DIAGNÓSTICO QUALITATIVO DA INTENSIDADE DE ILUMINAÇÃO DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CATARINENSE CAMPUS CAMBORIÚ
Mateus Testoni CARVALHO (Bolsista IFC – Campus Camboriú), Michele LOTTERMANN, Polyana Mayara Fonseca da CRUZ, Maria Amélia PELLIZZETTI (Orientadora IFC – Campus Camboriú).
Introdução
A excelência do ensino se dá através de diversos fatores, entre eles, um que se faz imprescindível é a estrutura. Esta pode ser entendida como o espaço físico e os instrumentos que o compõe. Desta forma, o Instituto Federal Catarinense Campus Camboriú fora analisado no quesito iluminação, aspecto estrutural fundamental para a execução das atividades.
A iluminação pode ser obtida através da medição de sua intensidade, também chamada de iluminância, que demonstra a quantidade de luz que incide sobre uma superfície, provindo tanto de fontes naturais, como artificiais, através da unidade de medida lux (lx) que corresponde a 1 lúmen por metro quadrado (lm/m²), representando a unidade de fluxo luminoso por área (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Como base fora utilizada a NBR 5413:1992 - Iluminância de interiores, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que dispõe sobre os valores de iluminâncias médias, mínimas e máximas para ambientes de trabalho, assim como a metodologia para a realização da medição.
O Ministério do Trabalho e Emprego possui uma norma técnica relacionada à ergonomia: a Norma Regulamentadora nº 17 (NR17). Esta dispõe que a iluminação deve ser adequada e homogênea em todo ambiente, evitar reflexos e sombras, assim como ajustar-se a atividade desenvolvida (ABRAHÃO et al, 2009).
Para atingir os objetivos da NR17 várias particularidades devem ser consideradas, tais como: a quantidade e distribuição uniforme da iluminância; a área de trabalho e distribuição do maquinário; as janelas, venezianas e cortinas; a manutenção e limpeza dos ambientes; a necessidade de luz requisitada em cada horário, ademais, as condições climáticas (ABRAHÃO et al, 2009); (BARBOSA FILHO, 2001); (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Todos os fatores interferem diretamente no conforto visual e na visão de quem utiliza os ambientes, sendo necessária a adequação desses à norma. A atividade laboral requer iluminâncias diferenciadas para cada tipo de encargo, de maneira que atividades mais
minuciosas carecem de um lux mais elevado, como o uso de computadores e em laboratórios (ABRAHÃO et al, 2009); (BARBOSA FILHO, 2001); (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Uma iluminação baixa poderá causar efeitos adversos, tanto ao procedimento realizado, resultando em possíveis erros ou acidentes, e na diminuição da produtividade dos usuários, gerando fadiga ocular e irritabilidade visual, provocando alterações de humor, dificuldade de concentração e sono (ABRAHÃO et al, 2009); (BARBOSA FILHO, 2001);
(LIMA et al, 2009). O excesso de iluminância também causa adversidades, como o reflexo e desconforto visual, além de possíveis dores de cabeça. De forma geral, uma iluminação inadequada em uma instituição de ensino acaba impedindo o aproveitamento total da aula e prejudicando o rendimento escolar, paralelamente a possíveis impactos para a visão do indivíduo. Portanto, convém evitar excessos e a insuficiência de luz (ABRAHÃO et al, 2009);
(BARBOSA FILHO, 2001); (LIMA et al, 2009).
Assim, faz-se necessária a medição da iluminância e a comparação dos valores obtidos com a norma, tendo em vista uma possível constatação dos locais que mais carecem de iluminação, dos que excedem o necessário, assim como daqueles que se adequam à NBR 5413, sendo plausível a verificação dos porquês da luminosidade atual e a elaboração de medidas corretivas para ambientes que apresentam irregularidades.
Material e Métodos
Os aparelhos utilizados para a medição são chamados de luxímetros, que são dispositivos que possuem uma fotocélula que capta a intensidade de iluminação e que a reproduz em uma tela de LCD através da unidade de medida lux (ABRAHÃO et al, 2009).
Para que a análise fosse mais eficiente, a mensuração fora realizada nos períodos vespertino e noturno, sendo destacadas as situações climáticas e estruturais, como a incidência solar e as lâmpadas queimadas, respectivamente.
A obtenção dos dados ocorreu nos blocos de A a F do IFC – Campus Camboriú, compreendendo salas, laboratórios, banheiros, corredores e demais ambientes que abrigam o maior fluxo de pessoas do campus. A medição fora feita com base na norma ABNT NBR 5413:1992 - Iluminância de interiores, dispondo que a utilização dos luxímetros deve ocorrer com este sobre as mesas de trabalho ou, quando não houver estas, a 75 cm do piso.
Os resultados foram tabulados em planilhas digitais nas quais foram calculadas a média, o desvio padrão e o coeficiente de variação, uma vez que a primeira é utilizada para uma análise mais geral do diagnóstico, enquanto o segundo e o terceiro são para determinar a variância, que não deve exceder 10% dos valores entre os resultados da medição de um mesmo ambiente, como determina a norma.
Simultaneamente à tabulação e aos cálculos, foram produzidas ilustrações do layout dos ambientes verificados em plataformas digitais de desenho e, posteriormente, as tabelas, a quantidade de lâmpadas e as imagens foram inseridas em um documento, juntamente aos valores descritos na norma, permitindo a realização de um comparativo com os resultados obtidos.
A fim de relacionar os resultados obtidos através da medição e a norma, utilizaram- se na análise os valores padronizados como mínimo, médio e máximo (Tabela 1).
Tabela 1 – Valores padrão utilizados na análise.
Pontos Lux
Mínimo Médio Máximo Corredores e escadas 75 100 150
Salas de aula 200 300 500
Quadros 300 500 750
Laboratórios 300 500 750
Banheiros 100 150 200
Sala de leitura 300 500 750
Estantes 200 300 500
Fichário 200 300 500
Hall 200 300 500
Fonte: ABNT NBR 5413:1992.
Resultados e discussão
Na avaliação da iluminação algumas dificuldades foram encontradas, destacando-se:
1) a dificuldade em obter os resultados em determinadas salas, por estas se encontrarem ocupadas, em aula ou trancadas; 2) locomoção, devido à distância do campus das residências dos integrantes da equipe de trabalho; e 3) quanto ao tempo necessário para a execução das atividades.
Assim, obtiveram-se valores de 71 salas no período diurno, mantendo-se um padrão de cortinas fechadas (quando houvesse) e lâmpadas acesas; no período noturno, por sua vez,
70 salas foram analisadas. Abaixo se pode verificar a porcentagem das salas conforme o seu enquadramento, sendo a primeira para o dia e o segundo para a noite (Figuras 1 e 2).
Figura 1 – Enquadramento dos ambientes amostrados durante o dia.
Figura 2 – Enquadramento dos ambientes amostrados durante a noite.
Percebe-se que há diferenças dos resultados coletados com os valores normatizados, com aproximadamente 50% das medições fora do adequado em ambos os períodos. No período diurno a inconformidade se dá, sobretudo, pelo acima do padronizado, e no contraturno, pelo abaixo. Tal discrepância ocorre pela incidência solar e pelas lâmpadas queimadas, fatores observados principalmente nos laboratórios da instituição, devido à idade dos prédios em que estes se encontram, contudo, é vista uma situação contrária nas salas de aula, uma vez que se localizam em prédios projetados para as atividades realizadas atualmente.
A variância máxima estabelecida pela NBR 5413, que denota homogeneidade do ambiente, foi ultrapassada em grande parte dos locais amostrados, pelo fato das lâmpadas
13%
14%
34%
8%
31%
DIA ABAIXO
MÍNIMO MÉDIO MÁXIMO ACIMA AD
EQ UA DO
37%
17%
29%
4%
13%
NOITE ABAIXO
MÍNIMO MÉDIO MÁXIMO ACIMA AD
EQ UA DO
estarem dispostas de forma inadequada, além das luminárias que não potencializam a propagação da luz.
É importante salientar que a atual situação estrutural de alguns blocos, especialmente nos mais antigos, não atende às atividades, podendo-se inferir que alguns problemas de visão, de aproveitamento, entre outros, podem ocorrer. Portanto, faz-se necessária uma avaliação contínua da iluminação, evitando o agravamento das adversidades, através de medidas corretivas.
Conclusão
Infere-se, assim, que o monitoramento da qualidade da iluminação é uma atividade muito relevante no âmbito institucional por permitir a elaboração de medidas corretivas, fazendo-se necessário um processo de avaliação contínua. No contexto do IFC Campus Camboriú a medição ocorreu nos locais de maior fluxo de alunos e professores, de modo a indicar as irregularidades e disparidades existentes, sobretudo em salas de aula e laboratórios, nos quais se observa que a estrutura inadequada para a realização das atividades influi na iluminação sendo preciso, em curto prazo, a troca de lâmpadas e luminárias ineficientes e, em longo prazo, a readequação dos ambientes ou a criação de novos prédios, com um planejamento específico e duradouro.
Referências
ABRAHÃO, Júlia et al. Introdução à ergonomia: da prática à teoria. São Paulo: Blücher, 2009. 240 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 5413 - Iluminância de interiores. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. 13 p.
BARBOSA FILHO, Antonio Nunes. Segurança do trabalho & gestão ambiental. São Paulo:
Atlas, 2001. 158 p.
KROEMER, K. H. E; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. 327 p.
LIMA, Carlos Augusto Ferreira et al. Luminotécnica: matemática e iluminação, fatores de excelência na aprendizagem. 120 p. Monografia em Matemática - UEMA. Imperatriz, 2009.