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IV Seminário de Iniciação Científica

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Academic year: 2021

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O BOM PROFESSOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA E A SUA RELAÇÃO COM OS MÉTODOS DE ENSINO

Ângela Cristina de Jesus Jancitsky

1

; Marília Moreira de Souza

1

; Pollyanna Morais Espíndola

2

; Ms. Marcelo da Silva Pericoli

3

RESUMO

Apesar de insatisfações em relação ao ensino e aprendizagem de língua estrangeira nas escolas do ensino fundamental e médio, há relatos de professores que conseguem bons resultados em suas aulas. Nesta pesquisa serão observados os métodos para ensino de línguas usados por estes professores a fim de investigar a relação entre o bom professor e os seus métodos ou abordagem. É apresentado um breve resumo de alguns métodos e abordagens mais praticados no ensino de segunda língua ou língua estrangeira, seus principais objetivos e as técnicas típicas destes métodos para o ensino de línguas. Descreve-se posteriormente os dados coletados junto aos bons professores através de questionários, entrevistas e observação de aulas. O trabalho apresenta, em seguida, as relações entre os métodos de ensino e a prática do bom professor.

Palavras-chave

Língua Estrangeira (LE). Métodos. Professor.

1. Introdução

A realidade atual demonstra que, geralmente, a escola não tem alcançado o ensino eficaz de língua estrangeira. Tal pensamento é compartilhado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais:

Embora seu conhecimento seja altamente prestigiado na sociedade, as línguas estrangeiras, como disciplinas, se encontram deslocadas da escola. A proliferação de cursos particulares é evidência clara para tal afirmação. Seu ensino, como o de outras disciplinas, é função da escola, e é lá que deve ocorrer.

(PCN's, 1998: 19)

1 Acadêmicas em Licenciatura Plena em Letras da Universidade Estadual de Goiás. Pesquisadoras bolsistas do PBIC/UEG.

2 Acadêmica em Licenciatura Plena em Letras da Universidade Estadual de Goiás. Pesquisadora colaboradora voluntária do PBIC.

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O ensino de línguas estrangeiras em nossas escolas está distante de ser o ideal, no entanto, há, extraordinariamente, alunos que obtém um resultado aceitável, através de professores que acreditam conduzir o processo de ensino e aprendizagem adequadamente, possibilitando o alcance de bons resultados. Acredita-se que a escolha do(s) método(s) para o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira é de grande importância para a obtenção de resultados positivos, opinião compartilhada por Almeida Filho,

Do ponto de vista da Lingüística Aplicada, temos como desejável a crescente explicitação pelos professores da sua abordagem de ensinar. Professores cujas abordagens permanecem desconhecidas por quem as pratica podem até ser professores bem-sucedidos, mas são mestres mágicos ou dogmáticos cuja perícia não se pode reproduzir através da compreensão e cujo fracasso não podemos tratar profissionalmente.

(ALMEIDA FILHO, 2002: 18)

Este trabalho tem como objetivo identificar bons professores de língua estrangeira e observar suas práticas, respaldadas por escolhas de métodos, a fim de oferecer sugestões que terão grande relevância no presente contexto do ensino de língua estrangeira (doravante LE).

Pretende-se através de estudo teórico e dos exemplos dos bons professores pesquisados, expor reflexões que conduzam a melhoria do processo de ensino e aprendizagem de LE.

2. Material e Métodos

Esta pesquisa foi desenvolvida para o projeto PBIC-UEG, e adotou-se a abordagem qualitativa de tipo etnográfico, sendo esta modalidade a mais adequada para o trabalho desenvolvido. Segundo André (1995: 28), um trabalho caracteriza-se como do tipo etnográfico

“quando ele faz uso das técnicas que tradicionalmente são utilizadas à etnografia, ou seja, a observação participante, a entrevista intensiva e a análise de documentos”.

Esta pesquisa tem como objetivo inicial identificar o uso de métodos e abordagens de

professores que têm sucesso no ensino de LE em escolas regulares do ensino fundamental (2

a

fase) e médio, em escolas públicas e privadas em Anápolis-GO. A pesquisa foi restringida a

professores de Língua Inglesa do ensino médio, pois no questionário aplicado aos alunos os

professores de Inglês no nível médio foram os mais mencionados. Por meio de reflexão teórica

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e observações da prática de ensino dos professores selecionados, propõe-se observar a relação entre o bom professor e o(s) método(s) utilizado(s).

Foram feitas entrevistas por meio de questionários e gravação de áudio. Nesta etapa buscaram-se as opiniões e reflexões dos professores pesquisados em relação às suas frustrações e expectativas sobre o ensino e aprendizagem em nossa região, sobre as suas metodologias e escolhas de abordagens e métodos.

Foram observadas e gravadas, pelas pesquisadoras, duas aulas de cada professor. Tais observações têm como finalidade identificar as relações diretas entre o bom professor e o(s) método(s) utilizados. Segundo Cunha (1989), há a necessidade de viver um fato e não somente relatar sobre ele, a observação das aulas é o meio de examinar o cotidiano do professor e relacionar suas opiniões com suas práticas. Através desta verificação pode-se obter respostas mais concretas sobre a escolha pedagógica do professor.

Após esta etapa fez-se uma análise das aulas confrontando os dados com a revisão bibliográfica estudada, possibilitando, assim, uma reflexão sobre o propósito da pesquisa, ou seja, a relação entre o bom professor e a sua escolha de método(s) para o ensino de LE.

3. Resultados e Discussão

Observação do Bom Professor - Para efeitos de pesquisa não usaremos os nomes dos professores, mas serão designados P1, P2 e P3. Estes três professores foram entrevistados em duas ocasiões e foram observadas duas aulas de cada um.

P1 e P2 demonstram um relacionamento amigável com os alunos estabelecendo confiança por meio de sua proximidade com eles. Esse tipo de ambiente facilita a aprendizagem, proporcionando ao aluno maior segurança em relação ao professor e ao conteúdo ensinado. Pereira, parafraseando Gauthier, afirma,

Os professores que se aproximam dos alunos ao falar, que utilizam o contato físico de forma socialmente apropriada, que são mais expressivos oralmente, que sorriem mais, que demonstram uma maior abertura por meio de suas atitudes corporais, que utilizam freqüentemente o contato visual e que organizam a sala de aula em função das interações, exercem uma influência favorável sobre os alunos.

(GAUTHIER apud PEREIRA, 2000: 38)

Nas aulas de P1 e P2 observou-se a aplicação desta filosofia. O P2 dispõe os alunos em

semicírculo, estabelecendo um ambiente de igualdade e proximidade entre educandos e

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educadora. O P1 tem contato constante com os alunos, conversando muito com eles, demonstrando interesse na vida cotidiana do aluno. P1, P2 e P3 partilham da mesma opinião.

As abordagens e os métodos desenvolvidos até a década de 1950 eram bastante tecnicistas, preocupavam-se inteiramente com a transmissão e assimilação do conteúdo. A partir de então as novas abordagens e métodos que surgiram apoiados na Psicologia e na Lingüística desenvolveram valores humanistas, ou seja, para uma aprendizagem eficaz era necessário não apenas o conteúdo, mas também as condições físicas e afetivas que envolvem todo o processo de aprendizagem. Os métodos Silencioso, Comunitário e a Abordagem Comunicativa seguem esta tendência humanista. P1 e P2, portanto, adotam as diretrizes destes métodos. A metodologia utilizada por eles varia de acordo com o enfoque do ensino em suas aulas. Em determinados momentos demonstram uma postura centralizadora, porém na maior parte do tempo assumem uma postura mediadora. Esta postura dos professores revela a aplicação dos conceitos mais modernos de métodos e abordagens. Durante as aulas observadas, P3 evidencia na maior parte do tempo uma posição centralizadora, conduzindo as atividades com poucas intervenções dos alunos. O professor oferece diversas sugestões para os alunos vestibulandos a respeito de língua e fonética e dicas para a prova de vestibular. Esta atitude do professor nos remete aos métodos Gramática e Tradução, Direto e Áudio-Lingual que possuem uma visão técnica do ensino, focalizado nas estruturas da língua e menos no relacionamento professor-aluno.

Nas aulas do P1 observou-se vários momentos em que ele pediu aos alunos que

traduzissem frases da língua materna para a língua alvo objetivando o uso da língua

estrangeira em sala de aula. Esta prática enquadra-se no método Gramática e Tradução. O foco

de suas aulas foi principalmente baseado na prática de estruturas gramaticais, entretanto houve

preocupação com a habilidade oral, pois o professor trabalhou a pronúncia de alguns termos

que os aprendizes tinham dificuldades em pronunciar, corrigindo imediatamente os erros dos

alunos. Esta atitude corresponde ao Método Áudio- lingual, que não tolera os erros e objetiva a

acuidade da pronúncia, através da repetição constante de termos e expressões. O P3 enfatizou

em sua aula a tradução de textos permeados de orientações gramatic ais com o objetivo de

preparar o aluno para interpretações de textos no vestibular. Sendo este o seu principal foco,

também se enquadra no método Gramática e Tradução. O P2 orienta, questiona e induz o

aluno a pensar na resposta. Observou-se que sua preocupação não estava focada apenas nas

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estruturas gramaticais, mas essencialmente no desenvolvimento da habilidade de comunicação, sendo estas características próprias do método Comunicativo.

Observou-se que o P1 e P2 priorizaram a gramática e se preocuparam com a pronúncia dos alunos, embora eles tenham apresentado dificuldades. O P3 priorizou a interpretação, tradução e gramática isolada. O método da gramática e tradução acredita que o aprendizado da língua só ocorre com o domínio da gramática. Para os métodos Direto e Áudio- Lingual a gramática é de grande importância, pois o aprendiz deve ter um domínio da língua próximo ao do falante nativo. Para métodos mais recentes como o Comunicativo a gramática é um dos aspectos que contribui para o aprendizado da língua e tem participação periférica no processo, já que o objetivo principal é a comunicação e não a perfeição. Convém enfatizar que foram observadas apenas duas aulas de cada professor, não sendo, portanto, possível afirmar que as atitudes apresentadas durante estas aulas sejam rotineiras. Fez-se uma comparação entre o que foi exposto durante os questionários e entrevistas e as aulas observadas.

Verificou-se que os três professores observados tiveram um bom aproveitamento do tempo disponível para suas aulas, demonstraram segurança sobre o conteúdo ministrado, tendo bom desempenho na explanação de suas aulas e utilizaram corretamente a linguagem oral e escrita.

4. Conclusões

Verifica-se que os bons professores utilizaram-se de vários métodos, não havendo, portanto, um método específico que caracterize as ações de um bom ensino e aprendizagem de língua estrangeira. No entanto, apesar do uso de métodos tradicionais, na maior parte do tempo os professores pesquisados preferem o uso de métodos e abordagens mais recentes.

Observa-se que não há escolha de único método, mas o uso de técnicas e crenças pertencentes a vários métodos. O conceito do bom professor para os alunos entrevistados está intimamente ligado não apenas à questão do domínio de conteúdo, mas também ao aspecto afetivo, dinamismo das aulas e aproximação com a realidade do aluno. Tais características são contempladas pelos métodos modernos que visam não somente o aprendizado, como também a parte emocional do aprendiz.

A pesquisa mostra que não se pode recriminar o uso de métodos mais tradicionais, uma

vez que atendem com relativa eficácia às necessidades e os objetivos curriculares exigidos,

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como também os exames de acesso à universidade. No entanto, os professores considerados bons não se limitam ao ensino de estruturas gramaticais, mas enriquecem suas aulas com outros aspectos pertinentes à língua, pois entendem que o conhecimento real está relacionado a um conjunto de habilidades.

Portanto, não se pode afirmar que haja um método ideal ou que determinado método seja mais eficiente que outro, mas características de diversos métodos utilizados em momentos propícios contribuem para o ensino eficaz. Desta forma, é responsabilidade do professor conhecer os diversos métodos e abordagens e discernir quando aplicá- los. A crença de que não é possível haver boa aprendizagem de uma língua estrangeira em escolas de ensino regular contradiz os resultados obtidos por meio da pesquisa, visto que foram observados alunos com boa aquisição de LE através de professores que utilizam métodos adequados.

A pesquisa mostra que se o professor conhece os diversos métodos e reflete sobre sua prática de ensino, torna-se mais consciente e seu objetivo pode ser verdadeiramente alcançado.

As reflexões propostas neste trabalho não se encerram com esta pesquisa, mas colaboram para o aprofundamento da discussão sobre a relação entre métodos e bons professores. A pesquisa contribui para o estudo na área e propõe que novos estudos sejam realizados.

6. Bibliografia

ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes. Dimensões Comunicativas no Ensino de Línguas. São Paulo: Pontes, 2002.

ANDRÉ, Marli Eliza D. A. A Etnografia da Prática Escolar. 2

a

ed., Campinas: Pirus, 1995.

CUNHA, Maria Isabel da. O Bom Professor e Sua Prática. Campinas: Papirus Editora, 1989.

LARSEN-FREEMAN, Diane. Techniques and Principles in Language Teaching. New York:

Oxford American English, 2003.

Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998.

PEREIRA, Libna Lemos Ignácio. Estudo sobre Características Profissionais de Professores

Formadores em Cursos de Licenciatura. Dissertação de Mestrado. Universidade de

Guarulhos, Outubro, 2000.

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