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8º Congresso de Pós-Graduação EFEITO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA DE ALTA VOLTAGEM EM DIFERENTES PARÂMETROS NA LESÃO TEGUMENTAR.

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8º Congresso de Pós-Graduação

EFEITO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA DE ALTA VOLTAGEM EM DIFERENTES

PARÂMETROS NA LESÃO TEGUMENTAR.

Autor(es)

VANESSA COSTA FEITOSA

Orientador(es)

MARIA LUIZA O. POLACOW

1. Introdução

Quando o tegumento sofre perda de solução de continuidade, seja devido a trauma ou incisão cirúrgica, desencadeiam-se uma série de processos por meio de um complexo e interligado conjunto de eventos vasculares, celulares e bioquímicos que tem por fim substituir as células mortas ou danificadas por outras saudáveis. Isso é chamado de reparo ou cicatrização (THOMAZ et al., 1996).

O reparo tecidual é um processo completamente complexo, compostos de uma série de estágios interdependentes, simultâneos e imbricados, envolvendo fenômenos químicos, físicos, biológicos e celulares contínuos, que termina por restaurar o tecido lesado (MANDELBAUM, DI SANTIS, MANDELBAUM, 2003)

Os dois tipos de cicatrização são citados por Cotran et al., (2000) como: cicatrização por primeira intenção, nas feridas operatórias, não contaminadas e pouco traumatizadas, onde o tecido conjuntivo vascular restabelece, pelo menos em parte, em três ou quatro dias. Já a cicatrização por segunda intenção dá-se nas inflamações com grandes perdas de tecido com exsudação abundante ou nas feridas nas quais não houve junção das margens.

Existem evidências de que a estimulação elétrica de alta voltagem (EEAV) pode diminuir a dor, facilitar o reparo tecidual e ainda minimizar a severidade de lesões por estresse repetitivo (STRALKA, JACKSON, LEWIS, 1998). Estudos reforçam que a incorporação da corrente de alta voltagem como instrumento terapêutico para cicatrização de feridas, tem obtido resultados satisfatórios na área da saúde em lesões com diferentes etiologias (DAVINI, et al., 2005).

Segundo Robinson (1995) a EEAV pode ser descrita qualitativamente como sendo uma corrente pulsada monofásica de pico duplo. Com uma duração de pulso que pode variar de 5 a 100 microssegundos, a estimulação elétrica de alta voltagem tem uma amplitude de pico elevada, alta voltagem (acima de 100 V), possibilita uma estimulação agradável, capaz de atingir as fibras nervosas sensoriais, motoras e também aquelas responsáveis pela condução de impulsos nociceptivos (KANTOR et al., 1994). A mesma possui polaridade definida (onda monofásica) e pode ser efetiva para conter e absorver edemas agudos, assim como para acelerar a reparação de tecidos dérmicos e subdérmicos e controlar a dor (NELSON, HAYES, CURRIER, 2003).

Gardner, Frantz e Frank (1999) ao revisarem estudos com diferentes amplitudes e freqüências demonstraram que a aplicação da estimulação elétrica em feridas crônicas de diversas etiologias pode promover o aumento da migração de neutrófilos e macrófagos, estimulação de fibroblastos e melhora do fluxo sanguíneo, acelerando o processo cicatricial.

Peters, et al., (2001) também sugerem em um estudo com 40 pacientes portadores de úlceras diabéticas no pé, que a eletro estimulação pode melhorar a cicatrização, quando utilizada em conjunto com cuidados no local da ferida e diminuição dos estímulos agressores, uma vez que os resultados apontam para a cura de 65% (13 de 20 pacientes) do grupo tratado com estimulação elétrica e 35% (7 de 20 pacientes) do grupo placebo.

Em relação aos efeitos da polaridade da EEAV, Davini et al., (2005) apontaram que o efeito circulatório é mais evidente quando a estimulação catódica é aplicada (pólo negativo) no limiar motor e que a regeneração do tecido tegumentar ocorre com maior velocidade quando o eletrodo é aplicado sobre a lesão.

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um lado, incertezas quanto às suas reais ações e de outro, atribuições não pertinentes a essa forma de estimulação.

Gardner, Frantz e Frank (1999) ao revisarem estudos com diferentes amplitudes e freqüências demonstraram que a aplicação da estimulação elétrica em feridas crônicas de diversas etiologias promove o aumento da migração de neutrófilos e macrófagos, estimulação de fibroblastos e melhora do fluxo sanguíneo, acelerando o processo cicatricial.

Sabe-se também que os efeitos atribuídos à EEAV em lesões agudas ou crônicas são relacionados a parâmetros físicos da corrente, bem como o tempo de intervenção, segundo os resultados de Dolan et al., 2003.

Alguns tipos de correntes elétricas têm sua eficácia embasada por um grande número de artigos científicos, publicados em importantes periódicos, com acesso irrestrito pelos profissionais. O mesmo não acontece para EEAV, pois trata-se de uma modalidade terapêutica com uso muito restrito em nosso país, decorrente da pouca divulgação das suas aplicações associada à oferta restrita de aparelhos disponíveis no mercado nacional, tendo atualmente somente um fabricante. Este trabalho tem por justificativa, contribuir para o conhecimento dos efeitos deste recurso, com embasamento teórico e prático em feridas agudas, já que em feridas crônicas está bem caracterizado.

Com base nas informações apontadas configura-se a hipótese de que a EEAV possa abreviar o processo de regeneração tecidual mediada por diferentes parâmetros físicos e relação dose-dependente nas características morfométricas da lesão crônica.

2. Objetivos

Estudar os efeitos da estimulação elétrica de alta voltagem (EEAV) com diferentes parâmetros físicos (corrente catódica e anódica) na lesão tegumentar em ratos por meio de análise morfométrica.

3. Desenvolvimento

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Animais da Universidade Federal da São Carlos protocolo 002/2010. Foram utilizados 28 ratos da linhagem Wistar. Os animais foram mantidos em caixas individuais, forradas com maravalha, contendo ração e água ad libitum, em condições padronizadas de laboratório: temperatura de 23 °C, e ciclo claro/escuro 12/12 horas, por m período de 7 dias. Os animais foram anestesiados por via intramuscular, com uma mistura de Dopalen (Cloridrato de Cetamina) 1,16g/10ml e Rompun (Cloridrato de Xilazina) 2g/100ml na proporção 3:2 em dose de 0,09 ml/100g de massa corporal, respectivamente. Foram tricotomizados na região dorsal onde foi realizada a lesão e na região abdominal, para a colocação dos eletrodos dispersivos. Com um bisturi de lâmina 11 foi removido 1cm² de pele, incluindo a hipoderme na região dorsal do animal. Para esse procedimento foi utilizado um gabarito vazado milimetrado de plástico.

Os animais foram divididos aleatoriamente em quatro grupos de 7 animais: grupo Controle ( C ) – animais com lesão e sem EEAV, grupo SHAM ( S ) – animais com lesão, porém submetidos à EEAV placebo, grupo E+ - animais com lesão e EEAV pólo positivo e grupo E- - animais com lesão e EEAV pólo negativo.

As feridas foram fotografadas com uma câmera digital (SAMSUNG – S730) posicionada perpendicularmente à ferida, acoplada em um tripé, numa distância de 40 cm do animal, incluindo na imagem uma régua. Os registros foram feitos em três períodos : antes do tratamento, no terceiro dia de tratamento e no sétimo dia de tratamento.

Vinte e quatro horas após a cirurgia deu-se início ao tratamento diário com estimulação elétrica no limiar motor, por 30 minutos, durante sete dias com intensidade suficiente para atingir limiar motor (variou de 30 a 100 V). Houve alterações na freqüência administrada para uma voltagem maior para não ocorrer acomodação da corrente.

A estimulação dos animais foi realizada com equipamento Neurodyn High Volt – ANVISA 10360310008 – IBRAMED, com os seguintes parâmetros: os animais foram colocados em decúbito dorsal com um eletrodo ativo de silicone-carbono, medindo 2,0 x 2,0 cm, posicionado sobre a lesão cirúrgica e outro, dispersivo, medindo 4,0 x 4,0 cm posicionado na região abdominal, preservando-se a distância entre eles, como mostra a Figura 1. Os eletrodos dispersivos foram devidamente acoplados com gel estéril, e os eletrodos ativos, foram acoplados com gaze embebida de soro fisiológico. O grupo SHAM também foi anestesiado e devidamente preparado para receber a eletro estimulação, porém o equipamento não foi ativado.

Para eutanásia dos animais, foi administrada uma dose elevada de Hidrato de Cloral, no 8º dia pós-operatório e logo após, as lesões foram removidas e encaminhadas para processamento histológico.

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aplicou a seguinte fórmula: NPixels X APixel.

4. Resultado e Discussão

A Tabela 1 mostra que a EEAV reduziu o valor da área das feridas tratadas com pólo negativo (76%) e positivo (75%) em relação ao grupo controle (65%) e ao grupo sham (59%) o que esta de acordo com Houghton et al., (2003), que utilizaram métodos semelhantes ao deste trabalho, isto é, quantificaram os dados por meio de medidas da área e registros fotográficos das úlceras e os resultados mostram que a EEAV reduziu em quase metade de seu valor inicial a área das feridas tratadas (44,3%), em relação ao grupo controle (16,0%).

Este trabalho vem ratificar os achados de Davini et al. (2005) que descreve a ação circulatória e regenerativa da EEAV quando aplicada a estimulação catódica (pólo negativo) no limiar motor e a regeneração do tecido tegumentar ocorre com maior velocidade quando o eletrodo é aplicado sobre a lesão.

A segunda fase do mecanismo fisiológico da cicatrização consiste na fase proliferativa, que é caracterizada pela atividade fibroblástica, denominada fibroplasia, pela angiogênese e contração da ferida. Sabe-se que no processo da cicatrização tecidual, as falhas de reparo mais importantes são as que ocorrem nos estágios iniciais, levando à acentuação de edema, reduzida proliferação vascular e diminuição dos elementos celulares, tais como: leucócitos, macrófagos e fibroblastos, consequentemente, ocorrendo baixa síntese de colágeno e aumento do risco de infecção. Gardner, Frantz e Frank (1999) ao revisarem estudos com diferentes amplitudes e freqüências demonstraram que a aplicação da estimulação elétrica em feridas crônicas de diversas etiologias pode promover o aumento da migração de neutrófilos e macrófagos, estimulação de fibroblastos e melhora do fluxo sanguíneo, acelerando o processo cicatricial.

No sétimo dia de tratamento, pode-se observar que a EEAV utilizada em ambas as polaridades, acelerou o fechamento da ferida. A este respeito, diferentes polaridades aplicadas podem interferir na resposta tecidual, uma vez que, diferentes células presentes na cicatrização podem migrar em função da carga, fato apontado por Kloth e McCullock, (1996). Estes autores estudaram os efeitos celulares produzidos pela eletro estimulação com corrente polarizada, e observaram uma atração pelo pólo negativo de células como neutrófilos e macrófagos, ocorrendo então uma autólise para solubilizar a necrose; todavia, o eletrodo positivo facilita a migração das células epidérmicas, que são carregadas negativamente.

No presente trabalho, a lesão cirúrgica simulou uma ferida por segunda intenção, porém não havia infecção, e os animais estavam saudáveis, portanto, mesmo os animais controle e Sham, tiveram uma boa cicatrização, fato este que não ocorre com feridas crônicas. Nestas, geralmente ocorrem problemas de déficit circulatório bem como infecção. Talvez por isso as diferenças encontradas neste trabalho, não sejam tão expressivas, quando se compara com os estudos em lesões crônicas.

Outro fato a se considerar é que a tensão mínima para ser considerada EEAV é de 100 V, o que nem sempre é possível alcançar quando se trabalha com animais, em função da fragilidade dos mesmos comparados ao ser humano.

5. Considerações Finais

Nas condições experimentais adotadas neste estudo, a estimulação elétrica de alta voltagem acelerou a cicatrização de lesões agudas, tanto no pólo negativo quanto no positivo.

Referências Bibliográficas

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