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DEPRESSÃO NA VELHICE: UMA ANÁLISE HOLÍSTICA. Alexandra Lara Calixto de Lima 2 ; André de Carvalho-Barreto 2

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Academic year: 2021

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DEPRESSÃO NA VELHICE: UMA ANÁLISE HOLÍSTICA Alexandra Lara Calixto de Lima2; André de Carvalho-Barreto2

1Discente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá. E-mail: laracalixto-crf@hotmail.com

2Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá. E-mail: andrebarreto@unicatolicaquixada.edu.br

RESUMO

A presente investigação objetivou realizar uma análise teórica a partir da teoria holística sobre a depressão em idosos. Para atingir este objetivo, elegeu-se como método a revisão da literatura não sistemática na qual a partir de leituras de livros, capítulos de livros e artigos sobre os temas: holísmo, depressão e idosos tentou-se compreender a relação e correlação entre estes três temas. O envelhecimento mundial tem sido o causador do aumento expressivo de políticas públicas de saúde para os idosos. Um dos principais problemas de saúde que se tem estudado e buscado intervenção tem sido a depressão no idoso. Nas políticas públicas destinadas à saúde do idoso, apesar da prevalência de uma perspectiva biopsicossocial, identifica-se que estas políticas deixam de contemplar aspectos holísticos no tratamento e prevenção da depressão do idoso. O Holismo foi uma teoria ampliada por Jan Smuts em 1926 a partir de preceitos do filósofo Aristóteles. Smuts traz uma percepção de ser humano integrado, como um organismo que é inter-relacionado e interdependênte com os aspectos físicos, biológicos, psicológicos, sociais, culturais e espirituais que estão em no ser humano e a sua volta. Neste contexto, percebe-se nos estudos e políticas destinadas a intervenção de idosos portadores de transtorno depressivo que alguns destes aspectos não são contemplados. Esta não completude de percepção sobre o individuo interfere na forma que será tratado o idoso com depressão e a velocidade que irá se recuperar. Espera-se ao final desta investigação colaborar para discussão sobre a depressão em idosos e fornecer elementos para melhorar políticas públicas destinadas ao idoso.

Palavras-chave: Envelhecimento. Idoso. Saúde Mental. Holismo; Depressão INTRODUÇÃO

Um dos principais problemas de saúde que se tem estudado e buscado intervenção tem sido a depressão no idoso. Nas políticas públicas destinadas à saúde do idoso, apesar da prevalência de uma perspectiva biopsicossocial, identifica-se que estas políticas deixam de contemplar aspectos holísticos no tratamento e prevenção da depressão do idoso. Uma das práticas de intervenção e análise deste fenômeno que tem sido empregada pelas Ciências da Saúde tem sido a perspectiva Holística. Assim, presente investigação objetivou realizar uma análise teórica a partir da teoria holística sobre a depressão em idosos.

METODOLOGIA

Para atingir este objetivo, elegeu-se como método a revisão da literatura não sistemática na qual a partir de leituras de livros, capítulos de livros e artigos sobre os temas: holísmo, depressão e idosos tentou-se compreender a relação e correlação entre estes três temas. As bases de dados utilizadas forma o Google Acadêmico e o acervo da biblioteca do Centro Universitário Católica de Quixadá (Unicatólica).

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O ENVELHECIMENTO

Envelhecer envolve diversos conceitos e características como a mudança da rotina de vida, a objetividade dos seus dias e sua funcionalidade. O envelhecimento pressupõe uma análise do idoso, enquanto sujeito que tem papéis sociais e inserido neste ambiente, pode se constituir como um ator social, capaz de lutar pelos seus direitos e mobilizar-se em favor do seu reconhecimento e melhores condições de vida. Hoje, existe um esforço maior para combater o preconceito com base na idade, com os diferentes estilos de vida, é possível identificar que atualmente o idoso tornou-se mais independente e a sua capacidade de interagir com o seu ambiente físico e social tornou-se mais ampla. Por isso, é importante ressaltar que o envelhecimento humano não deve ser considerado apenas pela ótica cronológica, mas sim, por diversos aspectos.

O idoso, por algumas questões biológicas e fisiológicas, pode apresentar certas limitações ou dificuldades especificas, mas isso não significa a incapacidade de realizar tarefas. Porém, na perspectiva social atual, o idoso é considerado muitas vezes como um incômodo, por não atuar na velocidade e na maneira que os jovens julgam mais corretas ou mais adequadas. Segundo Beauvoir (1990, p. 265), “é a classe dominante que impõe às pessoas idosas seu estatuto; mas o conjunto da população ativa se faz cúmplice dela”.

Conforme afirma Ferrigno (2006) a construção social das gerações se concretiza através do estabelecimento de valores morais e expectativas de conduta para cada uma delas, em diferentes etapas da história. A existência social do idoso representa que este não é apenas um indivíduo, sujeito biológico, que se restringe a um processo de evolução do nascimento até a morte, pois como afirma Bazo (1996), “a velhice, mais que um conceito biológico, é uma construção social”. E por se tratar de uma construção social, deve revestir-se de valor que passa por um processo de conhecimento de si e de como se é reconhecido.

O conhecimento de si é dado pelo reconhecimento reciproco dos indivíduos, não apenas em um sentido substantivo de quais grupos o indivíduo pertence, mas, em suas ações como verbo, que constantemente está criando, aprendendo, modificando-se.

Entendemos, pois, que a participação da psicologia na área da saúde, no panorama atual, não deverá se constituir em mais um campo específico de saber, mas deverá promover a interdisciplinaridade na compreensão do homem que vivencia o processo saúde/doença; promover uma interdisciplinaridade que contribua para a superação de diferenças substanciais entre diferentes disciplinas quanto aos critérios de saúde, ideologia, linguagem técnica, modelos de ação, objetivos e enquadres, diferenças que têm conduzido a divergências quanto ao enfoque do registro, da priorização e da interpretação dos dados no que diz respeito "ao estar doente", "a cura" e "ao ter saúde" (FERRARI; LUCHINA; LUCHINA, 1977).

Ainda assim, existem dúvidas a respeito de como o idoso consegue adquirir essa independência e de como tratar problemas que não se limitam apenas no fisiológico. Muitos idosos com problemas comportamentais e mentais tendem a não procurar ajuda. Aparentemente, a principal razão de idosos não procurarem ajuda é sua incapacidade de acessar os serviços de apoio necessário (MACKENZIE et al., 2008). De fato, há uma escassez de profissionais devidamente treinados na área de saúde mental que possa atender os idosos, e essa escassez provavelmente aumentará na mesma proporção que a estimativa de aumento da população mais velha (APA, 2011). De acordo com os assuntos abordados a cima surge a seguinte problematização: Como é possível facilitar o acesso ao psicólogo? Trazer o profissional psicólogo para o ambiente onde o idoso está inserido, facilitando a relação entre profissional e idoso, com a intenção de possibilitar que o idoso leve suas questões individuais ou grupais de comportamento, mental, ou social com a finalidade de atender e solucionar esses questionamentos em conjunto com os outros profissionais no local onde os idosos estão inseridos.

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DEPRESSÃO

Quadros depressivos têm características peculiares na população idosa, há um encolhimento de reação afetiva, com isso há uma predominação de sintomas como perda de vontade das atividades, diminuição do sono, reflexão sobre passado e perda de energia. Todos esses fatores torna o diagnóstico mais complexo no contexto do idoso.

As causas de depressão no idoso configuram-se dentro de um conjunto amplo de componentes genéticos, eventos vitais, doenças incapacitantes, entre outros. Cabe ressaltar que a depressão no idoso frequentemente surge em um contexto de perda da qualidade de vida associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves. (STELLA et al. 2002, p.92)

O aparecimento de transtornos depressivos em idosos tem sido considerado um fator de risco para o desenvolvimento posterior de processo demencial. Alguns estudos sugerem que 50% dos pacientes com depressão evoluem para quadro demencial num período de cinco anos (RASKING, 1998). Sintomas de perda de memória são comuns em pacientes idosos deprimidos, é possível observar essa associação entre sintomas depressivos e os danos cognitivos em idosos com ou sem demência.

De acordo com Stoppe Jr e Louzã Neto (1999, apud STELLA et. al. 2002) existe uma relação mútua entre depressão e demência e existe maneiras nas quais ela se manifesta depressão na demência, onde os sintomas depressivos constituem parte do processo demência. Demência com depressão, os dois adoecimentos estão coexistindo, sendo que os sintomas depressivos se estabelecem em um quadro demencial preexistente. Uma demência na depressão onde a implicação cognitiva resulta o processo depressivo. Depressão com comprometimento cognitivo, é observado que a depressão se evolui com dificuldades cognitivas como concentração e memória recente

A intervenção psicoterapêutica, contando com profissionais especializados em idosos, é possível facilitar a identificação de fatores que pode ser desencadeador dos sintomas depressivos, contribuindo para a orientação dos familiares, dos cuidadores e do próprio paciente.

Dessa forma, investigar a depressão em idosos é de extrema importante, percebido que é um adoecimento prevalente, e que, é comum frequentemente ser observada como uma decorrência natural do processo de envelhecer, negligenciado como possível indicador de uma morbidade que causa cruéis danos à qualidade de vida do idoso e consequentemente de seus familiares, e que resulta prejuízo elevado para a sociedade de modo geral.

O HOLISMO

O holismo surgiu de uma crise da ciência, que requisita a racionalidade, a objetividade e a soma destes como únicos meios de chegar ao conhecimento. Dessa forma, buscando uma nova percepção, que força uma nova demanda no âmbito das diversas ciências proporcionando novas construções e atitudes. O criador do termo holístico foi Jan Smuts (1870-1950) o filósofo sustentou a existência de uma contínua evolutiva entre matéria, vida e mente.

Smuts (1996, apud ALBUQUERQUE, 2008) destacava a importância da Teoria da Relatividade Geral de Einstein como um dos grandes marcos nessa revolução de pensamento. Segundo ele, a evolução não era apenas um processo de reagrupamento de modelos velhos e novos, mas sim um processo de criação, onde se proporciona informações materiais, mentais e psíquicas. Surgem novos valores morais, espirituais e religiosos. Quando o indivíduo assimila algo do meio, está se adaptando ao decorrer de transformações daquilo que foi assimilado ás suas necessidades.

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Assim como um campo físico tem suas linhas de força, o campo orgânico da natureza, que resulta da interpenetração de todos os campos de conjuntos que a compõem, tem suas próprias curvas estruturais de progresso. Na sociedade humana vemos como o campo social ou atmosférico torna-se um sistema de controle, uma influência moldadora à qual todos os membros nele introduzidos estão sujeitos (SMUTS, 1996, p. 342).

Um dos princípios do paradigma holístico é de que todos os elementos não possuem identidade e existência fora da sua totalidade, se envolvem e interagem em um dinamismo de energias. Partindo para a saúde, para esta ser holística é preciso ser observada como um grande sistema de fenômenos multidimensional envolvendo aspectos fisiológicos, sociais, psicológicos e culturais, onde todos são interdependentes e não isolados em partes.

É necessário redimensionar o conceito de saúde, onde a considere como equilíbrio dinâmico, revendo o papel do paciente, é preciso mostrar ao indivíduo sua autonomia de cura. A assistência deve-se tanto individual como social. A relação entre profissional de saúde e paciente será uma nova relação, cuja principal finalidade será educar o paciente acerca da natureza e do significado da enfermidade e das possibilidades de mudança do tipo de vida que o levaram à doença. (CAPRA, 1986).

CONCLUSÃO

A perspectiva holística compreende a depressão no idoso de forma total, na qual é também importante considerar o indivíduo como histórico, processual e muitirelacional, no qual aspectos que possam não ser inerente ao presente do indivíduo, mas relacionado com seu desenvolvimento humano e sua história de vida possam ser causadoras da depressão no idoso. Assim, considera-se que a intervenção com o idoso que está depressivo, deva ocorrer de forma global para que o processo de intervenção venha ampliar seu efeito e redução de recaídas. Espera-se ao final desta investigação, colaborar para ampliação do corpus teórico sobre a compreensão tanto da depressão como do envelhecimento humano, propiciando melhores práticas de intervenção e elaboração de políticas públicas mais amplas e eficientes.

REFRÊNCIAS

ALBURQUEQUE, Patrícia. O holismo em Jan Smuts e Gestalt Terapia Rev. abordagem gestalt. v.14 n.1 Goiânia jun. 2008.

BAZO, M. T; REIS, Madri. Aportaciones de las personas mayores a la sociedad: analisis sociológico. n 73, p. 209-222, 1996.

BEAUVOIR, S. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

FERRARI, H.; LUCHINA, I. L.; LUCHINA. La Interconsulta Médico-Psicológica en el Marco Hospitalario.Buenos Aires: Nueva Vision, 1977.

FORLENZA OV, Almeida OP. Depressão e demência no idoso: tratamento psicológico e farmacológico. São Paulo: Lemos; 1997

FERRIGNO, J. C. A co-educação entre as gerações: um desafio da longevidade. A terceira idade. São Paulo, v. 17, n 37, p. 16-26, out. 2006.

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PNUD, IPEA ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL. Fundação João Pinheiro: Secretaria da Saúde: Rio Grande do Sul, 1999.

RASKIND, M.A. (1998). The clinical interface of depression and dementia. Journal of Clinical Psychiatry, v. 59 (Suppl. 10),p. 9-12.

STELLA et al. Depressão no Idoso: Diagnóstico, Tratamento e Benefícios da Atividade Física. Motriz, Rio Claro,Ago/Dez 2002, Vol.8 n.3, pp. 91-98SMUTS, J. C. (1996). Holism and evolution. New York: The Gestalt Journal Press (Original de 1926).

Referências

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