravante, sem margem a dúvida” (fl.14).

Assevera que o perigo da demora está provado, pois há risco da multa aplicada ser inscrita na dívida ativa e em CADIN, maculando a imagem da empresa.

Requer a concessão de efeito suspensivo ativo ao agravo, para que seja determinada a suspensão da exigibilidade da multa até o julgamento final da ação originária e impedida a sua inscrição na dívida ativa e CADIN. Ainda, “na eventual hipótese que tenha realizado a inscrição que suspenda a exigibilidade do crédito tributário ou sua inscrição em CADIN, impedindo-se sua cobrança e a negativa de expedição de certidões positivas com efeito de negativa

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no que se refere ao crédito tributário objeto desse Agravo e da ação originária” (fl.17).

Pleiteia, no mérito, seja o recurso conhecido e provido, para reformar a decisão agravada, com a concessão da tutela antecipada no sentido de “suspensão da exigibilidade do ato administrativo impugnado, sem necessidade de prestação de caução, impedindo-se sua cobrança e eventual negativa de expedição de certidão positiva com efeitos de negativa no que se refere ao crédito tributário objeto desse Agravo e da Ação Originária” (fl.17).

Juntou documentos de fls. 18/1239. Preparo visto à fl. 1240.

Proferida decisão preliminar às fls. 1242/1245, indeferido o pedido de efeito suspensivo ativo.

Prestadas informações pela juíza a quo (fl.1250).

Intimada, a douta Procuradoria Geral de Justiça (fls. 1259/1262) opina pelo conhecimento e improvimento do presente recurso.

Apresentada contraminuta (fls. 1267/1284), defende o Agravado a legitimidade do PROCON/GO para interpretar cláusulas contratuais, estabelecendo penalidades em hipóteses de ilegalidade e/ou abusividade e, ainda, ser indevida a cobrança pelo ponto adicional. Pugna pelo desprovimento do agravo.

É o relatório.

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Porque próprio e atempado, conheço do recurso.

Conforme relatado, cuida-se de Agravo de Instrumento interposto por NET GOIÂNIA LTDA em face da decisão (fls. 211/212) que indeferiu a antecipação da tutela, nos autos da Ação Anulatória de

Ato Administrativo proposta em desfavor do ESTADO DE GOIÁS, no

sentido de determinar a suspensão de penalidade aplicada pelo PROCON/GO (multa administrativa) e não incluir o seu nome em dívida ativa até decisão final da ação.

A irresignação não merece prosperar.

Alega a Agravante, primeiramente, que o PROCON/GO teria exorbitado os limites de suas atribuições ao aplicar a multa objeto do processo originário, pois, ao fazê-lo, empreendeu análise de cláusula contratual, realizando juízo de valor quanto à validade do negócio jurídico.

Com efeito, cumpre reconhecer que a margem de atuação do PROCON não congrega a possibilidade de revisar por completo cláusulas contratuais, alterando o negócio realizado entre as partes, sendo tal atribuição do Poder Judiciário, que deve exercê-la por intermédio da ação apropriada.

Ocorre que, analisando o feito, verifica-se que o PROCON/GO por meio de processo administrativo, entendeu que houve desrespeito à legislação consumerista e, em razão disso, reconheceu “o direito da parte reclamante de ter o cumprimento da oferta: 02 (dois) pontos adicionais grátis e, a retificação da fatura, com vencimento em 20/11/09” (fl. 127), impondo à

Reclamada (NET GOIÂNIA LTDA) a aplicação de pena de multa.

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de negócio celebrado ou analise de cláusula contratual, tendo o órgão administrativo se limitado a considerar abusiva a conduta da Agravante de cobrar pela instalação e manutenção de pontos adicionais, tendo em vista as normas do Código de Defesa do Consumidor – CDC.

Assim, não há falar em invasão, pelo PROCON/GO, de função típica do judiciário, pois atuou dentro dos limites a si impostos, aplicando sanção administrativa, amparado nas permissões que lhes foram conferidas pelo artigo 22, do Decreto 2.181/97 e dos arts. 55, §1º e 56, da legislação consumerista.

A respeito do tema, os julgados desta Corte:

AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL. DECISÃO MONOCRÁTICA DO ART. 557, §1º-A DO CPC. AÇÃO ANULATÓRIA DE MULTA IMPOSTA PELO PROCON. REDUÇÃO DE OFÍCIO DO SEU VALOR. IMPOSSIBILIDADE. JULGAMENTO EXTRA PETITA. 1- O PROCON é órgão competente para aplicar sanção administrativa em decorrência de infração cometida por fornecedor que ofender às regras do Código de Defesa do Consumidor, em razão do poder de polícia que lhe é conferido. Precedentes do STJ. 2- Se na petição inicial o autor requereu apenas a anulação da multa administrativa aplicada pelo PROCON-GO, não cabe ao magistrado reduzir o seu valor, de ofício, sob pena de contaminar a decisão de extra petita. AGRAVOS REGIMENTAIS CONHECIDOS. PRIMEIRO DESPROVIDO. SEGUNDO PROVIDO.1

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO. PENALIDADE APLICADA PELO PROCON. MULTA E INSCRIÇÃO DO DÉBITO NA DÍVIDA ATIVA, TUTELA ANTECIPADA. REVOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA. Uma vez evidenciado que a decisão do PROCON não invadiu a competência

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do judiciário, mas limitou-se em aplicar sanção administrativa, poder que lhe fora outorgado pela legislação pátria, falta verossimilhança ao pedido de tutela antecipada pleiteado em sede de primeiro grau o que, consequentemente, implica em sua revogação. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO.2

No concernente a alegada incompetência do agente, com “duas infrações à indelegabilidade de poderes” (fl.09), melhor sorte não assiste a Recorrente. É que, a decisão administrativa foi proferida em primeiro grau pela Superintendente do PROCON/GO em exercício (fl.129), resguardando-se à autoridade superior, na hipótese o Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás, Sr. Ernesto Roller, o julgamento do recurso administrativo (fls. 203/206), nos termos do artigo 29 do Decreto nº 6.161/2005.

Sobre a matéria, o entendimento jurisprudencial:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO DO PROCON. APLICAÇÃO DE MULTA. I. Afiguram-se competentes para julgamento perante o PROCON o superintendente e, em fase recursal, o Secretário de Segurança Pública, conforme dispõe o artigo 29 do Decreto nº 6.161/2005. II. Sendo o PROCON órgão estadual de defesa do consumidor vinculado à Secretaria de Estado da Justiça, criado para a proteção das relações consumeristas, bem como para fazer cumprir as normas do Código de Defesa do Consumidor e do Decreto nº 2.181/97, tem poderes para julgar e aplicar as sanções administrativas definidas nas legislações, inclusive multa. III. Não se concede a tutela antecipada quando não estão presentes os requisitos do artigo 273 do Código de Processo Civil. AGRAVO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO.3

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Nesta linha de raciocínio, evidenciado que a decisão do PROCON não invadiu a competência do judiciário, mas limitou-se em aplicar sanção administrativa, poder que lhe fora outorgado pela legislação pátria, entendo que falta verossimilhança ao pedido de tutela antecipada pleiteado.

Destaca-se, por oportuno que a decisão que defere ou indefere o pedido de antecipação da tutela baseia-se em juízo de cognição inicial, com o atendimento dos requisitos previstos no artigo 273 do Código de Processo Civil – CPC, quais sejam, prova inequívoca que convença o julgador da verossimilhança da alegação; fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

Logo, ausente um dos requisitos justificadores da concessão do pleito antecipatório (verossimilhança), merece ser mantida a decisão agravada.

Ademais, insta salientar que a aferição dos requisitos autorizadores do deferimento da medida liminar em questão está a cargo do prudente arbítrio do magistrado, só devendo ser reformada a decisão singular pelo Tribunal quando constatada a ilegalidade ou abusividade do ato decisório, situação não observada no caso. Veja-se:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA. PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. SUSPENSÃO DA MULTA APLICADA PELO PROCON. INDEFERIDO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA PELO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU. Em se tratando de decisão liminar, o entendimento dominante neste e. Tribunal de Justiça é no sentido de valorar a convicção do

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magistrado a quo, que somente será alvo de modificação na hipótese de notória ilegalidade ou abusividade. Assim não demonstrado, comportável se apresenta a manutenção da decisão de primeiro grau. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO E DESPROVIDO.4

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO JURÍDICO. MULTA APLICADA PELO PROCON. DISCUSSÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ARTIGO 273 DO CPC. Revela-se adequada a decisão proferida nos autos da ação anulatória, ocasião em que se discute a pertinência da penalidade aplicada pelo órgão de proteção do consumidor, com a correta avaliação das disposições do artigo 273 do Código de Processo Civil. Aliás, os critérios de aferição para a concessão de medida liminar em antecipação de tutela estão na faculdade do julgador que, ao exercitar o seu livre convencimento, decide sobre a conveniência ou não do seu deferimento. AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO.5

DIANTE DO EXPOSTO, conheço do recurso, mas

nego-lhe provimento, mantendo a decisão agravada. É o voto.

Goiânia, 18 de junho de 2013.

Desembargador CAMARGO NETO Relator

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 431858-41.2012.8.09.0000 (201294318586) GOIÂNIA

AGRAVANTE: NET GOIÂNIA LTDA

AGRAVADO: ESTADO DE GOIÁS

RELATOR: DESEMBARGADOR CAMARGO NETO

CÂMARA: 6ª CÍVEL

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO. MULTA APLICADA PELO PROCON.

1. EXERCÍCIO INDEVIDO DA FUNÇÃO JURISDICIONAL. NÃO CONFIGURADO.

O PROCON é competente para examinar a conduta do fornecedor ou prestador de serviço com a finalidade de verificar se ela está em contradição com as normas do Código de Defesa do Consumidor. Dessarte, possui competência para impor sanções administrativas quando verificada situação de desrespeito ao referido diploma, não consistindo tal proceder em invasão das atribuições do Poder Judiciário.

2. RECURSO ADMINISTRATIVO. AGENTE COMPETENTE. O recurso administrativo interposto

contra decisão prolatada, em primeira instância, pelo Superintendente do PROCON/GO deve ser julgado pelo Secretário da Segurança Pública do Estado de Goiás, conforme dispõe o artigo 29 do Decreto nº 6.161/2005.

3. AUSÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA.

INDEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA. A

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está adstrita ao prudente arbítrio e livre convencimento do julgador, em estrita observância aos requisitos legais estabelecidos para a espécie. Em cotejo da situação fática apresentada, verifica-se a ausência de um dos requisitos do artigo 273 do Código de Processo Civil (verossimilhança), devendo ser mantido o indeferimento da medida antecipatória pleiteada.

AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as retro indicadas.

ACORDAM os integrantes da Primeira Turma Julgadora

da 6ª Câmara Cível, à unanimidade de votos, em conhecer do Agravo e negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator.

A sessão foi presidida pelo Desembargador Fausto Moreira Diniz.

Votaram com o Relator o Desembargador Jeová Sardinha de Moraes e o Desembargador Fausto Moreira Diniz.

Presente o ilustre Procurador de Justiça Doutor Rodolfo Pereira Lima Júnior.

Goiânia, 18 de junho de 2013.

Desembargador CAMARGO NETO

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