• Nenhum resultado encontrado

Funções da Linguagem (emotiva, apelativa, metalinguística)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Funções da Linguagem (emotiva, apelativa, metalinguística)"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Funções da Linguagem (emotiva, apelativa, metalinguística)

Objetivo

Melhorar a comunicação e a compreensão textual a partir da análise dos elementos comunicativos. Identificar os elementos comunicativos e suas funções dentro de um contexto. Aprimorar o entendimento da funcionalidade dos gêneros textuais a partir das funções da linguagem.

Se liga

A compreensão das funções da linguagem além de ser importante para a prova do Enem, que, com frequência, traz ao menos uma questão sobre esse assunto, contribui bastante para a o aprimoramento da interpretação textual.

Curiosidade

Quando estamos em um processo comunicativo, naturalmente, estamos utilizando as funções da linguagem.

Vamos entender melhor como isso acontece?

Teoria

Você já deve saber que podemos utilizar vários recursos para nos comunicarmos com alguém, como gestos, imagens, músicas ou olhares. No entanto, a linguagem é a forma mais abrangente e efetiva que possuímos e, dependendo de nossa mensagem, podemos fazer inúmeras associações e descobrir o contexto ou a circunstância que aquela intenção comunicativa foi construída.

Existem dois tipos de linguagem, a verbal e a não-verbal. Na primeira, a comunicação é feita por meio da escrita ou da fala, enquanto a segunda é feita por meio de sinais, gestos, movimentos, figuras, entre outros.

A linguagem assume várias funções, por isso, é muito importante saber as suas distintas características discursivas e intencionais. Em primeiro lugar, devemos atentar para o fato de que, em qualquer situação comunicacional plena, seis elementos estão presentes:

Emissor: É o responsável pela mensagem. É ele quem, como o próprio nome sugere, emite o enunciado.

Receptor: A quem se direciona o que se deseja falar; o destinatário.

Mensagem: O que será transmitido, a “tradução” de uma ideia.

Referente: O assunto, também chamado de contexto.

Canal: Meio pelo qual será transmitido a mensagem.

Código: A forma que a linguagem é produzida.

(2)

Cada uma das seis funções que a linguagem desempenha está centrada em um dos elementos acima, ou na forma como alguns desses elementos se relacionam com os outros. Veja a seguir três delas:

a) Emotiva: De forma simplista, pode-se dizer que expressa sentimentos, emoções e opiniões. Está centrada no próprio emissor – e, por isso, aparece na primeira pessoa do discurso. Exemplo:

Que me resta, meu Deus? Morra comigo A estrela de meus cândidos amores.

Já que não levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores.

(Álvares de Azevedo)

Aqui, devemos observar marcas de subjetividade do emissor, como seus sentimentos e impressões a respeito de algo expressados pela ocorrência de verbos e pronomes na primeira pessoa, adjetivação abundante, pontuação expressiva (exclamações e reticências), bem como interjeições.

Vejamos o trecho da música “Ai que saudade d´ocê”, de Geraldo Azevedo:

Fui eu que mandei o beijo Que é pra matar meu desejo Faz tempo que eu não te vejo Ai que saudade d'ocê

(Disponível em: https://www.letras.mus.br/geraldo-azevedo/277398/)

b) Conativa ou Apelativa: Procura influenciar o receptor da mensagem. É centrada na segunda pessoa do discurso e bastante comum em propagandas. Exemplo:

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória.

(Gregório de Matos)

Essa função encerra um apelo, uma intenção de atingir o comportamento do receptor da mensagem ou chamar a sua atenção. Para identificá-la, devemos observar o uso do vocativo, pronomes na segunda pessoa, ou pronomes de tratamento, bem como verbos no modo imperativo.

(3)

Tente outra vez (Raul Seixas) Veja

Não diga que a canção está perdida Tenha fé em Deus, tenha fé na vida Tente outra vez

Beba

Pois a água viva ainda está na fonte Você tem dois pés para cruzar a ponte Nada acabou, não não não não

(Disponível em: https://www.vagalume.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html)

(Disponível em: https://www.cnm.org.br/index.php/comunicacao/noticias/

campanha-da-cnm-orienta-municipios-no-enfrentamento-ao-novo-coronavirus)

c) Metalinguística: Refere-se ao próprio código. Consiste no uso do código para falar dele próprio, ou seja, o discurso faz menção a si mesmo. Pode ser encontrada, por exemplo, nos dicionários, em poemas que falam da própria poesia, em músicas que falam da própria música. Exemplo:

- A palavra “analisar” é escrita com “s” ou com “z”?

- “Analisar” se escreve com “s”, Marcelo.

d) Fática: A função fática está centrada no canal, ou seja, no meio pelo qual se propaga ou transmite uma mensagem. Nesse caso, a finalidade é testar, estabelecer, prolongar ou interromper o processo de comunicação entre o emissor e o receptor. Veja o exemplo:

— Olá, como vai?

— Eu vou indo e você, tudo bem?

— Tudo bem...

(4)

A função fática envolve o contato entre o emissor e o receptor, seja para iniciar, prolongar, interromper ou simplesmente testar a eficiência do canal de comunicação. Na língua escrita, qualquer recurso gráfico utilizado para chamar atenção para o próprio canal (negrito, mudar o padrão de letra, criar imagem com a distribuição das palavras na página em branco) constitui um exemplo de função fática. No exemplo acima, as marcas linguísticas “Olá”, “como vai?” e “tudo bem?” são recursos utilizados para estabelecer a comunicação.

e) Poética: A função poética está centrada na mensagem, ou seja, o que está em destaque é a forma como ela é construída, de forma criativa. É, portanto, o trabalho poético realizado em um determinado contexto. Por exemplo:

“De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.”

(Vinícius de Morais)

Como destaca a própria mensagem, a função poética existe, predominantemente, em textos literários, resultantes da elaboração da linguagem, por meio de vários recursos estilísticos que a língua oferece.

Contudo, é comum, hoje, observarmos textos técnicos que se utilizam de elementos literários para poder evidenciar um determinado sentido. Cabe destacar, também, que essa função utiliza vários recursos gramaticais, tais como: figuras de linguagem, conotação, neologismos, polissemia, etc.

f) Referencial: A função referencial, também conhecida como informativa ou denotativa, está centrada no contexto, ou seja, no referente. O objetivo dessa função é transmitir o assunto da mensagem de maneira objetiva, direta e impessoal. Veja o exemplo abaixo:

“Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, anunciaram nesta segunda-feira (20) que, de acordo com resultados preliminares, a vacina da universidade para a Covid-19 é segura e induziu resposta imune no corpo dos voluntários. Os resultados, que já eram esperados pelos pesquisadores, se referem às duas primeiras fases de testes da imunização. A terceira fase está ocorrendo no Brasil, entre outros países. O efeito deve ser reforçado após uma segunda dose da vacina, segundo os cientistas.

(Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/07/20/vacina-de-oxford-para-covid-19-e-segura-e-induz- resposta-imune-anunciam-cientistas.ghtml)

Como a finalidade é destacar o assunto, utilizam-se determinadas marcas gramaticais, tais como: o uso da 3ª pessoa, denotação, impessoalidade, predominância de frases declarativas e precisão. Essa função pode ser encontrada em textos jornalísticos, científicos, didáticos, etc.

(5)

Exercícios de fixação

1.

A função da linguagem centrada no contexto é chamada de:

a) Função metalinguística b) Função fática

c) Função referencial d) Função poética.

2.

Identifique a frase em que a função da linguagem predominante é a referencial.

a) Siga meu conselho. Você se sentirá melhor!

b) Estou animadíssima com a chegada das férias!

c) Há três acentos gráficos na língua portuguesa d) Sim...Sei...Estou ouvindo, claro.

3.

Com qual elementos da comunicação está relacionada a função fática da linguagem?

a) Função poética b) Função expressiva c) Função fática d) Função referencial

4.

Qual das seguintes opções não se refe a uma característica da função poética?

a) Utiliza linguagem denotativa.

b) Utiliza linguagem elaborada e cuidado.

c) Privilegia a melodia e a sonoridade das paalvras.

d) Procura criar uma comunicação bela e inovadora.

5.

Indique quais as funções da linguagem presentes nas seguintes frases.

a) Alô? Alô?

b) Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas na região do Pantanal brasileiro aumentaram 210% em 2020.

c) “Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos vioções” (Cruz e Sousa) d) Claro! Não é mesmo?

(6)

Exercícios de vestibulares

1.

Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém-chegado ao Brasil e disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi- fí de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular.O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e filmes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço.

Concorda?”

(Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 25jun. 2014 (adaptado).)

Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que:

a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo.

b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora.

c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva.

d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa.

e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação.

2.

Parece quase impossível existir algo tão complexo como o cérebro humano. Um neurocientista dedica anos de estudo apenas para se familiarizar com as principais regiões deste órgão, e não é para menos – são bilhões de células e trilhões de conexões. Por trás da fascinante estrutura neural, encontram-se funções bastante simples em seu objetivo. O cérebro existe para que possamos perceber o mundo e saber como reagir. É comum tratarmos a consciência como uma atividade passiva, mas não é bem assim – consciência requer metas, expectativas, capacidade de filtrar informações.

Se a mente lhe parece um espaço ativo, preenchido com mais coisas do que costuma aparecer em uma massa de circuitos, então você está certo ou certa. Você é a expressão física de uma história de desenvolvimento social muito maior do que imaginou. Seu cérebro é uma delicada entidade num constante frenesi de produção de conhecimento. A riqueza de suas vias reflete a riqueza de nossa vida.

(Adaptado de Como o cérebro funciona, de John McCrone.)

Assinale a alternativa correta.

a) A função expressiva evidencia-se como predominante no texto, marcada inclusive pelo uso reiterado da primeira pessoa.

b) O texto está elaborado em torno da função referencial, uma vez que a transmissão objetiva de um conteúdo é o interesse principal do autor.

c) Como todo texto científico, a exposição que se faz sobre o cérebro humano é estruturada em torno do uso predominante da função fática.

d) O destaque que se dá, no texto, para o uso expressivo da língua e seus recursos conotativos permite evidenciar a função poética como predominante.

e) A utilização de outros tipos de linguagem, além da verbal, permite que se reconheça no texto como predominante uma função argumentativa.

(7)

3.

Pequeno concerto que virou canção Não, não há por que mentir ou esconder

A dor que foi maior do que é capaz meu coração Não, nem há por que seguir cantando só para explicar Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar Ah, eu vou voltar pra mim

Seguir sozinho assim

Até me consumir ou consumir toda essa dor Até sentir de novo o coração capaz de amor

(VANDRÉ, G. Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 29 jun. 2011.)

Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da linguagem, que é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor

a) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos.

b) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção.

c) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento.

d) procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção.

e) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada.

4.

Em uma famosa discussão entre profissionais das ciências biológicas, em 1959, C. P. Snow lançou uma frase definitiva: “Não sei como era a vida antes do clorofórmio”. De modo parecido, hoje podemos dizer que não sabemos como era a vida antes do computador. Hoje não é mais possível visualizar um biólogo em atividade com apenas um microscópio diante de si; todos trabalham com o auxílio de computadores. Lembramo-nos, obviamente, como era a vida sem computador pessoal. Mas não sabemos como ela seria se ele não tivesse sido inventado.

(PIZA, D. Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista, nº- 1, 2007 (adaptado).)

Neste texto, a função da linguagem predominante é:

a) emotiva, porque o texto é escrito em primeira pessoa do plural.

b) referencial, porque o texto trata das ciências biológicas, em que elementos como o clorofórmio e o computador impulsionaram o fazer científico.

c) metalinguística, porque há uma analogia entre dois mundos distintos: o das ciências biológicas e o da tecnologia.

d) poética, porque o autor do texto tenta convencer seu leitor de que o clorofórmio é tão importante para as ciências médicas quanto o computador para as exatas.

e) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, o redator está tentando convencer o leitor de que é impossível trabalhar sem computador, atualmente.

(8)

5.

Canção do vento e da minha vida O vento varria as folhas,

O vento varria os frutos, O vento varria as flores…

E a minha vida ficava Cada vez mais cheia

De frutos, de flores, de folhas.

[…]

O vento varria os sonhos E varria as amizades…

O vento varria as mulheres…

E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses E varria os teus sorrisos…

O vento varria tudo!

E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo.

(BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.)

Predomina no texto a função da linguagem:

a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.

b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.

c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.

d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.

e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.

(9)

6.

(UERJ)

Pode-se definir “metalinguagem” como a linguagem que comenta a própria linguagem, fenômeno presente na literatura e nas artes em geral. O quadro A perspicácia, do belga René Magritte, é um exemplo de metalinguagem porque:

a) destaca a qualidade do traço artístico b) mostra o pintor no momento da criação c) implica a valorização da arte tradicional d) indica a necessidade de inspiração concreta

7.

(Ifal) Oficina irritada

Eu quero compor um soneto duro Como poeta algum ousara escrever.

Eu quero pintar um soneto escuro, Seco abafado, difícil de ler.

Quero que meu soneto, no futuro,

Não desperte em ninguém nenhum prazer.

E que, no seu maligno ar imaturo, Ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

Esse meu verbo antipático e impuro Há de pungir, há de fazer sofrer, Tendão de Vênus sob o pedicuro.

Ninguém o lembrará: tiro no muro, Cão mijando no caos, enquanto Arcturo, Claro enigma, se deixa surpreender.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Record, 1998. P. 188.)

(10)

Com base na leitura do poema de Carlos Drummond e nos seus conhecimentos acerca das funções da linguagem, assinale a alternativa correta.

a) Estão presentes as funções poética e metalinguística da linguagem, uma vez que o texto chama a atenção para o arranjo singular da mensagem e discute o código.

b) Estão presentes as funções fática e poética da linguagem, pois, no texto, há o teste do canal e um arranjo singular da mensagem.

c) Está presente apenas a função poética, já que o texto, sendo um poema, não permite a presença de outra função da linguagem.

d) Estão presentes as funções referencial e poética, porque, no texto, a atenção recai tanto sobre o referente quanto sobre a mensagem.

e) Estão presentes as funções poética e conativa, já que há uma centralidade, ao mesmo tempo, na mensagem e no receptor.

8.

Catar Feijão 1.

Catar feijão se limita com escrever:

joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo:

pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:

o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a como o risco.

(João Cabral de Melo Neto)

O poema de João Cabral de Melo Neto compara o ato de catar feijão com a produção de um poema.

Nesse texto, qual é a função da linguagem que o autor predominantemente utiliza?

a) Metáfora b) Comparação c) Poética

d) Metalinguagem e) Ironia

(11)

9.

(UNIFESP) fora de si eu fico louco eu fico fora de si eu fica assim eu fica fora de mim eu fico um pouco depois eu saio daqui eu vai embora eu fico fora de si eu fico oco eu fica bem assim

eu fico sem ninguém em mim

A leitura do poema permite afirmar corretamente que o poeta explora a ideia de

a) buscar a completude no Outro, conforme atesta a função apelativa, reforçando que o Eu, quando fora de si, necessariamente se funde com o Outro.

b) sair de sua criação artística, retratando, pela função poética, a contradição do fazer literário, que não atinge o poeta.

c) perder a noção de si mesmo, e também perder a noção das outras pessoas, o que se mostra num poema metaligüístico.

d) extravasar o seu sentimento, como denuncia a função emotiva, reafirmando a situação de desencanto e desengano do poeta.

e) criar literariamente como brincar com as palavras, o que se pode comprovar pela função fática da linguagem.

10.

(Enem) Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num a autor grego.

[…] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei.

Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; […] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

(BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.)

(12)

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a

a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.

b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.

c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.

d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.

Sua específica é linguagens e quer continuar treinando esse conteúdo?

Clique aqui para fazer uma lista extra de exercícios.

(13)

Gabaritos

Exercícios de fixação

1. C

Na função referencial, a ênfase é dada ao contexto comunicativo, tendo como principal objetivo informar o receptor da mensagem sobre um assunto específico.

2. C

A ênfase no contexto informa o receptor da mensagem acerca dos acentos gráficos em língua portuguesa.

3. C

A função fática está centrada no canal e serve para fazer a manutenção da comunicação.

4. A

A função poética é centrada na mensagem e há uma clara intenção de um uso estético da linguagem, portanto a linguagem conotativa se faz mais presente em textos em que predomina essa função.

5.

a) Fática b) Referencial c) Poética d) Fática

Exercícios de vestibulares

1. D

O fragmento retirado da Revista Veja informa sobre o aplicativo “Whatscine”, conectado à rede de wi-fi de cinemas e teatros, descreve o que ocorre na tela ou no palco de modo que o usuário possa ouvir a narração em seu celular. Assim, utiliza-se a linguagem denotativa para informar sobre essa nova criação, sendo, portanto, predominante a função referencial da linguagem, visto que é centrado na necessidade de transmitir dados sobre o aplicativo de maneira direta e objetiva.

2. B

A função referencial caracteriza-se pela objetividade e pelo compromisso com a informatividade da mensagem a ser transmitida. Essas características são exigidas em textos de caráter científico como o de John McCrone, por exemplo.

3. A

Na função emotiva prevalecem as marcas do emissor, ou seja, de quem produz a mensagem. Nesse caso, a mensagem é centrada nas opiniões e emoções, por isso, evidencia-se a utilização da 1ª pessoa do singular e recursos como interjeições ou frases que indiquem o estado de espírito do emissor, por exemplo: “Ah, eu vou voltar para mim/Seguir sozinho assim”.

(14)

4. B

No texto, a função de linguagem característica é a referencial, uma vez que o elemento da comunicação que ganha destaque é o referente, isto é, o objeto de que se fala. Em outros termos, a finalidade do artigo é informar o leitor a respeito de algo: no caso, trata da importância tanto do clorofórmio quanto do computador para o fazer científico.

5. E

Textos que privilegiam a função poética da linguagem põem em evidência a maneira de dizer, a fim de obter efeitos expressivos. Por vezes, então, esses textos produzem significados não só por meio das palavras que empregam, mas também por intermédio do modo como elas se combinam. No poema Canção do vento e da minha vida, por exemplo, a repetição de estruturas de frase constrói um significado não explícito: a recorrência das mudanças na vida do eu lírico.

6. B

O quadro de René Magritte mostra visualmente o fenômeno estético da metalinguagem, ao apresentar uma pintura na qual um pintor se encontra no momento exato da criação de uma pintura

7. A

No poema “Oficina irritada”, naturalmente vemos a função poética, por se tratar de um soneto e, além disso, vemos a presença da metalinguagem “Eu quero compor um soneto duro”, já que o eu lírico aborda, no poema, a própria construção do poema.

8. D

O tema central do poema é a arte e os encantos e impasses de escrever um poema, é notável a presença da metalinguagem em um poema que fala sobre escrever um poema.

9. C

O enunciador deixa clara sua subjetividade, seus julgamentos e etc., mas “perder-se de si é perder-se dos outros” e utilizar sua voz para “perder-se de si” caracteriza a metalinguagem.

10. C

A função metalinguística é predominante no texto de Manuel Bandeira, “Itinerário de Pasárgada”, uma vez que se utiliza de um texto para explicar outro texto, evidenciando, portanto, o foco da comunicação no código.

Referências

Documentos relacionados

A oficina é uma metodologia apropriada para realizar objectivos de formação sobre determinados temas específicos, em tanto ao partir dos saberes prévios dos participantes,

Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios.. Nós não

V. Foi assim que sempre se fez. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é outra coisa. Se eu fosse escrever como

2 - Em caso de incumprimento do disposto no número anterior, é de imediato instaurado processo contra-ordenacional. 3 - Entende-se por regularização da situação tributária,

(Enem) Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num

Outro belo exemplo de função conativa é a música Tente outra vez, de Raul Seixas. Você pode assistir ao vídeo dessa música copiando e colando este link no seu navegador:

apofântico pode ser considerado como momento essencial da proposição, na sua função predicativa. Mas convém ressaltar que esse momento essencial da proposição não acontece por

É o emprego da linguagem concentrada na mensagem. O texto jornalístico recorre com freqüência a esta função como forma de causar um certo estranhamento sobre o receptor. Isso