• Nenhum resultado encontrado

PROJETO DE PRODUTO NA EMPRESA CONEXÔES MERKANTIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROJETO DE PRODUTO NA EMPRESA CONEXÔES MERKANTIL"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

PROJETO DE PRODUTO NA

EMPRESA CONEXÔES MERKANTIL

Vitor Hugo Ruffoni

PPGEP/UFRGS Praça Argentina, 9 / Sala LOPP – Porto Alegre/RS - CEP 90040-020 e-mail: vruffoni@zaz.com.br

Carla ten Caten

PPGEP/UFRGS Praça Argentina, 9 / Sala LOPP – Porto Alegre/RS - CEP 90040-020 – e-mail:tencaten@ppgep.ufrgs.br

Abstract: This paper presents the product development in a manufacturer of fittings. More specifically, this work presents the application of methodology of product development in a company of medium load, looking for the focus of the quality in all of the phases, and accomplishing adaptations of the methodology when necessary. The aim of this work is integrating concurrent engineering and the tools of Quality Function Development (QFD) and Design of Experiments(DOE) in product development.

Key Words: Product Development, Quality Function Development (QFD, Design of

Experiments (DOE). 1. Introdução

O objetivo deste trabalho é aplicar uma metodologia de desenvolvimento de produto na empresa Conexões Merkantil, integrando a engenharia simultânea e as ferramentas de Desenvolvimento da Função Qualidade (QFD - Quality Function Deployment), Projeto de Experimentos (DOE Design of Experiments), e Análise da Árvore de Falhas (FTA -Failure Tree Analysis) no desenvolvimento de produto. A empresa Merkantil é fabricante de conexões para sistemas de ar comprimido e óleo-dinâmicos.

O produto-foco da aplicação da metodologia de desenvolvimento de produto é uma conexão utilizada em circuitos de freio a ar para caminhões e implementos rodoviários, mais especificamente em produtos do tipo semi-reboques. É uma conexão destinada a efetuar a ligação de dois ou mais elementos de um circuito hidráulico ou pneumático, para conduzir o fluído. Esse é o primeiro projeto da empresa Merkantil que será realizado utilizando uma metodologia de desenvolvimento de produto.

Este trabalho faz parte da dissertação de mestrado de Ruffoni (2001) que teve como objetivos específicos: desenvolver uma conexão que atenda os requisitos dos clientes e redução de custos; verificar a qualidade em todas as fases do desenvolvimento do produto; adaptar a estrutura da empresa a um ambiente de engenharia simultânea; identificar na literatura e selecionar as ferramentas e etapas pertinentes para o desenvolvimento do produto e difundir um método de desenvolvimento de produto na cultura da empresa.

As conexões atualmente utilizadas em circuitos de freio a ar em implementos rodoviários são denominadas como engate rápido. Existe um outro sistema de conexões

(2)

utilizado em circuitos para equipamentos industriais com menor número de componentes e menor custo, que pode ser desenvolvido para aplicação em circuitos de freio a ar.

O desafio do desenvolvimento de uma conexão para ser utilizada em circuitos de freio a ar, denominada conexão proposta, está em atender as condições de desempenho do conjunto montado (tubo + conexões) exigidas pela norma SAE J1131 (SAE HANDBOOK, 1998) e reduzir os custos da conexão para utilização em circuitos de freio a ar. Além das características essencialmente técnicas impostas pela norma SAE referenciada, existe a necessidade de definir os requisitos do projeto, que devem ser incorporados a partir das demandas de qualidade dos clientes. Estas demandas estão baseadas nos conhecimentos e experiências dos clientes em usar este tipo de produto, devendo ser agregadas ao projeto.

Um outro fator importante é que o desenvolvimento do produto, devidamente documentado, possa atender ao item 4.4 - Controle de Projeto da NBR ISO 9001:1994 ou ao item 7.3 – Projeto e Desenvolvimento da NBR ISO 9001:2000.

2. Metodologia de Desenvolvimento de Produto

Segundo Back (1983), o projeto de um componente ou um sistema apresenta, em cada caso, características e peculiaridades próprias. Mas à medida que um projeto é iniciado e desenvolvido, desdobra-se uma seqüência de eventos numa ordem cronológica, formando um modelo, que quase sempre é comum a todos os projetos. Alguns exemplos de metodologia podem ser mencionados, como os de Suh, Asimow e Pahl & Beitz apud Dufour (1996).

A metodologia a ser adotada na empresa Merkantil para projetos e melhorias de produtos foi baseada em Pahl & Beitz apud Dufour (1996). As etapas são as seguintes: Levantar Dados de Entrada

São definidos através de um relatório do departamento de vendas da própria engenharia ou da administração geral da empresa no qual devem constar alguns itens do tipo: consumo previsto, preço objetivo e informações adicionais, inclusive amostras. Analisar Dados de Entrada

Com base nos dados de entrada, a engenharia procede a uma análise preliminar dos aspectos das características técnicas, materiais necessários e das condições do processo produtivo, que precisam estar de acordo com a condição atual de produção da empresa; esses são os critérios de viabilidade para iniciar o desenvolvimento do projeto. A análise é documentada em relatório do projeto.

Desenvolver Projeto Preliminar

A engenharia desenvolve o projeto preliminar considerando os requisitos do cliente, características técnicas, análise dimensional, tipos de materiais e adequações ao processo de fabricação (equipamentos disponíveis). Nesta fase, sugere-se o uso do Desdobramento da Qualidade (QFD - Quality Function Deployment) como ferramenta de apoio para incorporação no projeto preliminar dos itens mencionados acima.

Desenvolver e Verificar o Projeto

A engenharia desenvolve o projeto definitivo onde é necessário definir as especificações finais para as características das partes. O projeto de experimentos (DOE - Design of Experiments) é uma ferramenta que pode ser usada nesta fase. Executam-se amostras ou protótipos a partir dos desenhos e verifica-se o efeito da alteração das características das partes sobre as características da qualidade. Na verificação do projeto, quando necessário, podem ser executados testes de confiabilidade, ou outros testes e ensaios, inclusive fazendo referência a produtos similares e com base em experiências ou conhecimentos do estado da técnica. Nesta fase, além dos desenhos, as demais informações são registradas no relatório do projeto.

(3)

Definir Processos de Fabricação e Análise Crítica

A Engenharia, a Produção e o Planejamento e Controle da Produção (PCP) definem o processo de fabricação e a seqüência de operações. Os custos preliminares são calculados. Com estes já calculados, é efetuada a análise crítica do projeto. Alterações referentes a materiais ou processos de fabricação podem ser efetuadas se necessário. A análise crítica é registrada no relatório do projeto. Nesta fase o uso do projeto de experimentos pode auxiliar na definição dos ajustes ótimos dos parâmetros do processo que maximizam as características de qualidade.

Fabricar Lote-Piloto

Nesta fase fabrica-se o lote piloto do produto. Toda a alteração que se fizer necessária, decorrente do processo de fabricação, é anotada nos desenhos. Qualquer alteração que implique em modificação do projeto é avaliada pela engenharia, que poderá decidir pela realização de novos testes e ensaios. Neste caso, as alterações são registradas no relatório do projeto.

Validar Produto e Liberar para a Produção

Uma vez confirmados os dados de entrada na fabricação do lote piloto, o produto é validado, por exemplo, através de uma Análise de Árvore de Falhas (FTA-Failure Tree Analysis) que estima a probabilidade de falha do produto a partir da probabilidade de falha dos componentes. A validação do projeto é registrada no relatório de projeto, se a probabilidade de falha estiver em níveis aceitáveis, libera-se para a produção. A liberação para a produção é confirmada pela emissão de desenhos definitivos. Documentos necessários para o processo, equipamentos e dispositivos, inspeções e ensaios, instruções de trabalho e outros que se fizerem necessários são providenciados nesta fase.

3. Engenharia simultânea

A engenharia simultânea pode ser considerada como sendo uma metodologia para desenvolvimento de produtos, objetivando otimizar tempo, custo, qualidade do produto e de seu processo produtivo. A sinalização mais evidente da engenharia simultânea é o conceito para o trabalho em equipe. A criação de uma equipe multidisciplinar, ou força-tarefa, não é uma novidade para as pequenas e médias empresas, pois normalmente seus funcionários exercem funções multidisciplinares, principalmente nos departamentos de engenharia e produção.

A força-tarefa para o desenvolvimento da conexão proposta na empresa Merkantil foi composta pelo diretor industrial e um representante de cada departamento da empresa: engenharia, planejamento e controle da produção (PCP), Controle de Qualidade (CQ), Vendas e Produção e Processo.

O desenvolvimento da conexão proposta, conforme a classificação de Pahl & Beitz (1988), trata-se de um projeto de variantes, ou seja, produtos normalizados permitindo aperfeiçoamentos e melhorias em alguns componentes. Segundo a classificação de Ullman (1992), o desenvolvimento da conexão proposta é classificado como desenvolvimento de produtos criados pela melhoria de um produto existente.

Como o desenvolvimento do produto conexão proposta é realizado a partir da adaptação de um produto existente, as etapas iniciais da metodologia de desenvolvimento de produto adotada pela empresa, ou seja, levantamento e análise dos dados de entrada, não serão abordadas neste trabalho. As demais etapas, a partir do desenvolvimento do projeto preliminar, são detalhadas na seqüência.

(4)

4. Desenvolver Projeto Preliminar

O projeto preliminar foi realizado através da aplicação do Desdobramento da Função qualidade (QFD). Para maiores detalhes sobre QFD ver Akao (1998). O QFD inicia com o levantamento das demandas de qualidade dos clientes através de uma pesquisa de mercado. A pesquisa de mercado e o resultado das matrizes do QFD são apresentados na seqüência. Pesquisa de Mercado

Os mercados-alvo para circuitos de freio ar são fabricantes de caminhões, reboques e semi-reboques. Para entender as necessidades dos clientes, inicialmente foi realizado um questionário aberto e na seqüência um fechado, gerando a árvore da qualidade demandada. Para maiores detalhes sobre pesquisa de mercado ver Kotler (1996).

As demandas de qualidade priorizadas foram: resistência a vazamentos em condições normais, resistência a vazamentos em condições de vibração, resistência a vazamentos quando o tubo é forçado na saída da conexão, condição de montagem/ desmontagem do tubo, orientação (não- lineares), resistência à pressão e resistência à tração.

Matriz da qualidade

A matriz da qualidade cruza as demandas de qualidade dos clientes com as características da qualidade. É a matriz que executa o projeto da qualidade, convertendo as qualidades exigidas pelos clientes em características da qualidade do produto.

As características da qualidade priorizadas considerando os relacionamentos com a qualidade demandada foram: largura do rasgo da pinça, espessura da pinça, diâmetro interno da pinça, diâmetro externo da pinça, diâmetro do alojamento da pinça no corpo, diâmetro do tubo no corpo, espessura do “o” ring, diâmetro externo do inserto, diâmetro interno do “o” ring do macho giratório e diâmetro interno do “o” ring do corpo.

Matriz das Partes

A matriz das partes tem por objetivo, a partir do desdobramento do produto em seus componentes, relacioná-los com as características da qualidade com suas respectivas especificações. O resultado é a priorização e a identificação das partes críticas, para que o produto final tenha a qualidade demandada pelo cliente.

As características das partes priorizadas considerando os relacionamentos com as características de qualidade foram: pinça, corpo, inserto, macho giratório, anéis “o” ring do macho giratório, anel de vedação, anel “o” ring do tubo, anéis “o” ring do anel de vedação. Matriz dos Processos

A matriz dos processos tem por objetivo cruzar as características da qualidade com os processos necessários para a manufatura. O resultado é a identificação de processos críticos para a qualidade do produto. Estes processos são priorizados, para que as partes atendam às características da qualidade.

Os processos priorizados considerando os relacionamentos com as características de qualidade foram: usinagem TB1-corpo linear, usinagem TRAN1-corpo não-linear, usinagem TA2-pinça, montagem do conjunto, recepção de componentes, testes, recepção de matéria-prima, usinagem TA1–inserto, usinagem TA3-anel de vedação, expedição, usinagem TB2-macho giratório.

Matriz das Características das Partes

A matriz das características das partes relaciona as partes do produto com as suas características das partes, de modo a atender às características da qualidade.

As características das partes priorizadas considerando os relacionamentos com as partes do produto foram: diâmetro interno do corte da pinça, diâmetro do alojamento do “o” ring do corpo, diâmetro do alojamento da pinça do corpo, largura do rasgo da pinça, diâmetro externo da pinça e espessura da pinça.

(5)

Matriz dos Parâmetros do Processo

A matriz dos parâmetros dos processos relaciona os processos da manufatura com seus respectivos parâmetros, de modo a definir quais parâmetros devem ser priorizados, para que se consiga a qualidade das partes e, conseqüentemente, do produto final. Os parâmetros priorizados considerando os relacionamentos com os processos foram: afiação das ferramentas de perfil, velocidade de corte, avanço, aferição do medidor do diâmetro interno.

Projeto Preliminar

A partir da identificação das informações resultantes da aplicação das matrizes do QFD foi possível definir o projeto preliminar.

5. Desenvolvimento e Verificação do Projeto

Para a elaboração do projeto definitivo, a engenharia realizou uma otimização experimental das características das partes da conexão. Com o uso de projeto de experimentos (DOE) foram definidos protótipos a serem executados e avaliados. Maiores detalhes sobre DOE ver Montgomery (1991). A otimização experimental foi realizada seguindo as etapas proposta por Ribeiro, Fogliatto e Caten (2000) apresentadas na seqüência.

Planejamento do Experimento

Realizou-se uma matriz de planejamento de experimentos, relacionando as qualidades demandadas e suas características de qualidade com as características das partes do corpo e da pinça, para definir as características das partes que seriam investigadas no experimento, ou seja, os fatores controláveis. A Tabela 1 apresenta a descrição das características de qualidade.A Tabela 2 apresenta as características das partes investigadas.

Qualidade demandada Características de qualidade Unidade Tipo Imp. Rel Lim. inf. Alvo Lim. sup. Facilidade de

mont/desmontagem Y1 = avaliação qualitativa da facilidade de mont/desm de 1-9 Notas Maior é melhor 2 3 9 9 Resistência a

vazamento em condições de vibração

Y2 = deslocamento do tubo mm Menor é melhor 2 0 0 1,2 Resistência à tração Y3 = força avaliada nos testes de tração kgf Maior é melhor 1 150 170 170

Tabela 1 Descrição das características de qualidade

Fator Descrição das carac. das partes Nº de níveis Níveis Unidade X1 Diâmetro externo 2 22,10 – 22,20 mm X2 Diâmetro interno de corte 2 16,20 – 16,30 mm X3 Largura do rasgo 2 0,95 – 1,05 mm

X4 Espessura 2 0,42 – 0,63 mm

Tabela 2 Descrição das características das partes (fatores controláveis)

O modelo estatístico utilizado foi um 24, ou seja, quatro características das partes (fatores controláveis) cada uma testada em dois níveis, totalizando 16 produtos (combinações das características das partes) a serem executados. Cada produto foi testado três vezes totalizando 48 amostras. As características das partes que não foram testadas são mantidas constantes para reduzir o erro experimental.

(6)

Execução do Experimento

Após a execução dos protótipos, definição da ordem dos testes e dos procedimentos a serem adotados, os testes referente às características da qualidade foram realizados.

Análise do Experimento

Os resultados do experimento para cada uma das características de qualidade: facilidade de montagem/desmontagem, resistência a vazamentos em condições de vibração (deslocamento do tubo) e resistência à tração foram analisados utilizando-se as rotinas de Regressão Múltipla do software SPSS. Isso permitiu identificar o ajuste ótimo individual, ou seja, as características das partes que otimizam cada característica de qualidade.

Otimização Global

Segundo Caten (1995), uma vez identificados os ajustes ótimos individuais, é necessário definir uma função objetivo que permita otimizar simultaneamente todas as características de qualidade. Esta otimização global implica numa solução conciliatória que pondere as importâncias relativas de cada características de qualidade sobre o produto final. Ela pode ser realizada utilizando-se a função de perda quadrática multivariada.

Os resultados da otimização global permitiram a reavaliação do projeto preliminar e a definição final do projeto. A Tabela 3 apresenta o ajuste ótimo global das características das partes que otimizam simultaneamente as três características de qualidade.

Descrição das características das partes Medida definitiva Unidade

Diâmetro externo da pinça 22,1 mm

Diâmetro interno de corte da pinça 16,3 mm

Largura do rasgo da pinça 0,95 mm

Espessura da pinça 0,63 mm

Profundidade do alojamento corpo 21,5 mm

Comprimento do inserto 32,8 mm

Tabela 3 Ajuste ótimo global das características das partes (fatores controláveis)

Este projeto de experimentos foi realizado para um tubo de diâmetro externo 16 mm. O ajuste ótimo, ou seja, os mesmos critérios dimensionais, foram testados nas bitolas de diâmetros 8,0 m, 10,0 mm e 12,0 mm que completam a família de produtos. Os resultados desses testes satisfizeram as exigências de projeto.

6. Definição do Processo de fabricação e Análise Crítica

O processo de fabricação da conexão proposta é similar ao da conexão engate rápido atualmente utilizada. Existem alterações devido à eliminação da porca (engate rápido) e da rosca externa no corpo da conexão proposta.

Considerou-se nesta fase da análise crítica apenas o fator custo, uma vez que as condições de desempenho exigidas pela norma SAE J1131 já foram satisfeitas. Os custos da conexão proposta foram comparados com a conexão engate rápido, usando como parâmetro de comparação um kit padrão constituído de conexões e válvulas montadas. O kit engate rápido custa R$ 59,03 e o kit conexão proposta R$ 47,16. Em uma produção de 10.000 kits anual essa redução de custos representa uma economia anual de R$ 118.700,00. 7. Fabricação do Lote Piloto

Foram fabricados 50 kits da conexão proposta como lote piloto. Os desenhos utilizados no processo produtivo foram impressos na cor azul. Este procedimento, além de diferenciar dos desenhos normalmente usados na produção (cor branca), tem a finalidade de permitir que sejam feitas alterações pertinentes ao processo de comum acordo com a engenharia.

(7)

8. Validação do Produto e Liberação para a Produção

Foram retiradas aleatoriamente do lote piloto dez amostras de cada bitola da conexão e realizados os mesmos testes de desempenho da norma SAE J1131. O bom desempenho dos testes permitiu iniciar o procedimento de liberação para a produção.

Para planejar o processo de montagem do conjunto, a engenharia e a produção, utilizando a ferramenta de Análise da Árvore de Falhas (FTA), analisaram as possíveis falhas que poderiam ocorrer durante o uso pelos clientes. Para elaborar a FTA, a engenharia e a produção consideraram dois eventos de topo essenciais para o atendimento das características da qualidade, sendo elas, as condições de vazamento e de montagem do tubo. As probabilidades de falha dos eventos de topo foram calculadas usando-se probabilidades de causas básicas baseadas em não-conformidades relatadas por clientes da conexão engate rápido. Para maiores detalhes sobre FTA ver Helman e Andery (1995). A probabilidade de falha de 0,039 para o evento vazamento e de 0,036 para a montagem, calculadas a partir das probabilidades das causas básicas, foram consideradas aceitáveis.

Com o resultado da FTA foi elaborada uma instrução de trabalho para a linha de montagem do conjunto, de modo a neutralizar as causas básicas e dessa forma garantir que o produto final chegue ao cliente com as características da qualidade demandadas.

A liberação para a produção constou também da emissão dos desenhos definitivos, cadastro de peças, componentes e instruções de trabalho necessários para o processo produtivo. As figuras 1, 2 e 3 apresentam o projeto definitivo da conexão proposta.

Figura 1 Projeto definitivo da pinça Figura 2 Projeto definitivo do inserto

Figura 3 Projeto definitivo do corpo

9. Conclusões

Este trabalho apresentou a aplicação de uma metodologia de desenvolvimento de produto na empresa Merkantil, fabricante de conexões. O produto desenvolvido foi uma conexão para circuitos de freio a ar, denominada conexão proposta.

(8)

A aplicação da metodologia para o desenvolvimento de produto foi de grande valia para os participantes da força-tarefa, pois permitiu que eles conhecessem todas as etapas de projeto e fabricação de um produto. A aplicação do QFD como tecnologia de apoio permitiu, com os desdobramentos das matrizes e priorizações, desdobrar as características da qualidade, demandadas pelo cliente, para todo o processo de fabricação, desde a recepção de matéria-prima, componentes, usinagem, montagem, testes, até a expedição. O processo de desenvolvimento tornou-se ágil, existindo uma cumplicidade entre os envolvidos e, pela troca de conhecimentos e experiências, muitos problemas foram resolvidos antecipadamente. O QFD incentivou o relacionamento entre os diversos setores envolvidos e proporcionou a troca de conhecimento entre os participantes da força-tarefa.

O projeto de experimentos permitiu, com um número reduzido de protótipos e tempo de ensaios, realizar a modelagem das características de qualidade dos clientes (resistência a vazamentos em condições de vibração, resistência à tração e facilidade de montagem/desmontagem) em função das características das partes e definir os valores alvos e especificações para cada uma delas. Em outra situação, os protótipos seriam testados no campo com tempos considerados longos. Os valores definitivos para as características das partes foram diâmetro externo da pinça de 21,0 mm, diâmetro interno de corte da pinça de 15,5 mm, largura do rasgo da pinça de 0,9 mm, espessura da pinça de 0,6 mm, profundidade do alojamento de 20,5 mm e comprimento do inserto de 32,3 mm.

O produto desenvolvido atendeu os requisitos do cliente, as exigências da norma SAE J1131 e a redução de custos. A resistência a vazamentos em condições de vibração foi nula, a resistência à tração foi de 165 Kgf (maior que o mínimo de 150 kgf exigido pela norma SAE J1131) e a facilidade de montagem/desmontagem foi classificada como melhor (nota 9) do que a conexão engate rápido. Os custos do kit engate rápido de R$ 59,03 foram reduzidos para R$ 47,16 utilizando a conexão proposta. Em uma produção de 10.000 kits anual essa redução nos custos representa uma economia anual de R$ 118.700,00.

10. Referências bibliográficas

AKAO, Y. Quality Function Deployment; integrating customers requirements into product design. Cambridge: Massachustes, Productivity Press, 1988.

BACK, N. Metodologia de Projeto de Produtos Industriais. RJ: Guanabara, 1983.

CATEN, C.S. Método de otimização de produtos e processos medidos por múltiplas características de qualidade. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, PPGEP/UFRGS, 1995.

DUFOUR, C.A. Estudo do Processo e das Ferramentas de Reprojeto de Produtos Industriais. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia. Florianópolis: UFSC, 1996. HELMAN, H., ANDERY P.R.P. Análise de Falhas: Aplicação dos métodos de FMEA-FTA. Belo Horizonte – MG: Fundação Christiano Ottoni, 1995.

NBR ISO 9001:1994 Modelo para a garantia da qualidade no projeto, desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados.

NBR ISO 9001: 2000 Sistemas de gestão da qualidade - requisitos.

KOTLER, P. Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e Controle. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1996

MONTGOMERY, D.C. Design and Analysis of Experiments. New York: Willey, 1991. PAHL & BEITZ Engineering Design:Systematic Approach. Berlin:Springer-Verlag, 1988. RIBEIRO, J.L.D. FOGLIATTO, F.S. CATEN, C.S. Minimizing Manufacturing and Quality Costs in Multiresponse Optimization. Quality Engineering, 2000.

RUFFONI, V. H. Metodologia para desenvolvimento de produto em empresas de médio porte. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção. PPGEP/UFRGS, 2000.

SAE J1131 HANDBOOK. Society of Automotive Engineers, Inc.USA: Warrendale, 1998. ULLMAN, David G. The Mechanical Design Process. New York: Mc-Graw Hiil, 1992.

Referências

Documentos relacionados

O conservadorismo que se tem verificado no tratamento contabilístico do capital humano (excluído do conceito de activo intangível) condiciona o reflexo de informação

Obedecendo ao cronograma de aulas semanais do calendário letivo escolar da instituição de ensino, para ambas as turmas selecionadas, houve igualmente quatro horas/aula

A disponibilização de recursos digitais em acesso aberto e a forma como os mesmos são acessados devem constituir motivo de reflexão no âmbito da pertinência e do valor

Renault Master Parcial C/Mola L.. Renault Master Parcial C/Mola

IV - Caso seja confirmada no laudo da JMCS a insanidade mental de caráter temporário, o sindicante nomeia defensor “ad hoc”, caso não haja curador ou representante

Ex- Integrante do GIA (Grupo de Interferência Ambiental de Salvador), e coordenadora da Mostra Helio Oiticica de Artes Visuais da II Bienal da UNE, artista de

sofreram a perdada capital e, como consequência desse desastre, em 507, foram forçados -a transfe- ri-Ia para Narbona, mais tarde para Barcelona, e, sem nunca

As exceções positivas quanto ao desenvolvimento de Ciência, Tecnologia e Inovação nas universidades não federais abrangem desde há algumas décadas as várias