• Nenhum resultado encontrado

Assunto: Contribuições da Brasscom para regulamentação do Marco Civil da Internet

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Assunto: Contribuições da Brasscom para regulamentação do Marco Civil da Internet"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

São Paulo, 31 de março de 2015. Ao

Excelentíssimo Senhor José Eduardo Cardozo Ministro da Justiça

C/C:

Mariana Giostri Oliveira Rolim, Diretora Executiva, Brasscom Sergio Sgobbi, Diretor de Relações Institucionais, Brasscom

Assunto: Contribuições da Brasscom para regulamentação do Marco Civil da Internet Prezado Sr. José Eduardo Cardozo,

A Brasscom, Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, entidade que congrega seleto grupo de empresas fornecedoras de software, soluções e serviços de TIC e que tem como missão trabalhar em prol do desenvolvimento do setor, disseminando seu alcance e potencializando seus efeitos sobre a economia e o bem-estar social, congratula o CGI pela inciativa da chamada de contribuições para regulamentação da Lei 12.965/2014, Marco Civil da Internet.

É inquestionável o importante papel que a Internet tem na sociedade atual, tanto como viabilizadora de inclusão social quanto indutora de inovação e avanço tecnológico. Com efeito, a Lei 12.965 em 23 de abril de 2014 representa um importante avanço no tocante aos princípios que norteiam o papel da Internet no Brasil e ao regramento das relações jurídicas e responsabilidades entre os diversos atores sociais envolvidos. Perfilamo-nos com a sociedade brasileira ao festejar marco legal de tamanha envergadura, fazendo coro com os mais variados atores nacionais e internacionais.

Ao longo dos últimos meses, a Brasscom desenvolveu amplos debates e ouviu seus associados sobre os dispositivos sujeitos à regulamentação deste diploma legal, objetivando recomendações concretas sobre a regulamentação que sejam compatíveis com o texto e alinhadas com o futuro.

Sem embargo de futuras e mais densas contribuições, a Brasscom serve-se desta oportunidade para deitar luz sobre alguns aspectos críticos que, entendemos, demandam atenta consideração por parte deste insigne ministério.

(2)

Neutralidade de Rede (Art 3º, IV e Art 9º)

Apoiamos uma Internet aberta e os princípios de neutralidade de rede que garantam que qualquer pessoa tenha o direito à liberdade de expressão. Sob esta égide, os usuários da Internet têm o direito de:

a) Acessar qualquer conteúdo legal de sua escolha, b) Utilizar aplicações e serviços de sua escolha, e

c) Utilizar qualquer dispositivo de conexão a Internet de sua escolha.

Os usuários de Internet devem ter garantido o seu direito de receber informações claras dos seus prestadores de serviços de banda larga sobre os planos de conexão a Internet disponíveis, bem como sobre as práticas de gerenciamento de rede adotadas, tendo ainda o direito e a habilidade de verificarem que estão, de fato, recebendo os serviços contratados.

Os provedores de conexão a Internet podem implementar medidas de gerenciamento de tráfego razoáveis e não discriminatórios. As práticas de gerenciamento de tráfego serão consideradas aceitas e razoáveis quando se destinem a:

a) Garantir a segurança e a integridade das redes,

b) Reduzir ou mitigar os efeitos de congestionamento das redes,

c) Garantir a qualidade dos serviços e aplicações tornados disponíveis aos usuários, d) Permitir a livre oferta aos usuários de serviços especializados,

e) Priorizar serviços de emergência, sempre que tal se afigure necessário.

Modelos de negócios alternativos deverão ser garantidos na regulamentação, de modo que se possa oferecer aos consumidores menos favorecidos conexão a Internet gratuita ou de alguma maneira subsidiada, viabilizadas por modelos alternativos de precificação ou pagamento, incluindo mas não se limitando a modelos de conteúdo patrocinado, propaganda e pagamentos indiretos. Nesta linha, é importante que a regulamentação do Marco Civil não proíba modelos de negócio baseados em planos que ofereçam acesso a serviços de conexão de internet subsidiados ou que não limitem a franquia de dados para algumas aplicações.

Há um consenso sobre as vantagens socioeconômicas da ampliação do número de pessoas conectadas à Internet. Apesar disso, somente 30% da população tem acesso à Internet. Dados de 2011 da UIT (União Internacional de Telecomunicações) mostram que 90% da população mundial vive em áreas com cobertura 2G e até 2017, espera-se que 85% da população tenha cobertura 3G disponível. A discrepância entre a disponibilidade de cobertura e a quantidade de pessoas efetivamente conectadas pode ser explicada principalmente pelos custos de acesso. Ainda que no futuro o custo do acesso diminua, o custo de oportunidade de se esperar que o valor da Internet seja reduzido para que mais pessoas se conectem é elevado. É importante trabalhar com modelos de negócio alternativos e inclusivos que permitam a massificação do acesso a serviços disponíveis online.

No Brasil, o número de pessoas conectadas cresce aceleradamente e a proporção de usuários de Internet supera a metade da população (54%), porém quando analisamos esta penetração de acordo com a classe social é possível notar grandes distorções. Na classe A, 97% dos indivíduos estão conectados, na classe B são 78%. Entretanto, permanece o desafio de universalização nas classes C (49%) e, sobretudo, D e E (17%).

(3)

Os modelos de negócio em certa medida subsidiados criam um importante benefício ao consumidor que, de outra forma, provavelmente não teria acesso a tais serviços. Eles possibilitam conectar instantaneamente milhões de pessoas a conteúdos locais educacionais, com informações de saúde, governo e possibilidade de comunicação entre os cidadãos.

Nesse sentido, os modelos subsidiados de acesso são modelos que, no mais das vezes, trazem benefícios aos consumidores, ao expandir o seu leque de opções, incluindo digitalmente indivíduos que, de outra maneira, não teriam acesso ao serviço. Embora não tenhamos dúvida a respeito da necessidade da vigilância pelos órgãos reguladores e de defesa da concorrência da forma de implementação desses modelos, a proibição a priori de tais modelos é prejudicial aos usuários e ao ecossistema da Internet.

O ingresso de novos usuários no mundo conectado só tem benefícios a trazer em termos do ecossistema como um todo, criando demanda para a expansão das redes, realização de investimentos em infraestrutura e inovação, desenvolvendo ainda o mercado de conteúdos e aplicativos, além da efetiva inclusão digital de usuários que, de outra maneira, não teriam acesso à Internet. O Banco Mundial publicou em 2009 estudos de referência sobre o impacto da penetração da banda larga na taxa média de crescimento do PIB entre 1980 e 20061. O resultado demonstrou que o coeficiente de penetração média da banda larga para os países desenvolvidos era positivo e significativo. O resultado sugere um crescimento robusto do acesso à banda larga em países desenvolvidos, a saber, em uma economia de alta renda, considerando uma média de 10 assinantes de banda larga a cada 100 pessoas, ter-se-ia um aumento de 1,21 pontos percentuais no crescimento do PIB.

O Banco Mundial prevê que benefício do crescimento que a banda larga para os países em desenvolvimento é de magnitude semelhante ao das economias desenvolvidas: um aumento de cerca de 1,38 pontos percentuais para cada 10 por cento de aumento da penetração.

Indiscutível, portanto, que a inclusão digital dos usuários menos favorecidos é uma porta de entrada para a demanda por conectividade levando não só a expansão do ecossistema da Internet, mas também gerando crescimento econômico e prosperidade, que deve ser um dos objetivos a serem buscados pela política pública2.

Cremos que tais modelos, em princípio, não representam ameaças a livre concorrência. Os modelos de acesso subsidiado existem no mercado há alguns anos, e até o momento, nenhum órgão de defesa da concorrência se manifestou contrariamente a eles. Com efeito, um estudo recente do Brookings Institute mostra que tais acordos são benéficos à concorrência3.

Tendo em vista os grandes benefícios que tais acordos trazem para os consumidores e da indicação de que eles seriam benéficos para a concorrência, não haveria razão para a regulamentação do Marco Civil restringi-los, a priori, tais acordos para oferta subsidiada de serviços de conectividade à Internet. Se no futuro, eventuais práticas apresentarem riscos para a

1 “World Bank. 2009. 2009 Information and Communications for Development : Extending Reach and Increasing Impact. World Bank. © World

Bank.https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/2636 ”

2 http://www.progressivepolicy.org/issues/economy/zero-rating-kick-starting-internet-ecosystems-developing-countries/

(4)

concorrência, o arcabouço institucional existente para regulação da concorrência já permitirá a eventual proibição de tais práticas.

Portanto, a regulamentação do Marco Civil da Internet não deve proibir modelos subsidiados de oferta sob o risco de comprometer a aplicação dos seus próprios princípios e diretrizes norteadoras, tais como: os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exercício da cidadania em meios digitais (art 3º, II); a abertura e a colaboração (art. 3º, IV); a liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet (art. 3º, VIII); e a expansão e uso da Internet no Brasil (art. 24, inciso II).

Dessa forma, a Brasscom recomenda, na temática da Neutralidade de Rede:

I. A adoção de uma regulamentação que não proíba a priori os modelos de negócio baseados em modelos subsidiados de acesso à Internet;

II. A atuação ex post no controle do cumprimento das normas de defesa da concorrência com relação a implementação do princípio de neutralidade de rede constante do Marco Civil;

III. Nos moldes previstos no Art. 9º, I, do Marco Civil, as práticas de gerenciamento de tráfego serão consideradas aceitas e razoáveis quando se destinem a:

a) Garantir a segurança e a integridade das redes,

b) Reduzir ou mitigar os efeitos de congestionamento das redes,

c) Garantir a qualidade dos serviços e aplicações tornados disponíveis aos usuários,

d) Permitir a livre oferta aos usuários de serviços especializados,

e) Priorizar serviços de emergência, sempre que tal se afigure necessário. Reiteramos nosso apoio à bem-vinda iniciativa deste Ministério da Justiça e entusiasmo com o futuro da Internet no Brasil.

Sergio Paulo Gallindo Presidente Executivo

(5)

Sobre a Brasscom

A missão da Brasscom, Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, é aumentar a competitividade global do setor de TIC do Brasil e disseminar a sua capacidade transformadora para todos os outros setores econômicos, aumentando a sua eficiência e produtividade e criando benefícios para toda a sociedade brasileira.

A entidade exerce papel de articulação entre os setores público e privado nas esferas federal, estadual e municipal, lidera a discussão de temas estratégicos para o setor, como a desoneração da folha de pagamentos, a promoção internacional com foco no aumento das exportações e internacionalização das empresas, a geração de empregos, formação de mão de obra e a inclusão social.

Associados da Brasscom

A Brasscom tem 38 associados dentre as maiores e mais significativas empresas do setor e conta com 10 associados institucionais.

São associados da Brasscom: Accenture, Algar, Alog, Atos, BRQ, BSI Tecnologia, CA Technologies, Capgemini, CI&T, Cisco, Dell, EMC2, Facebook, GFT, Globalweb, Google, Grupo Contax, HP, Hughes, IBM, Infosys, Intel, Linx, Locaweb, Microsoft, Oracle, Promon Logicalis, Resource, SAP, Scopus, Spread, Stefanini, T-Systems, Tata, Tech Mahindra Tivit, Totvs, Unisys.

São associados institucionais da Brasscom: B2B Magazine, CDI - Comitê para a Democratização da Informática, Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, C.E.S.A.R, Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações, USP – Universidade de São Paulo, UNESP – Universidade Estadual Paulista, UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, UFPE – Universidade Federal de Pernambuco.

Referências

Documentos relacionados

Com base em extensa revisão bibliográfica, este estudo incorpora a escolha do tipo de atividade (produção ou distribuição) entre as decisões específicas a serem tomadas

A apixaba- na reduziu o risco de AVE e embolismo sistêmico em mais de 50%: houve 51 eventos entre os pacientes do grupo apixabana versus 113 no grupo do AAS

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

Deste modo, o adequado zoneamento e sua observância são fundamentais para a conciliação da preservação ou conservação de espécies, hábitats e paisagens dentre outras e

A partir de um estudo sobre os modelos de desenvolvimento do pensamento sobre a linguagem de funções, este trabalho tem o objetivo de propor e testar um modelo de níveis

Ainda na última parte da narrativa, outro “milagre” acontece: Grenouille apa- rece, de súbito, em meio ao povo, destampa uma pequena garrafa que trazia consi- go, borrifa-se com

Como o predomínio de consumo energético está no processo de fabricação dos módulos fotovoltaicos, sendo os impactos da ordem de 50 a 80% nesta etapa (WEISSER,

Diante disto o objetivo deste trabalho foi avaliar a extração de antocianinas a partir do repolho roxo (Brassica oleracea), em diferentes condições de pH, temperatura e