• Nenhum resultado encontrado

ESTUDOS FITOQUÍMICO E DE ACTIVIDADE BIOLÓGICA DE ESPÉCIES MOÇAMBICANAS DO GÉNERO MAYTENUS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESTUDOS FITOQUÍMICO E DE ACTIVIDADE BIOLÓGICA DE ESPÉCIES MOÇAMBICANAS DO GÉNERO MAYTENUS"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

ESTUDOS FITOQUÍMICO E DE ACTIVIDADE BIOLÓGICA DE ESPÉCIES MOÇAMBICANAS DO GÉNERO MAYTENUS

da Silva, G., Gomes, E.T., e Silva, O.

iMed.UL, Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa, Av. Prof. Gama Pinto,1649-019 Lisboa galfsilva@ff.ul.pt

Resumo

Na medicina tradicional de Moçambique são usadas várias espécies do género Maytenus nomeadamente

Maytenus heterophylla (Eckl & Zeyh.) Robson e Maytenus senegalensis (Lam.) Exell para tratamento de

diferentes afecções entre as quais de doenças infecciosas das vias respiratórias.

Nesta comunicação apresentam-se os resultados de estudos químicos e de determinação da actividade antioxidante de extractos etanólicos das folhas destas duas espécies e respectivas fracções obtidas, por partilha líquido-líquido, a partir destes. Ambas as espécies mostraram possuir alcalóides e compostos fenólicos. As duas espécies mostraram poder diferenciar-se com base nos perfis cromatográficos obtidos, atribuindo-se maior riqueza relativa em alcalóides às folhas de M. heterophylla e maior variedade e quantidade relativas de compostos fenólicos, nomeadamente flavonóides, em M. senegalensis, sendo os flavonóis o grupo maioritariamente presente. Ambos os extractos e fracções obtidas a partir destes, nomeadamente, fracções etéreas, acetato-etílicas, n-butanólicas e aquosas mostraram possuir actividade antioxidante in vitro tendo esta actividade sido atribuída essencialmente aos compostos de natureza fenólica presentes nas duas espécies.

Palavras-Chave: Maytenus heterophylla; Maytenus senegalensis; Compostos fenólicos; Alcalóides; Actividade

antioxidante; Perfis cromatográficos.

INTRODUÇÃO

Maytenus heterophylla (Eckl. Et Zeyh.) N. Robson e Maytenus senegalensis (Lam.)

Exell são duas espécies da família Celastraceae usadas na medicina tradicional, em várias regiões de Moçambique, para o tratamento de doenças infecciosas (JANSEN & MENDES 1991).

M. heterophylla é conhecida na região de Maputo por n’qokola e M. senegalensis por

chichanga; chichangua; xixangua; xihlangu (JANSEN & MENDES 1991).

Os estudos químicos relativos a estas espécies são escassos, tendo, no entanto, nas folhas de M. senegalensis sido já identificado o ácido maitenóico, um triterpeno com actividade anti-inflamatória e anti-microbiana (LINDSEY et al. 2006; SOSA et al. 2007) e, em M. heterophylla, o 1β-acetoxi-9α-benzoil-2β,6α-dinicotinoiloxi-β-di-hidroagarofurano (alcalóide sesquiterpénico), o ácido maitenfólico, o β-sitosterol e a β-amirina (triterpenos e esteróides), entre outros (ORABI et al. 2001). Tanto quanto é do nosso conhecimento, os compostos fenólicos predominantes das folhas de M. heterophylla e M. senegalensis não foram ainda identificados.

(2)

Apesar da actividade antioxidante ter já sido descrita para algumas espécies sul-americanas do género Maytenus Mollina (concretamente para M. aquifolium, M. guyanensis,

M. ilicifolia e M. krukovii) (BRUNI et al. 2006; CORSINO et al. 2003; MACARI et al. 2006;

VELLOSA et al. 2006), esta não foi ainda determinada para M. heterophylla e M.

senegalensis.

Nesta comunicação apresentam-se os resultados da: caracterização química por cromatografia em camada fina (TLC) e por croamtografia líquida de alta resolução acoplada a um detector de matríz de díodos (LC/UV-DAD), de dois extractos hidroetanólicos das folhas

M. heterophylla e M. senegalensis e das fracções obtidas a partir destes por extracção

líquido-líquido com solventes de polaridade crescente e ainda a determinação da actividade antioxidante por métodos bioautográficos de cada um dos extractos e fracções obtidas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Material vegetal – As folhas de M. heterophylla (Figura 1) e de M. senegalensis (Figura 2) foram colhidas no distrito de Maputo em Setembro de 2006 por um dos autores (O. Silva). As espécies foram identificadas por M. A. Diniz. Espécimens voucher foram depositados no Herbário do Instituto de Investigação Científica Tropical (LISC) Lisboa, Portugal.

Preparação dos extractos – As folhas secas e moídas foram extraídas por maceração a frio com etanol a 70%, sob agitação, até esgotamento total. Os extractos hidroetanólicos obtidos MHEta (M. heterophylla) e MSEta (M. senegalensis) foram concentrados até resíduo seco sob pressão reduzida a temperatura inferior a 40ºC. Uma porção de cada um destes extractos foi posteriormente retomada em água e fraccionada por partilha líquido-líquido com solventes sucessivos, nomeadamente éter dietílico; acetato de etilo e n-butanol tendo estas, após concentração a resíduo seco, constituído as fracções MHÉter; MSÉter; MHAcOEt;

MSAcOEt; MHBu.; MSBu.; MHÁg.; MSÁg.

Cromatografia em camada fina (TLC) – Pesquisaram-se compostos fenólicos e alcalóides usando os sistemas Sistema 1 (S1) e no Sistema 2 (S2), respectivamente:

• S1 – Placas de sílica gel 60 F254 Merck; eluente AcOEt:AcOH:HCOOH:H2O

(109:8:8:26) (V/V/V/V); Detecção no UV 365 nm e Visível, antes e após pulverização com solução de difenilborato de aminoetanol (Placas A-C) (WAGNER & BLADT 1986);

(3)

• S2 – Placas de sílica gel 60 F254 Merck; eluente CHCl3:MeOH (95:5) (V/V);

Detecção no Visível após pulverização com Reagente de Dragendorff (Placa F) (WAGNER & BLADT 1986).

Cromatografia líquida de alta resolução (LC/UV-DAD) – Paralelamente ao estudo por TLC, procedeu-se à caracterização química dos extractos num cromatógrafo HP série 1100, equipado com detector de matriz de díodos. O sistema foi controlado por computador, utilizando o programa HPChemstation da HP. Utilizou-se uma coluna Atlantis T3, 5 µm, 4,6x150 mm da Waters e uma pré-coluna compatível, sendo a temperatura da coluna de 35 ºC. Como fase móvel utilizou-se uma mistrura de: A – acetonitrilo+0,1% de ácido fórmico e B – água+0,1% de ácido fórmico, e um gradiente de 5 a 25% de A em 10 min.; 25 a 35% A em 10 min; 35 a 100% A em 15 min. O volume injectado foi de 10 µL.

Actividade antioxidante por bioautografia – Usaram-se o β-caroteno (Sigma) e o radical hidróxido de difenilpricrazilo (DPPH, Sigma) para detecção desta actividade. Para o efeito foram preparadas soluções metanólicas dos extractos e das fracções a 10 mg/mL, tendo sido aplicados 10 μL de cada uma das amostras nos sistemas de TLC S1 e S2. Cada ensaio foi efectuado em triplicado e usando como anti-oxidante de referência uma mistura de 2 e 3-terc-butil-4-hidroxianizol (BHA, Sigma).

• Ensaio do β-caroteno – cada placa de TLC foi aspergida com solução metanólica de β-caroteno na concentração 0,02 % (m/V) (ZERAIK et al. 2008). O aparecimento de manchas alaranjadas é característico da presença de substâncias com actividade antioxidante

• Ensaio do DPPH - cada placa de TLC foi aspergida com solução metanólica de DPPH na concentração 0,2 % (m/V) (GU et al. 2009). O aparecimento de manchas amarelas por contraste com o fundo roxo é característico da presença de substâncias com actividade antioxidante.

3 Figura 2 - M. senegalensis, folhas

(4)

RESULTADOSEDISCUSSÃO

A caracterização por TLC dos compostos fenólicos maioritários nos extractos etanólicos e fracções L-L das folhas de M. heterophylla e M. senegalensis, mostrou que estas duas espécies possuiam diferente composição qualitativa e quantitativa nestes, sendo possível a atribuição de um perfil cromatográfico típico para cada uma das espeécies em estudo. Com o reagente de visualização utilizado, os constituintes maioritários desta classe química mostraram fluorescências típicas, que variaram entre o verde, o amarelo, o laranja e o azul passíveis de atribuição à classe química dos flavonóides, nomeadamente, flavonas e flavonóis e fenilpropanóides.

Os resultados obtidos, relativos à pesquisa de alcalóides por TLC permitiram, mostraram estar esta classe de compostos, presente em ambas as espécies. A fracção etérea

MHÉter foi a que mostrou maior abundância realtiva nestes compostos.

Os resultados da determinação da actividade antioxidante in vitro por métodos bioautográficos, estão ilustrados na Figura 3. Os compostos com actividade antioxidante revelados pelo β-caroteno apresentaram uma coloração característicamente alaranjada, típica (Figura 3 A). Quando revelados pelo DPPH, os compostos com actividade antioxidante apresentam uma coloração amarelo-esbranquiçada típica (Figura 3 B). A comparação entre os resultados obtidos por TLC usando os sistemas S1 e S2 e os resultados dos métodos bioautográficos de avaliação da actividade antioxidante permitiu confirmar serem os compostos fenólicos os responsáveis por esta actividade.

(5)

5 Figura 3 - Determinação da actividade antioxidante por bioautografia

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 A – ensaio do β-caroteno (A) ; B - Ensaio do DPPH

Sistema S1, visualização no visível:

1 - MH Eta; 2 - MS Eta; 3 - MH Etér; 4 - MS Etér; 5 - MH AcOEt; 6 - MS AcOEt; 7- MH Bu.; 8- MS Bu.; 9- MH Ág.; 10- MS Ág.; 11 - BHA.

Os resultados da análise LC/UV/DAD confirmaram serem os compostos fenólicos maioritários nesta espécie, e identificar, entre estes, os flavonóis como classe maioritariamente presente em M. senegalensis e as flavonas como classe predominante em M. heterophylla.

(6)

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Os resultados aqui apresentados contribuem para um melhor conhecimento sobre as duas espécies Moçambicanas do género Maytenus com uso na medicina tradicional local.

Foi possível atribuir uma maior riqueza relativa em alcalóides à fracção etérea do extracto das folhas de Maytenus heterophylla e uma maior variedade e quantidade relativas de flavonóides a M. senegalensis.

Estabeleceu-se ainda uma relação entre a actividade antioxidante demonstrada pelos extractos e os compostos fenólicos presentes nas folhas destas duas espécies medicinais da Flora Africana.

REFERÊNCIAS

BRUNI, R.; ROSSI, D.; MUZZOLI, M.; ROMAGNOLI, C.; PAGANETTO, G.; BESCO, E.; CHOQUECILLO, F; PERALTA, K.; LORA, W.; SACCHETTI, G. (2006), Antimutagenic, antioxidant and antimicrobial properties of Maytenus krukovii bark, Fitoterapia, 77, 538-545.

GU, L., WU, T., WANG, Z., (2009), TLC bioautography-guided isolation of antioxidants from fruit of Perilla

frutescens var. acuta, LWT – Food Science and Technology, 42, 131-136.

JANSEN, P., MENDES, O. (1991), Plantas Medicinais – Seu Uso Tradicional em Moçambique, Tomo IV, Edição Gabinete de Estudos de Medicina Tradicional, Maputo: Imprensa do Partido, 28-54.

LINDSEY, K., BUDESINSKY, M., KOHOUT, L., VAN STADEN, J., (2006), Antibacterial Activity of Maytenonic Acid Isolated from the Root-bark of Maytenus senegalensis”, South African Journal of Botany, 72, 473-477.

ORABI, K.; AL-QASOUMI, S.; EL-OLEMY, M.; MOSSA, J.; MUHAMMADE, I. (2001), Dihydroagarofuran Alkaloid and Triterpenes from Maytenus heterophylla and Maytenus arbutifolia, Phytochemistry, 58, 475-480.

SOSA, S., MORELLI, C., TUBARO, A., CAIROLI, P., SPERANZA, G., MANITTO, P. (2007), Anti-inflammatory Activity of Maytenus senegalensis Root Extracts and of Maytenoic Acid, Phytomedicine, 14, 109-114.

VELLOSA, J.; KHALIL, N.; FORMENTON, V.; XIMENES, V.; FONSECA, L.; FURLAN, M.; BRUNETTI, I.; OLIVEIRA, O. (2006), Antioxidant activity of Maytenus ilicifolia root bark, Fitoterapia, 77, 243-244. WAGNER, H., BLADT, S. (1986), “Plant Drug Analysis – A Thin Layer Chromatography Atlas”, 2nd ed.,

Berlin: Springer, 260-62.

ZERAIK, M., YARIWAKE, J. (2008), Extracção de β-Caroteno de cenouras: Uma proposta para disciplinas experimentais de Química,Quim. Nova, 31, 1259-1262.

Referências

Documentos relacionados

A aplicação do mecanismo da cooperação estruturada permanente gera, no domínio da política de segurança e defesa da União Europeia, uma diferenciação de paradigmas

Desta forma, objetiva-se neste trabalho levantar as principais pressões e ameaças enfrentadas pelos parques nacionais do Brasil (Rio de Janeiro) e Estados Unidos

De forma a compreender a importância da localização geográfica como fator de variabilidade, diferenciar entre rinite sazonal e perene deveria ser considerado um passo fundamental,

1) Skills system: it is formed by two markets similar to the ones proposed by Green (2013), the skills formation and the skills use market. The aim of this skills system organised in

Na presente investigação foram diversos os participantes que contribuíram para que a mesma se realizasse. Esta foi desenvolvida com futuros professores e educadores bem como

madas, caracterizadas pelo gigantismo dos efectivos e pelo emprego de material relativamente ligeiro e pouco sofisticado, o que viria a tornar a componente

• Despesas correspondentes a importâncias pagas ou devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou coletivas residentes fora do território português e aí submetidas

Also, in comparison to the other cases, case #4 showed high achievable data rate ratios for the incomplete HSRC when a SR or RD link or R node communication interface is lost and