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Este livro foi digitalisado e corrigido por Alberto Ferreira Morgado, em 4 de maio de 2005 destinando-se exclusivamente para o uso de pessoas

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Academic year: 2021

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Est e livro foi digit alis a d o e corrigid o por Albert o Ferr eir a Morga d o , em 4 de m ai o de 200 5 de s ti n a n d o - se excl usiv a m e n t e par a o uso de pes s o a s port a d o r a s de defici ê n ci a visu al

O Abajur Lilás Plinio Marcos

OBRAS DE PLÍNIO MARCOS

Jorna d a de um Imb e cil at é ao Ent e n di m e n t o Um a Report a g e m Maldit a (Quero)

o Abajur Lilás

Oraç ã o par a um Pé- de- Chin elo Dois Perdid o s nu m a Noite Suja Qua n d o as Máqui n a s Para m Naval h a na Carn e

Na Barra do Cati m b ó

Históri a s das Que b r a d a s do Mund a r é u Na Aldei a do Desco n s ol o

Nova s Históri a s da Barra do Cati m b ó Hom e n s de Pap el

Barrel a

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Todos os direito s Res er v a d o s do aut or.

EDITORA PARMA LTDA.

Av. Antonio Bard ell a, 180

Telefo n e s : 912- 079 0 / 912- 080 2 / 912- 081 9 Guar ul h o s (Cum bi c a ) / São Paulo / Brasil ,

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Plínio Marcos Abajur lilás

peç a em dois ato s

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As circu n s t â n ci a s fizera m de ”Abajur lilás” m ai s do [ qu e um a sim pl e s peç a , um a ba n d e i r a . Ao def e n d e r su a liber a ç ã o nos palco s nacio n ai s , é a própri a liberd a d e de

ex pr e s s ã o , condiç ã o prim eir a da criaç ã o artístic a, qu e def e n d e m o s .

Trist e é o Teat ro qu e se red u z a ter seu s text o s lidos, na impo s si bilid a d e de vê- los enc e n a d o s . O luga r nat u r al do text o te a t r al é o palco, ond e as per s o n a g e n s ass u m e m a verd a d e i r a dim e n s ã o qu a n d o e m cont a t o co m o público, atr a v é s dos ator e s qu e as enc a r n a m . Se m est e test e do palco ne n h u m dra m a t u r g o pod e real m e n t e av ali ar a eficáci a da própri a obr a, corrigir- lhe as ev e n t u a i s falh a s, tent a r

um a evol uç ã o . Fica fat al m e n t e cond e n a d o à est a g n a ç ã o .

O Que dizer de um aut o r, ou de tod a um a ger a ç ã o de aut o r e s , qu e se vê e m pa ul a ti n a m e n t e imp e di d o s de levar a ter m o se u tra b al h o , um a vez qu e es s a co m pl e m e n t a ç ã o [ ess e n c i al — a enc e n a ç ã o — lhes é ved a d a ? O qu e pe n s a r ã o as ger a ç õ e s futur a s da dra m a t u r gi a de nos s o te m p o sufoc a d a no nas c e d o u r o , qu a n d o não obriga d a a recorr e r a elips e s e a m et á f o r a s inócu a s e confu s a s , preç o qu e pa g a m seu s

aut or e s par a ser e m repr e s e n t a d o s ?

PlInio Marcos é da q u e l e s qu e não capit ul a m ; co m a obsti n a ç ã o típic a dos qu e tê m cert e z a de su a miss ã o , ele

[ inve s t e se m p r e des a s s o m b r a d a m e n t e bat e n d o na m e s m a

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6 - PLÍNIO MARCOS

tecl a, de s d e “Dois perdi d o s nu m a noit e suj a”. ”Repór t e r de um te m p o m a u , qu e colh e u infor m a ç õ e s nos estr ei t o s , esc u m a d o s e esq ui sit o s ca mi n h o s do roç a d o do bo m Deu s”, tent a de s e s p e r a d o há 17 ano s ”cont a r o qu e se pa s s a nas qu e b r a d a s do mu n d a r é u , ond e o vent o enc o s t a o lixo e as pra g a s bot a m os ovos”. E o faz movi do pelo m ai s alto se n ti d o de solid ari e d a d e hu m a n a , e com as ar m a s de um tal e n t o ímp a r.

É poriss o qu e, dian t e da int er di ç ã o de ”O ab aj ur lilás”, a APCA, enti d a d e qu e con gr e g a 140 críticos repr e s e n t a n t e s de 35 órg ã o s de impr e n s a da capit al pa ulist a n a , envio u ao Sen h o r Presi d e n t e da Repú blic a um ap el o qu e, ent r e outr a s coisa s, afirm a v a ser e m os text o s de Plínio Marcos libelos contr a as injustiç a s soci ai s visa n d o à cons ci e n ti z a ç ã o das m e s m a s . ”Sen ti n d o- nos co- res p o n s á v e i s tent a r e m o s , quiç á, corrigi- las,

ab a n d o n a n d o a posiç ã o côm o d a e egoí st a do av e s t r u z ”. ”Long e de ser e m um at e n t a d o à mor al e aos bon s cost u m e s , su a s peç a s são bist uri qu e abr e o cân c e r e traz à luz as verd a d e i r a s cau s a s da perp e t u a ç ã o de situ a ç õ e s at e n t a t ó ri a s à mor al e aos bon s cost u m e s . Essa s situ a ç õ e s exist e m de fato e não é esco n d e n d o - as qu e as san e a r e m o s ” . Qua n t o ao aut or, cond oí d o co m a situ a ç ã o dos de sv ali d o s , retr a t a - as se m reto q u e em su a s peç a s : elas não pod e m , port a n t o , ser agr a d á v e i s . ”O cal ão da lingu a g e m de se u s per s o n a g e n s e a cru e z a das situ a ç õ e s qu e de n u n ci a são tão choc a n t e s qu a n t o a re alid a d e qu e ela s es p el h a m . É mist e r não proibir obr a s com o a des t e aut or, m a s ter a cora g e m de enc e n á - las com o re m é d i o a m a r g o qu e dev e tom a r um orga ni s m o par a m a n t e r- se sa di o. É ess a a via de m o c r á t i c a , a únic a qu e per mi tir á aos noss o s artist a s dar e m à naç ã o a cont ri b uiç ã o verd a d e i r a e livre qu e del e s ela esp e r a . ”

O m a nif e s t o ter mi n a v a aí, m a s eu vou alé m : trist e é o país qu e te m m e d o de enc a r a r de frent e a re alid a d e trist e dos m ar gi n aliz a d o s da soci e d a d e , proibin d o se u s artist a s , aos qu ai s cab e cap t a r a es s ê n ci a da verd a d e da q uilo qu e vive m o s , de rev el á- la ao mu n d o atr a v é s de su a art e !

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O ABAJUR LILÁS - 7

Se e m ”Nav al h a na carn e ”, a prot a g o n i s t a che g a a duvi d a r qu e é ge n t e — e nes s e mo m e n t o a trist ez a m aior do m u n d o inva d e a plat éi a —, se no ”Abaj ur lilás”, os prot a g o ni s t a s perc orr e m um a traj e t ó ri a da m ai s abj et a de gr a d a ç ã o física e mor al — e ao lê- lo é a revolt a pel a exist ê n ci a des s a mis éri a qu e nos inva d e , e aind a um a enor m e trist ez a —, creio qu e é urg e n t e per g u n t a r a qu e m de direit o: — Por qu e a proibiç ã o da obr a de Plínio Marcos? Aspec t o s est é ti c o s à part e — ningu é m põ e e m dúvi d a o valor artístico dos text o s —, qu al a lógica de esc a m o t e a r do público o conh e ci m e n t o de um a verd a d e qu e ningu é m ignor a ?

Creio qu e a ch av e des s e enig m a est á just a m e n t e na raiz da dra m a t u r gi a do aut or: ela mos t r a com o ”ge n t e ” aq u el e s qu e nor m a l m e n t e são consi d e r a d o s ”m ar gi n ai s ”. E ao res p o n d e r a Norm a Suely qu e ela é ge n t e , sim, Plínio Marco s lanç a ao ar um des a fi o ime n s o à nos s a obriga ç ã o mor al e cívica de trat á- la com o tal. Isto implica em

re av ali a ç ã o de tod a um a estr u t u r a soci al e e m com p r o m i s s o de tran sf or m a r es s a est r u t u r a , qu e ao nos s o im e di a ti s m o não inter e s s a qu e s ti o n a r , qu e à nos s a inérci a co m o di s t a de av e s t r u z não int er e s s a ab al a r, qu e à nos s a cova r di a não int er e s s a de n u n ci a r. E aind a nos dize m o s crist ã o s !

llka Marinho Zano t t o Prim eiro Qua d r o

(Ao abrir o pa n o , Dilm a ac a b a de fech a r a port a de saíd a, com o se de s p e d i s s e algu é m . Volta cont a n d o a gra n a com expr e s s ã o de des â n i m o , sen t a - se na ca m a e fica olha n d o o vazio. Est á be m ap a g a d a . De rep e n t e , a port a é ab e r t a de sop e t ã o . Dilm a leva um gra n d e sust o. Entra Giro.)

GIRO (rindo.) - Put a sust o qu e tu levou!

DILMA - Por qu e tu não bat e ant e s de entr a r ? GIRO - Queri a te pe g a r no flagr a.

DILMA - Essa qu e é a tua? , .

GIRO - Sabi a qu e ia te enc o n t r a r aí sen t a d a co m o um a vac a pre n h a . Não qu e r m ai s na d a . Estou na ca m p a n a . Assim não dá pe d al. Tu e a outr a não qu e r e m porr a ne n h u m a . Que m er d a ! Que m er d a !

DILMA - Não viu qu e o fregu ê s se m a n d o u agori n h a ? gIRO - Aqui, ói! Ele saiu há um cac e t ã o de te m p o . Só porq u e tu qu er.

GIRO - Esto u na pa q u e r a . Não sou troux a . Se dou sop a , sou pas s a d o par a trás. E vi be m qu a n d o o pint a se m a n d o u .

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10 - PLÍNIO MARCOS

DILMA - Conv e r s a ! O fregu ê s saiu nes t e min ut o. Aind a ne m m e lavei.

GIRO - Claro, fica aí se n t a d a pe n s a n d o , pe n s a n d o , ne m vê o te m p o pa s s a r . Se tu foss e esp e r t a , ne m se lavav a . Encar a v a um loqu e atr á s do outro, de qu al q u e r jeito.

DILMA - Não sou porc a.

GIRO - Gran d e m er d a ! Os ot ários ne m est ã o se toc a n d o nes s a s bes t ei r a s . Quer e m é troc a r o óleo. O rest o qu e se da n e . É só faz er ai, ai, ai, e deix a r an d a r . Eles sa e m cert o s qu e agr a d a r a m . E é m el h o r pra ti. Vai por mi m, qu e tu vai ver co m o chov e na tua hort a .

DILMA - Ou na tua.

GIRO - Na dos dois. A ge n t e é sócio, porr a !

DiLMA - Eu ent ro co m o bat e n t e e tu pe g a a gra n a . GIRO - Queri a eu pod e r faz er mich ê . Não ia dar mol ez a . Fazia uns vint e mich ê s por dia. E de car a ale gr e .

DILMA - com a tua car a, tu ia morr e r de fom e.

GIRO - Claro, est o u velho. Mas, já tive m e u te m p o . Fui

de fech a r. Naqu el e te m p o não tinh a es s a s ond a s de trav e s t i.

Era um nojo. Qualq u e r cois a era um esc â n d a l o . Mas, no Carn a v a l , só dav a eu. Me ba d al a v a . E o qu e m e salvo u é qu e se m p r e tive juízo. Junt ei um dinh ei ri n h o e mo n t ei ess e moc ó. Belez a ac a b a . Se eu não cuid a s s e de mi m, hoj e est a v a na rua da

am a r g u r a . Por isso é qu e eu digo qu e te m qu e fatur a r en q u a n t o pod e . O qu e é bo m dur a pouc o.

DILMA - Vai falar isso pra mi m?

GIRO - Que m é qu e est á sen t a d a aí co m o pat a choc a ? DILMA - Já m e virei pac a hoje.

GIRO - Eu est o u cont a n d o . Tu ent ro u co m ho m e m aq ui cinco vez e s hoj e à noit e.

DILMA - E os três da tard e não cont a ? GIRO - E tu ach a m uit o?

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O ABAJUR LILÁS - 11

DILMA - E não é? Oito vez e s . Não é mol e.

GIRO - Isso não é na d a .

DILMA - Que m est á ardid a é qu e sa b e . GIRO - Tua é chei a de luxo.

DILMA - Que m gost a de mi m sou eu.

GIRO - E se lava com sa b ã o de coco. Pens a qu e eu não sei?

DILMA - É o m el h or.

GIRO - O m ai s bar a t o .

DILMA - Desinf e t a . Vale tant o qu a n t o álcool.

GIRO - Sei qu e vale. Por isso qu e tu an d a ardi d a à toa.

DILMA - À toa? Oito por dia!

GIRO - Pra pa n el a larg a, isso não qu er dizer na d a . *”• • ! = DILMA - Tu é muit o en gr a ç a d o , m a s de mi m tu est á por fora.

GIRO - Esqu e c e u qu e hoje é sext a- feira?

DILMA - Gran d e m er d a ! GIRO - Sab e qu e dia é hoj e?

DILMA - Sext a- feira.

GIRO - Dia doz e.

DILMA - Gran d e m er d a !

GIRO - Gran d e m er d a ! Gran d e m er d a ! Aqui, ói! Toda put a sa b e qu e na pri m eir a sext a- feira de p oi s do dia dez é qu e os cav al o s de sal ário- míni m o vê m pra s boc a s a fim de tirar o atr a s o .

DILMA - Já m e virei o qu e podi a.

GIRO - Se tu foss e es p e r t a , fazia uns doz e mich ê s . DILMA - E nun c a m ai s fech a v a as pern a s .

GIRO - Depoi s, no m eio do m ê s , tirav a um dia de folga.

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Referências

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