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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO III SEMINÁRIO DE PESQUISA DA FESPSP

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Academic year: 2021

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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO III SEMINÁRIO DE PESQUISA DA FESPSP

ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO APLICADA AOS WEBSITES DE INSTITUIÇÕES ARQUIVÍSTICAS: A USABILIDADE E A CARTOGRAFIA DA INTERNET DENTRO DA CONVERGÊNCIA DE INFORMAÇÕES

Pesquisadora: Carla Alessandra Cerqueira Augusto e-mail: carlac_augusto@yahoo.com.br Orientador: Charlley dos Santos Luz e-mail: charlleyluz@gmail.com

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RESUMO

Na sociedade contemporânea, dentro do cenário da era da informação e do conhecimento, além da globalização, do advento das tecnologias da informação e da Internet, vivemos o desafio de gerenciar uma grande quantidade de conteúdos em diferentes formatos, suportes e plataformas. Nesse contexto, a arquitetura da informação no ambiente digital possui um importante papel na estruturação e disponibilização da informação de maneira que ela possa se transformar em conhecimento. Este trabalho pretende apontar as vantagens e desvantagens da aplicação da usabilidade na cartografia e estruturação de sítio eletrônico baseados nos elementos da Arquitetura da Informação com foco nos usuários. Para tanto, foi realizado estudo de caso de website que possui base de dados arquivística utilizando a análise heurística conforme orientações de Cláudia Dias e a aplicação dos conceitos da Arquivologia.

Palavras-chave: Arquitetura da informação, Usabilidade, Cartografia na Web, Análise Heurística.

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea vive, desde o advento dos computadores e da Internet, uma revolução no que se refere à quantidade de informação produzida e sua circulação. A evolução da tecnologia resultou na multiplicação de documentos e conteúdos em diferentes formatos gravados em vários tipos de mídias e plataformas que precisam ser processados, organizados e tratados para que as informações contidas possam estar organizadas e acessíveis.

Com este trabalho, buscamos compreender processos que possam melhorar a usabilidade dos websites facilitando o acesso às informações e criando cartografias que permitam que durante a navegação o usuário obtenha maior aproveitamento dos conteúdos disponibilizados pelas instituições arquivísticas em seus sítios eletrônicos.

Para constatação da aplicação da usabilidade realizamos a análise heurística no estudo de caso do website do Projeto DAMI - Projeto de Digitalização do Acervo Histórico do Museu Imperial, que está localizado no sítio eletrônico http://www.museuimperial.gov.br/dami/.

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Pretendemos demonstrar, com este trabalho, como a Arquitetura da Informação e a usabilidade com foco no usuário podem construir cartografias de navegação que tornem o acesso à informação no ambiente digital mais eficaz e eficiente para os usuários.

2. ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO NO AMBIENTE DIGITAL

Para o usuário, a informação é uma ferramenta que oferece o conhecimento necessário para resolver seus problemas e necessidades. Compreender estas necessidades é entender a causa que o motivou a buscar informações. O foco no usuário, ou seja, a busca em compreender as situações particulares de uso de informação e o que ocorre antes e depois das interações do usuário com o sistema, é a base do estudo da usabilidade no contexto da Arquitetura da Informação.

A Arquitetura de Informação no ambiente digital se propõe a organizar a informação para que os usuários possam navegar e encontrá-la de forma organizada, além de analisar os caminhos que o usuário percorre para chegar até a informação desejada. Esta análise serve para adequar a estrutura de navegação e de busca de informações de acordo com os objetivos do website e as necessidades do usuário.

Conforme definição de Rosenfeld e Morville (2006, p.4), Arquitetura da Informação é uma combinação de organização, rotulagem, busca e sistemas de navegação dentro de websites e intranets. O projeto estrutural de ambientes compartilhados de informação que priorizam a organização descritiva, temática, visual e navegacional de informações deve estar com objetivos bem definidos, em conformidade com o conteúdo, o contexto e o usuário, adequando assim o dimensionamento e o direcionamento dos serviços e dos produtos informacionais aos usuários potenciais.

No famoso livro com o urso polar na capa, Rosenfeld e Morville (2006) definem Arquitetura de Informação como:

1. A combinação dos esquemas de organização, rotulação e navegação dentro de um sistema de informação.

2. O design estrutural do espaço informacional para facilitar a completude das tarefas e o acesso intuitivo ao conteúdo.

3. A arte e a ciência de estruturar e classificar websites e intranets para ajudar as pessoas a encontrar e gerenciar informação.

4. Uma disciplina emergente e uma comunidade de prática focada em trazer princípios do design e arquitetura ao espaço digital.

A Arquitetura da Informação Digital visa à estruturação de informações para torná-las disponíveis e acessíveis aos usuários. Verificamos que o sistema de organização como um todo é responsável pela estruturação dos conteúdos que irão compor o website.

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O objetivo da Arquitetura de Informação é organizar a informação de forma que seus usuários possam assimilá-las com facilidade. Para tanto, duas disciplinas que estudam o design centrado no usuário auxiliam a melhorar a metodologia e a qualidade do produto final dos projetos de arquitetura de informação de websites: Ciência da Informação e Interação Humano-Computador.

A Ciência da Informação colabora com estudos sobre os usuários e suas necessidades de informação e pode auxiliar a compreendê-los melhor. Já a Interação Humano-Computador colabora com análises de usabilidade que possuem técnicas para validar com usuários a eficácia e eficiência das soluções.

Ou seja, enquanto a abordagem da Interação Humano-Computador contribui com técnicas para identificar as tarefas dos usuários e avaliar seu uso do website, a Ciência da Informação, com sua abordagem de Design Centrado no Usuário, contribui com técnicas para realizar pesquisas mais abrangentes sobre os usuários e suas necessidades.

Rosenfeld e Morville (2006) reforçam a importância de compreender os usuários, suas necessidades, tarefas, hábitos e comportamentos. Outro ponto importante é o conteúdo que será apresentado, além do contexto de uso do sistema de informação.

2.1. Arquitetura da Informação Digital e Cartografia na Web

O arquiteto e designer gráfico Richard Saul Wurman, em 1976, quando presidiu a conferência nacional do AIA - American Institute of Archictets, consagrou o termo

“arquitetura da informação” como uma nova disciplina designada a ajudar a organização da grande quantidade de informação gerada pela sociedade. A primeira abordagem da arquitetura da informação proposta por Wurman começou baseada na mídia impressa, principalmente na produção de guias, mapas e atlas.

Wurman desenvolveu a arquitetura da informação quando ainda não existia a internet, com o objetivo de organizar a informação para torná-la clara. Ainda hoje seus estudos continuam válidos e aplicáveis, sendo utilizados na organização de websites/portais e bibliotecas digitais.

(...) trata de organizar a informação para torná-la clara, embora a mesma também esteja relacionada com a apresentação e disposição da informação, permitindo a criação no ambiente web, de um espaço informacional por onde o usuário é capaz de navegar/mover-se de forma mais eficiente às suas necessidades de informação. (WURMAN, 2001)

Com o advento da internet, os ambientes digitais se transformaram em interfaces de relacionamento informacional em que os usuários tornaram-se produtores de documentos,

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informações e conhecimento. Além do mais, a internet é um ambiente não-linear que não possui um fluxo único.

A navegação em hipertexto está relacionada à evolução da tecnologia computacional em que os usuários têm acesso a interfaces cada vez mais interativas. Cada página possui diversas entradas e saídas e o resultado disso é, por muitas vezes, a desorientação de quem usa o sítio. Por isso é importante que o website informe ao usuário em que contexto ele se encontra, o que a página faz e demarque claramente a navegação por meio de uma cartografia (mapa do site) previamente estruturada. Charlley dos Santos Luz (2010, p.49) comenta a interatividade de acesso:

(...) um item importante para a arquitetura de informação de ambientes digitais é lembrar que a world wide web é um sistema baseado em navegação por âncoras, onde milhares de hyperlinks guiam os usuários em busca da informação. Essas âncoras (ou zonas de salto) é a função mais básica da Internet e um de seus princípios. Configura-se que o acesso às informações não é linear, é interativo.

A navegação na Web é um ato interativo e construtivo representado na escolha “por qual link seguir” feita pelo próprio usuário. Diferentes grupos de usuário têm necessidades, compreensões e usos diferentes para a mesma informação.

Dentre os diversos tipos de problemas que podem afetar o uso de um website, chama a atenção os relacionados com a organização das suas informações. Falhas nessa organização provocam nos usuários confusão, frustração, dificultando o uso do website.

A otimização e o mapeamento dos caminhos a serem percorridos pelos usuários necessitam ser previamente definidos no processo de aplicação de estrutura ou esquemas de organização, com a validação dos caminhos construídos, para que o usuário visualize facilmente todo o conteúdo desejado e quais caminhos podem ser percorridos dentro da estrutura do site. Assim, um sistema de navegação é complementar ao sistema de organização do website, na medida em que permite maior flexibilidade e movimentação, uma vez que a navegabilidade de um website está diretamente relacionada à sua funcionalidade.

Visando a melhoria da qualidade do acesso às informações pelos usuários, a cartografia na internet tem como objetivo mapear o ciberespaço. O acesso às informações pode ser facilitado com a criação de cartografias capazes de permitir que durante a navegação rotas sejam criadas possibilitando melhor aproveitamento do conteúdo disponibilizado pelo website.

Rosenfeld e Morville (2006) apresentam quatro sistemas que reúnem todos os elementos de interação do usuário com o website e servem de modelo para organizar o trabalho do arquiteto da informação. Os sistemas são:

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• Sistema de Organização (Organization System): define o agrupamento e a categorização de todo o conteúdo informacional.

• Sistema de Navegação (Navegation System): especifica as maneiras de navegar, de se mover pelo espaço informacional e hipertextual.

• Sistema de Rotulação (Labeling System): estabelece as formas de representação, de apresentação, da informação, definindo signos para cada elemento informativo.

• Sistema de Busca (Search System): determina as perguntas que o usuário pode fazer e o conjunto de respostas que irá obter.

Os sistemas de organização, de navegação e de rotulação são os principais pontos de interação para o usuário executar a navegação pelo website. Alterar esses sistemas envolve a reorganização, reclassificação e readequação de todo o conteúdo, obrigando o usuário a reaprender a utilizar o website.

O sistema de navegação é um dos elementos mais importantes do projeto de planejamento de um website. Este sistema precisa ser organizado previamente para que a interação do usuário com o conteúdo do sítio eletrônico aconteça de maneira satisfatória.

Quando o sistema de navegação de um website está bem estruturado, o usuário pode determinar a sua localização, navegar pelo melhor caminho e em menor tempo, uma vez que não passará por diferentes páginas ou links inválidos até encontrar a informação que busca.

Conforme Nielsen (2000), o sistema de navegação precisa apresentar dois níveis de localização. O primeiro nível mostra a posição do usuário em relação à Web e identifica em que website o usuário está. O segundo nível apresenta ao usuário a sua localização em relação à estrutura interna do website. Esses dois níveis de localização devem ser apresentados em todas as páginas porque nem sempre o usuário entra no website através da homepage.

É muito comum se utilizar um website de busca, como o Google, por exemplo, para descobrir as páginas que interessam dentro do website e acessá-las. Dessa forma, a navegação pode começar por uma página interna qualquer e não necessariamente pela homepage.

Referente à função do sistema de navegação, verificamos que o problema está na capacidade dos rótulos em contextualizar e sintetizar o conteúdo da página que representam de maneira a otimizar a navegação, possibilitando ao usuário decidir qual caminho seguir para localizar o que procura. Os rótulos, geralmente encontrados nos menus e nas barras de navegação, precisam representar a estrutura e os conteúdos do site e apresentarem uma linguagem mais próxima do usuário para facilitar a busca e o acesso.

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A Arquitetura da Informação oferece suporte na busca pelo conteúdo e realização de tarefas levando em consideração a navegação e a interação do usuário com o ambiente digital. Como afirma Nielsen (2000, p.15), o objetivo da Arquitetura da Informação deve ser o de estruturar o site “para espelhar as tarefas dos usuários e suas visões do espaço de informação”.

A Arquitetura da Informação auxilia na criação ou reformulação de uma interface. Os seus elementos abrangentes são: mapa do site, fluxogramas de navegação, wireframes – planta baixa do site. Os websites devem ser criados para satisfazer os usuários tanto internos como externos à instituição. Espera-se que as informações neles contidas alcancem grande divulgação e gerem conhecimentos. Para isso existem regras na sua estrutura que auxiliam na navegação, na acessibilidade, no uso e na usabilidade. Essas regras são chamadas de heurísticas.

2.2. A relação entre a Arquitetura da Informação e a Arquivística

No livro “Arquivologia 2.0: A informação digital humana”, o especialista em ciência da informação Charlley Luz (2010, p.47) levanta as relações entre a Arquitetura de Informação e a Arquivística. Ambas apresentam um perfil parecido e possuem alicerces na Ciência da Informação.

Quando realizam processos de descrição arquivística, de elaboração de instrumentos de pesquisa e indexação de arquivos, os arquivistas analisam as informações importantes para o público, além de definir a estrutura para arranjar os documentos. Neste processo, o arquivista está arquitetando a organização das informações de um arquivo.

No caso dos ambientes digitais, os arquivistas podem analisar os públicos que irão acessar os portais e sites e organizar as informações de forma lógica. Agrupar as informações por área de interesse num portal, portanto, é muito parecido com a classificação de grupos de documentos nos fundos, criando suas respectivas classes.

Assim, organizar informações de um portal classificando-as por áreas de interesse é muito parecido com criar uma tabela de arranjo.

O arquiteto Wurman desenvolveu a seguinte definição:

Arquiteto de informação: a) a pessoa que organiza os padrões que são inerentes aos dados, tornando o conjunto inteligível; b) a pessoa que cria a estrutura ou mapa das informações que permite que outras pessoas achem seus caminhos pessoais até o conhecimento; c) a profissão que surge no século XXI, voltada para as necessidades desta época, e que tem como foco a clareza, a compreensão humana e a ciência da organização da informação.

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A diferença entre as informações tratadas por arquivistas e arquitetos da informação é quanto a sua utilização. Enquanto na arquivística a preocupação é com a integridade e valor de prova da informação, na arquitetura de informação o foco é a utilização (a eficiência e a eficácia) no uso das informações possíveis e disponíveis no ambiente digital. As duas áreas buscam a organização das informações para futura disponibilização aos usuários.

O documento, do ponto de vista arquivístico, caracteriza-se pelo registro de informação orgânica, utilizada como prova, testemunho, tomada de decisão e informação sendo produzido como resultado das ações de entidades e pessoas.

(...) a função primordial dos arquivos é disponibilizar as informações contidas nos documentos para tomada de decisão e comprovação de direitos e obrigações, o que só se efetivará se os documentos estiverem corretamente classificados e devidamente guardados.

Mais importante, pois do que guardar (arquivar) é achar, rapidamente (recuperar as informações), no momento desejado. (PAES 2004 p.60)

Nos ambientes digitais, os websites, os documentos hipermídia produzidos visam à divulgação, promoção, exposição e comunicação de informações a um determinado público.

Uma convergência entre o arquivista e o arquiteto da informação é o fato de ambos utilizarem vocabulário controlado que, segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, é o conjunto normalizado de termos que serve à indexação e à recuperação da informação.

Eis um ponto em comum claro entre as duas áreas: o uso de vocabulário controlado para descrever suas informações, no mundo web através de metadados e no mundo arquivístico através de instrumentos de descrição.

(LUZ, 2010, p.53)

O arquivista utiliza-se da criação de instrumentos de descrição que facilitem o acesso às informações, como a classificação, arranjo e a descrição de documentos que geram os instrumentos de pesquisa determinando rótulos para cada tipo de informação num acervo.

O arquiteto de informação emprega a taxonomia, o uso de tags ou tesauros, além do uso de metadados para descrever as informações.

A taxonomia é um sistema que classifica e facilita o acesso à informação.

Permite alocar, recuperar e comunicar informações dentro de um sistema, de forma lógica. Ela serve, além de facilitar a navegação em interfaces, para indexar conteúdos e estruturar bases de documentos. (LUZ, 2010, p.82)

A taxonomia é uma classificação que uniformiza e categoriza por similaridade os conteúdos, controla a diversidade de expressões do conhecimento, oferece um mapa de navegação e serve como guia em processos de conhecimento.

A tradução do inglês para tag é etiqueta e é utilizada para classificar conteúdo e para facilitar que os usuários o encontrem. Termo associado com uma informação que o

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descreve e permite uma classificação da informação baseada em palavras-chave. O

“tagueamento” é um recurso encontrado em muitos sites de conteúdo colaborativo, normalmente um item tem uma ou mais tags ou etiquetas associadas a ele.

Metadados são “dados que descrevem os dados”, ou seja, são informações úteis para identificar, localizar, compreender e gerenciar os dados.

Segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística, Tesauro é um

“vocabulário controlado que reúne termos derivados da linguagem natural, normalizados e preferenciais, agrupados por afinidade semântica, com indicação de relações de equivalência, hierárquicas, partitivas, de negação e funcionais estabelecidas entre eles”.

Atualmente, a taxonomia sofre a influência da folcsonomia. Antes, a instituição arquivística gerava as informações como resultado das suas atividades, agora temos a interação dos usuários gerando informações como, por exemplo, por meio do uso de tags.

(...) a folcsonomia é a vivência do usuário representado na classificação, criando um campo de metadado a ser aplicado na taxonomia. E isso mostra que a experiência do usuário ainda é importante para o planejamento, implantação e manutenção de ambientes digitais e para as informações que ali são dispostas. (LUZ, 2010, p.87)

A folcsonomia facilita a construção de um mapa dos desejos dos usuários e de seu universo semântico. Ao analisar uma nuvem de tags, por exemplo, teremos uma lista das palavras mais buscadas pelos usuários. Isto não acrescenta qualidade ao conteúdo, mas representa desejos e informações buscadas e metadados aplicados por uma média de usuários. (LUZ, 2010, p.86)

No processo de indexação, a folcsonomia é mais um elemento que precisa ser combinado com o vocabulário controlado. Isso porque a tag, como metadado, necessita de tratamento e contextualização no processo de descrição de um recurso digital. Caso contrário, o processo de “tagueamento” não será eficiente e nem eficaz, uma vez que quando documentamos os metadados e os disponibilizamos, estamos enriquecendo a semântica do dado produzido. Os metadados devem fazer parte do trabalho dos arquivistas digitais.

Atualmente, o arquivista vive o desafio de estruturar as informações disponíveis nos ambientes digitais de maneira a construí-las como conteúdos que geram conhecimento para os usuários.Nesse sentido, os portais e websites passam a ser uma área de trabalho dos arquivistas, uma vez que as informações, os registros de tomada de decisão e das relações entre instituições e pessoas encontram-se nesses locais.

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3. USABILIDADE NA WEB

A usabilidade caracteriza o uso dos programas e aplicações e depende de um acordo entre as características de sua interface e as características de seus usuários ao buscarem determinados objetivos em determinadas situações de uso. A essência da usabilidade é o acordo entre interface, usuário, tarefa e ambiente. Os princípios de usabilidade são responsáveis pela interação do usuário com o website de maneira que consiga recuperar e acessar as informações sem obstáculos.

A usabilidade é um atributo de qualidade relacionado à facilidade do uso de algo. Mais especificamente, refere-se à rapidez com que os usuários podem aprender a usar alguma coisa, a eficiência deles ao usá-la, o quanto lembram daquilo, seu grau de propensão a erros e o quanto gostam de utilizá-la. (NIELSEN, 2007, p.xvi)

Usabilidade é conceito chave na Interação Humano-Computador. A norma ISO 9241- 11:1998 a define como a capacidade na qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar objetivos específicos com efetividade, eficiência e satisfação num contexto específico de uso. Uma mesma interface pode proporcionar interações satisfatórias para usuários experientes e deixar a desejar para usuários novatos. As pessoas desenvolvem estratégias e contextos de operação muito variados, as situações de uso evoluem com o tempo e com o uso do sistema.

Com o aparecimento de novas possibilidades de uso e funcionalidades as pessoas passam a usar os dispositivos de maneira diferente e desenvolvem novas expectativas. A interação humano-computador deve ser pensada como um processo porque a experiência do usuário está em constante evolução. Esse processo é desenvolvido pela usabilidade, que visa maximizar os resultados e minimizar os recursos necessários.

Usabilidade é a capacidade de um produto ser usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto específico de uso (ISO 9241-11,1998) (DIAS, 2007, p.27)

Sobre a importância da usabilidade, Dias (2007, p.28) comenta:

Um sistema interativo é considerado eficaz quando possibilita que os usuários atinjam seus objetivos. A eficácia é a principal motivação que leva um usuário a utilizar um produto ou sistema. Se um sistema é fácil de usar, fácil de aprender e mesmo agradável ao usuário, mas não consegue atender a objetivos específicos de usuários específicos, ele não será usado, mesmo que seja oferecido gratuitamente.

Logo, a aplicação de análises de usabilidade leva a contínuas melhorias do website.

Claudia Dias (2007) apresenta uma série de princípios que suportam a usabilidade:

Eficácia e eficiência de uso – o sistema deve ser eficiente a tal ponto de permitir que o usuário, tendo aprendido a interagir com ele, atinja níveis altos de produtividade na realização de suas tarefas. (p.33)

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Satisfação subjetiva – o usuário considera agradável a interação com sistema e se sente subjetivamente satisfeito com ele. (p.35)

Facilidade de aprendizado – o sistema deve ser fácil de aprender de tal forma que o usuário consiga rapidamente explorá-lo e realizar suas tarefas com ele. (p.29)

Facilidade de memorização – após um certo período sem utilizá-lo, o usuário não freqüente é capaz de retornar ao sistema e realizar suas tarefas sem a necessidade de reaprender como interagir com ele (p.34)

• Baixa taxa de erros – em um sistema com baixa taxa de erros, o usuário é capaz de realizar tarefas sem maiores transtornos, recuperando erros, caso ocorram (p.34)

Consistência – tarefas similares requerem sequências de ações similares, assim como ações iguais devem acarretar efeitos iguais. Usar terminologia, leiaute gráfico, conjuntos de cores e de fontes padronizados também são medidas de consistência. (p.36)

Flexibilidade – refere-se à variedade de formas com que o usuário e o sistema trocam informações. Este atributo diz respeito à capacidade do sistema em se adaptar ao contexto e às necessidades e preferências do usuário, tornando seu uso mais eficiente. Em função da diversidade de tipos de usuários de um sistema interativo, é necessário que sua interface seja flexível o bastante para realizar a mesma tarefa de diferentes maneiras, de acordo com o contexto e com as características de cada tipo de usuário.

(p.37)

Estruturado nos elementos da Arquitetura da Informação e baseado nos princípios de usabilidade descritos acima, o website deve, portanto, revelar seu conteúdo de maneira simples, explicar como ele deve ser usado (quantas opções os usuários possuem) e gerar confiança por parte dos usuários. Dias (2007, p.27) apresenta o seguinte esquema sobre o conceito de usabilidade:

Figura 1 - Esquema do conceito de usabilidade de Dias.

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Dias (2007, p.27) retoma, ainda, os conceitos sobre o usuário da ISO 9241-11:1998 e afirma que:

(...) o usuário é definido como a pessoa que interage com o produto. O contexto de uso está relacionado aos usuários, tarefas, equipamentos (hardware, software e materiais) e com o ambiente físico e social em que o produto é usado. A eficácia é a precisão e clareza com que os usuários atingem objetivos específicos, acessando a informação correta ou gerando resultados esperados.

3.1. Análise heurística

Charlley Luz nos apresenta uma definição para heurística:

Heurísticas são regras de análise e parâmetros eficientes que são usadas para fazer avaliações. São baseadas nas melhores práticas e experiências dos usuários frente a ambientes virtuais. As heurísticas são baseadas em princípios de comportamento da informação, da interação humano- computador, da navegabilidade, ergonomia cognitiva e Gestalt, que extrai das atividades de uso e da pesquisa dos ambientes virtuais uma avaliação.

(LUZ, 2010, p.62)

Claudia Dias também ressalta objetivos da análise heurística:

A avaliação heurística é um método de inspeção sistemático da usabilidade de sistemas interativos, cujo objetivo é identificar problemas de usabilidade que, posteriormente, serão analisados e corrigidos ao longo do sistema.

(DIAS, 2007, p.62)

Uma avaliação heurística representa um julgamento de valor sobre as qualidades ergonômicas das Interfaces Humano-Computador. Essa avaliação é realizada por especialistas em ergonomia, com base na sua experiência e competência no assunto. Os avaliadores se baseiam em heurísticas ou em padrões de usabilidade desenvolvidos por especialistas na área, como Jakob Nielsen, Ben Scheinederman, Dominique Scapin e Christian Bastien.

Temos também a norma ISO 9241-11- Requisitos ergonômicos para trabalho de escritório com computadores. A parte 10 da ISO 9241 fornece princípios ergonômicos formulados em termos gerais, isto é, eles são apresentados sem referência às situações de uso, aplicação, ambiente ou tecnologia. Pretende-se que estes princípios sejam usados na especificação, projeto e avaliação de diálogos que representam a interação entre um usuário e um sistema para alcançar um objetivo particular. O usuário é o indivíduo interagindo com o sistema.

Um dos maiores especialistas em usabilidade nos Estados Unidos é Jakob Nielsen, autor do livro “Usability engineering”, de 1994. No início dos anos 90 Nielsen analisou, em

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estudos empíricos, um conjunto de 249 problemas de usabilidades. A partir destes estudos ele propôs dez heurísticas de usabilidade. Segundo Dias (2007), a avaliação heurística foi desenvolvida como um método de “engenharia de usabilidade com desconto”. É fácil, rápido e pouco oneroso sendo considerado adequado para a avaliação de portais web.

As dez heurísticas de usabilidade de Nielsen são as seguintes:

01. Visibilidade do estado do sistema;

02. Mapeamento entre o sistema e o mundo real;

03. Liberdade e controle ao usuário;

04. Consistência e padrões;

05. Prevenção de erros;

06. Reconhecer em vez de relembrar;

07. Flexibilidade e eficiência de uso;

08. Design estético e minimalista;

09. Suporte para o usuário reconhecer, diagnosticar e recuperar erros;

10. Ajuda e documentação.

O estudo sobre usabilidade motivou o interesse de diversos pesquisadores. Entre eles, Ben Shneiderman, no livro “Designing the user interface”, refere-se especificamente ao projeto de diálogos entre humanos e computadores, e propõe oito regras:

01. Perseguir a consistência;

02. Fornecer atalhos;

03. Fornecer feedback informativo;

04. Marcar o final dos diálogos;

05. Fornecer prevenção e manipulação simples de erros;

06. Permitir o cancelamento das ações;

07. Fornecer controle e iniciativa ao usuário;

08. Reduzir a carga de memória de trabalho.

4. ANÁLISE DO WEBSITE DO PROJETO DAMI

Para análise do Projeto DAMI no aspecto arquivístico, utilizamos a normatização do Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ referente à descrição arquivística, no caso a NOBRADE - Norma Brasileira de Descrição Arquivística, que é utilizada para estruturar os registros de metadados do website.

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No contexto da arquitetura da informação, baseando-se em critérios de usabilidade e em padrões definidos pelos teóricos Jackob Nielsen e Cláudia Dias, avaliamos a usabilidade do website do Projeto DAMI no portal do Museu Imperial utilizando as “Heurísticas para avaliação de usabilidade de portais corporativos”, guia elaborado por Cláudia Dias, autora referência no campo de estudo da ciência e da tecnologia da informação no Brasil.

Optamos por essas fontes para avaliação tendo em vista que o Museu Imperial é uma instituição da esfera do Governo Federal sendo regido por essas normativas.

O principal objetivo das recomendações de Cláudia Dias é orientar a avaliação de sites Web e promover sua usabilidade, tornando mais fácil e rápido o acesso às informações disponíveis em portais Web institucionais.

As heurísticas definidas neste documento basearam-se na experiência prática de vários pesquisadores em testes com usuários. Foram consideradas em especial, as heurísticas de usabilidade para Web de Nielsen (1994), os critérios ergonômicos de Bastien & Scapin (1993), as recomendações de Bevan (1998), Instone (1997) e Nielsen (1994-1999), as

“regras de ouro” para o projeto de interfaces de Shneiderman (1998) e o guia de estilos para serviços de informação via web de Parizotto (1997).

(DIAS, 2007, p.194)

4.1. Considerações sobre o Projeto DAMI

O Museu Imperial, localizado em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, foi inaugurado em 16 de março de 1943 e possui um acervo com aproximadamente 360 mil itens distribuídos entre peças de natureza arquivística, bibliográfica e museológica.

Em sua apresentação no website do Museu verifica-se que o Projeto DAMI iniciou o processo de digitalização das coleções que compõem o acervo da instituição em outubro de 2009. Quando concluído, todo o acervo do Museu Imperial estará disponível na internet e o usuário/pesquisador terá livre acesso, por meio de uma base de dados, tanto às imagens digitalizadas de cada item do acervo quanto ao conteúdo detalhado sobre cada uma delas.

O trabalho do Projeto DAMI encontra-se somente no início, existe a previsão da necessidade de, no mínimo, dez anos para a digitalização completa dos documentos, livros, periódicos e demais objetos de arte e história que compõem o diverso acervo do Museu Imperial.

O objeto deste estudo é o website que apresenta a finalização da primeira etapa do Projeto, com a disponibilização de sete coleções ou arquivos: o Arquivo da Casa Imperial do Brasil (POB – Inventário de 1249 a 1806), a Coleção Carlos Gomes, a Coleção Família do Conde Modesto Leal, a Coleção Família Imperial, a Coleção Sérgio Eduardo Lemgruber, a

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Coleção Tobias do Rego Monteiro e a Coleção Visconde de Itaboraí, que, somadas totalizam 746 itens, com 16.908 imagens.

Com o Projeto DAMI, o Museu reconhece a importância do meio virtual na sociedade contemporânea e demonstra interesse em utilizar a tecnologia como um meio de disseminação e consequente democratização do acesso à informação e ao conhecimento.

Por outro lado, pretende, com a adoção de novas tecnologias, possibilitar a implementação de uma política eficaz de preservação, proteção do acervo histórico e artístico, principalmente no que tange aos itens que se encontram mais frágeis e sujeitos à deterioração devido ao seu constante manuseio. Nesse aspecto, temos explícita a missão do Museu Imperial de preservar, disseminar e democratizar o seu acervo.

4.2. O Projeto DAMI e o uso da NOBRADE

O Projeto DAMI utiliza a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE), que é a normatização do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) referente à descrição arquivística como sistema de descrição automatizado para estruturar os registros de metadados do seu website.

Embora a norma tenha sido pensada para utilização em sistemas de descrição automatizados ou não, as vantagens de seu uso são potencializadas nos primeiros. O respeito a esta norma em sistemas manuais pode facilitar posterior passagem dos dados para sistemas automatizados. Para intercâmbio nacional ou internacional de dados, ainda que o uso da norma não seja suficiente, constitui requisito fundamental.

(NOBRADE p.11)

Conforme verificamos no item “âmbito e objetivos” da NOBRADE, p.10,

(...) a norma estabelece diretivas para a descrição no Brasil de documentos arquivísticos, compatíveis com as normas internacionais em vigor ISAD(G) Norma Geral Internacional de descrição arquivística e ISAAR (CPF) Norma Internacional de registro de autoridade arquivística para entidades coletivas, pessoas e famílias e tem em vista facilitar o acesso e o intercâmbio de informações em âmbito nacional e internacional. Embora voltada preferencialmente para a descrição de documentos em fase permanente, pode também ser aplicada à descrição em fases corrente e intermediária.

As normas para descrição de documentos arquivísticos visam garantir descrições consistentes, apropriadas e auto-explicativas. A padronização da descrição, além de proporcionar maior qualidade ao trabalho técnico, contribui para a economia dos recursos aplicados e para a otimização das informações recuperadas. Ao mesmo tempo que influem no tratamento técnico realizado pelas entidades custodiadoras, as normas habilitam o pesquisador ao uso mais ágil de instrumentos de pesquisa que estruturam de maneira semelhante a informação.

A NOBRADE pode ser aplicada à descrição de qualquer documento, independentemente de seu suporte ou gênero, mas sempre que necessário devem ser acrescentadas informações específicas para determinados gêneros de documentos.

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Verificamos problemas na construção do ambiente digital utilizando os elementos descritivos como organizadores da navegação do usuário no site do arquivo. Isso porque o usuário precisa de uma navegação estruturada e simplificada para saber onde está, para onde vai e onde esteve, conforme define NIELSEN (2000). O primeiro nível mostra a posição do usuário em relação à Web e identifica em que website ele está.

Ao utilizar somente os elementos descritores como instrumentos de navegação, um menu estrutural contará com muitos itens que podem confundir e complicar a pesquisa do usuário que, em geral, não conhece as normas de descrição arquivística.

Os elementos descritores são como os metadados, são estruturais e devem ser orientadores do trabalho do arquivista , é como um espetáculo de teatro tem o diretor do espetáculo que fica atrás, nos bastidores. Para isso servem os elementos descritivos, agem nos bastidores para fornecerem uma melhor visão do contexto e das informações dos acervos, e assim deve-se utilizar a descrição no caso de um site. (LUZ 2010 p.57)

Os rótulos de informações consistentes possibilitam aos usuários decidir qual caminho seguir para chegar às informações que procuram de maneira que reconheçam os conteúdos que são apresentados e os acessem rápida e eficientemente.

O arquivista deve criar instrumentos que facilitem o acesso às informações, como a classificação, arranjo e a descrição de documentos, determinando rótulos para cada tipo de informação num acervo. O ideal é seguir as instruções da Arquitetura da Informação e da usabilidade e exibir menus simplificados e com linguagem acessível aos usuários. Essa linguagem será obtida com a análise dos usuários que utilizam o sítio do Projeto DAMI. Isso porque o usuário que acessa o website não precisa necessariamente conhecer as técnicas de descrição arquivística.

4.3. Análise heurística do website do Projeto DAMI

Para realização da análise heurística do website do Projeto DAMI utilizamos o guia

“Heurísticas para avaliação de usabilidade de portais corporativos”, elaborado em 10 de maio de 2001 por Cláudia Dias, que é composto das sete heurísticas descritas a seguir:

Heurística 1 - Visibilidade e reconhecimento do estado ou contexto atual e condução do usuário.

O portal deve sempre manter o usuário informado quanto à página em que ele se encontra como chegou até a sua página e quais são suas opções de saída, isto é, onde ele se encontra numa sequência de interações ou na execução de uma tarefa. (DIAS, 2007)

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O acesso ao website do Projeto DAMI pode ser feito por meio do Portal do Museu Imperial por diretório, por serviço de busca e por quadro de atividades.

Na página principal do Projeto DAMI encontram-se rótulos que representam as áreas cobertas pelo website. A página principal apresenta, em sua metade esquerda os seguintes campos: “Apresentação”, “Museologia”, “Arquivo Histórico”, “Biblioteca” e “Coleções Digitalizadas”. Ao entrar em “Apresentação”, há um link “voltar”. Nos demais, caso o usuário pretenda retornar à página principal do Projeto DAMI, deve clicar em “DAMI - Museu Imperial >”.

Em “Pesquisa por vocabulário controlado” é possível selecionar o tipo de vocabulário controlado que deseja pesquisar e realizar a pesquisa em mais de um vocabulário simultaneamente. O vocabulário está dividido em funções e assuntos. Também é possível pesquisar por um sistema de busca.

Heurística 2 - Projeto estético e minimalista.

A respeito da segunda heurística, Cláudia Dias (2007) afirma que:

(...) refere-se às características que possam dificultar ou facilitar a leitura e a compreensão do conteúdo disponível no portal. Dentre essas características, destacam-se a legibilidade, a estética e a densidade informacional.

Um portal legível e esteticamente agradável facilita a leitura da informação nele apresentada, melhorando inclusive o desempenho do usuário na realização da tarefa proposta e influenciando seu nível de satisfação durante a interação com o portal.

O portal não deve conter informações irrelevantes ou raramente necessárias, pois cada unidade extra de informação compete com as unidades relevantes de dados, diminuindo a visibilidade relativa das informações importantes.

Na página inicial do Projeto DAMI verificamos que a disposição dos itens no leiaute do website é poluída, com imagens desnecessárias que confundem o usuário com relação ao que deve ser “clicável”. Os itens clicáveis, no caso as caixas com os títulos em preto, mudam de cor para branco e o ponteiro altera para o formato para mão. Sobre essa questão, Nielsen (2007 p.189) afirma:

De fato, quanto menos objetos na página, maior a probabilidade de as pessoas os perceberem. Com muitos elementos rivalizando, todos os itens perdem a importância.

É melhor apresentar claramente algo em um único lugar. Reduzir a redundância minimiza a poluição, facilitando a localização das informações.

É recomendável, nesta página, estabelecer níveis de detalhamento, apresentando, em primeiro plano, os aspectos mais importantes e gerais, deixando os detalhes para outras

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páginas suplementares que poderão ser acessadas pelos usuários interessados em mais informações sobre o assunto.

Heurística 3 - Controle do usuário.

Esta heurística relaciona-se ao controle que o usuário sempre deve ter sobre o processamento de suas ações no portal. Claudia Dias (2007) explica:

As ações do portal devem ser reversíveis, isto é, o usuário deve ser capaz de desfazer pelo menos a última ação realizada. Essa capacidade diminui a ansiedade, pois o usuário sabe, de antemão, que os erros cometidos podem ser corrigidos, encorajando-o a explorar opções desconhecidas do portal.

Verificamos que o site apresenta ao usuário o caminho percorrido para chegar ao documento pesquisado. Existe também um identificador em que o usuário pode criar um atalho para acessar e citar o documento. A pesquisa pode ser refeita no campo de busca, presente em todas as páginas do website do Projeto DAMI. Em último caso, o usuário pode utilizar a seta do browser e retornar à página visitada anteriormente.

Heurística 4 - Flexibilidade e eficiência de uso.

Sobre a importância de um website oferecer opções de navegação ao usuário, Claudia Dias (2007) afirma:

Esta heurística diz respeito à capacidade do portal em se adaptar ao contexto e às necessidades e preferências do usuário, tornando seu uso mais eficiente.

Em função da diversidade de tipos de usuários de um portal, é necessário que sua interface seja flexível o bastante para realizar a mesma tarefa de diferentes maneiras, de acordo com o contexto e com as características de cada tipo de usuário. Deve-se fornecer ao usuário procedimentos e opções diferentes para atingir o mesmo objetivo, da forma que mais lhe convier.

Verificamos que o sítio eletrônico do Projeto DAMI possui diferentes opções de pesquisa e acesso às informações. Na página principal existem os rótulos: Museologia, Arquivo histórico, Biblioteca, Coleções digitalizadas, Artistas, Vocabulário controlado e Novas digitalizações. Nas páginas que se abrem ao clicar em cada um dos rótulos, bem como na página principal, existe um sistema de busca avançada. Também é possível navegar pelas opções do menu lateral esquerdo: Coleções & Entradas de dados, Setor de guarda, Categoria, Período, Assunto e Autor.

Cláudia Dias (2007) afirma, ainda, que as diversas opções devem estar evidentes para que o usuário escolha seu caminho a percorrer:

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Projetar a página de forma que as informações ou elementos importantes estejam visíveis, sem a necessidade de rolagem vertical ou horizontal da tela.

Devido ao uso da NOBRADE, são apresentados muitos itens ao acessar o registro completo de metadados. Para visualizar todas as informações da ficha é necessário rolar a página verticalmente três vezes.

Jakob Nielsen comenta a disponibilidade de usuário em relação a páginas muito longas:

(...) os usuários gastam em média 30 segundos em uma homepage e rolam o mínimo possível. Na web é comum os usuários saírem da página porque as informações que precisavam estava abaixo da dobra e não estavam visíveis na primeira visita. (NIELSEN, 2007 p.100)

Para solucionar essa questão, o site do Projeto DAMI precisa estruturar o acesso da página com as informações principais do resultado da pesquisa antes da dobra ou sem a necessidade de rolar muitas vezes a página.

Heurística 5 - Prevenção de erros.

Os comentários de Claudia Dias (2007) para a quinta heurística, prevenção de erros, são as seguintes:

Esta heurística relaciona-se a todos os mecanismos que permitem evitar ou reduzir a ocorrência de erros, assim como corrigir os erros que porventura ocorram.

Quanto menor a probabilidade de erros, menos interrupções ocorrem, melhorando o desempenho do usuário.

Remover dados / páginas desatualizadas, como por exemplo, páginas convidando os usuários para participarem de eventos que já ocorreram.

Para adequar a página principal do Projeto DAMI à quinta heurística de Claudia Dias, sugerimos que se retire o rótulo “Seminário nacional de digitalização, preservação e difusão de acervos patrimoniais”, que ocorreu em 2011.

Verificamos que, para evitar erros e facilitar a pesquisa, os títulos das páginas são adequados, não repetitivos e possuem de duas a seis palavras.

Heurística 6 - Consistência

Segundo Claudia Dias (2007), a sexta heurística

(...) refere-se à homogeneidade e coerência na escolha de opções durante o projeto da interface do portal (denominação, localização, formato, cor, linguagem). Contextos ou situações similares devem ter tratamento e/ou apresentação semelhantes.

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Verificamos o site do Projeto DAMI quanto à coerência tanto visual quanto de navegação, pois existe um estilo padrão para o projeto das páginas: modelo de capa, leiaute, cores, fontes e formatos de campos, além de mensagens no contexto geral e de forma consistente em todas as páginas. Há um modelo de funcionamento para a navegação e todas as páginas possuem, no canto superior direito, caixa de entrada de dados para busca.

Heurística 7 - Compatibilidade com o contexto

Quanto à sétima heurística, Claudia Dias (2007) explica que deve haver coerência entre a linguagem utilizada e as características de comunicação do usuário mais provável do site. Ela explica que esta heurística

(...) refere-se à correlação direta entre o portal e seu contexto de aplicação.

As características do portal devem ser compatíveis com as características dos usuários e das tarefas que estes pretendem realizar com o portal.

O portal deve “falar” a língua do usuário, com palavras, frases e conceitos familiares, ao invés de termos relacionados ao portal ou à tecnologia Web.

As convenções do mundo real devem ser seguidas, apresentando informações em uma ordem lógica e natural.

A estrutura deve ser determinada pelas tarefas que os usuários pretendem realizar por meio do portal.

Utilizar palavras da linguagem natural e/ou técnica corporativa que sejam familiares aos usuários.

A linguagem utilizada no site do Projeto DAMI é, portanto, a do contexto da Ciência da Informação e da Arquivologia como: coleção, entrada de dados, setor de guarda e categoria.

A descrição dos documentos é feita conforme a operação denominada pela arquivologia de arranjo, que é a classificação no âmbito dos arquivos permanentes, e é estruturado conforme o funcionamento da administração. A terminologia utilizada é de vocabulário controlado, além do uso das normas de descrição arquivística NOBRADE.

Utilizou-se de vocabulário controlado para os rótulos de navegação “Categoria” e “Assunto”.

Uma das hipóteses que utilizamos para compreender a classificação por instrumentos de pesquisa como coleções, arquivo e o uso de vocabulário controlado corresponde o que orienta Heloísa Liberalli Bellotto:

(...) o princípio do respect des fonds (agrupamento sistemático dos papéis de um fundo de forma a que não se misturem com os demais fundos) o que preside a organização dos acervos arquivísticos de terceira idade, evidencia-se que, nesta fase, são ainda a estrutura e o funcionamento da administração os elementos norteadores do arranjo. (BELLOTTO, 2004,

p.29)

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Para Schellenberg, arranjo é o “processo de agrupamento dos documentos singulares em unidades significativas e o agrupamento, em relação significativa de tais unidades entre si”. A “relação significativa” a que o autor alude nada mais é que o princípio da organicidade que prevalece na produção e, consequentemente, na organização do arquivo. Na terminologia arquivística brasileira, consagrou-se o uso da palavra “arranjo”, evidentemente traduzido do inglês arrangement, e que corresponde à classificação nos arquivos correntes.

(...) Entretanto, na prática arquivística brasileira, tem permanecido o uso do vocábulo “arranjo” para designar a organização dos documentos nos arquivos de terceira idade. (BELLOTTO, 2004, p.135)

A análise para verificar se a terminologia utilizada no Projeto DAMI é adequada para o usuário habitual leva em conta o que está na Apresentação do website:

Nesse âmbito, o Projeto DAMI (Projeto de Digitalização do Acervo do Museu Imperial) foi idealizado objetivando a disponibilização de todo o acervo do Museu Imperial na internet, por meio do desenvolvimento de uma base de dados que possibilite ao usuário/pesquisador o acesso tanto às imagens, representantes digitais de cada item do acervo, quanto ao conteúdo detalhado sobre cada uma delas.

No texto de apresentação há um link para convidar o usuário a tornar-se patrocinador das digitalizações do Projeto. No texto desta área “Patrocine a Digitalização do Acervo do Museu Imperial” há o seguinte trecho:

Parte deste riquíssimo acervo artístico e histórico já está disponibilizada no portal do Museu, cujo acesso é livre para todos os usuários, permitindo a curiosos, estudantes e pesquisadores realizar uma fantástica viagem pela história do Brasil e do mundo.

Uma vez que o convite é feito a “curiosos, estudantes e pesquisadores”, cabe considerarmos se a utilização somente de elementos descritores como instrumentos de navegação não torna a pesquisa e o acesso à informação complicada ao usuário comum, que, em geral, não conhece as normas de descrição arquivística. Seria recomendável o uso das estratégias da Arquitetura da Informação e da Usabilidade para exibir menus mais simplificados e com linguagem mais acessível a todos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho buscamos compreender os processos que visam melhorar a usabilidade dos websites de forma a facilitar o acesso às informações e criar cartografias que permitam que durante a navegação o usuário possa obter melhor aproveitamento dos conteúdos disponibilizados pelas instituições arquivísticas em seus sítios eletrônicos. Para tanto, realizamos um levantamento bibliográfico que serviu de base para o estudo de caso do website do Projeto DAMI (Projeto de Digitalização do Acervo do Museu Imperial).

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A Arquitetura da Informação em ambiente digital, para aplicação em sítios eletrônicos, ofereceu subsídios para compreender a estruturação da informação.

Verificamos como a aplicação da usabilidade na construção de website cria cartografias de navegação e melhores aplicações para instituições arquivísticas. A usabilidade do website foi analisada com base na heurística de Claudia Dias, que permitiu descrever e compreender o funcionamento do website, além de propor recomendações para implementação de melhorias.

Verificamos que para os usuários obterem eficiência e eficácia nas pesquisas o website precisa ter uma boa estrutura de acervo, possuir um mecanismo de busca que garanta ao pesquisador o acesso ao conteúdo que deseja.

Atualmente, o desafio do arquivista ao organizar as informações disponíveis é estruturá-las nos ambientes digitais de maneira que se constituam como conteúdo que geram conhecimento para os usuários. Para tanto, é fundamental que o arquiteto da informação e o arquivista utilizem os princípios da Ciência da Informação. O que os diferenciam é a utilização da informação. Enquanto na arquivística a preocupação é com a integridade e valor de prova da informação, na arquitetura de informação o foco é a utilização (a eficiência e a eficácia) no uso das informações possíveis e disponíveis no ambiente digital. As duas áreas buscam a organização das informações para futura disponibilização aos usuários.

Concluímos que a otimização e o mapeamento dos caminhos a serem percorridos pelos usuários necessitam ser previamente definidos no processo de aplicação de estrutura ou esquemas de organização, com a validação dos caminhos construídos, para que o usuário visualize facilmente todo o conteúdo desejado e quais caminhos podem ser percorridos dentro da estrutura do site. Um website, com seu sistema de navegação bem definido e organizado, deve permitir ao internauta ir de um ponto ao outro pelo caminho desejado ou pelo menor caminho, possibilitando um melhor aproveitamento do tempo de uso ou de acesso.

Outro ponto importante é o uso da NOBRADE e os conceitos da arquivística para estruturação do sítio eletrônico. O sítio eletrônico deve utilizar desses instrumentos arquivísticos na construção e organização. É importante para os usuários que seja utilizada uma linguagem de acesso mais simplificada baseada nas normas da usabilidade. Isso porque o usuário que acessa o site não conhece, necessariamente, as técnicas de descrição arquivística.

Para que o Projeto DAMI possa atingir os seus objetivos de disseminar e democratizar o acervo do Museu Imperial, permitindo a curiosos, estudantes e

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pesquisadores acesso ao acervo digitalizado, é necessária uma abordagem centrada no uso, ou seja, o usuário deve encontrar sistemas intuitivos, fáceis de aprender e de usar. Tais sistemas causarão menos fadiga e proporcionarão mais conforto ao usuário, além de garantir maior qualidade para o resultado final de seu trabalho.

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REFERÊNCIAS

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ARQUIVO NACIONAL. Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 2005.

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos Permanentes: tratamento documental. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação. Padrões web em governo eletrônico: Cartilha de usabilidade. Brasília: MP, SLTI, 2010. Disponível em:

<http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/padroes-brasil-e-gov/cartilha-de- usabilidade>. Acesso em: 21 set. 2013.

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LEÃO, Lucia (Org.). Interlab: labirintos do pensamento contemporâneo. São Paulo:

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LUZ, Charlley dos Santos. Arquivologia 2.0: a informação digital humana, excertos de um arquivista 2.0 no mundo digital. Florianópolis: Bookess, 2010.

NIELSEN, J. Usabilidade na web. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

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PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e pratica. 3.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

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ROSENFELD, L.; MORVILLE, P. Information architecture for the World Wide Web. 3.ed.

Sebastopol, CA: O'Reilly, 2006.

VIDOTTI, Silvana A.B.G.; SANCHES, Silviane A. Arquitetura da informação de web sites.

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abril. 2014.

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Sites pesquisados:

http://www.museuimperial.gov.br/dami/

http://arquivistadoispontozero.wordpress.com/

Referências

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