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II SEMINÁRIO RECURSOS GEOLÓGICOS, AMBIENTE E

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RECURSO HIDROMINERAL DE LONGROIVA

COMO UMA NOVA ÁGUA MINERAL TERMAL NATURAL

L. M. FERREIRA GOMES(1); J. A. MARQUES DANIEL(2), V. M. PISSARRA CAVALEIRO(3)

Resumo

As Termas de Longroiva utilizadas há muitíssimos anos e em particular no Século XX, nunca foram alvo de uma legalização efectiva, apesar de várias tentativas.

No presente trabalho apresentam-se os principais estudos e pesquisas efectuados nesta fase de modo a propor o recurso em estudo, água sulfúrea quente, como “água mineral”. De entre os vários estudos enfatizam-se o modelo geohidráulico e os resultados estatísticos dos vários parâmetros físico-químicos que evidenciam a estabilidade do recurso. Por fim, a água em estudo compara-se com outras já classificadas e apresentam-se as potenciais aplicações da mesma.

PALAVRAS CHAVE: água mineral, recurso hidromineral, Longroiva, modelo geohidráulico.

________________________________________________

(1) Professor Associado, Univ. da Beira Interior, Dep. De Engª Civil, 6200 Covilhã. (2) Chefe de Divisão, Câmara Municipal de Mêda, 6430 Mêda.

(3) Professor Auxiliar, Univ. da Beira Interior, Dep. De Engª Civil, 6200 Covilhã.

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1-Introdução

O presente trabalho insere-se no âmbito de um projecto sobre as Termas de Longroiva, em parceria entre a C.M. de Mêda e a Universidade da Beira Interior, havendo como objectivo final a legalização das Termas. Outros objectivos e trabalhos parciais têm-se atingido, merecendo referencia os estudos iniciais para a localização da nova captação (Furo AC1A), estudos de gabinete e de campo hidrogeoambientais para conhecimento do modelo geohidráulico da água mineral, estabelecimento do plano de exploração, e por fim, em realização o perímetro de protecção.

As “Termas de Longroiva” localizam-se na freguesia de Longroiva, Concelho de Mêda e Distrito da Guarda.

Os principais resultados obtidos até ao momento foram organizados nos relatórios internos de UBI (1999,2001a,b) onde, também, são explanados com detalhe trabalhos efectuados na zona em estudo por outros autores. A primeira referência bibliográfica às águas de Longroiva que os signatários observaram, foi no Aquilégio Medicinal, de Fonseca Henriques de 1726, entretanto re-editado pelo IGM (1998). Merecem ainda referência o estudo hidrogeológico efectuado por GeoHidrol (1972), os trabalhos de Teixeira Duarte (1974) e de KELLER e A. CAVACO (1998,1999).

A captação definitiva (Furo AC1A) é constituída por um furo vertical, com 211.7 m de profundidade. Apresenta-se revestido de 0 a 104.3 m com tubo fechado de aço inóx AISI 304, com diâmetro de 5 polegadas, e recebe água apenas de 106 m para baixo e em especial com maior significado aos 137.6 m e 200.5 m. Em relação à litologia atravessada pela sondagem é essencialmente granito de grão médio de duas micas, designado por Granito de Mêda (Ferreira da Silva e Ribeiro,1991) e que apresenta um grau de alteração moderada (W3/W4) até aos 50 m e, daí para baixo, alteração ligeira (W2/W1) excepto pontualmente junto a algumas fracturas produtivas de maior significado, que apresenta um grau W4. O furo é artesiano, pois, estando tamponado sem sair qualquer recurso, possibilita registar na sua cabeça, a 60 cm da superfície topográfica, 1.1 a 1.2 bar. A debitar 6.3 l/s em caudal constante, a sua água apresenta temperatura de 45.4 ºC, pH de 8.7 e conductividade de 580 µS/cm aproximadamente.

É importante referir que na zona das Termas havia uma Nascente Tradicional e ainda dois Furos (TD1 e TD2) e que após a execução do Furo AC1A, anularam-se com sua cimentação, para minorar os problemas de contaminação.

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2– Aspectos Geomorfológicos e Modelo Geohidráulico

Em termos regionais, predominam os maciços graníticos sin-tectónicos e ainda com menor importância os tardi a pós-tectónicos em relação a F3 da fase hercínica, além dos maciços de rochas xistentas com um papel importante em termos hidrogeológicos, que apesar de não constituírem qualquer tipo de sistema aquífero de interesse ao presente estudo, têm um papel passivo, ao servirem como que de uma barreira aos recursos que circulam essencialmente nos granitóides.

Sobre grandes estruturas e em termos mega-regionais evidencia-se a ocorrência a cerca de 1 km para Este das Termas, do grande acidente tectónico, designado por Falha da Vilariça, que se desenvolve desde Unhais da Serra, a Sul, no Distrito de Castelo Branco até à Vilariça, e que evolui ainda mais para Norte até terras de Espanha. As ressurgências de águas minerais sulfúreas, por vezes quentes, associadas à referida falha, muito profunda, denunciam bem a sua importância nos verdadeiros circuitos geohidráulicos naturais que contribuem para as águas minerais em estudo.

A estrutura designada neste trabalho por Falha das Termas de Longroiva (Fig.1), apresenta uma orientação global NNE-SSW, e é semi-paralela à Falha da Vilariça. Esta última, segundo Ferreira da Silva e Ribeiro (1991), corresponde a um desligamento esquerdo com cerca de 5.5 km de rejeito, sendo o resultado de um acidente complexo, onde existe fracturação paralela numa faixa de 0.5 a 1 km de largura, com desnivelamentos de blocos extremos e abatimento do bloco central, formando assim, o “graben de Longroiva”, que se situa mais a Este da zona das Termas. O “graben de Longroiva é prolongamento para Sul do “graben da Vilariça".

Em termos locais, para a zona em estudo e em particular para o Concelho de Mêda, existe a carta geológica à escala 1/50000, elaborada por Ferreira da Silva e Ribeiro (1991). Um extracto da mesma para a zona que inclui as áreas com interesse ao presente trabalho apresenta-se na Fig.1. De todas as unidades apresentadas a que tem maior interesse é a Unidade Granito de Mêda, devido a ser nela que está instalada a captação definitiva, bem como as antigas captações. Salienta-se também a Unidade Formação do Rio Pinhão (Complexo Xisto Grauváquico), por ser constituída predominantemente por metagrauvaques e filitos, praticamente impermeáveis, servindo de barreira aos fluxos hidrominerais que circulam de Sul para Norte, facilitando as ressurgências naquela zona.

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Com base numa análise direccionada para o provável modelo geohidráulico do circuito da água que ressurge na zona das Termas, cruzando mapas topográficos, mapas geológicos e tectónicos, além de algumas confirmações no campo, pode-se concluir que em termos geomorfológicos interessa salientar o extenso planalto granítico, a Sul das Termas, e em particular ao longo de uma faixa com 24 km de comprimento e cerca de 4 km de largura, com a direcção de NNE-SW segundo o maior eixo. Considerando a referida região, de Sul para Norte, as cabeceiras das linhas de água evoluem para Este numa rede de drenagem do tipo dendrítica, de modo a se transformarem em ribeiros que por sua vez vão confluir com a Ribeira de Massueime e esta com o Rio Côa. Neste processo as referidas linhas de água interceptam, em planta, a Falha das Termas e a Falha da Vilariça. Aquele território que corresponde aos primeiros quilómetros destas linhas de água, até interceptarem a Falha das Termas de Longroiva, é considerado como a zona de recarga ao sistema aquífero mineral de Longroiva. Os fluxos que se infiltram em profundidade no maciço granítico, por vezes muito alterado e fracturado, ao serem descendentes no interior dos granitóides e de Oeste para Este, encontram a Falha das Termas de Longroiva, e que por terem dificuldade de a atravessar, migram para Norte num movimento descendente, até encontrarem os xistos na zona das Termas, onde são obrigados a ressurgir, devido às cargas hidráulicas desenvolvidas e acréscimo de temperatura em profundidade.

Assim, os excedentes hídricos que resultam da precipitação, infiltram-se no vasto Planalto Beirão, desde a zona de Trancoso, com altitudes da ordem de 800m, que dista em linha recta cerca de 24 km até às Termas, a altitude de 360m. No movimento descendente e em profundidade os fluxos subterrâneos ao passarem nos granitóides vão adquirindo o quimismo próprio de água sulfúrea e em simultâneo aumentando a sua temperatura, devido à considerável profundidade que eventualmente atingem (≈2 km ?).

3- Aspectos Hidrogeológicos

Os resultados do cálculo do balanço hidrológico, efectuado de acordo com a metodologia proposta por Thornthwaite e Mather (1957, in Lencastre e Franco,1984) apresentam-se no Quadro 1. Devido à proximidade de Longroiva e tendo em consideração a área do território que serve de recarga ao aquífero mineral, consideram -

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Carta Geológica da Região de Foz Côa – Mêda. Extracto da Carta Geológica, Folha 15-A (Ferreira da Silva e Ribeiro,1991). F V – Falha da Vilar iça, F T

– Falha das Term

as.

De Longroiva. A zona sem

tram a corresponde ao Com p lexo Xisto-Grauváquico.Escala ≈ 1/ 125 000 ____________________________________________________________ CO - 89

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se as temperaturas da Estação de Figueira de Castelo Rodrigo. Em relação às precipitações, ao considerar as várias estações da região, com a técnica dos Polígonos de Thiessen (Lencastre e Franco,1984) ao longo do território considerado com potencial à recarga do aquífero mineral, com uma área global de cerca de 96 km2, leva apenas a considerar as áreas de influencia dos Postos Udométricos de Mêda (21%), de Marialva (48%) e de Trancoso (31%) de modo a usar no balanço hidrológico a precipitação ponderada.

No período húmido, o superavit divide-se em duas parcelas: o escoamento superficial (R) e escoamento subterrâneo (G), ou seja:

SH = R + G = 325.68 l/m2

Os excedentes anuais de 325.68 l/m2 sugerem à partida uma modesta recarga aquífera, no entanto tendo em consideração que a verificarem-se as áreas de recarga consideradas com cerca de 96 km2, além dos declives serem no geral modestos numa vasta área de planalto, em zonas que os maciços graníticos estão por vezes muito alterados e geralmente muito fracturados, além de haver uma cobertura vegetal, são factores que no conjunto facilitam a infiltração e consequentemente a recarga. Assim, considerando uma relação “G/SH” de 35%, leva a taxas de infiltração de 114 l/m2 por ano, para recarregar as reservas aquíferas, que a considerar a área global permite obter uma recarga anual média de 11x106 m3, e que se fosse descarregada apenas numa

virtual única saída corresponderia a 349 l/s, continuamente durante um ano.

Aquele caudal seria de facto muito frutuoso se fosse descarregado apenas num único ponto como água mineral, no entanto salienta-se que em toda a área considerada há muitas ressurgências de água subterrânea e que na quase globalidade não têm carac -

Quadro 1 (*)- Balanço hidrológico sequencial mensal para a região das Termas de Longroiva

Termo Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Ano

T(ºc) 4.7 6.0 8.3 10.5 14.1 18.1 21.3 20.8 18.1 13.3 8.0 4.9 - P(mm) 118.1 89.3 86.5 61.7 52.1 33.4 11.3 12.4 32.5 65.6 92.8 100.4 756.1 ETP (mm) 11.52 17.75 29.91 44.89 72.02 103.24 125.15 113.58 85.22 51.37 23.63 11.85 690.13 ETR (mm) 11.52 17.75 29.91 44.89 70.16 74.59 39.00 20.70 34.45 51.37 23.63 11.85 429.82 DH (mm) - - - - 1.86 28.65 86.15 92.88 50.77 - - - 260.31 SH (mm) 106.58 71.55 56.59 16.81 - - - 0 0 74.15 325.68

(*) admite-se que a capacidade utilizável pelas plantas de 100 mm, se encontra completa no inicio do período seco, ou seja, em Abril. T, é a temperatura média diária do mês; P, é a precipitação média mensal; ETP e ETR, são a evapotranspiração potencial e real, respectivamente; DH, é o défice hídrico; SH, é o superavit hídrico.

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terísticas similares às da água de Longroiva. De qualquer modo atendendo a que a zona de descarga natural em Longroiva tem a particularidade de ser uma das zonas de cota mais baixa na globalidade da área, e associada à situação de fronteira com as formações xistentas impermeáveis, considera-se uma zona francamente favorável para descarga de água mineral. Actualmente na referida zona já emerge cerca de 8 l/s, considerando-se que considerando-sem qualquer dúvida no futuro há potencial para incrementar aquele caudal para o dobro.

Com base num ensaio de caudal efectuado no antigo Furo TD1, foi possível efectuar a avaliação de parâmetros hidráulicos do maciço, admitindo o aquífero mineral confinado num modelo continuo e equivalente a um meio poroso, que aplicando o Método de Jacob em regime transitório, considerando uma espessura de 14 metros (zona produtiva de TD1), de acordo com o seguinte: transmissividade - T = 5.6 m2/dia, coeficiente de armazenamento - S = 2.4x10-3, e conductividade hidráulica – k = 0.4 m/dia; estes valores devem ser encarados apenas como aproximações, pois salienta-se que além do Furo TD1 ser pouco profundo, se está perante um maciço

rochoso fracturado, em que a água percola só em algumas fracturas, além da situação se complicar com a existência de duas fronteiras semi-verticais e impermeáveis, próximas do Furo TD1, constituídas pela Falha das Termas (Granito/Xisto) a Oeste a cerca de 7 metros, e a Norte o contacto com os Xistos, a cerca de 90 metros.

4 - Caracterização do Recurso

A água das Termas de Longroiva tendo um uso que já vem de muito longe no tempo, foi com certeza alvo de várias análises e pesquisas, no entanto dos estudos ou relatórios disponíveis, a análise mais antiga data de 1970, efectuada por Silva e Almeida (1970), em água colhida na Nascente Tradicional; a análise seguinte data de 1988 efectuada por Canto Machado (1988), mas a água já foi colhida no Furo TD1. Ambas as análises orientam para a classificação de: água fracamente mineralizada, doce, com reacção muito alcalina e sob o ponto de vista iónico, bicarbonatada sódica, carbonatada, fluoretada, sulfidratada, com uma “estrutura tipo” de águas sulfúreas.

Semelhantes resultados obtiveram-se nas análises efectuadas posteriormente ao longo do tempo (1988 a 1997) orientando para a água ter sempre a mesma origem e boa estabilidade físico-química.

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Se em termos físico-químicos a situação era aceitável, o mesmo não se pode referir em relação aos aspectos bacteriológicos, pois os dados disponíveis para as emergências antigas, demonstram a existência de água contaminada. Devido à gravidade da situação realizou-se a nova captação (Furo AC1A) e neutralizaram-se as captações antigas.

No Quadro 2 apresentam-se os principais parâmetros estatísticos dos resultados do recurso do Furo AC1A, das análises físico–químicas efectuadas durante vários meses, pelo Laboratório do IGM; a primeira análise, em 01/26/1999, foi realizada imediatamente após a conclusão da captação; as outras foram realizadas mensalmente com inicio em Maio de 1999 e fim em Novembro de 2000; a análise físico-química completa, efectuou-se no mês de Julho de 2000. Os resultados detalhados foram apresentados em UBI, 2001a. Salienta-se que de todos os resultados em que foi possível calcular o desvio padrão relativo (DPR), em cerca de 50 %, DPR é inferior a 5%, sendo sempre inferior a 11%. Por uma análise gráfica dos resultados dos principais parâmetros, verificou-se que não há tendência de qualquer parâmetro aumentar ou diminuir ao longo do tempo, orientando que os resultados tenham uma oscilação à volta do valor médio devido a eventuais flutuações naturais e até a desvios relacionados com a capacidade dos meios técnicos de medida disponíveis.

Ainda sob o ponto de vista químico, em relação às espécies vestigiárias, não havendo um grande número de resultados, apresentam-se os disponíveis e efectuados aquando da análise completa (Quadro 2), sendo apenas de referir que a maioria dos elementos pesquisados se apresenta abaixo do limite de detecção, realçando apenas a ocorrência do Boro, do Bário, do Estrôncio, do Tungsténio e ainda do Manganês.

Em termos químicos, comparando os resultados de AC1A com os obtidos nas captações antigas, a água deste novo furo continua a ter a mesma designação, por apresentar composição similar, evidenciando assim, que o aquífero é o mesmo; aquela similitude é ainda maior se se considerarem os resultados obtidos a partir de 1997, em que os procedimentos laboratoriais das análises foram no geral mais próximos aos verificados no período em que se efectuaram as análises do Furo AC1A.

Dado que a água de Longroiva nunca foi classificada oficialmente, apresentam-se no Quadro 3 os resultados da análise completa, junto de outros de águas minerais em que a designação é a mesma e onde a recarga aparente é essencialmente em granitóides.

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Quadro 2 - Resultados de análises físico – químicas da água do Furo AC1A, de Longroiva.

Valores Estatísticos de análises de 18 meses

Parâmetro Análise completa 2000 08/06) Min. Méd. Máx. Desvio Padrão (DP) DPR (%) pH 8.85 8.71 8.86 8.93 0.05 0.6 Conductividade (µScm–1 ) 637 515 582 728 53.5 9.2 Dureza p.p.105CaCO 3 0.75 0.65 0.71 0.80 0.03 4.2 CO2 total ( mmol/l ) 2.50 2.50 2.64 2.77 0.08 3.0 Alcalinidade (HCl 0.1N) – ml/l 30.7 30.0 30.9 33.0 0.76 2.5 Sulfuração total (I2 0.01N) - ml/l 46.3 31.2 44.8 49.7 3.70 8.3 Silicio total (mg/l) 75.9 66.1 72.6 78.3 2.84 3.9 Silica (mg/l) 67.5 58.3 64.5 71.1 2.77 4.3 Resíduo seco a 180ºC (mg/l) 395 375 395.2 407 7.84 2.0 Mineralização total (mg/l) 457.0 441.0 462.3 474.0 8.40 1.8 Na+ 125.0 122 126.4 132 2.48 2.0 Ca2+ 2.6 2.6 2.7 3.0 0.13 4.8 Catiões K+ 4.3 4.1 4.6 5.3 0.24 5.2 (mg/l) Mg2+ 0.04 0.03 - 0.05 - - Li+ 0.78 0.59 0.77 0.88 0.07 9.1 NH4+ 0.58 0.42 0.539 0.65 0.059 10.9 HCO3- 146.0 146.0 154.8 162.0 4.60 3.0 Cl- 45.4 44.0 45.9 48.3 1.05 2.3 SO42- 12.7 10.0 11.4 12.7 0.74 6.5 F- 24.0 22.2 23.7 25.8 0.77 3.2 Aniões CO32- 6.9 4.8 6.4 7.5 0.67 10.5 (mg/l) NO3- <0.38 <0.03 - 0.38 - - NO2- <0.02 <0.02 - <0.02 - - HS- 7.6 5.1 7.4 8.2 0.62 8.4 H3SiO4- 13.1 9.5 12.8 15.3 1.26 9.8 Ag <0.5 - - - Al <12 - - - As <3 - - - B 288 - - - Ba 107 - - - Espécies Be <1 - - - - - Cd <1 - - - Vestigiárias Co <6 - - - Cr <6 - - - (mg/l) Cu <2 - - - (x10-3) Fe <3 - - - Mn 1.1 - - - Mo <4 - - - Ni <4 - - - Pb <6 - - - - - Sb <3 - - - Se <3 - - - Sr 88 - - - V <2 - - - W 82 - - - Y <1 - - - Zn <2 - - -

Salienta-se que as águas de Longroiva e de S. Gemil são as que apresentam uma maior mineralização; uma particularidade é o facto da água de Longroiva ser a que apresenta uma maior sulfuração total, com cerca do dobro das outras que estão no “grupo da frente”. Sobre as espécies vestigiárias verifica-se que o Boro é sempre um elemento presente com relativo significado.

Em relação à temperatura ao longo do tempo salientam-se os registos efectuados à boca das captações na água da Nascente Tradicional por Silva e Almeida (1970), de

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30.8ºC, por Canto Machado (1988) na água do Furo TD1, de 33.9ºC, ainda por Canto Machado (2000) no Furo AC1A de 45.1ºC e por fim o registado em UBI (2001a) na fase terminal do ensaio de caudal do Furo AC1A, em 26/10/2000, de 45.4ºC.

Salienta-se que se tem obtido aumento de temperatura com o melhoramento das captações e avanço em profundidade, sendo o valor de 30.8ºC obtido na ressurgência natural à superfície, e os de 33.9 ºC e 45.4ºC registados à cabeça dos furos com 45m e 211.7 m de profundidade , respectivamente. Esta situação orienta para o potencial que há no local em termos geotérmicos.

Em relação aos aspectos radiológicos do recurso do Furo AC1A, foi realizada uma análise no Departamento de Protecção Radiológica e Segurança Nuclear, em 2000/06/09, tendo-se obtido os seguintes resultados:

Actividade em 226Ra: (0.029 ± 0.011) Bq/l Actividade βglobal: (0.329 ± 0.044) Bq/l

Salienta-se que de acordo com observação no referido boletim, para 226Ra, em águas minerais, não há limites, no entanto foi sugerido pela Comissão do Codex Alimentarius (Comissão mista da FAO e da OMS) em 1988 o valor limite de 1 Bq/l. Em relação a βglobal o valor máximo recomendado de acordo com o D.L. nº 236/98 é de

1Bq/l, em termos de qualidade de água para consumo humano.

Em relação às análises bacteriológicas, realizadas na água do Furo AC1A, no período correspondente ao período das análises físico-químicas, apresenta-se a síntese dos resultados globais no Quadro 4. Dos resultados conclui-se que em termos bacterio-lógicos o recurso do Furo AC1A é óptimo, apresentando-se sempre como água própria.

5-Aplicações Potenciais do Recurso

O uso da água tipo Longroiva, em termos terapêuticos perde-se num passado, inacessível às gerações actuais, por falta (ou desconhecimento) de documentos escritos. O Aquilégio Medicinal de Fonseca Henriques (1726), publicado portanto à 275 anos, já referencia o recurso de Longroiva, deixando a noção, de que a tradição de usar a água sulfúrea em aplicações terapêuticas já vinha de muitos anos atrás.

Entretanto, o seu uso, na sequência de bons resultados populares, tem-se transmitido de geração em geração, sendo mesmo de realçar que a água em causa foi já alvo de um estudo científico preliminar (Valentim,1990), de onde resultou claramente

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Quadro 3 - Comparação entre resultados de análises físico – químicas completas de várias águas minerais termais portuguesas classificadas como sulfúreas, apresentados em DGGM (1992) e a água da Captação AC1A de Longroiva. Lon-groiva S.P.do Sul U. da Serra Man-teigas Carva-lhal São Gemil Fel-gueira Alca-fache Are-gos Parâmetro 2000 08/06 1989 10/ 03 1986 06/ 10 1986 10/07 1986 11/10 1989 10/02 1991 04/19 1988 21/06 1989 11/09 Temperatura - ºC (na emergência) 45.2 67.0 28.0 21.5 23.0 48.0 35.8 48.2 61.8 pH 8.85 8.90 8.70 9.5 9.30 8.40 8.40 8.40 9.2 Conductividade (µScm–1 ) 637 450 375 195 380 555 620 520 381 Dureza p.p.105CaCO 3 0.75 0.80 1.2 0.90 0.60 1.45 1..33 1.20 0.70 Alcalinidade (HCl 0.1N) – ml/l 30.7 23.7 17.3 11.8 22.6 30.5 26.7 26.8 19.7 Sulfuração total (I2 0.01N) - ml/l 46.3 23.1 14.8 10.1 24.9 20.6 6.8 1.6 22.1 Silica (mg/l) 67.5 70.9 57.8 29.1 56.4 81.9 47.5 51.5 53.5 Resíduo seco a 180ºC (mg/l) 395 298.4 244.4 158.4 296.0 394.6 341.2 288.4 272.4 Mineralização total (mg/l) 457.0 341.1 284.7 169.1 336.4 468.5 414.0 359.7 313.3 Na+ 125.0 87.0 72.2 43.0 92.8 113.5 111.0 91.5 83.9 Ca2+ 2.6 3.2 5.1 3.5 1.6 5.6 5.2 4.8 2.8 Catiões K+ 4.3 3.5 2.2 0.8 2.4 4.5 2.5 2.56 2.1 (mg/l) Mg2+ 0.04 0.02 < i.d. 0.1 0.5 0.11 0.10 < i.d. 0.02 Li+ 0.78 0.55 0.38 0.18 0.38 1.44 1.11 0.70 0.21 NH4+ 0.58 0.25 0.035 < i.d. 0.15 0.27 0.019 < i.d. 0.18 HCO3- 146.0 103.7 87.8 31.1 87.8 170.5 162.0 153.7 84..8 Cl- 45.4 28.8 28.7 6.7 28.4 54.3 51.1 33.7 29.8 SO42- 12.7 0.6 6.8 12.7 4..9 7.4 11.5 3.4 8.9 F- 24.0 17.1 17.1 9.9 21.4 17.2 14.8 14.0 19.2 Aniões CO32- 6.9 8.6 3.3 9.6 10.5 2.7 2.7 2.4 6.0

(mg/l) NO3- <0.38 < I.D. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. NO2- <0.02 <I.D. <i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d.

HS- 7.6 3.0 2.4 1.7 3.8 2.5 1.1 0.07 3.4

H3SiO4- 13.1 - - 20.0 23.6 - 2.9 - 17.2

Ag <0.5 < i.d. 2 0.2 < i.d. - < i.d. < i.d. 0.5

Al <12 640 n.d. n.d n.d. < i.d. < n.d. < n.d. n.d.

As <3 < i.d. - 140 42 < i.d. 0.039 11 16

B 288 1303 345 135 190 2123 720 280 526

Ba 107 < i.d. 148 4 < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d.

Elementos Be <1 0.6 0.6 0.2 0.2 0.5 0.8 0.8 0.7

Cd <1 2.1 0.3 0.3 < i.d. < i.d. < i.d. 0.2 0.9

Secundá- Co <6 < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. 1 10

rios Cr <6 8 < i.d. < i.d. 3 < i.d. < i.d. < i.d. 5

(mg/l) Cu <2 < i.d. 1 < i.d. 3 < i.d. < i.d. 2 1

(x10-3) Fe <3 60 6 3 6 < i.d. 60 11 11

Mn 1.1 2 17 3 2 6 11 10 8

Mo <4 < i.d. 4 10 7 < i.d. 9 7 2

Ni <4 < i.d. 2 < i.d 3 < i.d. < i.d. < i.d. < i.d.

Pb <6 11 14 26 18 7 6 6 17

Sb <3 < i.d. 2 3 5 < i.d. 3 < i.d. 4

Sr 88 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

V <2 < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d. < i.d.

W 82 37 18 n.d. n.d. 92 79 51 -

Y <1 < i.d. < i.d. 0.1 < i.d. < i.d. < i.d. 0.1 0.8

Zn <2 8 31 7 4 4 13 11 7

Classificação iónica Sulfúrea, Bicarbonatada, Sódica, Fluoretada

n.d. – valor não determinado; i.d. – valor abaixo dos limites detectáveis.

CO - 95

(13)

Quadro 4 - Resultados de análises bacteriológicas realizadas em água do Furo AC1A para legalização das Termas de Longroiva.

PESQUISA DATA 1 2 3 4 5 6 7 99/05/04 1 1 0 0 0 0 0 99/06/09 2 4 0 0 0 0 0 99/07/20 1 2 0 0 0 0 0 99/08/24 1 1 0 0 0 0 0 99/09/07 2 3 0 0 0 0 0 99/10/19 1 1 0 0 0 0 0 99/11/10 2 1 0 0 0 0 0 99/12/07 1 4 0 0 0 0 0 00/01/24 1 0 0 0 0 0 0 00/02/08 2 1 0 0 0 0 0 00/03/14 1 2 0 0 0 0 0 00/04/04 1 3 0 0 0 0 0 00/05/02 1 1 0 0 0 0 0 00/06/19 1 2 0 0 0 0 0 00/09/06(*) 0 0 0 0 0 0 0 00/09/26(*) 0 0 0 0 0 0 0 00/10/10(*) 0 0 0 0 0 0 0 00/11/21 1 1 0 0 0 0 0 PESQUISAS:

1-Nº de Colónias por ml, em placa de gelose-padrão a 37º, 24 horas. 2-Nº de Colónias por ml, em placa de gelose-padrão a 22º, 72 horas. 3-Nº de Coliformes totais por 250 ml.

4-Nº de Coliformes fecais por 250 ml. 5-Nº de Estreptococos fecais por 250 ml.

6-Nº de Esporos de Clostridia sulfito-redutores por 50 ml. 7-Nº de Pseudomonas aeruginosa por 250 ml.

(*)

Análise efectuada laboratório da ARS de Viseu em acordo com a ARS da Guarda, devido a dificuldades no laboratório desta última, onde era usual efectuar as análises.

que a água tipo Longroiva apresenta sinais evidentes de poder desencadear respostas biológicas passíveis de aproveitamentos terapêuticos.

Os usos do recurso no passado/recente incidiam no âmbito de doenças de reumatismo e de pele, efectuados no balneário existente. Tendo por base as Termas com águas sulfúreas legalizadas e mencionadas no Quadro 3, entende-se que deverá haver estudos médico-hidrológicos, no sentido de comprovar os efeitos terapêuticos em especial em doenças do foro reumatismal e das vias respiratórias.

De modo a ter-se uma noção sob o ponto de vista económico do aproveitamento do recurso em estudo, considerando o cenário apresentado em UBI (2001b), com funcionamento das Termas durante todo ano, encerrando apenas aos domingos, com um uso diário de 8 horas, e com as técnicas principais seguintes: Banho de imersão com hidromassagem (20min), Duche regional e local (15min), Duche com massagem Vichy (15 min), Vapor parcial à coluna (20 min), Vapor parcial aos membros (20min),

(14)

Emanatórios colectivos (20min), Irrigação nasal (60min), Pulverização nasal (60min),

Aerossóis (60min), e ainda Piscina com 166.4m3 (20min), será possível efectuar 3064

tratamentos/dia. Admitindo que cada pessoa efectua em média 3 tratamentos/dia, há potencial em termos de caudal de água mineral disponível, para um balneário com 1021 pessoas/dia. Considerando que cada pessoa passa 15 dias nas Termas, o balneário poderá comportar durante um ano 24504 aquistas, e que, com um pagamento total por pessoa em tratamentos e consultas de 250 EURO, possibilitará obter uma receita bruta de 6 126 000 EURO/ano (1.2 milhões de contos).

Agradecimentos

Agradece-se a todos os que contribuíram para a constituição do presente trabalho, e em especial à C.M.de Mêda por financiar o presente projecto.

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Referências

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