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ANDRAGOGIA E EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

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ANDRAGOGIA E EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

Uma Academia de Saberes

Margarida Vicente Alecrim

Mestrado em Educação Artística 2015

(2)

ANDRAGOGIA E EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

Uma Academia de Saberes

Margarida Vicente Alecrim

Dissertação orientada pela Prof.ª Doutora Margarida Calado

Mestrado em Educação Artística 2015

(3)

I

RESUMO

Este trabalho de investigação, desenvolvido no domínio da Educação de Adultos, centra-se na sintetização de um conceito que consideramos chave e que ainda tem pouca expressão em Portugal, a Andragogia.

O objetivo é contribuir para o estudo e aprofundamento da compreensão do conceito supra citado, para tal fez-se uma síntese de outros conceitos que lhe estão envoltos e até mesmo opostos, definiu-se a educação artística e através da análise de dois contextos de ensino não formal retiramos conclusões desta vertente educativa.

A temática situa-se entre o sistema educativo, no contexto social, e no ensino não formal de uma UTI, a partir destes pontos, reuniu-se leituras, teóricos, conceptualizações, elaborou-se inquéritos aos alunos do ensino não formal. O que resultou numa compreensão da complexidade desta perspetiva educativa.

A metodologia científica desenvolvida serviu não só para clarificar alguns dos Conceitos da Educação de Adulto como também para verificarmos as políticas educativas sobre a temática sejam elas internacionais quer as nacionais, que embora sejam poucos e na maioria das vezes omissas à Educação de Adultos na vertente artística, concentrando-se na alfabetização.

A partir do objeto de estudo, a clarificação do conceito andragógico, analisámos os contextos, as políticas educativas e partimos para os inquéritos que nos permitiram dar reconhecimento e validação à implementação e prática do mesmo, este referencial permitiu retirar conclusões interessantes acerca dos alunos, preferências, capacidades, necessidades e esclarecer dúvidas porque muitas vezes a aplicação de uma metodologia de ensino diferente, influencia as escolhas de uma pessoa e por conseguinte o seu percurso seja ele pessoal e/ ou profissional.

Concluindo verificamos a dicotomia dos conceitos, as políticas educativas pouco claras no que toca a esta temática, sendo que as Portuguesas são inexistentes no que diz respeito ao termo Andragogia e na vertente artística, a abordagem é recente e circunscreve-se aquilo que se acolheu nos programas escolares do ensino obrigatório. As UTIS podem apresentar um diálogo diferente no contexto andragógico em grande parte através do ensino artístico. Esperamos que o presente trabalho sirva para olharmos mais além na EA mais do que o habitual olhar da literacia básica.

Palavras-Chave: Andragogia, Educação de Adultos, UTI, Vertente Artística, Políticas Educativas.

(4)

II

ABSTRACT

This research paper regarding Adult Education focuses in summing up a concept that it is considered a key aspect and yet with little significance in Portugal, which is Andragogy.

The goal of this pape ris to contribute for the study of Andragogy and to deepen the understanding, thereforeit has been made a summary of other concepts, which are embraced in it and even opposite ones. It has been defined artistic education and through the analysis of two contexts of non-formal education, we withdraw conclusions of this very same educational field.

The theme is between the educational system, social context and the non-formal education of a University of the Third Age. From this point of view, it has been gathered readings, theoretician, conceptualizations and some surveys did to the students of non-formal education. As a result, the complexity of this educational perspective has been understood.

The cientific methodology developed was not only to clarify some of the Concepts of the Adult Education as well as to verify the educational policies about the theme whether they are international or nacional, which are although few and in most cases omitted in Adult Education in the artistic area, focusing in literacy.

From this study object, the elucidation of the andragogical concept, we analyse the contexts, the educational policies and we start the surveys, which let us to recognize and validate the implantation and the use of this concept. This referential allowed us to withdraw interesting conclusions about the students’ preferences, abilities and needs, and to clarify why the use of this different methodology of teaching influences people’s choices and therefore their course whether it is personal or professional.

To conclude, we verify the dichotomy of the concepts, the unclear educational policies, which are inexistent in Portugal, regarding the term Andragogy in the artistic area. The approach is recent and limits itself to what we know in the scholar programmes. In addition, Universities of the Third Age can present a different dialogue in the andragogical context, in most part through the artistic teaching.

Hopefully this paper would help us to look further in the Adult Education and not just basic literacy until today.

Keywords: Andragogy, Adult Education, Senior Universities / Universities of the Third Age, Artistic area, Educational Policies.

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III

DEDICAT ÓRIA À minha querida avó Argentina (in memoriam) e ao meu doce avô Braz (in memoriam) sem a vossa educação e cuidado nada seria igual. O meu muito OBRIGADA! Sei que onde estiverem irão sempre iluminar-me, saudade…

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IV

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

À Professora Doutora Margarida Calado, minha orientadora, por tudo em especial pelas horas dispensadas!

À Doutora Rita Cruz e ao Sr. Luís Conceição pela visão e disponibilidade demonstrada durante o trabalho na ADSL.

Aos alunos da ADSL e da SNBA que deram o seu contributo nos inquéritos executados.

Aos meus colegas em especial ao Nuno pelo apoio no tratamento de dados e gráficos, ao Bruno pela motivação, configurações e tipografia, ao Tiago pela paciência nas leituras e correções finais.

Em especial ao Henrique pelo apoio desde o primeiro dia no ingresso deste percurso e pelas correções do abstract.

Ao meu querido irmão pela paciência nos ensaios e dissertações feitos em casa, pelo apoio técnico de todas as horas.

Em especial à minha família pela compreensão da minha ausência e apoio incondicional que serviu de motivação nas pedras do caminho percorrido.

(7)

V

EPÍGRAFE

Experiência vivida no quotidiano, e assinalada por momentos de intenso esforço de compreensão de dados e de fatos complexos, a educação durante toda a vida é o produto de uma dialéctica com várias dimensões. Se, por um lado, implica a repetição ou a imitação de gestos e de práticas, por outro é, também um processo de apropriação singular e de criação pessoal. Junta o conhecimento não-formal ao conhecimento formal, o desenvolvimento de aptidões inatas à aquisição de novas competências. Implica esforço, mas traz também a alegria da descoberta. Experiência singular de cada pessoa ela é, também, a mais complexa das relações sociais, posto que se inscreve, ao mesmo tempo, no campo cultural, no laboral e no da cidadania.

UNESCO, 1996 p.92

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VI

SIGLAS E ABRE VIATURAS ADI- Aesthetic Development Interview

ADSL – Academia dos Saberes de Loures

CONFITEA- Conferencia Internacional sobre Educação de Adultos DBAE- Discipline Based Art Education

DGEEC- Direção Geral de Estatísticas da Educação e Ciência DGEP- Direção Geral de Estudos e Previsão

DGPGF- Direção Geral de Planeamento e Gestão Financeira EA- Educação de Adultos

EF- Educação Formal

EFA- Educação e Formação de Adultos EI- Educação Informal

ENF- Educação Não Formal EP- Educação Permanente

IGeFE- Instituto de Gestão Financeiro da Educação INE- Instituto Nacional de Estatística

MEC- Ministério da Educação e Ciência

OCDE- Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PNAEBA- Plano Nacional de Alfabetização e de Educação de Base dos Adultos RUTIS- Rede de Universidades da Terceira Idade

RVCC- Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências SNBA- Sociedade Nacional de Belas-Artes

UNESCO- United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization UnATI- Universidade Aberta à Terceira Idade

UTA- Universités du troisième Age UTI- Universidade da Terceira Idade UP- Universidades Populares

U3A- Universities of the Third Age VTS- Visual Thinking Strategies

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VII

LISTA DE TABEL AS, GR ÁFICOS, QUADROS E ANEXOS

1QUADRO 1. IDEIAS-CHAVE RETIRADAS DAS CONFITEA’S E DAS PREOCUPAÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE O TEMA.ADAPTADO DE PIRES.A,(2002)EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO AO LONGO DA VIDA: ANÁLISE CRÍTICA DOS SISTEMAS E DISPOSITIVOS DE RECONHECIMENTO. ... 17 2 TABELA 1. CARACTERÍSTICAS DAS DIFERENÇAS DE APRENDIZAGEM PEDAGÓGICA E ANDRAGÓGICA. FONTE: CAVALCANTI.(1999)-REVISTA CLINICA CIRÚRGICA DA PARAÍBA,6,ANO 4,JULHO... 20 3QUADRO.2QUADRO GERAL DA APRENDIZAGEM FORMAL, NÃO FORMAL E INFORMAL.ADAPTADO DO ARTIGO DE

FERREIRA,FLÁVIO (2015)EDUCAÇÃO DE ADULTOS: PROPOSTA DE INOVAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA... 27 4GRÁFICO 1. PRIMEIRAS UNIVERSIDADES DA TERCEIRA IDADE.FONTE:JACOB, LUÍS.(2012)-GUIA TÉCNICO

DAS CONDIÇÕES DE CRIAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS UNIVERSIDADES E ACADEMIAS SÉNIORES. ... 36 5 GRÁFICO2. ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO DE NÚMERO DE IDOSOS POR CADA 100 JOVENS DA ÁREA

METROPOLITANA DE LISBOA.FONTE: REDE SOCIAL DE LOURES, JULHO DE 2012. ... 43 6GRÁFICO 3.ESTRUTURA ETÁRIA DO CONCELHO DE LOURES.FONTE: REDE SOCIAL DE LOURES, JULHO DE 2012.43 7GRÁFICO 4.NÚMERO DE ALUNOS ADULTOS A ESTUDAR.FONTE:DGEEC-MEC,2015 ... 44 8GRÁFICO 5.DESPESA COM A EFA EM PORTUGAL CONTINENTAL.FONTE:DGPGF-MEC;IGEFE-MEC,2015 .. 45 9TABELA.1PARSONS,MICHAEL (1992)COMPREENDER A ARTE.LISBOA:EDITORIAL PRESENÇA ... 48 10 TABELA 2. ADAPTAÇÃO DOS TEXTOS DA CONFERÊNCIA EDUCAÇÃO ESTÉTICA E ARTÍSTICA-ABORDAGENS

TRANSDISCIPLINARES,HOUSEN,ABIGAIL.(1999)-O OLHAR DO OBSERVADOR,FCG:LISBOA. ... 49 11ESQUEMA 1.ESQUEMA DA DBAE.FONTE:AUTORA ... 51 12ESQUEMA 2.PROPOSTA TRIANGULAR DE ANA MAE BARBOSA.FONTE:AUTORA... 51 13GRÁFICO 6.QUESTÃO 1 DO INQUÉRITO FEITO À ADSL- O QUE O(A) FEZ VOLTAR À ESCOLA NESTA FASE DA SUA

VIDA?FONTE: AUTORA ... 54 14GRÁFICO7.QUESTÃO 1 DO INQUÉRITO FEITO À SNBA-O QUE O(A) FEZ VOLTAR À ESCOLA NESTA FASE DA SUA

VIDA?FONTE: AUTORA ... 55 15GRÁFICO 8.QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO FEITO À ADSL-PORQUÊ A ESCOLHA DE UMA ACADEMIA E NÃO DE UMA

UNIVERSIDADE CONVENCIONAL?FONTE: AUTORA ... 56 16GRÁFICO 9.QUESTÃO 2 DO INQUÉRITO FEITO À SNBA-PORQUÊ A ESCOLHA DE UMA SOCIEDADE E NÃO DE UMA

UTI?FONTE: AUTORA ... 56 17GRÁFICO 10.QUESTÃO 3 DO INQUÉRITO FEITO À ADSL-QUAIS AS DISCIPLINAS QUE JÁ FREQUENTOU E AS QUE

FREQUENTA?FONTE: AUTORA ... 57 18 GRÁFICO 11. QUESTÃO 3 DO INQUÉRITO FEITO À SNBA- QUAIS AS DISCIPLINAS E/OU CURSO QUE ESTÁ A

FREQUENTAR OU JÁ FREQUENTOU?FONTE: AUTORA ... 58

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VIII 19 GRÁFICO 12. QUESTÃO 4 DO INQUÉRITO FEITO À ADSL- O QUE INFLUENCIOU AS SUAS ESCOLHAS?FONTE:

AUTORA ... 59

20 GRÁFICO 13.QUESTÃO 4 DO INQUÉRITO FEITO À SNBA- O QUE INFLUENCIOU AS SUAS ESCOLHAS?FONTE: AUTORA ... 59

21GRÁFICO 14.QUESTÃO 5 DO INQUÉRITO FEITO À ADSL-COMO SE VÊ NO PRESENTE E NO FUTURO A APLICAR OS ENSINAMENTOS QUE TEM ABSORVIDO?FONTE: AUTORA ... 60

22GRÁFICO 15.QUESTÃO 5 DO INQUÉRITO FEITO À SNBA-COMO SE VÊ NO PRESENTE E NO FUTURO A APLICAR OS ENSINAMENTOS QUE TEM ABSORVIDO?FONTE: AUTORA ... 61

23GRÁFICO 16.IDADE DOS INQUIRIDOS DA ADSL.FONTE: AUTORA ... 61

24GRÁFICO 17.IDADE DOS INQUIRIDOS DA SNBA.FONTE: AUTORA ... 62

25GRÁFICO 18.PROFISSÃO DOS INQUIRIDOS DA ADSL.FONTE: AUTORA ... 62

26GRÁFICO 19.PROFISSÃO DOS INQUIRIDOS DA SNBA.FONTE: AUTORA ... 63

27GRÁFICO 20.QUESTÃO 6 DO INQUÉRITO FEITO À ADSLO QUE MELHORARIA/MUDARIA NA ADSL?FONTE: AUTORA ... 63

28 GRÁFICO 21. QUESTÃO 6 DO INQUÉRITO FEITO À SNBAO QUE MELHORARIA/MUDARIA NA SNBA?FONTE: AUTORA ... 64

29 ANEXO 1. A VIDA PORTUGUESA /PROP. RENASCENÇA PORTUGUESA; DIR. JAIME CORTESÃO.-A.1, N.º1 (31 OUT.1912)-N. ... 79

30 ANEXO 2. ESQUEMA DAS APRENDIZAGENS ASPETOS TEÓRICO E CONCEPTUAIS. FONTE: FERREIRA,FLÁVIO (2015)EDUCAÇÃO DE ADULTOS: PROPOSTA DE INOVAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA. ... 80

31 ANEXO 3. ESQUEMA DOS ASPETOS TEÓRICO E CONCEPTUAIS DA EDUCAÇÃO. FONTE: FERREIRA, FLÁVIO (2015)EDUCAÇÃO DE ADULTOS: PROPOSTA DE INOVAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA. ... 81

32 ANEXO 4. QUADRO DAS SINTÉTICO DAS POLITICAS DE EA EM PORTUGAL. FONTE: BARROS, R. (2013) EDUCAÇÃO DE ADULTOS,CONCEITOS, PROCESSOS E MARCOS HISTÓRICOS. ADAPTADO POR FERREIRA, FLÁVIO (2015)EDUCAÇÃO DE ADULTOS: PROPOSTA DE INOVAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA. ... 82

33ANEXO 5.INQUÉRITO FEITO AOS ALUNOS DA ADSL.FONTE: AUTORA ... 83

34ANEXO 6.INQUÉRITO FEITO AOS ALUNOS DA SNBA.FONTE: AUTORA ... 84

35ANEXO 7. ARTIGO FUNDADOR DO TERMO ANDRAGOGIA SEGUNDO- KNOWLES,MALCOLM.(1968)-ADULT LEADERSHIP,ANDRAGOGY NOT PEDAGOGY, VOL.16,.10,ABRIL, P.350 ... 85

36 ANEXO 8. ARTIGO FUNDADOR DO TERMO ANDRAGOGIA SEGUNDO- KNOWLES,MALCOLM.(1968)-ADULT LEADERSHIP,ANDRAGOGY NOT PEDAGOGY, VOL.16,.10,ABRIL, P.351 ... 86

37ANEXO 9. ARTIGO FUNDADOR DO TERMO ANDRAGOGIA SEGUNDO- KNOWLES,MALCOLM.(1968)-ADULT LEADERSHIP,ANDRAGOGY NOT PEDAGOGY, VOL.16,.10,ABRIL, P.352 ... 87

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IX

ÍNDICE Resumo ... I ABSTRACT ... II Dedicatória ...III Agradecimentos ... IV Epígrafe ... V Siglas e Abreviaturas ... VI Lista de Tabelas, Gráficos, Quadros e Anexos ... VII Índice ... IX

Introdução ... 1

Parte I ... 3

Justificação do tema ... 3

Objetivo ... 5

Metodologia ... 6

Parte II- O Estado da arte ... 9

Capitulo I ... 9

1.1– Clarificação dos conceitos: Andragogia, Educação de Adultos, Aprendizagem ao Longo da Vida, Educação Permanente, Formação de Adultos, Gerontagogia. ... 9

1.2- Diferenciação entre Andragogia e Pedagogia ...18

1.3– Políticas educativas da Andragogia em Portugal ...22

Capitulo II ...26

2.1 – Clarificação da trilogia da Edução: formal, não formal, informal ...26

2.1.1- Conceito de Adulto e de Educação Artística ...28

2.2 – O interesse do Adulto em voltar a estudar e a sua opção pelas artes ...29

2.3 – Programa educativo...32

2.4 – UTIs: o seu papel ...34

2.5 – Clarificação do termo Universidade e Academia Sénior ...38

Parte III ...42

3.1– Academia dos Saberes de Loures – Origem ...42

(12)

X 3.2- A lecionação artística do adulto: preparação dos aprendizes, diagnóstico de necessidades, planeamento, definição de objetivos, disciplinas de aprendizagem e

avaliação. ...46

3.3- Estudo do trabalho desenvolvido pela Academia dos Saberes de Loures – Análise de dados ...52

Parte IV ...66

Considerações Finais ...66

Referências Bibliográficas ...70

Bibliografia Genérica ...76

Dissertações ...77

ANEXOS ...78

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1

INTRODUÇÃO A problemática em torno da educação de adultos já não é novidade, contudo ao longo dos tempos tem tido uma importância acrescida devido ao elevado interesse e estudos de caso que acabaram por passar pelo meu percurso pessoal quando lecionei numa UTI. Esta oportunidade na minha trajetória na qual as artes estiveram sempre presentes fez-me querer aprofundar o tema e aliar uma coisa à outra.

Por tal razão quando tive a oportunidade de trabalhar esta temática embora de forma sintetizada, não a quis deixar de lado, pois é uma motivação que irá enriquecer a minha vida pessoal e por conseguinte profissional, e aspiro que seja um ponto de partida para muitas outras abordagens e estudos a este respeito visto que, e agora citando Umberto Eco, a obra (é) aberta.

A formação de base em História da Arte proporcionou-nos a compreensão dos aspetos socio-temporais e levou-nos à clarificação dos conceitos envoltos na temática e à observação do interesse que os adultos têm neste tipo de estudos, mesmo que muitos deles tenham seguido carreiras em distintas áreas.

O estudo desenvolvido na Educação de Adultos tem como finalidade contribuir para uma divulgação deste domínio. Embora se tenha assistido, a partir da década de oitenta do séc.

XX ao aparecimento de sistemas e de dispositivos educativos que parecem estar articulados com as mudanças que esta área sofreu, em grande parte as necessidades de adaptar os sistemas aos diversos níveis etários, à procura, necessidade e capacidade dos alunos. Uma evolução natural da sociedade pediu uma evolução do sistema de ensino, uma renovação da ciência educativa.

O objeto de estudo centra-se na Andragogia, mas também no seu reconhecimento enquanto ciência educativa e na identificação desta enquanto auxílio das aprendizagens e das competências dos adultos no contexto não formal.

O trabalho está estruturado em quatro partes sendo a primeira introdutória, onde se faz a apresentação do trabalho e dos tópicos abordados. Na segunda parte encontramos uma tríade no primeiro capítulo com referencial teórico como a clarificação dos conceitos, a

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2 diferenciação entre Andragogia e pedagogia, e as políticas educativas da Andragogia em Portugal. No segundo capítulo temos uma subdivisão em seis pontos onde verificamos a trilogia da educação, o conceito de adulto, o interesse do adulto em voltar a estudar e a sua opção pelas artes, o programa educativo, as UTIs e o seu papel, e a clarificação do termo Universidade e Academia Sénior.

Nesta parte focamos três pontos que nos mostram o caso de estudo, o papel do ensino artístico do adulto e o trabalho desenvolvido na ADSL, são eles a Origem da Academia dos Saberes, a lecionação artística dos adultos e aplicabilidade da Andragogia neste meio não formal.

A quarta parte é destinada às conclusões finais que pretendem ajudar a uma maior compreensão da Educação de Adultos e dos benefícios que esta tem para o nosso desenvolvimento. Para tal ficam aqui explanadas as questões e as reflexões relativas às aprendizagens, competências e à aproximação das artes do adulto.

Por fim a Bibliografia encerra o trabalho mas também apresenta os autores e as referências que serviram de alicerce ao estudo.

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3

PARTE I JUSTIFICAÇÃO DO TEMA A escolha deste tema para a presente dissertação recai na relevância cada vez mais acentuada que o mundo em constante ebulição assume no que respeita à população adulta.

Segundo dados do INE1 referenciados até ao ano de 2012, a população idosa continua a ascender desde 1961 e em 2012 havia registo de que 19,2% dos indivíduos residentes em Portugal tinham idade igual ou superior a 65 anos existindo assim uma amostra de 129,4 residentes com idade superior a 65 anos por cada 100 habitantes com idade inferior a 15 anos.

Posto isto a participação social destes indivíduos na sociedade acaba por ser cada vez maior, contrastando desta forma com o envelhecimento dentro de quatro paredes ou por doenças/

mortes prematuras o que fazia com que essas pessoas infelizmente não fossem tidas em conta, não passando tristemente em muitos dos casos de um fardo para as suas famílias.

Estes cidadãos com idade superior a 50 anos começam cada vez mais a procurar aquilo que se designou por envelhecimento ativo, contrariando o percurso dos seus antepassados.

A arte de ensinar adultos entra em ação neste momento, pois a experiência educacional dos professores reporta que o aprendiz adulto tem princípios educacionais distintos do aprendiz criança. É aqui que surge a necessidade da implementação de uma ciência educacional adequada a tais caraterísticas, a Andragogia.

A Andragogia é um conceito que só agora começa a ter maior uso, e tal acontece devido à sua fraca divulgação/ conhecimento em Portugal sendo este um País com um grande número de UTIs, de acordo com POCINHO2 que afirma que existem cerca de 500 instituições deste tipo com mais de 5.000 alunos inscritos. Na rede RUTIS em 2014 havia registo de cerca de 235 instituições3 às quais se juntam mais 200 instituições associadas ao Rotary Club. A estimativa de alunos inscritos na RUTIS é de 39.500 e de professores voluntários ronda os 5.050.

1 Fonte: PORDATA, 2014, p. 8-9

2 Cf. Tese de Doutoramento de POCINHO, R. (2014) - Mayores en contextos de aprendizaje: caracterización y efectos psicológicos en los alumnos de las Universidades de Mayores en Portugal, pp.63 et seq.

3 RUTIS (2014) – Guia Técnico das Condições de Criação e Funcionamento das Universidades e Academias Séniores, p.2

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4 Contudo não se pense que a temática das UTIs é nova, pois uma das questões que impulsiona a presente Dissertação é o que leva as pessoas numa fase adulta a voltar ao ensino, mesmo que seja numa vertente não formal?

A resposta que se obtém é que, de forma geral, como mais à frente se poderá verificar a maioria dos alunos inscreve-se para aumentar os seus conhecimentos, seguindo-se a necessidade que o aprendiz tem em manter o seu cérebro ativo, o tempo livre é o terceiro fator que leva ao ingresso das pessoas, e por último vem o convívio social.

Todos estes fatores/questões fazem com que a finalidade deste trabalho seja não só perceber e dar a conhecer o conceito Andragógico através do contexto educativo-artístico de uma UTI, no caso em análise, da Academia dos Saberes de Loures, pois nas palavras de Fontes e Freixo, o desenvolvimento do homem é promovido através da interação deste com o contexto sociocultural.4 Estas palavras podem ser reconhecidas na proposta Andragógica, em que se encara o indivíduo inserido na sociedade que, para além da necessidade de aprender, precisa de se concretizar enquanto pessoa.

Contudo há que ressalvar que na Antiguidade Clássica esta temática já era tida em conta, por filósofos como Sócrates que incentivava os seus discípulos a alcançar o conhecimento por si, proporcionando nos seus diálogos aos alunos procurar soluções para o assunto em debate, Platão defendia por sua vez que o conhecimento existe na alma de cada um. Aristóteles falava do uno, que emanava o conhecimento/intelecto, S. Tomás de Aquino defendia que o conhecimento era autodidático. A Educação de adultos era vista como uma forma de melhorar o Homem, desenvolvendo-o com o intuito que este alcançasse um valor superior, o de conhecer e criticar, isto é mais do que fazer saber fazer.

4 Cf. Vygostky e a aprendizagem Cooperativa, p. 17

(17)

5

OBJETIVO O objetivo deste estudo concentra-se no questionamento das ciências educativas (des)aplicadas à educação artística de cidadãos adultos, na clarificação de conceitos. Partindo deste pressuposto centramo-nos nas políticas educativas (in)existentes.

É inequívoco que nesta sociedade pós-moderna em que se despertou o interesse pela preservação das identidades culturais se coloquem novos desafios à educação artística. A andragogia pode desta forma, pela sua essência ser uma proposta educativa mais ajustada às novas necessidades.

Ora estas novas conceções, reflexões, interrogações, sobre a educação, cultura e sociedade vieram objetivar o desenvolvimento de novas práticas educativas. Hoje em dia temos cada vez mais adultos a estudar, pelos mais diversos motivos, e é neste sentido de dar resposta a estas novas necessidades que é indispensável trabalhar no sentido de clarificar conceitos, apresentar políticas de maior destaque executadas, (re)lembrando assim uma arte e ciência que ajuda os adultos a aprenderem e que poderá vir a ser uma alternativa à pedagogia.

O que se pretende alcançar neste trabalho é proporcionar uma ideia sucinta acerca da andragogia e da sua (des)aplicabilidade, portanto após identificarmos os pontos orientadores desenvolvemos um inquérito com o intuito de recolher dados sobre a educação artística de alguns adultos num contexto não formal.

Selecionamos a ADSL por ainda não se ter padronizado um trabalho de carácter semelhante, direcionando para a andragogia na vertente artística, por isso com o tratamento desses dados conseguimos respostas e interrogações à prática educativa exposta.

É um trabalho que se afigura como o começo para algo mais profundo que requer muita atenção por parte da sociedade sendo uma temática que está na ordem do dia.

Se este estudo conseguir dar uma nova visão sobre o tema, mais do que apenas aquilo que se conhece sobre a formação de adultos, ensino recorrente, pedagogia, aprendizagem ao longo da vida, educação permanente; se conseguir levantar mais questões e encontrar outras tantas respostas, o objetivo foi conseguido.

(18)

6

METODOLOGIA A pesquisa para este trabalho foi realizada na Academia dos Saberes de Loures. A coleta de dados foi aberta ao universo de alunos das disciplinas artísticas da ADSL sendo que de um mundo de 558 inscritos5 apenas 32 colaboraram. E para termos comparativos, de forma a obter um conteúdo mais abrangente e que se pudesse ver outra realidade de estudo, recolheu- se dados em outro contexto não formal, o da Sociedade Nacional de Belas Artes no qual colaboraram 69 alunos.

Os dados foram recolhidos através de um inquérito simples com 6 questões fechadas6 com uma série de respostas possíveis para que de forma rápida e intuitiva os alunos respondessem.

As questões foram colocadas numa linguagem compreensível e acessível ao universo de alunos em destaque, visto que como se verá mais adiante estamos perante distintos graus de ensino. Cada questão abordou apenas um tema com possibilidade de assinalarem múltiplas respostas.

As amostras selecionadas foram intencionais, escolheram-se alunos para colaborarem no inquérito visto que apenas fazia sentido obter respostas do universo de alunos que estudavam ou já tinham estudado alguma disciplina artística. Definiu-se como disciplina artística dentro do leque oferecido pela ADSL as seguintes:

 História da Música

 Cultura Geral

 Grandes Artistas Grandes Obras

 Música na Nossa Vida

 Pintura em porcelana

 Artes Decorativas

 Pintura em Tela

5 Quando falamos em 558 alunos inscritos há que ressalvar que se trata de um número aproximado (por excesso), visto que uma grande maioria que ainda não está apurada pela ADSL não faz frequência continua e que este número tem ainda a influência da soma de alunos, ou seja, um só aluno se estiver inscrito em mais que uma destas disciplinas não é contabilizado só uma vez mas sim as mesmas vezes do número de disciplinas em que está inscrito. E.g. 1 aluno inscrito em 2 disciplinas conta como 2 alunos, quando na realidade é apenas 1.

6 Vide anexo 7.

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7

 Artes Decorativas

 Costura

 Pintura em Tecido

 Arraiolos

 Aula de instrumento de teclas

 Coro

 Têxteis

 Formação Musical

 Viola I

 Viola II

Contudo tendo em conta que o leque de oferta formativa da SNBA é diferente, pelo menos na sua designação, optou-se por adaptar as opções de escolha da questão 3 do inquérito às disciplinas ali lecionadas são elas:

 Desenho

 Introdução ao Estudo da Cor

 Atelier com modelo

 Pintura

 Oficina de apoio em pintura

 Ilustração artística

 Estética

 Atelier experimental

 História da Arte parte I e II

 História da Arte em Portugal- Módulos I e II

 Curso técnico/prático de fotografia

 Curso de história da fotografia

Os dados do inquérito foram tratados e sintetizados em tabelas de Excel de forma a extrair-se e a comparar-se melhor os conteúdos que utilizámos ao longo deste trabalho.

A escolha dos procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos conteúdos foi o método qualitativo e quantitativo. O que nos permitiu não só trabalhar respostas, como

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8 também observar o comportamento dos inquiridos, os dados recolhidos, os descritivos e os indutivos. A metodologia serviu como auxiliar imprescindível na análise de dados feita pelos inquéritos.

A preparação dos dados foi feita através da recolha de uma informação secundária produzida por leituras, autores, entidades entre as quais a do caso de estudo, seguiu-se a recolha da informação primária, a recolha conseguida pelo inquérito.

Todavia como já foi supracitado para garantir uma objetividade cientifica comparou-se a instituição de estudo com outra de contexto não formal, quebrando com a singularidade de investigação possibilitando uma análise objetiva.

O método quantitativo por sua vez foi utilizado numa escala de rácio, na medida que suporta a caracterização dos inquiridos, no que diz respeitos aos números, número de inquiridos, de respostas, de idades, de género e de profissões.

A aplicabilidade destes métodos permitiu a compreensão do conteúdo do trabalho desenvolvido, aferindo a regularidade com que alguns conteúdos acontecem e interpretar os dados recolhidos, o que resulta na conformidade do resultado.

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9

PARTE II- O EST ADO DA ARTE CAPITULO I 1.1– CLARIFICAÇÃO DOS CON CEITOS: ANDRAGOGI A, EDUCAÇÃO DE ADULT OS, APRE NDI ZAGEM AO L ONG O DA VIDA, EDUCAÇÃO PERMA NENT E, FORMAÇÃO DE ADULT OS, GE RONT AGOGIA . A Educação de adultos7 é um processo que já vem da antiguidade8, no entanto só agora é que começa a ser objeto de estudo.

Os vocábulos “educação de adultos” reportam-se ao termo educação, alfabetização, aprendizagem ao longo da vida, educação permanente ou contínua, estes conceitos variam consoante o espaço temporal em que os enquadramos e em função das três organizações europeias ativas nesta área, que são a UNESCO, a OCDE e o Conselho da Europa.

Em Portugal a alfabetização de adultos enraíza-se com a ajuda do associativismo laico dos anos 40 do séc. XIX através do incremento dos cursos de alfabetização. Porém só se oficializa com os cursos noturnos e escolas móveis nos anos 80 do séc. XIX.

Nos anos 70 do séc. XX, com a recém-criada DGEP a alfabetização de adultos é reconhecida como uma educação extraescolar da população adulta.9

A educação contínua é um termo mais utilizado pelos anglo-saxónicos e é equivalente à aprendizagem ao longo da vida10 e à educação permanente, pois tem os mesmos propósitos.

No entanto a aprendizagem ao longo da vida, educação permanente e contínua remete-nos para um ensino a posteriori, um ensino assente em experiências dos alunos e nas suas necessidades e gostos.

7 Este conceito surgiu na Noruega nos anos 60, Voksenopplæring, que em 1976 deu origem à Lei de Educação de Adultos. O conceito considera a participação organizada dos adultos de forma a qualificarem-se e desenvolverem-se nos diversos domínios. Veja-se a Tese de Doutoramento de FERREIRA, José Luís Simão, pp.

139.

8 Cf. O artigo de JÚNIOR, Manuel Alexandre (1995) – Paradigmas da educação na Antiguidade Greco- Romana, pp. 489-497

9 Vide. CANDEIAS, António (coord.) – Historiografia da alfabetização em Portugal, pp. 207-218.

10 Ibidem. Comummente conhecida por Lifelong Learning, consiste numa conceção ampla do percurso formativo, contempla a forma de educação pós- obrigatória sem necessitar de certificações formais.

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10 A educação contínua engloba a educação de adultos em várias formas, como aspectos pessoais, sociais, económicos e vocacionais.

Em 1960, o Conselho da Europa introduziu o conceito de educação permanente, como uma educação global que responde às necessidades dos jovens e adultos.

A UNESCO, nas suas conferências internacionais, utiliza o termo educação de adultos, onde fala de um programa educativo abrangente onde se estabelecem atividades científicas, políticas e culturais.

Por sua vez a OCDE, em 1970, emprega o termo Educação Recorrente, sendo esta uma alternativa à formação inicial. Em Portugal usa-se para o mesmo conceito o termo Ensino Recorrente que por sua vez é estruturado por módulos.

A definição da Educação de adultos é desta forma uma tarefa complexa devido ao seu carácter polissémico. Por outro lado, o conceito de Aprendizagem ao Longo da Vida tem ganho valor a nível mundial, tornando-se um conceito mais forte.

A Educação de Adultos porém não é uma disciplina, mas sim uma variedade de práticas que permitem desenvolver a sociedade. Reconhece-se neste sentido um novo “tempo”

educativo, que no contexto atual se centra mais além da alfabetização, que tradicionalmente era a conceção nesta área, centra-se na aquisição de conhecimentos gerais de base, com intuito de melhorar a formação dos indivíduos inseridos no mercado de trabalho.

Como consequência de tais termos surge a postura teórica da Andragogia11, esta ciência propõe a existência de um modelo adulto determinado pelas características deste público, visto que a transposição da pedagogia12 para o ensino de pessoas adultas tem-se mostrado um fracasso.

A prática Andragógica tem em conta e cultiva os comportamentos dos indivíduos e as suas necessidades e vivências, o que pode ajudar a justificar o interesse e a necessidade que o público adulto tem numa determinada altura da sua vida, fazendo com que procure ter aulas de Artes plásticas, História, História da Arte entre outras disciplinas, como é o caso das línguas, informática, ginástica.

11 Arte e/ou Ciência de ensinar adultos, definição dada por Malcolm Knowles em 1968, contudo é importante referir que este termo foi publicado pela primeira vez por Linderman em 1926 na sua obra The meaning of adult education.

12 Ciência que estuda a educação das crianças

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11 A Andragogia, é uma palavra que tem origem grega, advém da junção de andros (homem) + agein (conduzir) + logos (ciência), surge desta forma em oposição à Pedagogia que deriva dos vocábulos paidós (criança) + agein (conduzir) + logos (ciência), esclareça-se contudo que nada tem que ver com a sua parónima – Andrologia13 que etimologicamente foi transliterada dos vocábulos gregos andros (homem) + logos (ciência) – a sua metodologia vai de encontro às características do adulto enquanto educando, afastando-se por isso do ensino de adultos assente no ensino das crianças, desviando-se portanto do dito ensino convencional.

Esta ciência tem uma visão diferenciada do aprendizado caracterizada pela necessidade de saber, pelo conceito de si, pelo papel da experiência, pela vontade/motivação de estudar e pela orientação na aquisição de conhecimento. Tem uma perspetiva que permite engrenar práticas educativas alternativas que possibilitam a melhoria do método dito tradicional.

O termo Andragogia14 foi empregue pela primeira vez em 1833 por Alexander Kapp, em 1921 Rosenstock voltou a utiliza-lo, mas só em 1926 com o inglês Eduard Linderman é que o termo começa a ser interiorizado, contudo só manifesta maior interesse em 1968 com Malcolm Knowles com a sua teoria15 e, posteriormente, com o artigo que publicou na época na revista Adult Leadership16 intitulado “Andragogy not Pedagogy”17 assume uma popularidade que se estende até ao dias de hoje.

O Modelo Andragógico segundo Knowles surge nos anos 60 do século passado, numa época que foi marcada pela rápida expansão e diversidade de oferta no que toca à educação de adultos, muito no que corresponde à sua alfabetização, tal difusão incitou a procura de novas estratégias formativas mais adequadas às necessidades de aprendizagem destes “novos”

alunos. Porém na Europa esta teoria não obteve uma grande repercussão, talvez por a terem implementado mais no sistema académico diferenciando pouco noutros contextos de ensino a aprendizagem de adultos do aprendizado das crianças.

13 É um ramo da medicina que estuda as doenças do homem, no que diz respeito às funções reprodutoras e sexuais. "andrologia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008- 2013, http://www.priberam.pt/dlpo/andrologia [consultado em 23-06-2015].

14 Vide supra nota de rodapé n.º 11

15 Theory of Andragogy

16 Knowles, Malcolm - Adult Leadership “Andragogy not pedagogy”, vol.16, n.º 10, Abril 1968, pp. 350-352

17 Vide Anexo 7-9.

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12 A Andragogia centra-se desta forma no desenvolvimento da pessoa que aprende e não somente na transmissão de conhecimentos.

Knowles baseia-se assim nas necessidades de aprendizagem da pessoa adulta, na necessidade de conhecer, no conceito de si, aquilo que Sócrates já trabalhava na Antiguidade com os seus discípulos, o papel da experiência, a disposição para a aprendizagem, a orientação para a aprendizagem e a motivação.18 Todo este modelo culmina na aprendizagem para o adulto como um meio de desenvolvimento pessoal.

A terminologia Educação Permanente surge com este nome no séc. XVIII e tem como referência o relatório de Condorcet19, mas segundo Lucio- Villegas20 é uma noção que na cultura Hindu já vem de tempos idos, busca a melhoria da qualidade de vida e uma sagacidade de valores.

Em 1919, o termo Educação Permanente em inglês designado de Lifelong Education é entendido como uma necessidade permanente, algo imprescindível para a cidadania e que deve durar toda a vida.

A Educação Permanente nasce assim como uma extensão da educação, longlife learning, e tem uma noção de regresso à aprendizagem, de revisão de conhecimentos, de compreensão da totalidade do ser, é mais do que uma educação intelectual, é integral, afetiva, estética. É desta forma uma espécie de processo de capacitação profissional, ou seja, é um avanço em relação à formação dita inicial.

Segundo Gelpi21 a Educação Permanente fomenta a criatividade, cooperação, participação, a procura de valores, e o desenvolvimento individual. António Nóvoa22 por sua

18 PIRES, Ana Luísa (2005). Educação e Formação ao longo da vida: análise crítica dos sistemas e dispositivos de reconhecimento de validação de aprendizagem e de competências, pp. 155 et seq.

19 Relatório executado pelo Marquês de Condorcet (filosofo) em 1792 no seu Rapport et project de décret sur l’organisation généràle da l’instruction publique. As suas conclusões sobre a instrução pública em pleno período do Iluminismo, afirmaram as bases daquilo que se veio a designar por Educação Permanente. Condorcet diz que a instrução não deveria terminar quando os indivíduos saem da escola, deveria continuar por todas as idades, pois em todas as idades é útil e que na fase adulto é tão ou mais necessária que na infância.

20 LUCIO-VILLEGAS, E. (2005) - Cuestiones sobre Educación de Personas Adultas. Sevilla: Ediciones Tabulador Gráfico, p.15

21 GELPI, E. (2007) - Educación permanente y relaciones internacionales. Edicions del CREC Xàtiva, Pep Aparicio Guadas, pp. 17

22 NÓVOA, A. (2002) - Experiências de Vida e de Formação, pp. 7-12.

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13 vez define-a como um conceito humanista e com sentido utópico, para o autor, a EP tende com isto a ser uma exigência social, devido a esta satisfazer as necessidades do estudante adulto.

As pessoas são vistas como recursos humanos. A educação permanente incide no conhecimento constante, como fonte de desenvolvimento e realização da pessoa de forma a aumentar o capital humano necessário para o crescimento económico.

A Educação de Adultos acaba por desta forma, poder introduzir o conceito de Educação Permanente. Contudo Canário e Cabrito23 defendem que a EP é muito utilizada à volta do trabalho, isto é, virada para aquisição/desenvolvimento de competências tendo em vista os desafios laborais, e é por aí que a EA é organizada e administrada, por esse motivo os autores defendem que o conceito de formação sobrepõe-se ao de educação.

A EA tem algo mais global, mas só em 1976 com a conferência de Nairobi24 se reconhece a Educação de Adultos como um elemento específico e indispensável da educação.

No final da década de 70 a UNESCO abandona o termo Educação Permanente apostando na visão abrangente de Educação ao longo da vida, tal conceito segundo Veloso25 revela uma valorização da educação aliada ao mercado de trabalho, exibindo uma tendência vocacional afastando-se da tradicional tendência de cidadania, de educar sem vivências, ou seja, uma educação como meio de transmissão de conhecimentos, passando a pensar-se numa educação experiencial. Uma educação como reconstrução da experiência, como conceptualizou Jonh Dewey.26

O conceito de Gerontagogia segundo Candeias Martins27 é apresentado como uma ciência educativa interdisciplinar cujo objeto de estudo é a pessoa sénior que se encontra a estudar, é por isso uma ciência aplicada.

23 CANÁRIO, Rui e CABRITO, Belmiro. (2005) -Educação e Formação de Adultos mutação e convergências. Lisboa, pp.10 et seq.

24 As conclusões retiradas da Conferência de Nairobi foram que o Estado deveria de reconhecer a EA como elemento da sua política permanente do desenvolvimento sociocultural e até económico e isto através da criação de programas e métodos adequados às necessidades dos adultos sem restrições de idade, género, raças e estatutos.

Vide o ponto mais adiante no trabalho no Capitulo II ponto 2.2 intitulado Programa Educativo.

e25 VELOSO, Esmeraldina. (2000) – IV Congresso Português de Sociologia, Universidades da Terceira Idade em Portugal: Contributos para uma caracterização. Coimbra, p. 4

26 Ideia transmitida nos textos de Jonh Dewey. (2007) -Democracia e Educação, passim.

27 MARTINS, Ernesto Candeias. (2013) – Gerontologia & Gerontagogia e animação sociocultural em idosos, p.89

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14 A Gerontagogia é um campo interdisciplinar que tem como objetivo a evolução da educação dos idosos e na formação e especialização dos profissionais que os seguem.

A origem etimológica do conceito provem do grego geron + agogia, o primeiro significa velho e o segundo conduzir/ guiar. É deste modo uma ciência prática com métodos e técnicas de intervenção em pessoas idosas. Segundo o autor supra citado o que a distingue da pedagogia é a idade.

Esta ciência educativa frui de contributos multidisciplinares como é o caso da medicina, psicologia, sociologia, pedagogia, entre outros; e coloca os idosos intervenientes na sua própria educação, não sendo desta forma uma ciência propriamente dita mas sim uma disciplina que concentra em si os aspetos educativos para o idoso,28 tem como perspetiva aprender a envelhecer como sua tarefa social.29

Porém, segundo André Lumieux30, a Gerontagogia surge da necessidade de dar origem a uma ciência que congregue métodos e técnicas especialmente destinados à aprendizagem da pessoa de idade, o inverso acontece com o modelo Andragógico, embora este seja mais económico, no sentido em que dá bases para a pessoa evoluir com aquilo que já sabe ou com as suas vivências, tem em vista as pessoas já em exercício no mercado de trabalho e que procuram aperfeiçoamento e reciclagem em termos de educação.

A Gerontagogia por sua vez traduz uma abordagem de competências que não têm como fim a metacognição31, isto é, o conhecimento de como se pode servir do próprio conhecimento.

Segundo o relatório de Faure datado de 1972, 32 que teve como tema principal aprender a ser, a Educação Permanente advém da relação envolvente entre todas as formas, as expressões e os momentos do ato educativo. Atualmente a educação tem-se definido com algumas desses ideias ora veja-se :

28 MARTINS, Ernesto Candeias. (2013) – Gerontologia & Gerontagogia e animação sociocultural em idosos, p.90

29 Ibidem., p.97

30 LEMIEUX, A. (1999) – The university of the third age: Role of senior citizens. Educational Gerontology, p.31

31 A palavra metacognição deriva para além da faculdade de conhecer o próprio ato de conhecer, ou, por outras palavras, é o método de consciencializar, analisar e avaliar como se conhece. O conceito permite aos alunos discutirem e pensarem sobre como se fazem as coisas.

32 Este relatório foi um avanço para o pensamento educacional da UNESCO, foi concebido em 1972 e coordenado pelo homem que acabou por o renomear, Edgar Faure. Caracteriza os movimentos e as iniciativas que proporcionaram o debate das “novas” práticas educativas e por conseguinte das transformações sociais.

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15 Todo indivíduo deve ter a possibilidade de aprender por toda a vida; Prolongar a educação por todas as idades mediante a ampliação e diversificação da oferta, aproveitando todos os tipos de instituições existentes, educacionais ou não (…) a alfabetização deverá ser apenas uma etapa da educação de adulto; A nova ética da educação valoriza a autodidaxia, especialmente a assistida de forma a fazer do indivíduo senhor e autor de sua educação (…).33

Ao longo dos anos a educação mundial alterou-se e desde 1972 até 1996 com o relatório de Delors34, que incidiu na temática da educação do tesouro a descobrir, houve imensos progressos nas metodologias de ensino nos diversos graus de ensino, embora continuasse a existir aquilo que Faure denominou por “geografia da ignorância”35. A missão educacional do século XXI centrou-se em quatro aprendizagens, que são as seguintes:

 Aprender a conhecer – através de aquisição de instrumentos de compreensão;

 Aprender a fazer – para agir sobre o meio onde se insere;

 Aprender a viver juntos – um grande desafio da educação atual, pois segundo consta no relatório Delors a história humana sempre foi discordante. Visa a cooperação entre alunos;

 Aprender a ser – meio de integração das aprendizagens anteriores. Esta via reafirma o princípio do relatório de Faure desenvolvendo-a, pois isso faz com que o ser humano amplifique a sua capacidade de discernimento e de atuação nas mais diversas situações da sua vida.

33 Princípios do relatório de Faure. Este relatório foi um marco no pensamento educacional, devido à crise educacional que se vivia nos países pouco desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, promovido pela UNESCO.

34 Este relatório surge da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI feita pela UNESCO em 1996 e teve como presidente da comissão Jacques Delors que acabou por rebatizar o relatório. Este relatório debateu as missões da educação englobando-a nos processos de conhecimento do mundo ao longo do ciclo da vida das pessoas.

35 Realce dado por Faure para combater a ignorância, visto que ele defendia o conhecimento como um serviço de transformação social cuja finalidade fundamental é democratizar a educação.

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16 A educação necessita de prover os alunos de referências intelectuais que lhes possibilitem conhecer o mundo que os rodeia e procederem como protagonistas responsáveis e justos. Para tal, é indispensável uma conceção de desenvolvimento humano. Neste sentido a educação é acima de tudo um encontro com o amadurecimento da personalidade.

Emerge deste modo uma nova conceção de EA com uma nova metodologia assente nas vivências dos adultos. Na CONFITEA de 1972 estabelece-se que a EA deveria ter um papel mais ativo no desenvolvimento do adulto, pois esta conferência representa a democratização da educação com uma metodologia assente na experiência de vida.

A Educação ao Longo da Vida é assim uma derivação da EP que sucede na década de 70 com os textos/doutrinas dos teóricos Lengrand e Faure. Esta nova educação originou várias dinâmicas associativas, tudo isto permitiu a implementação da educação não formal.36

36 Vide. Adiante o capitulo II do presente trabalho ponto 2.1. Com a Conferencia Internacional sobre a Crise Mundial da Educação de 1976 este conceito de educação não formal ganhou expressão. Segundo Castanheira Pinto in Cadernos inducar, pp. 2,de Maio de 2005, “educação não formal era designada no passado por educação fora da escola”, pode definir-se com aquilo que se aprende a partir do meio em que estamos inseridos, é um processo de aprendizagem social.

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17 1 QUADRO 1. Ideias-chave retiradas das CONFITEA’s e das preocupações internacionais sobre o tema. Adaptado de PIRES. A, (2002) – Educação e formação ao longo da vida: análise crítica dos sistemas e dispositivos de reconhecimento.

Em suma, para o conceito de Andragogia o adulto é o sujeito da educação e não o objeto da mesma, opondo-se desta forma àquilo que a Pedagogia interpreta da educação do seu aprendiz.

Nesta ciência, o educador está em situação de igualdade para com o aluno, no sentido que o plano de aprendizagem estabelece-se numa relação compartilhada de conhecimentos, experiências e saberes. Tudo isto sucede porque o educando adulto interage de forma diferente da criança e assim a pedagogia nestes casos deve ser posta de parte e deve dar lugar à

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18 Andragogia e tal pode ser concretizado através do conhecimento do dia- a- dia que o aluno adulto sabe e precisa de atender para o seu futuro; através do auto-desenvolvimento; da experiência e necessidade de aprender e utilizá-las como materiais didáticos; da seleção natural da aprendizagem; da apreensão administrada aos conteúdos que podem ser colocados em prática no futuro. Os alunos adultos têm aquilo que se designa por “motivação interna”37, curiosidade e aprendem consoante a sua vontade de crescer/melhorar e não por fatores externos como o caso das crianças e.g.: notas/avaliação.

O conceito de Andragogia prende-se desta forma com o conceito de adulto, entende-se como adulto, um indivíduo maduro o suficiente para assumir a responsabilidade dos seus atos perante a sociedade, o adulto aprende através daquilo que podemos designar como CHA = Conhecimento – Habilidade- Atitude.

O processo de aprendizagem destes alunos desenvolve-se através dos estímulos das suas motivações, estudos, esclarecimentos, práticas, convergências, sedimentações.

1.2- DIFERENCIAÇÃO ENTRE ANDRAGOGIA E PEDAGOG I A A diferença destes dois conceitos começa logo na diferença do objeto de estudo, a Andragogia centra-se no adulto e a Pedagogia na criança.

No primeiro conceito, o processo de aprendizagem é baseado nas experiências da vida pessoal e profissional dos alunos, o segundo conceito por sua vez centra-se na aprendizagem em função da assimilação de conhecimentos com o objetivo de alcançar o êxito escolar.

A Pedagogia fixa-se desta forma nos conteúdos e a Andragogia na resolução de problemas.

37 Sentimento que faz com que os alunos procurem algo que os inspire na sua aprendizagem, como se esta motivação fosse um meio para o seu fim. E.g. o aluno sempre gostou de teatro mas quando teve que escolher uma carreira optou por uma via de estudos que lhe garantia mais estabilidade e agora decidiu estudar aquilo que gosta e tem vocação.

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