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PALAVRAS-CHAVE: Altas habilidades/superdotação; Professor; Identificação; Observação Direta.

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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1503-1514

1503 O PROFESSOR NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DE ESTUDANTES COM COMPORTAMENTO DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO EM ESCOLAS

DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NA CIDADE DE MANAUS: PONTOS E CONTRAPONTOS

EMANUELA FERREIRA DE OLIVEIRA1

ANDREZZA BELOTA LOPES MACHADO2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO AMAZONAS (FAPEAM)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar a contribuição do professor na identificação de estudantes com comportamento de altas habilidades/superdotação após receber formação e orientação adequadas para o desenvolvimento da observação direta em sala de aula. Para isso, desenvolvemos esta pesquisa por meio do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (FAPEAM). A pesquisa foi realizada na perspectiva dialética, com abordagem qualitativa, tendo como técnica coleta de dados o grupo focal. Configurou-se por três etapas, assim organizadas: 1) estudo e debate sobre a temática; 2) a orientação da observação direta a ser realizada pelos professores em suas salas de aula; e, 3) a análise dos resultados. Com este estudo, foi possível perceber que os professores desconhecem os comportamentos característicos de estudantes com altas habilidades. Com isso, acabam por não identificar e nem estimular o potencial desses estudantes em sala de aula, considerando a necessidade de práticas metodológicas inovadoras, flexíveis e que atendam as reais necessidades de desenvolvimento e aprendizagem deles. Neste sentido, salientamos a importância deste estudo para a comunidade acadêmica, para os sistemas de ensino e para a sociedade de um modo geral, considerando que a humanidade será a maior beneficiada com a descoberta de novos talentos.

PALAVRAS-CHAVE: Altas habilidades/superdotação; Professor; Identificação; Observação Direta.

INTRODUÇÃO

O estudante identificado com potencial acima da média tem resguardado pela lei o direito a uma educação de qualidade, que contemple as suas necessidades específicas de desenvolvimento e aprendizagem e estimule suas potencialidades.

1 Aluna finalista do curso de Pedagogia na Universidade do Estado do Amazonas. Bolsista do Programa de Iniciação Científica – PAIC,

financiado pela FAPEAM. End: Rua Belo Horizonte n 1299- Adrianópolis. CEP 69057060, Manaus –AM. Email:

emanuela.uea@hotmail.com

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1504 Os estudos realizados nesta área demonstram que o professor é de extrema importância no processo de identificação dos estudantes com comportamento de altas habilidades/superdotação, considerando ser este o profissional que acompanha a criança, diária e continuamente, em seu contexto escolar. No entanto, como constatamos nos estudos teóricos e na pesquisa de campo, grande parte destes profissionais desconhecem a temática, e por isso, acabam por não promover práticas de estimulação do talento de seus escolares, o que resulta, dentre outros aspectos, no desperdício de seus potenciais e numa exclusão educacional, pelo não atendimento de suas necessidades de aprendizagem.

Considerando este fato, propusemos um estudo de campo, a fim de refletir o papel do professor no processo de identificação, percebendo-o como um agente essencial no processo de reconhecimento dos estudantes com comportamentos de altas habilidades/superdotação. Esta pesquisa foi de extrema relevância, uma vez que, além de ser referencial acadêmico, os dados deste estudo serão base para o início de um trabalho pioneiro no Complexo Municipal de Educação Especial da cidade de Manaus/Am, que ainda não conta com um trabalho efetivo direcionado para os estudantes talentosos, mas com a indicação realizada pelos professores neste estudo, passam a ter subsídios que requeiram e justifiquem o atendimento educacional especializado.

O objetivo geral deste projeto de pesquisa foi analisar a contribuição do professor na identificação de estudantes com características de altas habilidades/superdotação, após receber formação e orientação adequadas para o desenvolvimento da observação direta em sala de aula.

Para que este objetivo fosse alcançado, sistematizamos três objetivos específicos: a) promover estudos com os professores das escolas selecionadas da rede municipal de ensino de Manaus sobre altas habilidades/superdotação, assim como, sobre os processos de identificação de estudantes com estas características em sala de aula; b) orientar a observação direta a ser realizada em sala de aula pelo professor, para a identificação de estudantes com potencial acima da média; c) refletir sobre a contribuição do professor como agente de reconhecimento de comportamentos de altas habilidades/superdotação no contexto educacional.

1. DISCUTINDO A TEMÁTICA

Os estudos sobre o talento ainda não deram conta de esclarecer as dúvidas acerca desta temática tão ampla, porém as potencialidades e a criatividade fazem parte da condição humana, e desde muito tempo despertam o interesse e são valorizados na sociedade (GUENTHER, 2006). Por isso, a identificação das pessoas com comportamento de altas habilidades fortaleceu-se neste milênio, resultando na criação de diversos instrumentos com este objetivo, que variam de acordo com a simplicidade ou sofisticação do método adotado e as demandas individuais (ALMEIDA; CAPELLINI, 2005).

A respeito dos métodos de identificação da superdotação, Almeida e Capellini (2005, p. 45) afirmam que “o critério adotado deve permitir que todas as camadas sociais sejam incluídas, para que se possa estabelecer um plano adequado de atendimento a partir de um diagnóstico analítico-diferencial”. Neste sentido, é importante que o método de identificação tenha a finalidade de ser o primeiro passo de um trabalho direcionado, que leve em consideração os aspectos individuais, para que assim este instrumento não seja apenas um meio de rotulação.

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1505 A observação direta com um enfoque multidimensional é constituída por uma equipe multidisciplinar (FREITAS; PÉREZ, 2010), e tem por objetivo compor uma análise sistemática e cuidadosa do comportamento do indivíduo na realização das atividades nos diversos aspectos do cotidiano, inclusive na escola. Neste sentido, o professor é um agente essencial neste processo.

Os meios de identificação da superdotação podem ter ou não uma abordagem pedagógica, no entanto, diversos autores destacam a importância do professor na identificação do potencial dos estudantes (ALENCAR; FLEITH, 2007), uma vez que este profissional vivencia e realiza diariamente a observação das características de seu desenvolvimento e aprendizagem (VIRGOLIM, 2007), além de conhecer as habilidades e dificuldades no contexto da sala de aula (GUENTHER, 2006).

Vale ressaltar que, apesar de ser reconhecidamente essencial o papel do professor neste contexto, é notório que a temática ainda é pouco difundida entre os profissionais da educação, que por sua vez deixam de reconhecer e estimular o potencial ou então constroem suas práticas metodológicas baseadas em conceitos estereotipados e ideias errôneas sobre o desenvolvimento destes estudantes (FLEITH, 2007).

A respeito da identificação pela observação direta exercida pelo professor, Guenther afirma que:

deve ser orientada, guiada, organizada e relativamente estruturada para não parecer deixada à determinação de uma força indutiva, alojada em algum lugar na pessoa do professor ou na relação estabelecida entre ele e os seus alunos. (2006. p.57).

Neste sentido, para reconhecer potenciais acima da média, o professor deve levar em consideração diversos fatores e características individuais dos sujeitos aprendentes. No entanto, é preciso que este processo seja orientado, uma vez que o talento pode se manifestar de várias formas, inclusive de modo não ético, refletindo em atitudes que fogem aos padrões e normas sociais (METTRAU, 2003).

Outrossim, vários fatores podem ocultar a superdotação. Para Alencar (apud FREITAS; PÉRES, 2010), estes fatores podem ser individuais, como: baixa autoestima, depressão e perfeccionismo; ambientais: educação diferenciada, desigualdade de oportunidades; ou familiares: que provocam subdesempenho etc.

Diversos autores apontam instrumentos que auxiliam a identificação do talento pelo professor (GUENTHER, 2006), no entanto, é necessário compreender que a utilização destes recursos deve ser feita de forma contextualizada, adaptada e aliada a outras informações, respeitando sempre o referencial teórico a ele subjacente (FREITAS; PÉREZ, 2010).

Para Guenther (2006), a observação direta realizada pelo professor, com o auxilio de algum instrumento de identificação deve contemplar os seguintes aspectos:

 Ser facilmente introduzido e utilizado em ação integrada ao trabalho de sala de aula;  Incorporar situações variadas;

 Ultrapassar situações de desempenho e produção escolar;

 Ser manejado por um professor bem situado dentro da experiência escolar;  Aplicar-se a toda população escolar;

 Ser manejável, prático e de simples compreensão;

Atualmente, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva conclama que as pessoas com altas habilidades/superdotação, são aquelas que:

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1506 e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008, p. 9).

Vale ressaltar que as Diretrizes Nacionais da Educação Especial para a Educação Básica, desde o ano de 2001, destacam que as pessoas com potencial elevado apresentam

grande facilidade de aprendizagem que os leva a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos devem receber desafios suplementares em classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menos tempo, a série ou etapa escolar. (BRASIL, 2001, p. 39).

Neste sentido, para realizar uma identificação pautada na observação direta é necessário que haja um esclarecimento acerca dos conceitos e comportamentos característicos da pessoa com altas habilidades/superdotação, porém, vale ressaltar que estas características variam de acordo com cada indivíduo e podem apresentar-se isoladas ou combinadamente. Assim, é necessário lançar mão de outros recursos e métodos, por isso destacamos como essencial o papel do professor na observação destas características no contexto escolar.

2. MÉTODO

Esta pesquisa foi desenvolvida com base na perspectiva dialética, de caráter qualitativo, por entendermos que ela se fundamenta na relação “dinâmica entre o mundo real e o sujeito, numa interdependência viva entre o sujeito e o objeto, com vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.” (CHIZZOTI, 2003, p.79). Com isso, o conhecimento está vinculado ao significado que os sujeitos dão às suas ações.

A natureza da pesquisa classificou-se como um estudo exploratório, pois, segundo Lakatos e Marconi (2007) clareia conceitos, aumenta a familiaridade do pesquisador com o ambiente e o fenômeno, auxilia na realização de uma pesquisa mais precisa e, ainda, permite avaliar uma situação concreta desconhecida.

Quanto a seus procedimentos técnicos, caracterizou-se como uma pesquisa de campo, por ser a fonte de informação direta que nos permitiu uma aproximação com aquilo que desejávamos conhecer (LAKATOS; MARCONI, 2007).

No que se refere aos procedimentos de coleta de dados, a técnica utilizada foi a do Grupo Focal, considerado por Krueger (apud NETO; MOREIRA; SUCENA, 2002) como uma forma prática de pôr-se em contato com a população na qual se deseja investigar, principalmente por se caracterizar como um grupo de discussão informal, de tamanho reduzido e com pessoas que possuem determinadas características sobre determinada temática, visando à produção de dados qualitativos sobre uma discussão focalizada. Quanto aos instrumentos de coleta de dados, utilizamos o diário de campo, questionários, relatórios e filmagens dos encontros realizados.

Destacamos como universo da pesquisa, 10 (dez) escolas da rede municipal de ensino na cidade de Manaus. Optou-se pela rede municipal, pois a mesma ainda não possuía um trabalho efetivo de identificação e estimulação da dotação e do talento, entretanto, há grande interesse em iniciar um trabalho de identificação e estimulação nas escolas. Outrossim, participaram da pesquisa, quarenta (n=40) professores da rede municipal de ensino, que lecionavam entre o 2° e 5° ano do Ensino Fundamental.

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1507 individuais quanto a sua prática docente; 2) orientação da observação direta a ser realizada pelo professor em sala de aula; 3) tabulação e análise dos resultados obtidos com a conclusão da pesquisa.

Primeira etapa

A primeira etapa consistiu nos estudos e debates sobre a temática com professores, pedagogos e gestores de dez escolas da rede municipal de ensino, contemplando todas as zonas geográficas da cidade de Manaus. Foram realizados sete grupos focais, organizados na sede da gerência de educação especial da Semed ou nas escolas, de acordo com a composição do grupo de professores que participariam dos encontros.

Ressaltamos que cada encontro ocorreu com momentos de estudos proporcionados pela técnica de Grupo Focal e, nos momentos de reunião do grupo, foram apresentados o projeto de pesquisa aos professores, realizada a explanação da temática, bem como ocorreram debates, socialização de saberes e práticas docentes, o que possibilitou ouvirmos e refletirmos coletivamente as percepções dos educadores acerca da temática e também de suas ações docentes para o desenvolvimento dos talentos.

No estudo com o grupo focal, abordamos os conceitos de altas habilidades, as prerrogativas legais que asseguram a identificação e estimulação dos mais talentosos, bem como, destacamos o papel essencial do professor para a identificação desses escolares no contexto da sala de aula. Após o estudo, socializamos o questionário3 para identificação da dotação e do talento, bem como os termos de adesão voluntária de livre consentimento para pesquisa.  Segunda etapa

A segunda etapa da pesquisa consistiu na orientação da observação direta que foi executada pelo professor durante um período de dois meses. Nesta orientação esclarecemos dúvidas a respeito das características do indivíduo com potencial acima da média, bem como, os critérios de identificação a serem elencados pelo professor.

Terceira etapa

A terceira etapa deste estudo foi composta pela tabulação e análise dos dados obtidos nas etapas anteriores. Ressaltamos como momento fundamental desta etapa, a análise dos questionários preenchidos pelos professores, bem como, a percepção da compreensão da maioria do grupo quanto aos aspectos a serem observados no desenvolvimento dos educandos.

Para suporte aos professores durante todo o processo da pesquisa, disponibilizamos e-mails e telefones dos pesquisadores para esclarecimento quanto ao preenchimento dos questionários e dúvidas sobre a temática.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3

Questionário adaptado da lista de características publicada no livro: BRASIL. Ministério da Educação.

Saberes e Práticas da Inclusão: estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília: MEC/SEESP, 2003, de domínio público para identificação do talento e dotação, disponível

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1508 Com o desenvolvimento dos estudos nos sete grupos focais, constatou-se que 100% dos educadores que participaram da pesquisa nunca tinham lido e nem estudado sobre a temática, e por isso desconheciam os comportamentos característicos e as necessidades dos estudantes com altas habilidades, sendo este um dos fatores que dificultam o trabalho pedagógico dos seus potencias, que requerem propostas curriculares inovadoras, que desenvolvam o talento e a criatividade, além de proporcionar a interação destes com os demais estudantes (FLEITH, 2007).

Foi unânime por parte dos professores o sentimento de inaptidão para a identificação de possíveis estudantes com potencial para altas habilidades. Para Guenther (2006), este sentimento é histórico, pois durante muito tempo acreditou-se que professores não são bons detectores do talento em seus estudantes, já que as pesquisas científicas os consideravam “ineficientes”.

Nos grupos focais, constatamos que os relatos dos professores a respeito da temática é embasado em ideias errôneas, permeados por mitos e estereótipos sociais, expostos pela mídia e disseminados na sociedade. Neste sentido, Fleith (2007), destaca que as idéias errôneas a respeito do talento acabam fundamentando as práticas docentes, refletindo no reconhecimento dos processos necessários para a estimulação aos estudantes.

Devido à falta de conhecimento da temática, e aos conceitos pré-estabelecidos, constatamos que o professor ainda faz um valor de juízo ao caracterizar o talento, acreditando que a superdotação só se manifesta de maneira global e moralmente positiva.

“Tenho um aluno que é muito inteligente, mas eu acho que ele não é talentoso, e sim mal educado, pois ele só lidera a turma para o lado negativo, e na sala de aula ele é o que mais bagunça.” (Prof. 2 Leste)4

Nos estudos do grupo focal, percebemos que à medida que os professores vão conhecendo a temática, eles tomam consciência e fazem o reconhecimento de comportamentos, até então despercebidos, de seus alunos com habilidade acima da média, bem como, conseguem perceber a deficiência em sua própria formação e prática docente, escassa de embasamento teórico que os possibilite estimular e valorizar estes talentos.

“Eu já tive um aluno assim, inteligente demais, mas ele não levava nem caderno para a aula, e eu sempre o recriminava achando que ele não queria nada com nada. Ele fazia contas de cabeça. Ele desistiu de estudar, acho que eu poderia ter feito mais por ele.” (Prof. 4 Norte)

Percebemos ainda no relato dos professores que por mais que os talentos sejam identificados, a rede municipal ainda não dispõe de um projeto de estimulação e a maioria dos professores de salas de recurso multifuncionais não tem formação para estimular o potencial dos estudantes indicados pelos professores das classes comuns. Isso implica em desestímulo e descrença tanto no processo de identificação como em políticas públicas para estimulação. Com o andamento das demais etapas da pesquisa, constatamos que com formação e orientação adequada o professor é capaz de identificar potenciais em sala de aula, com isso, percebemos a importância do professor na identificação dos talentos na escola.

Importante destacarmos que apesar de terem sido entregues aos professores participantes da pesquisa quarenta questionários, apenas vinte três foram devolvidos para análise, totalizando 57,5% do total de instrumentos disponibilizados. Em contato com os professores que não retornaram os questionários, várias foram as justificativas, no entanto, o que mais nos chamou

4

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1509 atenção foi o descrédito com a real oferta de atendimento educacional especializado para a estimulação desses estudantes por parte das políticas públicas municipais, conforme vemos a seguir:

“Será que realmente a Semed vai criar o atendimento para esses alunos, ou só vão gerar expectativas tanto para os professores como para as crianças e os pais e nada fazer? Não sei não, se não tiver garantia de que vão criar, não vou nem ter o trabalho.”(Prof.3 Leste) Outro aspecto que nos chamou atenção foi o questionamento quanto aos espaços e tempos das escolas, pois alguns professores questionaram como poderiam analisar e observar o desenvolvimento psicomotor, artístico etc dos educandos, se ficam as quatro horas restritos apenas no “espaço minúsculo da sala de aula” (Prof.1 Norte). Os professores das escolas da zona norte ratificaram ainda a preocupação da “Prof.3 Leste”, quando questionam que as Secretarias querem saber a opinião deles, pedem que preencham muitos documentos, mas não implementam ações concretas de melhorias na educação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatamos nas pesquisas teóricas que inicialmente, quando surgem os primeiros estudos e pesquisas sobre a temática, a hipótese de que o professor era “incapaz”, ou seja, não era o profissional indicado para identificar os talentos no espaço da sala de aula. Porém, estas pesquisas foram fortemente contestadas, pois se percebeu que por passar uma quantidade de tempo relativamente longa com os seus estudantes, o professor está em uma posição privilegiada para realizar a observação direta dos sinais de talento e dotação.

Entretanto, apesar da importância do professor na identificação do talento ser reconhecidamente unânime entre os teóricos, é necessário que sejam oferecidos subsídios para que estes profissionais possam ter clareza na hora de realizar a identificação, bem como a urgência em se pensar os espaços e tempos da escola, as condições de trabalho e formação dos educadores.

Destacamos neste trabalho que a identificação do talento deve ser apenas o princípio de um trabalho efetivo, que o processo de reconhecimento dos comportamentos de altas habilidades dos educandos seja o ponto inicial para o estímulo e o desenvolvimento de seus talentos e habilidades.

Outrossim, que o educador tenha contemplado, tanto na formação inicial como continuada, estudos sobre: altas habilidades; sobre como desenvolver a criatividade; sobre como realizar atividades diversificadas, inovadoras e desafiadores; bem como, proporcionar a aprendizagem significativa de todos os estudantes na escola.

Dessa forma, reconhecer os estudantes mais capazes se configurará em um processo natural no trabalho docente, bem como na estimulação e adaptação curricular para os estudantes. Caso contrário, não apenas os educadores deixaram de reconhecer os talentos como pensar em ações de identificação de estudantes com comportamentos de altas habilidades se configurará como ações vazias que contribuirão apenas para rotular estatisticamente as crianças “superdotadas” sem oferecer a eles de fato “suporte” para o atendimento de suas necessidades educacionais especiais.

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1510 ALMEIDA, Maria Amélia; CAPELLINI, Vera Lucia M. F. Alunos talentosos: possíveis superdotados não notados. In Porto Alegre – RS, ano XXVIII, n. 1 (55), p. 45 – 64, Jan./Abr. 2005

ARANHA, Maria Salete Fábio (org). Saberes e Práticas da Inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais de alunos com altas habilidades/superdotação. Coordenação geral: SEESP/MEC. – Brasília: Ministerio da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2003.

BRASIL. Ministério da Educação. Saberes e Práticas da Inclusão: estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília: MEC/SEESP, 2003.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na

Educação Básica / Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.

CHIZZOTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 2003. FLEITH, Denise de Souza (org). A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação; volume 1: orientação a professores. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007.

FREITAS, Soraia Napoleão; PÉREZ, Susana Graciela Pérez Barrera. Altas habilidade/ Superdotação: atendimento especializado. Marília: ABPEE: 2010.

GUENTHER, Zenita Cunha. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

__________. Capacidade e Talento: um programa para a Escola. São Paulo: EPU, 2006 a. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica. 6. ed. 4. reimpr. São Paulo: Atlas, 2007.

METTRAU, Marcyl Bulkol (Org.). Inteligência Patrimônio Social. Rio de Janeiro: Dunya Ed., 2000.

NETO, Otávio Cruz; MOREIRA, Marcelo Rasga; SUCENA, Luiz Fernando Mazzei. Grupos Focais e

Pesquisa Social Qualitativa: o debate orientado como técnica de investigação. In: XIII Encontro da

Associação Brasileira de Estudos Populacionais. Realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4

a 8 de novembro de 2002. Disponível em:

http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/Com_JUV_PO27_Neto_texto.pdf, acesso em:

10/02/2010.

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1511 APÊNDICE A

QUESTINÁRIO PARA OBSERVAÇÃO DIRETA DOS ESTUDANTES5

Dados de Identificação do Professor:

1. Nome: _____________________________________________________________ 2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

3. Escola: _____________________________________________________________ 4. Ano do Ensino Fundamental que leciona:___________________________________ 5. Tempo de atuação no magistério: ________________________________________ 6. Tempo de atuação na SEMED: __________________________________________ 7. Formação:

Graduação: _________________________________________________________ Especialização: ______________________________________________________ Data de recebimento do questionário: ___/ ___/ 2010. Data de entrega: ___/ ___/2010.

 Objetivo do Instrumento:

Realizar o registro dos professores, com base na observação direta do desenvolvimento dos estudantes no contexto educacional, dos estudantes que apresentam características de altas habilidades/superdotação.

 Orientações quanto ao preenchimento do Questionário:

1) Responda às questões abaixo, com base estrita nas Características/Perfil dos estudantes observados nas situações do contexto educacional, dentro e fora da sala de aula, seja na sua aula ou em outros momentos.

2) Ao indicar os estudantes, lembre-se de escrever sempre o nome e sobrenome deles, quantas vezes forem necessárias.

3) Se os estudantes apresentarem mais de uma característica, registre-as.

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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1503-1514

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LISTA DE ITENS PARA OBSERVAÇÃO EM SALA DE AULA6

Prezado (a) Professor (a), indique nos espaços em branco de cada item, quantos estudantes de sua turma, menino ou menina, que em sua opinião, apresentam as seguintes características:

01 Os melhores de sua turma nas áreas de linguagem, comunicação e expressão.

02 Os melhores nas áreas de matemática e ciências

03 Os melhores nas áreas de arte e educação artística.

04 Os melhores em atividades extracurriculares e

extraclasse.

05 Mais verbais, falantes e conservadores.

06 Mais curiosos, interessados, perguntadores.

07 Mais participantes e presentes em tudo, dentro e

fora de sala de aula.

08 Mais críticos com os outros e consigo próprios

09 De melhor memória, aprendem a fixam com

facilidade.

10 Mais persistentes, compromissados, chegam ao fim

do que fazem.

6 Esta lista de itens a serem observados em sala de aula pelos professores foi organizada pelas pesquisadoras, com base nos documentos públicos orientadores para reconhecimento dos potenciais e talentos dos educandos com características de altas habilidades/superdotação no Brasil, disponíveis em livro do Ministério da Educação – MEC, com base nos estudos desenvolvidos pela pesquisadora Dra. Zenita Guenther. Fonte da Obra - BRASIL. Desenvolvendo competências para o atendimento às

necessidades educacionais de alunos com altas habilidades/superdotação. Brasília: MEC/SEESP,

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1513 1513

11 Mais independentes, iniciam o próprio trabalho e

fazem sozinhos.

12 Entediados, desinteressados, mas não

necessariamente atrasados.

13 Mais originais e criativos.

14 Mais sensíveis aos outros e bondosos para com os

colegas.

15 Preocupados com o bem-estar dos outros.

16 Mais seguros e confiantes em si.

17 Mais ativos, perspicazes, observadores.

18 Mais capazes de pensar e tirar conclusões.

19 Mais simpáticos e queridos pelos colegas.

20 Mais independentes, iniciam o trabalho e fazem

sozinhos.

21 Mais solitários e ignorados pela turma

22 Que produzem respostas inesperadas e pertinentes.

23 Mais levados, engraçados, “arteiros”.

24 Que você considera mais inteligente.

25 Com melhor desempenho em esportes e exercícios

físicos.

26 Que sobressaem em habilidades manuais e motoras.

(12)

1514 1514

aulas.

28 Capazes de liderar e passar energia própria para

animar o grupo.

29

Apresentam comportamento entediado e desinteressado, sem serem atrasados no

desenvolvimento.

II. Se nesta(s) turma(s) existir estudante(s) com outro(s) talento(s) especial (is), escreva o nome do(s) aluno(s) no quadro abaixo, assim como, descrimine qual (is) o(s) talento(s) e indique como se manifesta(m) de forma específica, na coluna do quadro abaixo.

(Obs.: pode ser anexado qualquer material que julgar pertinente para o fortalecimento da indicação do estudante)

Nome do Estudante Como se manifesta o seu talento?

III. Indique, nas linhas abaixo, qual(s) do(s) estudante(s) indicado (s) acima, você acredita ter características de altas habilidades/superdotação.

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