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ASP POLÍTICOS E ECONÔMICOS DOS PAÍSES QUE COMPÕEM O NAFTA

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ASP POLÍTICOS E ECONÔMICOS DOS PAÍSES QUE COMPÕEM O NAFTA

NAFTA

O NAFTA, formado pelos EUA, Canadá e México, consolidou a entrega de todo o setor de serviços aos parceiros, o que era o principal objetivo dos EUA. Isso porque o setor de serviços é o mais competitivo da economia norte-americana e emprega três quartos de sua força de trabalho, gerando 68% do seu PIB.

Outro item da estrutura do NAFTA são as regras de origem, mecanismo hoje conhecido como a vanguarda do protecionismo, utilizado como barreira ao acesso de terceiros países aos mercados regionais.

O subsídio à agricultura é outro óbice para a integração com o NAFTA. O Canadá e os EUA subsidiam suas agriculturas com cerca de U$$ 200 milhões anuais. Esses subsídios causam a perda da competitividade dos produtos agrícolas do Mercosul.

Para a formação da Área de Livre Comércio da América – ALCA, pretendem os EUA utilizar a estrutura do NAFTA:

- a abertura do mercados de serviços dos demais países;

- o acesso ao mercado de mercadorias com tarifas mais baixas;

- a manutenção de regras de origem que dificultem o acesso de terceiros países;

- a imposição de critérios legislativos e culturais próprios, com expressiva renúncia à soberania por parte dos outros membros (manutenção do regime de subsídios agrícolas); e

- uma “colheita” precoce de todos os benefícios acima.

Para países como o Brasil e a Argentina, a adesão à ALCA formatada nos moldes do NAFTA

seria um desastre sem precedentes. Esse desastre seguramente ocorreria no setor de serviços, que representa mais de 50% do PIB brasileiro. O setor financeiro migraria em grande parte para os EUA, tornando-o mais atraente para a presença comercial de terceiros países. O setor agrícola seria destruído, com a perda de milhões de empregos rurais. O sistema educacional entraria em colapso.

No que se refere especificamente ao relacionamento Brasil - Estados Unidos, não há dúvida de que é preciso, antes de iniciar um debate mais aprofundado sobre a formação da ALCA, que os norte-americanos cuidem de eliminar as gigantescas barreiras comerciais impostas a diversos produtos brasileiros. No caso do suco de laranja, o importador americano é obrigado a pagar uma tarifa superior a 50%. Os calçados pagam alíquotas de 48% e o fumo 35%. A indústria têxtil enfrenta cotas que restringirão, até 2005, a venda de 50% de seus principais produtos.

Há, além disso, as barreiras não - tarifárias. No caso da laranja, os produtores brasileiros não podem vendê-la no mercado norte-americano porque as autoridades sanitárias alegam que a mosca mediterrânea contamina a fruta originária no Brasil. Há cerca de 24 produtos brasileiros nessa situação.

Nos últimos seis anos, as exportações americanas para o Brasil praticamente triplicaram, atingindo U$$ 12 bilhões. Do déficit atual de U$$ 5 bilhões na balança comercial do Brasil, pelo menos 50% se deve aos problemas bilaterais entre Brasil e EUA.

Para a formação da ALCA, é importante que prevaleça a posição brasileira no sentido de promover negociações graduais e progressivas, cujo ritmo se mantenha compatível com o aperfeiçoamento da integração hemisférica a partir do fortalecimento dos blocos já existentes (Mercosul, Pacto Andrino, Nafta, entre outros).

Também é necessário que cada uma das 34 nações esteja apta a negociar com autonomia acordos econômicos, o que ainda não está ao alcance dos Estados Unidos, onde o Congresso deve sancionar cada negociação.

Outro aspecto a considerar é que a constituição da ALCA não deve prejudicar as relações comerciais do Brasil com a União Européia (maior parceira comercial do Brasil), com o Japão, com a China, entre outros. A integração hemisférica não poderá impedir a integração com a totalidade dos mercados mundiais. (Vai de encontro às regras de origem do Nafta).

O setor privado brasileiro deverá estar preparado para os desafios de competitividade que certamente provocará a criação de uma área de livre comércio com países do Nafta.

O setor privado está apto a desempenhar um papel de protagonista dessa nova ordem mundial. Para isso é preciso que seja implantada uma política de competitividade consistente no País. Uma política que priorize o financiamento às exportações, que favoreça a modernização do parque industrial brasileiro e a implantação de

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novas programas de qualidade e de “design”, fortalecendo a marca Brasil no mercado externo. A essas ações certamente somar-se-ão as reformas constitucionais, ataque ao custo Brasil ,além da continuidade do programa de desestatização, ainda não se esquecendo que, sem portos que funcionem, sem financiamentos em volume e taxas compatíveis aos praticados no mercado internacional, sem uma política de competitividade e sem reduzir o custo Brasil, a formação do ALCA será uma catástrofe para o mercado brasileiro.

ESPAÇO ECONÔMICO DA AMERICA DO NORTE

O Acordo de Comércio Norte Americano (NAFTA- North American Free Trade Agreement) assenta na existência de determinadas condições, gerais e especiais, que favoreceram a implementação do acordo. No que diz respeito a condições gerais, é de referir a capacidade econômica e institucional das partes em respeitar compromissos a longo prazo bem como a existência de um ambiente macroeconômico estável direcionado para políticas de economia de mercado e no enquadramento do GATT, (Acordo Geral em Tarifas e Comércio) a promoção de regimes livre cambistas.

Em relação a condições especiais, fundamentais para o estabelecimento de uma zona de comércio livre, há que destacar:

- Grau razoável de estabilidade monetária

- Existência de uma certa ordem monetária num contexto de taxas de inflação relativamente elevadas, que influenciam a relação preços/salários, com repercussões nas taxas de câmbio reais e posteriormente no setor de importação/exportação.

- Aceitação das regras de mercado

As partes intervenientes no acordo, na análise de cada economia estão dispostas em aceitar regras de mercado, o que leva ao fomento da concorrência, permitindo a redução dos custos e favorecendo a inovação.

- Financiamento orçamental baseado nos impostos

Estando por base do acordo, a redução e eliminação de impostos aduaneiros as partes devem possuir um sistema de financiamento público que tenha por base impostos diretos e indiretos, isto porque após a implementação do acordo as receitas externas iram reduzir-se gradualmente.

- Existência de relações comerciais e financeiras

A existência de relações comerciais e financeiras constitui a razão essencial para o estabelecimento de um acordo que conduza a tratamento preferencial.

- Democracia das partes

Todas as partes do acordo, têm por base um sistema político democrático essencial para se atingirem os objetivos do acordo.

O Acordo da NAFTA estabelece uma área de comércio livre e expressa os seguintes objetivos:

1. Eliminação de barreiras ao comércio de bens e serviços, entre os territórios das partes;

2. Promoção de condições de competição justa dentro da área de comércio livre;

3. Oportunidades de investimento crescentes dentro da FTA (Área de Comércio Livre);

4. Proteção efetiva e execução de direitos de propriedade intelectual;

5. Criação de uma armação para a cooperação adicional, aumentando os benefícios do Acordo.

Os objetivos estão expressos no artigo 102 do Tratado da NAFTA, de uma forma mais especifica, o qual passo a transcrever:

As partes interpretarão e aplicarão as providências do Acordo à luz dos objetivos de partida no parágrafo 1 e conforme regras aplicáveis de direito internacional.

Relação entre a NAFTA e outros tratados:

Os signatários, cada um dos quais são sócio do Acordo Geral em Tarifas e Comércio (GATT), concordam que as providências de NAFTA prevalecerão no caso de conflito. Isto também se aplica a acordos ambientais, acordos específicos que lidam com espécies em extinção e depelação de ozônio.

Esta relação está expressa no artigo 103 do Acordo.

Eliminação de Tarifa e Acesso de Mercado

O objetivo central da NAFTA para o comércio de bens e serviços consiste na eliminação de obstáculos pautais e restrições, quantitativas. O calendário de transição baseia-se num período de 10 anos e alargado a 15 para determinados produtos considerados sensíveis. No caso do México, este período de transição é fundamental na medida em

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que os níveis de quotas e direitos aduaneiros são mais elevados quando comparados com as restantes partes integrantes do Acordo.

Em relação ao comércio de bens e serviços entre os E.U.A e o México, a NAFTA promove a eliminação de restrições de importação de produtos de origem de dentro da América do Norte. Serão removidos restrições em 1994 em categorias chave de bens, inclusive computadores e a maioria dos automóveis.

O regime de restrições entre o Canadá e os E.U.A foi estabelecido pelo CFTA (1988) e continuará como se programou até á conclusão em 1999. O Tratado da NAFTA define quatro categorias principais em matéria de eliminação de tarifas; estas categorias constituem a descrição tarifaria da NAFTA, a saber:

a) Eliminação de tarifas imediatamente após a implementação do Acordo, em 1 de janeiro de 1994.

b) Tarifas a serem eliminadas em cinco fases anuais iguais, com início em 1 de janeiro de 1994 e terminus em 1 de janeiro de 2003.

c) Livre mercado de tarifas e quotas aduaneiras.

Além das quatro categorias gerais acima descritas, existem uma série de categorias que respeitam a casos específicos, que estão relacionadas com as características dos produtos.

Em matéria de integração econômica a NAFTA realça a importância do conceito de origem dos bens, estabelecendo protecionismo para áreas preferenciais. Os critérios quanto á determinação do caráter originário de cada bem são precisados no artigo 401 do Tratado. Existem então vários critérios que importa referir:

O 1º critério estabelece que um bem só será considerado originário da área quando for totalmente obtido ou produzido no território de um ou mais países membros do Acordo;

O 2º critério consagra regra da mudança da classificação pautal, atribuindo o caráter originário a um determinado produto, mesmo que este possua materiais não originários da zona. Em alguns casos reforça-se a regra da percentagem especifica de conteúdo norte americano, isto para a proteção da zona;

O 3º critério é o do conteúdo do valor regional, determina-se então uma percentagem mínima do valor aduaneiro dos bens, a partir do qual o processo produtivo é substancial. O sistema de calculo desta percentagem pode ser feita através de dois métodos: o método do valor de transação, que se baseia no preço pago ou a pagar exigindo-se uma percentagem no mínimo de 60% de conteúdo de valor regional; e o método do custo liquido, em que se subtrai do preço total do produto os elementos monetários relacionados com a promoção de vendas, marketing, embalagem, etc, exigindo- se então uma percentagem mínima de valor regional igual a 50%. É necessário então adequar cada produto, mediante as suas características, ao método adotado;

Por último, existe a possibilidade de aplicar um outro critério com a atribuição de caráter originário norte americano caso entrem materiais de origem indeterminada cujo valor seja inferior a 7% do valor de transação ou custo total do produto.

TABALHO E AMBIENTE, ACORDOS LATERAIS PARA A NAFTA

É de referir o Acordo de Cooperação no Mercado de Trabalho, realizado em 13 de Agosto de 1993, por representantes dos três países e realçar o fato de ter sido a primeira vez em termos históricos que a par de uma Acordo de comércio se congratulasse um acordo laboral associado. O acordo laboral visa complementar a NAFTA, por forma a que se promovam condições de trabalho e se melhore condições a nível social.

Deste Acordo laboral destacam-se as seguintes características:

Liberdade de associação;

Direito a negociação coletiva;

Direito á grave;

Proibição do trabalho forçado;

Restrições ao trabalho infantil;

Condições mínimas no local de trabalho;

Eliminação de discriminação laboral;

Igualdade salarial para ambos os sexos;

Proteção para vitimas de acidentes de trabalho;

Proteção para vitimas de acidentes ou doenças no local de trabalho;

Proteção para trabalhadores imigrantes;

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No campo jurídico e administrativo, o Acordo estabelece os seguintes objetivos:

Fornecimento de meios efetivos para o cumprimento dos direitos garantidos, pelas leis laborais, para todos os grupos de pessoas com interesses legalmente reconhecidos pelas leis de cada pais;

Manutenção de imparcialidade e independência nos processos administrativos e judiciais internos, dando as partes a possibilidade de serem ouvidas e de apresentarem provas, possibilitando normalmente o acesso do público ás salas de tribunal;

Possibilidade de apresentar recursos independentes de acordo com as normas administrativas;

Possibilidade das partes lesadas receberem compensações pela violação da lei laboral, com ou sem acordo mutuo.

A par do Acordo de Cooperação no Mercado de Trabalho, foi assinado também na mesma data o Acordo de Cooperação Ambiental, demonstrando-se o interesse por questões deste nível, e da mesma forma como anteriormente foi a primeira vez que um Acordo ambiental foi assinado a par de um Acordo de Comércio.

Este Acordo promove a idéia de compatibilidade entre crescimento econômico e a salvaguarda de questões ambientais, estabelecendo-se uma série de obrigações em que cada partes se compromete a realizar os seguintes itens:

Os países comprometem-se a desenvolver esforços para limitar o comércio de substancias toxicas que se encontrem banidas a nível interno.

O Acordo NAAEC (Acordo Norte Americano em Cooperação Ambiental) e o NAALC ( Acordo Norte Americano em Cooperação Operária) têm três objetivos específicos:

primeiro, os pactos visam a implementação de leis nacionais e regulamentos da caráter laboral e ambiental, desempenhando um papel de alerta para os países sobre eventuais abusos de trabalho e práticas que prejudiquem o ambiente;

segundo, envolvimento de recursos para iniciativas em comum de forma a promover trabalho competitivo e práticas ambientais racionais;

terceiro, estabelecimento de um plano para consultas e resoluções de disputa em casos onde a execução domestica é inadequada.

Ambos os Acordos foram bem sucedidos principalmente porque as partes analisaram as leis nacionais e patrocinaram estudos comparativos, seminários e iniciativas regionais para promover o trabalho cooperativo e políticas ambientais.

INTERVENÇÃO SETORIAL DO ACORDO

No setor Agrícola, a NAFTA prevê separados acordos bilaterais de comércio em bens agrícolas, em dois grupos de países: E.U.A – México e E.U.A – Canadá, cada um expressa diferenças estruturais nos setores agropecuários.

Numa primeira linha promove a eliminação imediata ou progressiva de direitos aduaneiros para determinados produtos. Em relação a restrições quantitativas anteriormente existentes, prevê a circulação de produtos agrícolas em certos volumes com isenção de direitos aduaneiros verificando-se um sistema misto entre quotas e direitos aduaneiros.

A relação comercial entre E.U.A e Canadá permanecerá sujeito, ao Acordo de Comércio Livre (CFTA) assinado em 1988, embora certas providências sejam aplicadas, incluindo medidas de apoio doméstico e subsídios de exportação que se aplicam em comum as três partes.

No que toca ao comércio agropecuário entre os E.U.A e o México, a eliminação dos direitos aduaneiros irá realizar-se num período de 10 anos a contar da data de entrada em vigor do Acordo, excetuando-se determinados bens considerados sensíveis em que o prazo se alarga a 15 anos.

No setor Têxtil e Vestuário, as partes subscreveram a eliminação de obstáculos para produtos têxteis e de vestuário, num prazo máximo de 10 anos, que cumpram as regras de origem da zona.

No setor dos Transportes terrestres, o Acordo estabelece um calendário para a liberalização da prestação de serviços em cinco anos. Especifica determinadas técnicas e de segurança, com o intuito de promover a competitividade na área dos transportes terrestres

Na propriedade intelectual, cada país terá a obrigação de proteger de forma adequada e efetiva determinados direitos de propriedade intelectual. Nesta área a NAFTA, baseando-se no GATT (1994), define determinados compromissos específicos sobre propriedade intelectual tais como: direitos de autor; patentes; marcas e outros especificados no Acordo.

Por último, em relação ao Investimento, o Acordo NAFTA elimina determinadas barreiras ao investimento,

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concedendo garantias essenciais aos investidores das três partes. Cada parte terá que respeitar o principio do tratamento nacional dos investimentos, o que implicará que cada parte não poderá aplicar um dispositivo menos favorável aos investidores das restantes partes do Acordo.

Em suma, esta referências constituem uma breve análise setorial do Acordo, constatando-se o impacto da NAFTA em cada uma das partes de forma bilateral e trilateral.

EFEITOS ACTUAIS DA NAFTA ACORDO E.U.A- CANADÁ

Quando o Acordo de Livre Comércio, E.U.A- Canadá, que entrou em vigor em janeiro de 1989, havia muitas expectativas positivas nos dois países com relação ao aumento do comércio bilateral, ao estímulo ao investimento e ao desenvolvimento da cooperação comercial em diversas áreas. Entretanto, passados quatro anos, os resultados têm recebido inúmeras críticas, sobretudo no Canadá, que viu diminuídas as suas possibilidades de concorrência face aos E.U.A. No comércio entre as duas nações, o Canadá, embora tenha aumentado as suas exportações, passou a importar quantidades relativamente superiores ás anteriores ao Acordo. Assim, uma balança comercial que entre 1986 e 1988 tinha um saldo de US$ 11,5 bilhões a favor dos canadenses, apresentou, nos primeiros três anos do Acordo (1989 – 91), a expressiva soma de US$ 11,1 bilhões negativos.

Baseados em diversos outros dados, como o aumento de empregos em cada país, muitos analistas concluem que os E.U.A beneficiaram mais com o Acordo do que o Canadá.

DISPARIDADES ENTRE OS PAÍSES

Em Agosto de 1992 a NAFTA, congregando o México, Canadá e os E.U.A, era assinado pelos três governos.

Desde então, muitos analistas no campo da integração vêm manifestando as suas preocupações com as acentuadas assimetrias e disparidades entre as partes. E.U.A e o Canadá de um lado e o México, de outro. Um dos aspectos que suscita questões, quanto à abrangência e ao ritmo da liberalização do comércio, é que na NAFTA não existe, de forma abrangente e relevante, um tratamento especial e diferenciado para o México ou outro país em desenvolvimento que no futuro venha ingressar no Acordo. Dever-se-ia estabelecer mecanismos e políticas de ajustamento, sobretudo para o México, no que diz respeito a áreas sensíveis, como a mão de obra e o setor agrícola, distribuindo melhor os essenciais e óbvios impactos da NAFTA. Por exemplo, a agricultura americana terá melhores condições de se adaptar à nova realidade do que a Mexicana.

Analisando o Acordo, verifica-se que os benefícios da NAFTA, em termos de liberalização do comércio, não podem fazer esquecer os problemas em várias outras áreas: meio ambiente, emprego, saúde, direitos humanos, etc.

GLOBALIZAÇÃO E OLIGOPOLIZAÇÃO

A importância da globalização faz-se sentir não só na produção e nos mercados, mas também no conhecimento e na tecnologia bem como nos efeitos para América Latina. As análises dos vários blocos existentes nas Américas apontam a natural tendência á oligopolização de diversos fatores de produção. Para que o processo de integração de diversas sub- regiões da América Latina tenha êxito é necessário que haja uma maior participação dos diversos segmentos e fatores da sociedade de cada país, nomeadamente: iniciativa privada, poderes legislativos federal, estadual e municipal, organizações de classe, organizações não governamentais, universidades, etc.

Tendo em vista que o processo de integração não abrange somente as dimensões comerciais e econômicas, mas também os aspectos sociais, políticos, culturais e outros, temas como a reconversão industrial e agrícola precisam de ser mais discutidos e aprofundados, em busca de novos rumos para os setores produtivos afetados para a integração. Aqui insere-se uma variável chave, ou seja, o ritmo e a velocidade do processo de liberalização entre países. Focando o MERCOSUR (Mercado Econômico del Sur), questionam-se os curtíssimos prazos estipulados para alcançar a ampla harmonização exigida para formar um mercado comum em áreas tão complexas como, por exemplo, o setor agrícola . Conclui-se que o irreversível processo mundial de globalização deve ser contrabalançado por um amplo processo de participação, conscientização e mobilização da sociedade civil de cada país em todos os níveis. Um mínimo de tempo é indispensável para que a integração seja feita de forma democrática e com o apoio da maioria da população.

A NAFTA E A ÁMERICA LATINA

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Um outro tema abordado é o das relações entre os Hemisférios Norte e Sul. Assim, a iniciativa para as Américas apresentada pelos E.U.A em 1990 levantava muitas duvidas e deixava entrever riscos, sugerindo cautela do lado da América Latina; uma maior interação entre a NAFTA e os outros blocos existentes nas Américas ou no Caribe deve ser cogitada, desde que tomadas as precauções necessárias para que não haja hegemonia absoluta de um bloco em relação a outros. Essa visão dá ainda mais importância ao MERCOSUR e à necessidade de os países do Cone Sul serem mais coesos e integrados, tornando-se mais competitivos via economia de escala e complementaridade.

Somente assim poderão negociar com maior margem de manobra com o bloco do Hemisfério Norte. Uma variável chave neste processo é sem duvida o acesso à tecnologia, a fim de que os países da América Latina se tornem mais competitivos e aptos a conquistar novos mercados.

NAFTA E A RODADA URUGUAI

A existência da NAFTA gera uma nova oportunidade de repensar e redirecionar as relações entre os países desenvolvidos e em vias desenvolvimento. Mas por outro lado surgem dúvidas com respeito ao futuro da Rodada Uruguai e do próprio GATT .Levantam-se então uma série de perguntas, tais como:

- Qual será o impacto do surgimento ou fortalecimento de grandes blocos sobre o GATT ? - Esse Acordo Geral de Tarifas e Comércio será enfraquecido?

- Até que ponto a NAFTA poderá dificultar o processo de liberalização global e mundial de comércio, a curto prazo?

Tais questões só terão respostas com o decorrer do tempo, pois o impacto de um qualquer Acordo consiste numa análise de longo prazo.

BALANÇO DA NAFTA CINCO ANOS DEPOIS

As principais controvérsias travam-se na questão do emprego e do padrão de vida, temas abordados em um dos Acordos paralelos da NAFTA.

No México, diversos setores responsabilizam a NAFTA pelo aumento de 52% no nível de preços ao consumidor entre 1995 e 1996, pela perda de empregos e pela redução do salário real a um nível que mesmo em 1998 não superava o de 1994.

Segundo a Rede Mexicana de Cação Frente ao Livre Comércio (RMALC), essa deterioração não é conjuntural, mas constitui a base da competitividade do México na América do Norte. No entanto, uma vez separadas as variáveis da deterioração, não parece plausível estabelecer uma relação que as conecte casualmente com a NAFTA; em segundo lugar, estas aparecem vinculadas principalmente aos efeitos da crise do “peso” de dezembro de 1994. Também não é possível demonstrar o vínculo entre a criação da NAFTA e as circunstâncias que estiveram em torno da fuga de capitais naquele ano. Naquele país ainda que um dos objetivos do tratado seja a atração de capitais estrangeiros, o que se pode dizer é que ele foi insuficiente para manter a taxa de crescimento dos investimentos no México.

Alguns dos indicadores de emprego relacionado com a NAFTA, como emprego em empresas remodeladas de produtos na região da fronteira dos E.U.A, mostram que no período 1993- 1996 houve um aumento de 46%. Também cresceu o número de empresas e o índice de população em cidades como Ciudad Juáerz, bem como na fronteira (México/E.U.A), ainda que os salários tenham sofrido perdas importantes no seu poder aquisitivo. A expansão do comércio intrabloco também não está isenta de dificuldades de interpretação. A hipótese do sucesso comercial conta com vários elementos a seu favor. Durante os primeiros quatro anos, o intercâmbio trilateral cresceu 43% e atualmente representa quase um terço das transações externas dos E.U.A.

Apesar de contar somente com cinco anos de vida sob a NAFTA transitam grande parte dos produtos dos três países livres de tarifas, e o processo de integração deve-se complementar em 2010. Observe-se que o crescimento nas vendas não indica o desempenho real das exportações do país. Em menor grau que o Canadá, a integração do México à economia dos E.U.A torna cada vez mais difícil definir o que é especificamente nacional no comércio entre os dois países.

Essa situação caracteriza precisamente os setores mais dinâmicos da exportação mexicana: têxtil, vestuário e indústria automobilística. Esta última é muito importante para o México e para os E.U.A, pelo número de empregos que gera e pela a sua contribuição para o PIB. Dado que a liberalização é mais acentuada pelo lado mexicano, a NAFTA favorece especialmente as exportações norte americanas. Apesar disso, a venda de veículos mexicanos cresceu de US$ 11 bilhões para US$ 23 bilhões no período 1993-1996. Atualmente o México é um dos maiores exportadores do mundo.

No setor têxtil, o México beneficiou com as alterações das disposições do Acordo Multifibras da Organização Mundial de Comércio (OMC), pelo anexo 300B da NAFTA, o qual estipula a eliminação imediata das restrições

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quantitativas, as salvaguardas e as tarifas do mercado norte-americano. Em virtude dessas facilidades, em quatro anos (1993- 1997) as exportações para os E.U.A passaram de US$ 1,4 bilhão para US$ 4,2 bilhões. Não obstante a expansão desses setores desde 1995 tem como primeira explicação a diminuição do valor das exportações mexicanas como conseqüência da desvalorização do peso. Durante esse período, as atividades da NAFTA estiveram orientadas principalmente para reforçar a integração do México á economia dos E.U.A por meio de regras restritivas.

A venda de têxteis mexicanos sob a NAFTA, por exemplo, favorece apenas os produtos que utilizam tecidos feitos com fios dos E.U.A. As exportações de vestuário que empregam tecidos mexicanos devem pagar taxas alfandegárias ou submeter-se ao regime de quotas dos E.U.A .

Quanto à indústria automobilística, somente os automóveis que cumpram o requisito de 60% de consumos região ( 62,5% no caso de autopeças) são passíveis para o livre comércio sem quotas e tarifas; os restantes devem sujeitar-se ás restrições da política comercial norte- americana. O comércio de têxteis e automóveis pode ser visto como um fluxo de produtos semi- manufaturados norte- americanos, primeiro exportados para o México para a sua transformação, em alguns casos é mínima, e depois reexportados para os E.U.A .

A dificuldade de uma avaliação de fundo da NAFTA não vem apenas das complexidades assinaladas, pois alguns dos objetivos de liberalização comercial ainda se encontram pendentes, com prazos da 10 a 15 anos. Outros não têm espaço dentro do Tratado com a flexibilização das regras de origem e a substituição das medidas antidumping por políticas de concorrência.

Finalmente, o déficit de consenso que caracteriza a NAFTA, e que vem dificultando uma maior participação dos seus intervenientes, tem pela frente a tarefa de associar os seus modestos instrumentos para conseguir o bem-estar das maiorias.

Referências

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