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Relação da depressão com perfil psicológico de gênero, tempo de prática de atividade física e percepção da imagem corporal em idosas ativas

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Academic year: 2017

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Stricto Sensu em Gerontologia

Trabalho de Conclusão de Curso

RELAÇÃO DA DEPRESSÃO COM PERFIL

PSICOLÓGICO DE GÊ)ERO, TEMPO DE PRÁTICA

DE ATIVIDADE FÍSICA E PERCEPÇÃO DA IMAGEM

CORPORAL EM IDOSAS ATIVAS

Autora: Franciele Maria Caixeta

Orientadora: Profa. Dra. Gislane Ferreira de Melo

Brasília DF

RELAÇÃO DA DEPRESSÃO COM PERFIL PSICOLÓGICO DE

GÊ)ERO, TEMPO DE PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E

PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL EM IDOSAS ATIVAS

Brasília DF

2011

(2)

FRA)CIELE MARIA CAIXETA

RELAÇÃO DA DEPRESSÃO COM PERFIL PSICOLÓGICO DE GÊ)ERO, TEMPO DE PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA E PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL

EM IDOSAS ATIVAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Profa. Dra. Gislane Ferreira de Melo.

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Ficha elaborada pela Biblioteca Pós Graduação da UCB C139r Caixeta, Franciele Maria.

Relação da depressão com perfil psicológico de gênero, tempo de prática de atividade física e percepção da imagem corporal em idosas ativas. / Franciele Maria Caixeta – 2011.

48f. : il.; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2011. Orientação: Gislane Ferreira de Melo

1. Depressão em idosos. 2. Atividade física. 3. Percepção. 4. Gerontologia. I. Melo, Gislene Ferreira de, orient.. II. Título.

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AGRADECIME)TOS

Á Deus, pelas oportunidades que me foram dadas na vida, principalmente por ter conhecido pessoas e lugares inesquecíveis

À minha mãe, por confiar em mim e por me ajudar incondicionalmente.

Aos meus irmãos Mônica, Rener, Magda e Roberta pelo carinho, força e por todos os momentos importantes que vivemos e viveremos juntos.

Aos meus cunhados(a), sobrinhos(as) e à toda minha família, por apoiarem minhas escolhas.

Ao meu namorado Cristiano, pela força, amor e confiança demonstrado durante todo o curso.

À professora e orientadora Gislane pelo incentivo, amizade, compreensão e paciência na orientação que tornaram possível a conclusão deste trabalho. Sem você não teria conseguido!

A todos os professores do Mestrado em Gerontologia da UCB, pelo convívio, pela atenção e presteza. Vocês foram muito importantes na minha vida acadêmica!

As minhas amigas queridas do Mestrado, Débora, Denise, Márcia, Nádia e Viviane, companheiras de todas as horas. Sofremos, superamos e aproveitamos intensamente os momentos que passamos juntas. Vocês terão sempre um lugar especial no meu coração.

À Priscilla, a Juliana e ao Erick, colegas que trabalharam incansavelmente na coleta de dados. À vocês, muito obrigada!

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“Tudo tem seu tempo e até certas manifestações mais vigorosas e originais entram em voga ou saem de moda. Mas a sabedoria tem uma vantagem: é eterna."

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RESUMO

Referência: CAIXETA, Franciele Maria. Relação da depressão com perfil psicológico de gênero, tempo de prática de atividade física e percepção da imagem corporal em idosas ativas. 2011. 48 f. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2011.

Com o envelhecimento algumas perdas em capacidades físicas e funcionais são inevitáveis e podem, associadas a outros fatores como sentimento de exclusão social e inutilidade, levar os idosos a desenvolverem um quadro de depressão. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo verificar a prevalência de depressão em um grupo de idosas ativas e investigar sua possível relação com diferentes perfis psicológicos de gênero, tempo de prática de atividade física e percepção da imagem corporal. Foi realizada uma pesquisa quantitativa descritiva com um grupo de 123 idosas praticantes de atividades físicas e integrantes do Centro de Convivência da Universidade Católica de Brasília. A avaliação da depressão nas idosas foi feita através da Escala de Depressão em Idosos (EDI), do grupo tipológico de gênero através do Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito (IFEGA), da prática de atividades físicas através de anamnese e da percepção da imagem corporal através da Escala de Silhuetas Femininas (ESF) proposta por Kanno; Giavoni (2010). Para a caracterização da amostra e verificação da prevalência de depressão foi realizada a estatística descritiva e para verificar a relação da depressão com os grupos tipológicos de gênero, o tempo de prática de atividades físicas e a percepção da imagem corporal o teste do Qui quadrado. Os resultados apontaram prevalência de 17,1% de depressão e não foi demonstrada relação de dependência entre a depressão e os fatores grupos tipológicos de gênero, tempo de prática de atividade física e percepção da imagem corporal. Esta falta de significância pode ter se dado, pelo número menor de mulheres HM, o que pode ter sido uma limitação do estudo. Sugere se, portanto, que sejam feitos novas pesquisas com um número maior de mulheres com perfil HM e, também que sejam realizados trabalhos com a avaliação de homens idosos para confirmação da relação entre feminilidade e depressão.

(9)

With aging some losses in physical and functional capabilities are inevitable and can, in combination with other factors such as social exclusion and feelings of worthlessness, take the elderly to develop a framework for depression. This study aimed to determine the prevalence of depression in a group of active elderly and to investigate their possible relationship with different profiles of psychological gender, duration of physical activity and body image. We conducted a descriptive quantitative research with a group of 123 elderly women in physical activities and members of the Family Center of the Catholic University of Brasilia. The evaluation of depression in the elderly was made through the Depression in the Elderly Scale (EDI), the group by gender typological Inventory Female of Gender Schemas of Self concept (IFEGA) of physical activity through a history and perception Body image across the range of Scale of feminine silhouettes (ESF) proposed by Kanno; Giavoni (2010). To characterize the sample and verify the prevalence of depression was analyzed by descriptive statistics and to verify the relationship of depression to the typological groups of gender, time physical activity and body image the chi square. The results showed a prevalence 17.1% of depression and has not been demonstrated dependency relationship between depression and factors typological groups of gender, duration of physical activity and body image. This lack of significance could be due, at HM smaller number of women, which may have been a limitation of the study. It is suggested therefore that further research be done with a larger number of women with HM profile, and also that work is undertaken with the assessment of elderly men to confirm the relationship between femininity and depression.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

TABELA 1 Principais efeitos da atividade física, exercício e treinamento físico regular nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física,

durante o processo de envelhecimento. 23

TABELA 2 Perfil dos grupos tipológicos de gênero. 31 GRÁFICO 1 Tempo de prática de atividades físicas de idosas ativas (valores

percentuais). 32

GRÁFICO 2 Tempo de prática de atividades físicas de idosas ativas com e sem

depressão (valores absolutos). 33

GRÁFICO 3 Percepção da imagem corporal de idosas ativas com e sem

(11)

BDI Beck Depression Inventory

BOAS Brazil Old Age Schedule

DCD Doenças crônico degenerativas

EAF Escala de Aparência Física

EDI Escala de depressão de idosos

GAI Gerência de Atendimento ao Idoso

GDS Escala de depressão geriátrica

HADS Hospital Anxiety and Depression Scale

HF Heteroesquemático Feminino

HM Heteroesquemático Masculino

HRDS Hamilton Depression Rating Scale

IFEGA Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito

IMC Índice de Massa Corporal

IMEGA Inventário Masculino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito

ISO Isoesquemático

SOAPE Serviço de Orientação e Acompanhamento Psicopedagógico

UCB Universidade Católica de Brasília

(12)

SUMÁRIO

1 I)TRODUÇÃO 11

2 OBJETIVOS 15

2.1 GERAL 15

2.2 ESPECÍFICOS 15

3 REVISÃO DE LITERATURA 16

3.1 ENVELHECIMENTO 16

3.2 DEPRESSÃO 18

3.3 ESQUEMAS DE GÊNERO 20

3.4 ATIVIDADE FÍSICA 22

3.5 IMAGEM CORPORAL 24

4 MATERIAL E MÉTODOS 26

4.1 TIPO DE PESQUISA 26

4.2 AMOSTRA 26

4.2.1 Critérios de inclusão 26

4.2.2 Critérios de exclusão 27

4.3 INSTRUMENTOS 27

4.4 PROCEDIMENTOS 28

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA 28

4.6 ASPECTOS ÉTICOS 29

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 30

6 CO)CLUSÃO 35

REFERÊ)CIAS 36

A)EXOS

ANEXO A: ESCALA DE DEPRESSÃO DE IDOSOS – EDI 41

ANEXO B: INVENTÁRIO FEMININO DE ESQUEMAS DE GÊNERO

DO AUTOCONCEITO IFEGA 43

ANEXO C: ESCALA DE SILHUETAS FEMININAS 45

ANEXO D: APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 46

APÊ)DICES

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO 47

APÊNDICE B: ANAMNESE SOBRE A PRÁTICA DE ATIVIDADE

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1 I)TRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo normal, individual e gradativo, que caracteriza uma

etapa da vida onde ocorrem modificações fisiológicas, bioquímicas e psicológicas em

consequência da ação do tempo. É uma fase onde acontecem manifestações somáticas no

ciclo natural da vida, pois se caracteriza pela perda progressiva da capacidade de adaptação e

de reserva do organismo diante das mudanças que irão influenciar de maneira decisiva a vida

do idoso (REBELATTO; MORELLI, 2004).

Neste processo algumas perdas biológicas, psicológicas e sociais são inevitáveis. As

perdas biológicas compreendem uma série de alterações nas funções orgânicas e mentais

devido, exclusivamente, aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, fazendo com que o

mesmo diminua ou até perca a capacidade de manter o equilíbrio homeostático onde todas as

funções fisiológicas gradualmente comecem a declinar. Tais alterações têm por característica

principal a diminuição progressiva da reserva funcional (LIMA; BUENO, 2009).

Já as alterações psicológicas determinam a perda das capacidades de adaptação do

indivíduo ao meio ambiente. Algumas, são comumente acometidas ao idoso, como o declínio

da memória de trabalho, a diminuição da velocidade de pensamento, e a diminuição das

habilidades visuais espaciais (CANCELA, 2008), sendo fatores que influenciam diretamente

no seu autoconceito.

As alterações sociais estão relacionadas à progressiva diminuição dos contatos sociais,

distanciamento social, progressiva perda do poder de decisão, e a uma gradativa perda da

autonomia e independência que, associadas a outros fatores como sentimento de exclusão

social e inutilidade, pode levar o idoso a um quadro de depressão, que por sua vez acaba por

acelerar e agravar essas perdas (SPIRDUSO, 2005).

Na população envelhecida, a depressão encontra se entre as doenças crônicas mais

frequentes, prejudicando a independência funcional do idoso e tornando se um problema

grave de saúde pública, uma vez que há prejuízo na qualidade de vida e aumento nos gastos

com serviços de saúde. A associação entre depressão e idade avançada tem despertado

interesse para a realização de estudos, nos quais tem sido observado que esta doença difere

em suas características quando comparada a outras faixas etárias (BANDEIRA, 2008).

Os argumentos que sustentam a tese de que a depressão no idoso é diferente está

baseada nas diferenças de sintomatologia. Nesta faixa etária, esta doença se manifesta com

(14)

12

ao tratamento clínico. Na verdade, parece que o que diferencia não é a depressão em si, mas

sim as circunstâncias próprias de cada faixa etária (BANDEIRA, 2008).

Os idosos constituem um grupo bastante susceptível à variabilidade emocional,

podendo apresentar além de quadros depressivos instabilidade músculo esquéletica

recorrente. Na dimensão psicológica a atividade física atua na melhora da autoestima, do

autoconceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do

estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos (CAMPOS;

COURACCI NETO; BERTANI, 2010). Todas essas vantagens proporcionadas pela atividade

física acabam por possibilitar uma maior integração dos idosos na sociedade, tornando a um

fator determinante no processo de envelhecimento ativo e saudável (NASCIMENTO, 2009).

Tem sido demonstrada na literatura uma associação positiva entre níveis elevados de

atividade física e boa saúde mental (MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2001;

NASCIMENTO, 2009). A prática de atividades físicas entre os idosos favorece a interação

social, melhora a autoeficácia (crença do indivíduo na sua capacidade de desempenho em

atividades específicas) e proporciona uma maior sensação de controle sobre os eventos e

demandas do meio. O efeito benéfico para os idosos deprimidos reside em uma série de

fatores, entre eles, a melhora do humor, redução das respostas fisiológicas ao estresse, no

funcionamento cognitivo e na autoestima, na melhora na qualidade do sono e maior satisfação

com a vida, bem como nos efeitos positivos da imagem corporal (GUIMARÃES; CALDAS,

2006).

A imagem corporal é um processo multidimensional que pode afetar as emoções,

pensamentos e relações interpessoais e envolve aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais e

consequentemente influenciando a qualidade de vida (SANTOS; VIEIRA, 2011). Os

problemas com a imagem corporal podem ir de moderada insatisfação e preocupação com o

corpo a uma preocupação extrema com a aparência física, levando a uma imagem corporal

negativa e podendo causar prejuízos na vida social e profissional, além de causar sofrimento

(TAVARES et al., 2010).

Tribess, Virtuoso Junior e Petroski (2010) afirmam que a insatisfação corporal

predomina entre todas as idades e principalmente entre as idosas e, de acordo com Pereira et

al. (2009) está relacionada às modificações físicas e psicológicas decorrentes do

envelhecimento. Para Tavares et al. (2010) os distúrbios de imagem estão relacionados mais

(15)

Diante destas relações citadas anteriormente (atividade física, depressão e imagem

corporal) buscou se, investigar se o perfil psicológico de gênero tinha influencia nestas

variáveis, uma vez que a diferença sexual já é muito referenciada. Por exemplo, buscando

investigar se o nível de depressão diferenciava entre homens e mulheres Rombaldi (2010)

avaliou 972 sujeitos, com idades entre 20 e 69 anos, observando que os indivíduos do sexo

feminino e idade avançada, que têm o hábito de fumar e são obesas, são mais depressivas.

Percebe se que as questões socioculturais relacionadas com as experiências adversas,

atributos psicológicos e fisiológicos associados com uma maior vulnerabilidade a eventos

estressantes justificam este fato. Ou seja, é determinado por aspectos psicológicos e

biológicos que se mesclam na gênese da depressão em mulheres.

Tuesca Molina et al. (2003) também encontraram uma maior prevalência de depressão

entre as mulheres da amostra e sugerem como possível explicação o fato da mulher assumir

uma carga de responsabilidades elevada, dada a sua condição de esposa, mãe, educadora e

cuidadora de outras pessoas. Para Almeida (1999), outros fatores que possivelmente

contribuem para que as mulheres sejam mais vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos

mentais na velhice incluem alta taxa de viuvez, isolamento social e privação de estrogênio.

Sabe se, então, que existe uma relação com o sexo, porém não foram encontrados no

Brasil estudos que relacionam esta doença e com os esquemas de gênero. Estas investigações

já foram realizadas em outros países, porém em idade inferiores a 60 anos. Ao pesquisar

depressão entre universitários americanos, separando os por perfil psicológico de gênero,

Cheng (1999) constatou uma relação negativa com a masculinidade e positiva com

feminilidade.

Os esquemas de gênero são esquemas cognitivos específicos incorporados em

proporções e medidas diferentes conforme o indivíduo vivencia as experiências de cada tipo

de esquema de gênero. Considerados como partes constitutivas do autoconceito, os esquemas

de gênero são ativados quando em presença de estímulos relacionados ao gênero. Quando

estimulados, indivíduos com autoesquemas relacionados à masculinidade se agrupam

formando uma rede de associações cognitivas – o esquema masculino. Processo semelhante

ocorre em indivíduos portadores de autoesquemas relacionados à feminilidade. Isto não

significa dizer que os indivíduos esquemáticos masculinos e os esquemáticos femininos não

possuam conhecimentos relativos à feminilidade e à masculinidade, respectivamente

(GIAVONI, 2000). De acordo com a teoria do autoesquema, pode se encontrar desde

indivíduos esquemáticos em relação ao gênero à indivíduos esquemáticos portadores dos dois

(16)

14

De acordo com o Modelo Interativo todos os indivíduos podem ser concebidos como

portadores dos dois esquemas de gênero. Devido à sua natureza matemática, resultam deste

modelo três variáveis denominadas de Ângulo, Distância e Síntese. Do cruzamento destas três

variáveis surge uma série de grupos tipológicos que variam quanto às suas percepções, bem

como nas suas respostas cognitivas, afetivas e comportamentais. Utilizando a variável ângulo

do modelo, os esquemas de gênero foram divididos em três grupos principais previstos por

esta variável e denominados de: Heteroesquemático Masculino (HM), Heteroesquemático

Feminino (HF) e Isoesquemático (ISO) (GIAVONI, 2000).

Os Heteroesquemáticos Masculinos (HM) são indivíduos que apresentam predomínio

do esquema masculino sobre o feminino, os quais tendem a filtrar as informações de acordo

com o esquema masculino, apresentando respostas cognitivas, afetivas e comportamentais

coerentes com o conteúdo do esquema dominante. Os Heteroesquemáticos Femininos (HF)

são aqueles que apresentam predomínio do esquema feminino sobre o masculino, os quais

tendem a filtrar as informações de acordo com o esquema feminino, apresentando respostas

cognitivas, afetivas e comportamentais coerentes com o conteúdo do esquema dominante. E

os Isoesquemáticos (ISO) são indivíduos que apresentam ambos os esquemas proporcionais,

os padrões cognitivos, afetivos e comportamentais destes indivíduos são regidos por ambos os

esquemas (GIAVONI, 2000).

Estudos que avaliaram as diferenças entre perfis psicológicos de gênero e força de

mulheres (CUSTÓDIO, 2007), entre potência e resistência em homens atletas (GOMES,

2007) e níveis de dor (LEITE, 2009) comprovam que independente do sexo do indivíduo, seu

perfil psicológico de gênero influencia diretamente nas suas respostas fisiológicas e

psicológicas.

Assim, diante do exposto, o objetivo do estudo foi avaliar as variáveis, depressão,

tempo de prática de atividade física, imagem corporal e perfil psicológico de gênero de

(17)

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Verificar a depressão em um grupo de idosas ativas investigando sua possível relação

com diferentes perfis psicológicos de gênero, tempo de prática de atividade física e percepção

da imagem corporal.

2.2 ESPECÍFICOS

Relacionar a variável depressão com os perfis psicológicos de gênero;

Relacionar os níveis de depressão com o tempo de prática de atividade física;

Relacionar os níveis de depressão com a imagem corporal

(18)

16

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ENVELHECIMENTO

É amplamente divulgado e conhecido o envelhecimento da população mundial. De

acordo com Campos, Coraucci Neto e Bertani (2010) “o Brasil atualmente possui 15 milhões

de idosos, e a expectativa é que esse número aumente em três vezes no ano de 2025,

tornando o a sexta população mundial em número de idosos”.

Nieman (1999) afirma que “durante o último século, melhorias drásticas na

expectativa de vida ocorreram em muitos países do mundo inteiro”. Isto se deve

principalmente aos avanços da medicina que tem garantido cada vez mais anos de vida ao

indivíduo, tendo por consequência o aumento do número de pessoas idosas na população

mundial.

Para ilustrar o fenômeno do envelhecimento da população mundial Campos, Coraucci

Neto e Bertani (2010) apresentam uma cronologia do aumento da expectativa de vida ao

longo do tempo, sendo que em 1796 vivia se 25 anos em média, já em 1896 esta média

passou para 45 anos e no século XXI para 80 anos. Cientistas especulam que em 2046 a

expectativa de vida será de 120 anos.

Importante destacar que o fato das pessoas estarem vivendo mais, não significa que

estejam vivendo melhor. Com o aumento da longevidade aumentou se também as

preocupações com a qualidade de vida dessa população. Nesse sentido Chaimowicz (1998)

afirma que a alta prevalência de condições como a depressão, interfere na qualidade de vida

raramente causando a morte. As estatísticas de mortalidade muitas vezes são inadequadas

para caracterizar o perfil de saúde dos idosos e que estudos de morbidade que abordam

também as incapacidades expressam melhor o impacto das condições de saúde sobre a

família, o sistema de saúde e a qualidade de vida dos idosos, fornecendo informações mais

confiáveis.

Há que diminuir não apenas as taxas de mortalidade dessa população, mas também e

principalmente as de morbidade. O desafio atual é aumentar o número de anos com saúde da

população idosa, no que é fundamental a adoção de hábitos de vida saudáveis. Nieman (1999)

aponta que o ational Center for Health Statistics estimou que 15% (cerca de 12 anos) da

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por incapacidade, lesões e/ou doenças. Os indivíduos que atingem 65 anos de idade prevê se

que em média cinco dos 17 a 18 anos remanescentes serão, geralmente, não saudáveis, na sua

maioria.

Para a World Health Organization (WHO, 2002) a terceira idade se inicia oficialmente

aos 60 anos, porém os efeitos do tempo podem variar de pessoa para pessoa. De acordo com

Spirduso (2005) “o termo envelhecimento é usado para se referir a um processo ou conjunto

de processos que ocorrem em organismos vivos e que, com o passar do tempo, levam a uma

perda de adaptabilidade, deficiência funcional, e, finalmente, à morte”. O processo de

envelhecimento ocasiona no organismo alterações morfológicas, bioquímicas e funcionais que

diminuem sua capacidade de adaptação e o tornam mais suscetível a agressões internas e

externas.

Segundo Spirduso (2005) existem duas formas de envelhecimento, que apesar de

serem diferentes se interagem, o envelhecimento primário (processo de envelhecimento)

compreende as modificações próprias da idade que ocorrem no ser vivo e o envelhecimento

secundário (processo de envelhecer) que engloba os efeitos do ambiente e as doenças. Torna

se importante ainda diferenciar os termos senescência ou senectude, que se refere a alterações

orgânicas, morfológicas e funcionais que ocorrem com o envelhecimento, de senilidade, que

se refere às modificações determinadas pelas afecções que com frequência acometem as

pessoas idosas (CAMPOS, CORAUCCI NETO; BERTANI, 2010).

Apesar das definições de envelhecimento em geral se relacionarem com perdas, tanto

fisiológicas como sociais e psicológicas, o envelhecer pode sim ser vivenciado de maneiras

positivas e sem decréscimos fatais. Segundo Balsamo e Simão (2005) o estereotipo de

degeneração na velhice deve ser refugado e os profissionais que trabalham com este público

necessitam buscar razões para diminuição dos efeitos do mesmo. Para os autores “é preciso

que se entenda que o envelhecimento por si só não é uma doença e que a maior parte das

pessoas velhas não tem uma saúde debilitada”.

Embora não seja “sinônimo” de saúde debilitada o envelhecimento causa uma maior

fragilidade e susceptibilidade ao desenvolvimento de determinadas doenças. A menor

adaptabilidade do organismo das pessoas idosas, bem como a diminuição de algumas de suas

funções orgânicas gerando algumas dificuldades, ou até mesmo, incapacidades de realização

de atividades da vida diária de maneira independente elencam como consequência do

envelhecimento comprometendo a qualidade de vida. Buscando estudar os efeitos deletérios

deste processo e sua relação com as doenças crônico degenerativas (DCD), Nieman (1999)

(20)

18

comprometimento da audição, comprometimento ortopédico, catarata, diabetes e

comprometimento visual. Juntam se a estas, alterações psicológicas como ansiedade, estresse,

dificuldade de consciência e ainda a depressão. De acordo com Oliveira, Gomes e Oliveira

(2006) “a depressão é a doença psiquiátrica mais comum entre os idosos e frequentemente

sem diagnóstico e sem tratamento”.

3.2 DEPRESSÃO

Segundo Duarte e Rego (2007) a depressão em idosos é um problema de saúde pública

mundial apresentando forte associação com doenças crônicas e declínio da qualidade de vida.

Essa associação pode ser vista de modo bidirecional: a depressão precipitando doenças

crônicas e as doenças crônicas exacerbando sintomas depressivos.

De acordo com Giavoni et al. (2008) a depressão é o quarto maior agente incapacitante

das funções sociais e outras atividades da vida cotidiana, sendo responsável por cerca de 850

mil mortes a cada ano. Especificamente para a população idosa a prevalência de depressão

chega a alcançar proporções de 15 a 20% para indivíduos independentes e 31% em indivíduos

dependentes, ou seja, hoje o Brasil tem aproximadamente 10 milhões de idosos depressivos

(OLIVEIRA; GOMES; OLIVEIRA, 2006; DUARTE; REGO, 2007; BENEDETTI et al.,

2008).

Os sintomas mais comuns da depressão são “persistente mau humor, falta de interesse

e de alegria de viver, sentimento de que as energias estão se esvaindo, tristeza, atitudes

negativas, fadiga constante e persistente, distúrbios do sono e do apetite, desesperança e

vontade de sumir ou de morrer” (MINAYO; CAVALCANTE, 2010). Todos estes sintomas

estão relacionados diretamente com uma dificuldade de convivência social e um decréscimo

na qualidade de vida, o que torna a depressão um problema de saúde pública mundial de alta

prevalência e incidência, principalmente entre as idosas, causando um alto ônus econômico e

social.

Para Beeston (2006 apud MINAYO; CAVALCANTE, 2010) “embora exista um

preconceito segundo o qual as pessoas idosas sejam naturalmente deprimidas por causa da

idade, a depressão não é um fato normal do envelhecimento”.

Embora não seja normal do envelhecimento, a depressão, assim como a perda da

(21)

idosa mundial depende de alguém para realizar suas atividades da vida diária. (ANDREOTTI;

OKUMA, 1999). A depressão é uma das doenças dos idosos que pode reduzir a sua

capacidade de realização das atividades da vida diária, assim como essa incapacidade

funcional pode levar ao desenvolvimento de depressão, configurando um círculo vicioso.

Guimarães et al. (2006) afirmam que pela significância, gravidade e danos que

acarreta, a depressão, em muitos estudos, está sendo apontada como um problema de saúde

pública, sendo necessário a adoção de medidas que auxilie no seu combate. Os mesmos

autores apontam que a atividade física recentemente vem sendo recomendada como auxiliar

no tratamento desses transtornos.

Estudo realizado para verificar o desencadeamento do processo depressivo por Duca et

al. (2009) teve como objetivo investigar a associação da incapacidade funcional de idosos

com alguns aspectos comportamentais, dentre eles o nível de atividade física e mostrou uma

relação inversa da incapacidade funcional com o nível de prática de atividade física. Os

resultados mostraram que quanto maior o nível de atividade menor o percentual de atividades

realizadas com incapacidade funcional, tanto em atividades básicas quanto em instrumentais.

Nesse sentido, no combate à depressão do idoso destaca se o papel da atividade física

que segundo afirmam Bee e Mitchell (1984 apud OLIVEIRA et al.,2006) promove a melhora

da qualidade de vida.

Não obstante a importância de se conhecer as formas de tratamento da depressão,

dentre elas a atividade física, torna se importante também compreender a relação dessa

doença com outros fatores e as formas mais adequadas para diagnosticar essa condição,

sobretudo em idosos. O diagnóstico de depressão é realizado principalmente por meio de

entrevistas clínicas que abordam a história do paciente e seus principais sintomas. Oliveira et

al. (2006) afirmam que no idoso o diagnóstico de depressão é ainda mais complicado que nas

outras faixas etárias, uma vez que o próprio processo de envelhecimento apresenta alguns

sintomas que podem ser confundidos com sintomas depressivos, causando equívocos no

diagnóstico dessa condição.

Dentre os instrumentos para esta avaliação os mais frequentemente utilizados são

Hamilton Depression Rating Scale (HRDS), Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS)

e Beck Depression Inventory (BDI). Devido as já abordadas dificuldades de se avaliar a

depressão em idosos, a utilização de formas diagnósticas cada vez mais precisas da depressão

no idoso são de suma importância no sentido de possibilitar um delineamento real da situação,

para que, dessa forma, se possa combater mais efetivamente esse quadro que tem um elevado

(22)

20

Um dos instrumentos de avaliação muito utilizado para diagnosticar a depressão é o

BDI. Este é composto por 21 itens que englobam os componentes cognitivos, afetivos,

comportamentais e somáticos da depressão. Porém, esta escala apresentou se não muito

fidedigna, superestimando a depressão de idosos (GIAVONI et al., 2008). Corroborando

Oliveira et al. (2006), as autoras afirmam que as escalas de depressão quando validadas para

idosos devem se preocupar em diferenciar sintomas naturais do envelhecimento de sintomas

oriundos da depressão.

Detectados os possíveis equívocos no diagnóstico da depressão devido a dificuldade

de se diferenciar os sintomas da depressão dos sintomas próprios do envelhecimento, a Escala

de Depressão de Idosos (EDI), validada por Giavoni et al. (2008) buscou levantar dados que

diferenciasse processos de envelhecimento de sintomas depressivos. Essa escala é composta

por três categorias, sendo essas: os componentes cognitivos (conjunto de sintomas cognitivos

presentes no processo depressivo), os componentes do humor (relacionados com o aspecto

emocional) e os componentes somático motores (relacionados ao aspecto físico motor). Cada

uma das categorias é composta por itens que procuram captar as nuances de cada componente,

sendo 16 itens relativos aos componentes do humor, 18 relativos aos componentes cognitivos

e 16 relativos aos componentes somático motores.

3.3 ESQUEMAS DE GÊNERO

Aros e Yoshida (2009) afirmam que especialmente, no que concerne às manifestações

da depressão em relação ao gênero, o conhecimento acumulado é ainda bastante incipiente.

Segundo Kaplan et al. (1997 apud AROS; YOSHIDA, 2009) as mulheres são duas vezes mais

acometidas pela depressão que os homens, entretanto Aros e Yoshida (2009) apontam

também que alguns estudos já vêm contestando essa afirmação ao apresentarem prevalências

semelhantes entre os dois gêneros.

Segundo Andrade et al. (2006) embora os homens apresentem a depressão de uma

forma diferente, estes apresentam o mesmo risco para desenvolvê la, nos homens, em geral, a

depressão se manifesta com sintomas de irritabilidade em vez de disforia ou anedomia, mais

frequentes nas mulheres.

De acordo com Custódio (2007) à medida que o indivíduo, na sua interação social,

(23)

proporções e medidas diferentes, resultando em esquemas cognitivos específicos,

denominados de esquemas de gênero. Uma vez que o gênero é um dos fatores que influencia

o desenvolvimento da depressão, os esquemas de gênero também podem estar relacionados ao

seu desenvolvimento.

Essas estruturas cognitivas são construídas a partir da interação do indivíduo com os construtos sociais da masculinidade e da feminilidade e variam em conteúdo e organização, resultando em distintas formas de pensar, sentir e agir. Assim, ao longo da vida, as vivências e experiências individuais relacionadas aos construtos de gênero resultam no desenvolvimento dos esquemas masculino e feminino, os quais incorporam traços, papéis e valores relacionados à masculinidade e à feminilidade, respectivamente. (GOMES, 2007, p. 14).

Markus e Kitayama (1991) classificam os indivíduos em quatro grupos distintos

quanto aos esquemas de gênero sendo esses grupos constituídos por aqueles indivíduos que

possuem o esquema masculino – Masculino Típico; os que possuem o esquema feminino –

Feminino Típico; os que apresentam os dois esquemas de gênero – Andrógino; e os

considerados esquemáticos em relação ao gênero – Indiferenciado. Já para Giavoni e Tamayo

(2000) todos os indivíduos possuem ambos os esquemas, tendo um predomínio sobre o outro,

do que resultam três grupos tipológicos de gênero, sendo esses Heteroesquemático

Masculino, em que o esquema masculino predomina sobre o feminino; Heteroesquemático

Feminino, em que o esquema feminino predomina sobre o masculino; e Isoesquemático, em

que não há predomínio de um esquema sobre o outro, os dois se desenvolvem

equilibradamente.

O instrumento utilizado para avaliar os esquemas masculino e feminino do

autoconceito das mulheres é o Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do

Autoconceito (IFEGA) constituído por 75 itens. Os aspectos que compõem o esquema

masculino das mulheres são fator arrojamento, fator egocentrismo e fator negligência,

enquanto que os que compõem o esquema feminino das mulheres são fator sensualidade,

fator inferioridade e fator ajustamento social (GIAVONI; TAMAYO, 2005).

Para avaliação dos esquemas masculino e feminino do autoconceito dos homens o

instrumento utilizado é o Inventário Masculino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito

(IMEGA) constituído por 71 itens. Os aspectos que compõem o esquema masculino dos

homens são o fator egocentrismo, fator ousadia e fator racionalidade, enquanto que os que

(24)

22

insegurança e fator emotividade, e ainda um fator de segunda ordem, a sensibilidade

(GIAVONI; TAMAYO, 2003).

Considerando que os diferentes grupos de perfis psicológicos de gênero possuem

características, comportamentos, traços, papéis, normas e valores diferentes uns em relação

aos outros se atentou para a importância da verificação da relação desses esquemas de gênero

com a prevalência de depressão nos idosos no processo de envelhecimento, bem como para a

relação da depressão com a prática de atividade física, principalmente quanto ao tempo de

prática, e com a percepção da imagem corporal.

3.4 ATIVIDADE FÍSICA

Matsudo, Matsudo e Barros Neto (2001) afirmam que é praticamente um consenso

entre os profissionais da área da saúde que a atividade física é um fator determinante no

sucesso do processo do envelhecimento. De acordo com Benedetti et al. (2008) a participação

de idosos em atividades físicas leves e moderadas pode retardar os declínios funcionais do

envelhecimento. Corroborando este pensamento, Nieman (1999) afirma que muitos

gerontologistas relatam que para um envelhecimento saudável a atividade física regular é

fundamental.

A atividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal, produzido

pela musculatura esquelética, que resulta em gasto energético, tendo componentes e

determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental (PITANGA, 2002). Um

nível adequado de atividade física é um importante fator de promoção de saúde na população

idosa (MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2001).

Esta atividade é um fator determinante no processo de envelhecimento ativo e

saudável, podendo retardar as condições morfofuncionais que ocorrem com a idade. Embora

este processo seja uma consequência natural da vida, não se podendo evitá lo, pode se, sim,

estabelecer as bases para que, nesse período, o idoso possa viver nas melhores condições

possíveis (ANTÔNIO; RAUCHBACH, 2009).

Segundo Campos, Coraucci Neto e Bertani (2010) o exercício físico promove

melhorias na capacidade respiratória, na reserva cardíaca, no tempo de reação, na força

muscular, na memória recente, na cognição e nas habilidades sociais, retardando ou mesmo

(25)

destacam também a importância da realização do exercício antes mesmo das manifestações

clínicas das doenças surgirem, atuando de forma preventiva. E ressaltam que os exercícios

devem ser programados respeitando as necessidades individuais de cada indivíduo, devendo a

prática do exercício físico ser mantida por toda a vida para que o praticante possa usufruir das

melhoras da qualidade de vida e aumento na longevidade, proporcionados por essa prática.

Nascimento (2009) afirma que na dimensão psicológica, a atividade física atua na

melhora da auto estima, do autoconceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de

socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade, depressão e na diminuição do

consumo de medicamentos. Sendo, todas estas vantagens proporcionadas pela atividade física

acabam por possibilitar uma maior integração dos idosos na sociedade, tornando a um fator

determinante no processo de envelhecimento ativo e saudável. De acordo com Matsudo,

Matsudo e Barros Neto (2001) a atividade física regular e a adoção de um estilo de vida ativo

são necessárias para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de

envelhecimento.

Estudo realizado por Nogueira (2008) com um grupo de idosos longevos (80 anos ou

mais) mostrou que o nível de atividade física está relacionado com a capacidade funcional

desses idosos. Segundo a autora “menores níveis de atividade física se associaram às

seguintes variáveis: idade maior que 85 anos, pior saúde auto referida e saúde em comparação

com seus pares, pior capacidade funcional e ocorrência de quedas nos últimos três meses”.

Os benefícios da prática de atividades físicas no processo de envelhecimento são

notáveis e se estendem a diversas esferas da vida dessa população, promovendo significativas

melhoras em aspectos fisiológicos e psicosociais. Destaca se entre os efeitos da prática de

atividades físicas os fisiológicos, uma vez que a melhora em variáveis de ordem fisiológica

promovem melhoria da capacidade funcional e consequentemente menor relação de

dependência, melhora da autoestima, nas relações sociais e percepção de si mesmo, tendo

uma melhora na qualidade de vida. Matsudo, Matsudo e Barros Neto (2000) apontam os

seguintes efeitos fisiológicos da atividade física na saúde de idosos (Tabela 1).

Tabela 1 – Principais efeitos da atividade física, exercício e treinamento físico regular nas variáveis antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física, durante o processo de envelhecimento.

1. Antropométricas

Peso corporal Manutenção/diminuição

Gordura corporal Manutenção/diminuição Massa livre de gordura Manutenção/diminuição

2. )euromotoras

Força muscular Aumento 9 227%

Força muscular membros superiores Aumento 18 67%

Força muscular membros inferiores Aumento 32 227%

(26)

24

Tipo I Aumento 14 48%

Tipo II Aumento 20 62%

Capilaridade muscular Aumento

Capacidade oxidativa muscular Aumento Transporte glicose

3. Metabólicas

Aumento

Potência aeróbica (VO2 máximo) Aumento 10 40%

Diferença arteriovenosa de oxigênio Aumento 7%

Débito cardíaco Aumento

Volume plasmático Aumento 11,2%

Volume sanguíneo Aumento 12,7%

Catecolaminas plasmáticas e cardíacas Diminuição Cálcio ATPase do músculo cardíaco Aumento Frequência cardíaca de repouso Diminuição

Fonte: Matsudo, Matsudo e Barros Neto (2000)

3.5 IMAGEM CORPORAL

O autoconceito físico é uma das dimensões do autoconceito global mais fortemente

relacionada a este e se subdivide em três aspectos: aparência física, performance motora e

controle do peso. A aptidão física e a imagem corporal também são aspectos que compõem

este constructo, cabendo à imagem corporal e a sua percepção por parte de um indivíduo o

aspecto avaliativo da aparência física (KANNO et al., 2008).

De acordo com Barros (2005) a história da imagem corporal iniciou se no século XVI,

na França, com o médico e cirurgião Ambroise Paré. Já segundo Tavares et al. (2010) as

pesquisas sobre imagem corporal começaram no início do século XX e desde então ocorreram

várias mudanças tanto em seu conceito quanto nos métodos de avaliação.

Russo (2005) falando sobre a definição de imagem corporal afirma que não é

simplesmente uma questão de linguagem, tem uma dimensão muito maior, se pensarmos na

subjetividade de cada individuo. Damasceno et al. (2005) definem imagem corporal como

uma construção multidimensional que descreve amplamente as representações internas da

estrutura corporal e da aparência física, em relação a nós mesmos e aos outros. Fisher (1990

apud BARROS, 2005) afirmam que a imagem corporal não é só uma construção cognitiva,

mas também uma reflexão dos desejos, atitudes emocionais e interação com os outros. De

acordo com Pereira et al. (2009) a percepção da imagem corporal é reflexo da maneira como a

pessoa percebe seu próprio corpo e é influenciada por fatores de ordem física, psicológica e

(27)

processos cognitivos como crença, valores e atitudes de uma cultura podem influenciar o

processo de formação da imagem corporal (DAMASCENO et al., 2005).

Segundo Kanno; Giavoni, (2010) as pessoas aprendem a avaliar seus corpos a partir da

interação com o ambiente, sendo, portanto, a auto imagem desenvolvida e reavaliada

continuamente. Dessa forma, os eventos da vida diária também contribuem para a construção

da imagem corporal (BARROS, 2005).

Barros (2005) aponta a existência de uma interação entre fatores fisiológicos, neurais e

emocionais, além de fatores sociais, associados à construção da imagem corporal e que essa

só se torna completa se todos esses fatores estiverem unidos. De acordo com a autora unindo

os aspectos fisiológicos com as forças emocionais, a imagem vai condensando a vivência que

o homem tem de si mesmo e do mundo e que sua construção envolve a possibilidade de

interferência sobre a própria auto imagem de cada um, uma vez que ela – a imagem corporal

– não é fixa.

Dentre os vários fatores que influenciam a imagem corporal está a idade. Geralmente

os estudos apontam a relação da percepção da imagem corporal com os distúrbios alimentares

e à fase da adolescência, entretanto, já vem sendo notada altas prevalências de insatisfação

com a imagem corporal entre os idosos, principalmente do sexo feminino. Segundo Pereira et

al. (2009) a insatisfação com a própria imagem corporal está relacionada, entre outros fatores,

às modificações físicas e psicológicas decorrentes do envelhecimento. Para Damasceno et al.

(2006) a insatisfação com a imagem corporal em faixas etárias mais avançadas, ou

melhor, em pessoas idosas, se dá mais pela diminuição das funções corporais, do que pela

forma ou peso corporal.

Kanno et al. (2008) afirmam que de acordo com a teoria da autodiscrepância pode se

esperar que quanto maior for a discrepância entre imagem atual e imagem ideal, maior será o

distúrbio afetivo apresentado pelo indivíduo, sendo que essa discrepância desencadeia

distúrbios afetivos típicos, tais como, tristeza, desânimo e depressão. Segundo Russo (2005)

as pessoas aprendem a avaliar seus corpos através da interação com o ambiente, assim sua

(28)

26

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 TIPO DE PESQUISA

O presente trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa de caráter quantitativo

descritivo, que segundo Lakatos (1999), consiste em investigações empíricas cuja principal

finalidade é o delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação

de programas ou o isolamento de variáveis principais ou chave com a finalidade de oferecer

dados para a verificação de hipóteses.

4.2 AMOSTRA

A amostra foi composta por 123 idosas, com média de idade de 68,72% ± 6,11 anos,

sendo 35% viúvas e 61,6% com renda igual ou abaixo de 1 salário, pertencentes a

diversificadas classes sociais e integrantes do Centro de Convivência do Idoso da

Universidade Católica de Brasília (UCB).

4.2.1 Critérios de inclusão

Com relação aos critérios de inclusão, foram consideradas todas as idosas da

população acima apresentada que preencheram o IFEGA para classificação nos grupos

tipológicos de gênero, responderam ao EDI, a anamnese sobre a prática de atividade física, a

(29)

4.2.2 Critérios de exclusão

Foram excluídas da amostra as idosas com dependência física ou psicológica e que

tenham passado por algum trauma. Quando necessário, a possível dependência física ou

psicológica foi investigada através de familiares e/ou cuidadores.

4.3 INSTRUMENTOS

Para avaliar os níveis de depressão foi utilizada a Escala de Depressão de Idosos (EDI)

(ANEXO A) (GIAVONI et al., 2008). Para a classificação dos idosos nos grupos tipológicos

de gênero foi utilizado o Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito

(IFEGA) (ANEXO B) para o sexo feminino (GIAVONI; TAMAYO, 2005); para a

verificação da prática de atividade física foi utilizada uma anamnese (APÊNDICE B) e, para a

percepção da imagem corporal foi utilizada a Escala de Silhuetas Femininas (ANEXO C)

(KANNO, 2009).

A Escala de Depressão de Idosos (EDI) é composta por três categorias, sendo essas: os

componentes cognitivos (conjunto de sintomas cognitivos presentes no processo depressivo),

os componentes do humor (relacionados com o aspecto emocional) e os componentes

somático motores (relacionados ao aspecto físico motor). Cada uma das categorias é

composta por itens que procuram captar as nuances de cada componente, sendo 16 itens

relativos aos componentes do humor, 18 relativos aos componentes cognitivos e 16 relativos

aos componentes somáticos motores. Todos os fatores apresentam índices de consistência

interna condizentes com os padrões psicométricos, variando o alfa de Cronbach de 0,77 a 0,90

(GIAVONI et al., 2008).

O Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito (IFEGA) é

composto por 75 itens que, utilizando uma escala de cinco pontos (escore zero = item não se

aplica ao indivíduo ao escore 4 = item aplica se totalmente ao indivíduo), avaliam aspectos do

esquema masculino (Arrojamento, α = 0,87; Egocentrismo, α = 0,83 e Negligência, α = 0,73)

e três aspectos que avaliam o esquema feminino (Sensualidade, α = 0,92; Inferioridade, α =

(30)

28

Para a Anamnse sobre a prática de atividade física foi elaborado um questionário

semi estruturado, composto por 7 questões objetivas e discursivas, com a finalidade de

averiguar o tempo de prática, a frequência semanal, duração diária e intensidade da atividade

física (APÊNDICE B).

A percepção da imagem corporal foi analisada pela Escala de Silhueta Feminina

(ESF), a qual é composta por figuras, caminhando desde um perfil muito musculoso,

passando por um perfil eutrófico e finalizando em um perfil obeso. Para cada tipo de perfil

foram elaboradas quatro figuras, totalizando 12 silhuetas. Esta escala foi validada com teste e

re teste obtendo um p = 0,004 (KANNO, 2009).

4.4 PROCEDIMENTOS

As idosas foram selecionadas aleatoriamente pelo banco de cadastro do Centro de

Convivência de Idosos da Universidade Católica de Brasília. Estas foram contatadas por

telefone e convidadas a participar do presente estudo, sendo estipulada uma data para que a

mesma pudesse responder os instrumentos de avaliação. Após o preenchimento do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) por parte da amostra, os instrumentos de

avaliação anteriormente citados foram aplicados pela própria pesquisadora num período de

um mês.

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para a caracterização da amostra e verificação da prevalência de depressão foi

realizada a estatística descritiva e para verificar a comparação da depressão com os grupos

tipológicos de gênero, o tempo de prática de atividades físicas e a percepção da imagem

corporal o teste do Qui quadrado, adotando se um nível de significância de 0,05 (5%). Foi

(31)

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

No que se refere aos aspectos éticos, o presente estudo somente teve início após

avaliação e aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Católica de Brasília –

UCB, sob o Protocolo nº 284/2010 (ANEXO D). Antes da coleta de dados os participantes

foram esclarecidos sobre o estudo e, aqueles que aceitaram participar, assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido. Foi garantido aos participantes anonimato e liberdade de

retirar o consentimento a qualquer tempo, sem penalidade alguma.

Todos os resultados foram repassados para as idosas e aquelas que apresentaram

alguma alteração foram/serão encaminhadas para o Serviço de Orientação e

(32)

30

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises descritivas demonstraram que das 123 idosas ativas, que praticavam

atividades físicas três vezes por semana, 35% são viúvas e 23,6% casadas, com média de

idade igual a 68,72±6,11 anos (60 85) com renda inferior a um salário mínimo (61,6%).

Observa se uma prevalência de 17,1% de idosas com depressão. Este número

encontra se abaixo da média populacional para esta faixa etária, e acredita se que este nível

baixo deve se a prática da atividade física, uma vez que esta auxilia na diminuição da

ansiedade, estresse e depressão (ALMEIDA, 2009).

Corroborando com a afirmação de que a porcentagem de idosas com depressão é

maior do que a encontrada neste estudo, Oliveira, Gomes e Oliveira (2006) realizaram um

estudo com 118 idosos, dos quais 106 (90%) eram do sexo feminino, com idade entre 60 e 64

anos, encontrando uma prevalência de 31%. Esse número significa quase o dobro do valor

encontrado no presente estudo, porém os autores não relataram se estes idosos praticavam ou

não atividade física. Duarte e Rego (2007) em um estudo com 1120 idosos de um ambulatório

referência em Salvador, dos quais 72,5% eram mulheres, com média de idade de 75,4 ± 7,7

anos, encontraram uma prevalência de depressão de 23,4%.

Em estudo com 875 idosos do sexo masculino e feminino, com média de idade de 71,6

± 7,9 anos, praticantes e não praticantes de atividades físicas, na cidade de Florianópolis,

Benedetti et al. (2009) encontraram prevalência de 19,7% de depressão naqueles praticantes,

semelhante ao encontrado no presente estudo.

Irigaray e Schneider (2007) utilizando para a avaliação a Escala de Depressão

Geriátrica (GDS) encontraram uma prevalência de 19,4% de depressão em uma população de

103 idosas com idade entre 60 e 86 anos, participantes da Universidade para a terceira idade

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A prevalência de depressão encontrada foi

similar a do presente estudo, destacando se que das 103 idosas pesquisadas pelos autores

74,8% era praticante de atividades físicas.

Observa se que apesar de praticarem atividade física, ainda encontra se valores entre

17 e 20% na porcentagem de idosos depressivos em todos os estudos com idosos ativos

(OLIVEIRA; GOMES; OLIVEIRA, 2006; DUARTE; REGO, 2007; IRIGARAY;

SCHNEIDER, 2007; BENEDETTI et al., 2009). Isso indica que a atividade física atua como

(33)

Destaca se a diferenciação nos instrumentos de avaliação (questionários utilizados)

podem implementar as diferenças encontradas, principalmente se escala utilizadas não forem

validadas para os idosos.

Quanto aos grupos tipológicos de gênero, a tabela 02 apresenta o teste Qui Quadrado.

Tabela 2 – Perfil dos grupos tipológicos de gênero.

Perfil Psicológico Depressão Total

Sem Com

Heteroesquemático Feminino 68 11 79

Isoesquemático 25 09 34

Heteroesquemático Masculino 09 01 10

Total 102 21 123

p = 0,22

No teste Qui quadrado o valor de p encontrado foi maior que 0,05 indicando

independência estatística dos fatores depressão e esquemas de gênero. Acredita se que a não

significância se dê pela baixa representatividade de mulheres idosas no perfil

heteroesquemático masculino. Observa se, na tabela 02 que somente uma mulher

heteroesquemática masculina apresentou depressão e ainda, se avaliarmos em graus de

feminilidade pode se perceber de há mais mulheres no perfil em que estes traços são

predominantes.

Nos estudos que investigaram perfis psicológicos de gênero em outras faixas etárias,

os autores encontraram diferenças nos níveis de depressão e relacionaram esta doença com a

feminilidade. Segundo Cheng (1999), os estudos que estão sendo produzidos sobre o bem

estar psicológico estão relacionados mais a masculinidade do que a feminilidade. Isso porque

a feminilidade está ligada ao suporte social e a quantidade de relações sociais.

Esta relação depressão/feminilidade pode ser explicada na respostas diferenciadas

diante de um mesmo estímulo relacionado ao gênero, uma vez que os esquemas de gênero

atuam como lentes, filtrando os estímulos, selecionando aqueles consistentes com o esquema

predominante e distorcendo os estímulos contrários a este (CUSTÓDIO, 2007). Dessa forma,

acredita se que devido à influência psicológica dessa variável as mulheres do grupo HF sejam

mais suscetíveis ao desenvolvimento de depressão.

Para avaliar se o tempo de prática esportiva influenciava na depressão da amostra,

optou se por separar em três grupos (G1= 1 a 4 anos; G2 = 5 a 9 e G3= 10 ou mais). O tempo

médio de prática de atividades físicas foi de 8,3 ± 7,0 anos, com tempo mínimo de um e

(34)

32

O gráfico 1 apresenta dos percentuais de idosas de cada grupo. Quando realizado o

teste do Qui quadrado o valor de p encontrado foi maior que 0,05 indicando independência

estatística dos fatores depressão e tempo de prática de atividade física.

Gráfico 1– Tempo de prática de atividades físicas de idosas ativas (valores percentuais).

Estudos têm apontado a relação inversa entre prática de atividades físicas e

desenvolvimento de depressão (MATSUDO; MATSUDO; BARROS NETO, 2001;

GUIMARÃES; CALDAS, 2006; NASCIMENTO, 2009). De acordo com Benedetti et al.

(2008) a associação entre níveis de atividade física e depressão sugere que os idosos não

sedentários apresentaram menor frequência de depressão.

São amplamente conhecidos e divulgados na literatura os efeitos benéficos da prática

de atividades físicas na prevenção e tratamento da depressão, entretanto, em geral, não tem

sido investigada a possível influência do tempo de prática de atividades físicas no combate da

mesma. Embora estatisticamente não tenha sido observado dependência entre tempo de

prática de atividades físicas e depressão, pôde se observar que das idosas estudadas que

apresentaram depressão apenas 2 (9,5%) praticam atividades físicas a 10 ou mais anos, por

outro lado, a quantidade e proporção de idosas com depressão que praticam atividades físicas

entre 5 e 9 anos foi maior que entre as que tê tempo de prática entre 1 e 4 anos, o que torna os

resultados inconclusivos (GRÁFICO 2). Destacando a necessidade de mais pesquisas com

maior rigor metodológico sobre a relação entre atividades físicas e depressão, já apontada por

(35)

Gráfico 2 – Tempo de prática de atividades físicas de idosas ativas com e sem depressão (valores absolutos).

Avaliando o terceiro objetivo específico deste estudo, o qual tem como propósito

investigar de a depressão tem relação com a imagem corporal de idosas ativas encontrou se

uma porcentagem alta de insatisfação (66,7%). Este número é alto, porém inferior a quase

todos os estudos referenciados, visto que a insatisfação com o corpo é uma unanimidade na

população brasileira em todas as faixas etárias (DAMASCENO et al., 2006; KANNO et al.,

2008; PEREIRA et al., 2009). Das 21 idosas com depressão, 76,2% demonstraram

insatisfação corporal. Quando realizado o teste do Qui quadrado o valor de p encontrado foi

maior que 0,05 indicando independência estatística dos fatores depressão e imagem corporal.

Afim de avaliar a imagem corporal, Tribess, Virtuoso Junior e Petroski (2010)

realizaram um estudo com 265 idosas na Bahia, com idade média de 71,15 ± 7,44 anos, índice

de massa corporal (IMC) de 25,84 ± 4,56 kg/m2. Utilizando se da escala de nove silhuetas

proposta por Stunkard, Sorenson e Schlusinger (1983), os autores identificaram que 54% das

idosas estavam insatisfeitas com a imagem corporal e que essa insatisfação está associada ao

sobrepeso.

Estudo realizado por Pereira et al. (2009) com 62 idosas fisicamente ativas há pelo

menos cinco anos, com idade média de 67,65 ± 0,74 anos e IMC médio de 28,40 ± 0,82

kg/m2, também utilizando a escala de nove silhuetas proposta por Stunkard, Sorenson e

Schlusinger (1983) identificou que 74,2% das idosas estavam insatisfeitas com sua imagem

corporal, valor semelhante ao encontrado no presente estudo em que as idosas também eram

(36)

34

Embora no presente estudo estatisticamente não tenha sido verificada relação de

dependência entre depressão e imagem corporal, pôde se observar que das idosas com

depressão 76,2% estavam insatisfeitas com sua imagem corporal. Cabe ressaltar que para a

mulher idosa, a insatisfação corporal é só um fator que pode prejudicar sua autoestima, mas

existem outros fatores, já citados anteriormente, sociais e fisiológicos capazes de aumentar a

presença de depressão.

Segundo Damasceno et al. (2006) “a imagem corporal negativa está correlacionada

com baixa auto estima, depressão, ansiedade e tendências obsessivas compulsivas em

relação à alimentação e à prática de exercício físico”. Tribess (2006) destaca que “o

entendimento dos aspectos que influenciam a satisfação da imagem corporal no idoso é

determinante na elaboração de intervenções direcionadas ao bem estar do mesmo”.

(37)

6 CO)CLUSÃO

Pode se concluir neste estudo que a porcentagem de idosas depressivas é baixa em

comparação a população nesta faixa etária, onde o predomínio chega a 31%, encontrou se

17,2% (21mulheres). Na amostra estudada, esta doença não teve relação com a imagem

corporal, pois, as idosas não relacionam este aspecto como um desencadeador de depressão,

uma vez que as mudanças no corpo envelhecido são constantes.

Quanto a relação do perfil psicológico de gênero e a depressão, mais uma vez não

foram encontrados valores de significância, porém quando avalia as mulheres depressivas

(21) estas possuem, em sua maioria (95,5%) os perfis de gênero relacionados a feminilidade,

Esta falta de significância pode ter se dado, pelo número menor de mulheres HM, o

que pode ter sido uma limitação do estudo. Sugere se, portanto, que sejam feitos novas

pesquisas com um número maior de mulheres com perfil HM e, também que sejam realizados

trabalhos com a avaliação de homens idosos para confirmação da relação entre feminilidade e

depressão.

Quanto à relação com a prática de atividade física, são necessários estudos adicionais

para determinar com maior grau de exatidão o tempo de prática de atividade física por

modalidades comparando atividades mais indicadas ao tratamento da depressão.

(38)

36

REFERÊ)CIAS

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Tabela  1  –  Principais  efeitos  da  atividade  física,  exercício  e  treinamento  físico  regular  nas  variáveis  antropométricas, neuromotoras e metabólicas da aptidão física, durante o processo de envelhecimento
Tabela 2 – Perfil dos grupos tipológicos de gênero.
Gráfico  2  –  Tempo  de  prática  de  atividades  físicas  de  idosas  ativas  com  e  sem  depressão (valores absolutos)
Gráfico  3  –  Percepção  da  imagem  corporal  de  idosas  ativas  com  e  sem  depressão  (valores absolutos)

Referências

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