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Academic year: 2021

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Deveres

de

informação

da

administração da sociedade visada e a

(eventual)

responsabilidade

dos

administradores perante a visada e a

adquirente

Catarina Monteiro Pires

Sessão de 26.10.2016 da Pós-Graduação Avançada em Contencioso Comercial

(2)

+

Advertência

A presente apresentação foi preparada para o Curso de Pós-Graduação Avançada em Contencioso Comercial do CIDP e corresponde também a um estudo em vias de preparação e de publicação. Para outras informações:

(3)

+

Enquadramento do problema

Deveres de informação da adquirente:

Matriz germânica: (i) não há dever de due

diligence

/ pode haver ónus e culpa do

lesado, artigo 570.º - dominante (ii) há

dever de due diligence da administração

do adquirente – minoritária

Ponderação da administração da alienante,

sociedades fechadas ou abertas (artigo

378.º CVM)

Estudo empírico DAX 30: uso comercial

(Böttcher) /artigo 3.º e 236.º ss CC

(4)

+

Enquadramento do problema

Deveres de informação da alienante

Que não dependem de informação da sociedade visada - raro

Que dependem de informação da sociedade visada Através do alienante/ deveres de lealdade do alienante

Com due diligence realizada junto da sociedade visada

Os acionistas não podem dirigir instruções vinculantes à administração (artigo 405.º CSC, artigo 373.º, n.º 3)

(5)

+

Acesso do terceiro à informação,

com que fundamento?

O fundamento do acesso à informação do terceiro não é idêntico ao fundamento do acesso à informação do sócio, mas o objeto pode ser análogo (artigo 291.º, n.º 1 CSC)

Artigo 291.º, n.º 1, CSC: os acionistas cujas ações atinjam 10% do capital social podem solicitar (...) ao conselho de administração ou ao CAE que lhes sejam prestadas (...) informações sobre negócios sociais.

(6)

+

Fundamento?

Solução alemã: ponderação do interesse

societário na aquisição (Hölters/ Müller/

Rittmeister/ Kiethe)

A administração não deve utilizar a

reserva de informação como mecanismo

de blindagem/ bloqueio da transmissão

(7)

+

Fundamento – posição adotada

Direito de propriedade do acionista e direito do

acionista de transmissão da sua participação

social (1305.º CC, 328 CSC, entre outros)

“Deveres de lealdade, no interesse da sociedade,

atendendo aos interesses de longo prazo dos

sócios....” (artigo 64.º, n.º 1 b) CSC)

Não há direito (s) do terceiro perante a

sociedade visada até o início da due diligence

(8)

+

Limites?

O terceiro adquirente tem acesso a mais

informação do que um acionista podia ter ao

abrigo do direito coletivo à informação?

Não, são problemas diferentes.

Sim.

O

artigo

291.º,

n.º

4

aplica-se

analogicamente em toda a sua extensão.

Depende. O artigo 291.º, n.º 4, é parâmetro

regulativo, a aplicar analogicamente caso a

caso – solução adotada

(9)

+

Limites

Artigo 291.º, n.º 4: Fora do caso mencionado no n.º 2, a informação pedida nos termos gerais só pode ser recusada:

A) quando for de recear que o acionista a utilize para fins estranhos à sociedade e com prejuízo desta ou de algum acionista

B) Quando a divulgação, embora sem os fins referidos na alínea anterior, seja susceptível de prejudicar relevantemente a sociedade ou os seus acionistas;

C) Quando ocasione violação do segredo imposto por lei.

(10)

+

Solução alemã quanto aos limites

Lei alemã das SA (AKtG) não tem um artigo igual ao 291.º, mas o §93/1 contempla um dever de cuidado e de segredo do administrador – é daqui que resultam os limites

Os outros acionistas não têm direito a receber igual informação porque o terceiro não a recebe na qualidade de acionista, logo não há violação do princípio da paridade de tratamento entre acionistas (Hölters)

(11)

+

Posição adotada quanto aos limites

O artigo 291.º, n.º 4, como base de regulação e de escrutínio da extensão da informação, ponderada a intenção séria de aquisição, o interesse social, a lealdade perante o acionista e o direito de propriedade do alienante

Artigo 64.º, n.º 1 b): Deveres de lealdade, no interesse da sociedade

Compreende a proibição de divulgar segredos societários (A. Menezes Cordeiro)

Proibição de empatar OPAs hostis (A. Menezes Cordeiro)

Dever de não exercerem uma atividade em proveito de terceiros e em prejuízo da empresa (N. Pinto Oliveira/ 186.º CIRE)

Interesse da sociedade e interesse dos sócios: hierarquia geral? Confidencialidade

(12)

+

Conduta da administração da

visada – 4 cenários

Administração da sociedade visada

disponibiliza justificadamente a informação

Administração da sociedade visada

disponibiliza injustificadamente a informação

Administração da sociedade visada recusa justificadamente a informação

Administração da sociedade visada recusa injustificadamente a informação

(13)

+

1. Disponibilização justificada de

informação

Informações, simples ou ponderadas, sobre negócios sociais

O que a sociedade disponibiliza ao sócio tem de disponibilizar aos demais sócios?

291.º n.º 7: as informações prestadas ficarão à disposição de outros acionistas na sede da sociedade. Não, necessidade de segundo escrutínio.

(14)

+

1.

Disponibilização

justificada

de

informação incorreta

Responsabilidade da sociedade?

Responsabilidade por terceiros por culpa

in contrahendo

artigo 227.º, confiança e

ligação especial (Carneiro da Frada)

Responsabilidade da administração?

Artigo 6.º, n.º 5 e 79.º do CSC: práticas

intencionais

com

vista

ao

dano

ou

confiança pessoal.

(15)

+

2.

Disponibilização

injustificada

de

informação

Administração deve recusar a informação quando a sua disponibilização equivaleria à violação de deveres a que os administradores estão vinculados, nomeadamente deveres de lealdade (artigo 64.º, n.º 1 b) do CSC), densificados com recurso ao artigo 291.º, n.º 4, com as devidas adaptações

(16)

+

2. Disponibilização injustificada

Responsabilidade da administração perante a sociedade (artigo 72.º do CSC) – responsabilidade obrigacional, com presunção de culpa e de ilicitude (artigo 799.º CC)

Responsabilidade da administração perante os (outros) sócios (artigo 79.º) - duvidoso

(17)

+

3. Recusa justificada de informação

Recusa de informação (artigo 291.º, n.º 4 CSC):

Quando for de recear que o acionista a utilize para fins estranhos à sociedade e com prejuízo desta ou de algum acionista

Quando a divulgação, embora sem os fins referidos na alínea anterior, seja suscetível de

prejudicar relevantemente a sociedade ou os acionistas;

Quando ocasione violação de segredo imposto por lei.

(18)

+

3. Recusa justificada de informação

A recusa de informação fundamenta-se “em

termos gerais, numa espécie de cláusula de

salvaguarda ou de proteção assente na

tutela do interesse da sociedade e visando

permitir ao órgão de administração recusar

a informação quando haja receio de que a

sua

prestação

pudesse

atentar

contra

qualquer daquele interesse” (Ac. do STJ de

24.4.2014)

(19)

+

3.Recusa justificada de informação

motivos

Taxatividade do artigo 291.º, n.º 4?

Argumentos a favor (literal e teleológico) Argumentos contra (sistemático/ outros interesses). Posição adotada.

O abuso do direito como causa geral atendível (334.º CC).

No caso da due diligence, outros motivos de recusa:

A inexistência de vontade séria de adquirir.

Relevo dos condicionamentos, por exemplo, preferências ou preemption rights de terceiros?

(20)

+

3. Recusa justificada de informação

motivos particulares

O prejuízo/ prejuízo relevante da sociedade

ou de algum acionista

Basta uma plausibilidade adequada de

produção de uma desvantagem para o

interesse social ou para o interesse dos

acionistas.

(21)

+

3. Recusa justificada de informação

consequências

Não há responsabilidade da sociedade, nem

da administração

Na relação entre acionista alienante e o

terceiro adquirente:

A impossibilidade do cumprimento é uma

causa genérica de extinção de qualquer

obrigação no direito português (artigos

401.º e 790.º e ss do Código Civil).

(22)

+

4. Recusa injustificada de informação

e responsabilidade civil

Responsabilidade perante os sócios, artigo 79.º?: “(...) os administradores respondem também, nos termos gerais, para com os sócios e terceiros pelos danos que diretamente lhes causarem no exercício das suas funções”.

Dano direto e indireto: a visão dominante (dano: imediação de esferas) e a visão minoritária (conduta: qualificação)

(23)

+

4.

Recusa

injustificada

de

informação

e

responsabilidade

civil

Afirmação da presenção de culpa e exclusão da

business judgement rule, artigo 72.º, n.º 2 (administradores/sociedade)?

Causalidade e dano (artigos 562.º e 563.º): danos que não sejam improváveis para um observador experiente/ não limitado ao dano da confiança

(24)

+

4. Recusa injustificada de informação e

responsabilidade civil

Responsabilidade da sociedade perante o

terceiro adquirente?

Não há direito à informação do terceiro

Pode haver, ou não, relação especial

Abuso do direito (artigo 334.º) – dolo ou

culpa grave

(25)

+

4. Recusa injustificada de informação e

responsabilidade civil

Responsabilidade do administrador?

Artigos 6.º, n.º 5 e 79.º do CSC:

“O administrador que tenha desenvolvido um grau de confiança pessoal pode responder pelos danos, pela frustração da confiança assumida (M. Carneiro da Frada)

Havendo deveres de proteção, o administrador

responde pelos danos primário / relação obrigacional com eficácia de proteção para terceiros (Nuno Pinto Oliveira)

Recusa intencional com intuito de causar dano, o que em regra pressuporá uma ligação ou confiança

especial entre a administração e o terceiro

(26)

+

Bibliografia

Abreu, Jorge Coutinho de, Curso de Direito Comercial, II, 5.ª ed, 2015

Böttcher, Verpflichtung des Vorstands einer AG zur Durchführung einer Due Diligence, NZG, 2005, 49 ss

Cordeiro, Da responsabilidade civil dos administradores das sociedades

comerciais, Lex, 1996

Cordeiro, António Menezes, A lealdade no direito das sociedades, ROA, 2006

Cordeiro, António Menezes, Direito das Sociedades, II, 2.ª ed, 2007 Cordeiro, António Menezes, Tratado de Direito Civil,VI, 2012

Cunha, Paulo Olavo, Direito das Sociedades Comerciais, 5.º ed, 2012

Frada, Manuel Carneiro da, A business judgement rule no quadro dos

deveres gerais dos administradores, Nos 20 anos do Código das

(27)

+

Bibliografia

Frada, Manuel Carneiro da, Uma “terceira via” no direito da responsabilidade

civil?, 1997

Henssler/Strohn/Liebscher, AktG 2014, 2.ª ed., §131 Hüffer/Koch, Aktiengesetz, 11.ª ed., 2014, §131

Hölters, Aktiengesetz, 2.ª ed, 2014

Hölters, Wolfgang (org), Handbuch des Unternehmens- und Beteiligungskaufs, 2005, 6.ª ed

Ferreira, Rui Cardona, Acesso à informação nas sociedades anónimas (abertas e fechadas) e responsabilidade civil, no prelo

Labareda João, Direito à informação, Problemas de Direito das Sociedades

Müller, Gestattung der Due Diligence durch den Vorstand der

Aktiengesellschaft, NJW, 2000, 3452 ss MüKoAktG/Kubis, AktG §131

(28)

+

Bibliografia

Kiethe, Vorstandshaftung aufgrund fehlerhafter Due Diligence beim Unternehmenskauf, NZG, 1999, 976 ss

Oliveira, Ana Perestrelo, Grupos de sociedades e deveres de lealdade, 2012

Oliveira, Nuno Pinto, Responsabilidade civil dos administradores – entre o direito civil, direito das sociedades e direito da insolvência, 2015

Rittmeister, Due diligence und Geheimhaltungspflichten beim

Unternehmenskauf..., NZG, 2004, 1032 ss

Spindler/Stilz/Siems, AktG, 2015, 3.ª ed., §131

Vasconcelos, Pedro Pais, Responsabilidade civil dos gestores das

Referências

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