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Aula 06. Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória. Direito Processual Penal para Policial Legislativo do Senado Federal

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Aula 06

Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória

Direito Processual Penal para Policial

Legislativo do Senado Federal

(2)

Sumário

INTRODUÇÃO. ... 3

PRINCÍPIOS E IMUNIDADES SOBRE PRISÕES. ... 8

PRISÕES EM ESPÉCIE. ... 12

Prisão em Flagrante. ... 12

Prisão Preventiva. ... 26

Prisão Temporária. ... 35

Prisão Domiciliar. ... 38

LIBERDADE PROVISÓRIA. ... 40

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR. ... 47

LISTA DE QUESTÕES. ...64

GABARITO. ... 74

RESUMO DIRECIONADO. ... 76 QUESTÕES COMENTADASPELO PROFESSOR ... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

LISTA DE QUESTÕES ... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

GABARITO. ... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

RESUMO DIRECIONADO. ... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

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INTRODUÇÃO.

Olá, meu amigo(a)!

Dando início ao nosso décimo encontro em nosso curso regular de direito penal e processo penal, a partir da aula de hoje passaremos a estudar o tema da prisão e liberdade provisória.

O Código de Processo Penal disciplina o regramento da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória, no Título IX, onde estão especificamente localizados os artigos 282 a 350, QUE SÃO DE LEITURA OBRIGATÓRIA!!!

Assim, antes de adentrarmos ao conteúdo propriamente dito, quero passar para você alguns aspectos introdutórios a respeito do nosso tema.

As medidas cautelares ingressaram no ordenamento jurídico através da Lei nº 12.403/11, prevendo algumas alterações relacionadas aos aspectos da prisão, da liberdade provisória, da fiança e, também, trouxe um rol de medidas cautelares pessoais a serem aplicadas ao investigado ou acusado. Desse modo, as medidas cautelares são providências tomadas pelo Juiz da Causa em face do acusado quando não for necessária sua prisão provisória para o deslinde do feito.

A palavra “prisão”, genericamente falando, se trata da privação da liberdade do indivíduo.

A prisão pode ser classificada em duas modalidades:

Por prisão pena, estamos diante daquela que decorre de sentença condenatória transitada em julgado, que aplica pena privativa de liberdade. Aqui, estamos diante de uma condenação proferida por um juiz dentro de uma ação penal (tema por nós já estudado).

Já a prisão sem pena, é a que não decorre de sentença condenatória transitada em julgado, não sendo considerada pena no sentido técnico jurídico. Dentro desse conceito, os estudiosos do direito processual penal identificam, ao menos, quatro espécies de prisão sem pena: prisão civil, administrativa, disciplinar e, por fim, a que nos interessa, a processual (provisória ou cautelar).

Guardada nossa classificação?! Tenho certeza que sim! Então, continuemos avançando.

Desse modo, a prisão processual (provisória ou cautelar), se divide em três modalidades, quer ver só:

PRISÃO

PRISÃO

PENA PRISÃO SEM

PENA

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Prisão processual (denominada prisão cautelar ou prisão provisória).

Prisão preventiva Arts. 311 a 316 do CPP.

Prisão temporária É a única modalidade de prisão prevista em lei extravagante (Lei nº 7960/89).

Prisão domiciliar Arts. 317 e 318 do CPP

Prisão em flagrante Arts. 301 a 310 do CPP.

Agora que já conseguimos visualizar todas as espécies de prisão existentes no ordenamento jurídico brasileiro, é chegado o momento de tratarmos da cautelaridade.

Assim, meu amigo(a), todas as prisões ocorridas antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, não têm natureza de pena, mas sim, a finalidade de resguardar a sociedade ou o processo com a segregação do investigado ou acusado.

Nas palavras de Edilson Mougenot Bonfim1, “daí falar em cautelaridade social, cujo escopo é proteger a sociedade do indivíduo perigoso e, cautelaridade processual, que garante a norma iter procedimental, fazendo com que a feito transcorra conforme a lei e que eventual sanção penal seja cumprida. Deve necessariamente a prisão provisória fundar- se em uma das cautelaridades acima apontadas, sob pena de ser considerada inconstitucional por afrontar ao princípio da presunção de não culpabilidade (art. 5º, LVII, CF). Por não constituir antecipação de pena, uma vez que inexiste trânsito em julgado de condenação, toda e qualquer prisão cautelar exige a presença dos seguintes requisitos: indícios suficientes de autoria ou participação – o fummus comissi delicti; e existência de risco social ou processual – periculum in libertatis, que nada mais é do que a cautelaridade.” (p.579).

Desse modo, a regra é que o investigado ou acusado aguarde o transcurso da ação penal em liberdade. De outra banda, o artigo 5º, LXI, da Constituição Federal assim dispõe:

Art. 5º. [...]

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

Em sintonia com a constituição federal, o artigo 282 está assim redigido:

1 BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. – 12 ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.

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Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.

Então, caríssimo, a partir da redação constitucional e do Código de Processo Penal, podemos concluir que a prisão somente poderá resultar de:

a) Flagrante delito;

b) De ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, isto é, mediante mandado de prisão, seja ele oriundo de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, por conta da decretação de prisão temporária ou preventiva.

Ainda dentro do nosso capítulo instrutório, é necessário que façamos algumas considerações acerca da prisão e a inviolabilidade de domicílio.

Vamos lá!

Em nossa aula passada quando falamos acerca dos meios de prova acabamos por tratar da busca e apreensão domiciliar, razão pela qual, os conceitos lá abordados serão transportados para cá?! Certo?! Então, preste atenção, meu amigo(a)!

Pois bem, o conceito de casa é encontrado no artigo 150, §§4º e 5º, do Código Penal, quer ver só:

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:

§ 4º - A expressão "casa" compreende:

I - qualquer compartimento habitado;

II - aposento ocupado de habitação coletiva;

III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;

II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

A casa, meu(a) amigo(a), é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar, sem autorização judicial, sem o consentimento do morador, salvo flagrante, para prestar socorro, desastre ou durante o dia (período que vai das 06h até às 18h) com ordem judicial.

Também, você bem sabe que, para adentrar a imóvel alheio, é necessário que haja o consentimento do morador, porém, uma vez dado esse consentimento a terceiro para ingressar no imóvel, o dono da habitação poderá retirar o consentimento, obrigando o ingressante a retirar-se do imóvel.

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É possível, também, a entrada no período noturno sem mandado, desde que haja fundadas suspeitas da ocorrência de crime permanente, justificadas a posteriori.

“Professor, eu lembro que aprendi com você sobre os crimes permanentes nas aulas de Penal Geral. Você poderia me dar um exemplo?”

Mas é claro, meu(a) jovem!

Um exemplo corriqueiro de crime permanente e que é apto a franquear a entrada das autoridades nos locais em que haja suspeita, é tráfico de drogas (art. 33, da Lei 11.343/06) na modalidade “ter em depósito” ou, também, o crime de receptação na modalidade “ocultar”. Ambos são crimes permanentes, em que a consumação se prolonga no tempo, fazendo com que o indivíduo possa ser preso em flagrante a qualquer momento.

Durante o dia com ordem judicial: o conceito cronológico de dia vai das 06h às 18h, porém, meu amigo(a), quero que você preste atenção ao art. 22, §1º, III, da Lei de Abuso de Autoridade. Para o referido artigo, o dia é das 05h às 21h. Desse modo, há um conflito acerca do marco temporal do início e fim do dia, razão pela qual, isso será dirimido através das decisões dos Tribunais Superiores.

Em resumo, meu amigo(a)!

Desse modo, conseguimos sintetizar as principais informações que são necessárias para o estudo do tema da prisão e da liberdade provisória, porém, antes de avançarmos, só com essa introdução, já é possível respondermos uma questão a respeito do tema. Quer ver só?

Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Agente Federal da Polícia Federal - Nacional

Acerca de prisão e de habeas corpus, julgue os itens a seguir.

Considera-se coação ilegal, passível de habeas corpus, a manutenção do acusado em cárcere quando houver cessado o motivo que autorizou a coação.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: a partir da leitura do enunciado da questão é possível concluirmos que estamos diante de uma prisão cautelar (seja ela temporária ou preventiva) e, desse modo, cessado o motivo que autorizou a prisão (a

Exceções à inviolabilidade de domicílio

Flagrante Desastre Prestar socorro

Determinação Judicial, durante o

dia

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cautelaridade no caso concreto) e o indivíduo permaneça preso, essa prisão se torna ilegal, podendo ser combatida através do habeas corpus – remédio constitucional utilizado para os casos em que haja uma coação ilegal ao direito de locomoção – com base no artigo 5º, inciso LXVIII, da CF.

Gabarito: CERTO.

Compreendido, meu amigo(a)?!

Certo! Então, para fecharmos nosso tópico introdutório, fica aqui mais um diagrama para facilitar sua memorização:

Saiba que é um enorme prazer estar na sua presença!!

Vamos ao próximo capítulo do nosso estudo!

Prisão

Extrapenal

Civil ou Militar

Penal

Cumprimento de pena

Processual Penal

Flagrante

Preventiva

Temporária

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Princípios e imunidades sobre prisões.

Salve, salve, meu amigo(a)!

Seja muito bem-vindo ao nosso primeiro capítulo de estudo em nossa aula de número 10.

Agora que já estudamos ao longo da segunda parte do nosso curso regular, temas como do Inquérito Policial e Ação Penal e Provas, o tema da prisão e liberdade provisória é de suma importância para todo o desenvolvimento da instrução processual penal e está diretamente conectado com os temas estudados em aulas passadas.

Então, dessa forma, vamos iniciar este tópico a partir dos princípios aplicáveis à prisão:

A) Respeito a integridade física e moral do preso: o referido princípio está disposto no artigo 5º, XLIX, da CF, veja só: Art. 5º. [...] – XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. Assim, caríssimo(a), caso o preso morra sob a custódia do Estado, deverão seus familiares serem indenizados, conforme o entendimento do Supremo Tribunal Federal, lançado no Recurso Extraordinário 841.525/RS, de relatoria do Ministro Luiz Fux, de 01.08.2016.

B) Comunicação da prisão ao juiz e à família do preso: quanto à comunicação da prisão, o princípio em análise está posto no artigo 5º, LXII, da CF: Art. 5º. [...] – LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. É interessante que você saiba que o preso poderá abrir mão da comunicação aos seus familiares, quando o próprio não indicar de forma voluntária quem são seus familiares para a autoridade policial.

C) Direito ao silêncio: conforme o artigo 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.

Superado o estudo dos princípios, quero falar a você algumas considerações importantes sobre as imunidades prisionais.

A primeira imunidade prisional que precisamos ter em mente se refere à figura do Presidente da República.

Entretanto, é necessário que façamos a leitura do artigo 86, §3º da Constituição Federal:

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão.

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Perceba, caríssimo(a), a partir da leitura da parte destacada (que nos interesse para o estudo penal) o Presidente da República possui imunidade prisional, só podendo ser preso por sentença judicial condenatória (ATENÇÃO:

Essa sentença não precisar ter transitado em julgado), razão pela qual, não sofre prisão provisória.

“Professor, eu me lembro que há uma regra constitucional aplicável para esses casos. A tal da regra da simetria. Desse modo, posso afirmar que isso também se aplica aos governadores dos Estados?”.

Uma excelente pergunta, meu(a) caro(a) colega!

Em que pese existência da figura da simetria, nesse caso, não podemos aplicá-la quando o assunto for imunidade de governadores. O STF, no Inquérito 650 do DF decidiu que essa imunidade não se estende aos governadores.

Também, o mesmo STF, em 2018, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4362/DF, decidiu que não podem as Constituições Estaduais estabelecer necessidade de autorização prévia da Assembleia Legislativa para processo contra governadores.

Ainda tratando das autoridades federais dos poderes da República, os Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais, por força dos artigos 53, §2º e 27, §1º, ambos da Constituição Federal, essas autoridades só podem ser presas em caso de flagrante de crime inafiançável2, com a imediata remessa dos autos da prisão em flagrante para a respectiva casa legislativa no prazo de 24h para que os semelhantes deliberem sobre a prisão.

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.

§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

2 - hediondos (Lei 8.072/90);

- equiparados a hediondos (Tráfico de Drogas, Tortura e Terrorismo - TTT);

- racismo;

- A ação de grupos armados, civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

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Para ficar mais claro, vejamos esse exemplo:

Imagine que Austin tornou-se Deputado Federal pelo Estado de Minas Gerais e iniciou seu mandato parlamentar conforme disposto na Constituição. Passado um ano do exercício do mandato, durante algumas sessões na Câmara acabou por se envolver em discussões com Caracas, também deputado por Minas Gerais, mas do partido de oposição. Certo dia, Austin encontra Caracas fazendo compras no supermercado e aproveita esse momento para descarregar sua arma de fogo em direção ao desafeto, tudo por conta dos desentendimentos no Parlamento.

Nesse caso, não há dúvida de que estamos diante de um homicídio qualificado pelo motivo fútil (art. 121, §2º, inciso II, do CP – crime inafiançável) praticado por um parlamentar contra outro e, no caso de Austin ser preso em flagrante, após a lavratura do auto pela autoridade policial, o expediente deverá ser enviado à Câmara dos Deputados para que o restante dos parlamentares decidam acerca da manutenção ou não da prisão em flagrante.

Compreendido?!

Outras pessoas que possuem prerrogativas de imunidades prisionais são as autoridades do Poder Judiciário, tais como Juízes, Promotores e Defensores.

Para esses cargos, eles só terão imunidade para a prisão em flagrante de crime afiançável, esteja ou não no exercício da função. Entretanto, todas as demais medidas são cabíveis (prisão preventiva, temporária e flagrante de crime inafiançável).

E, por fim, o advogado tem imunidade prisional apenas para o exercício da função e para prisão em flagrante de crime afiançável e, assim como as autoridades acima mencionadas, todas as outras medidas são cabíveis (prisão preventiva, temporária e flagrante de crime inafiançável).

Então, para fecharmos o estudo do nosso primeiro tópico, vejamos como os concursos estão cobrando o tema ora estudado!

Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: PC-MA Provas: FGV - 2012 - PC-MA - Escrivão de Polícia Conforme dispõe a Constituição da República, é correto afirmar que :

A) os senadores, desde a expedição do diploma, não poderão ser presos, salvo nos casos de crimes inafiançáveis e em razão dos crimes afiançáveis praticados contra a administração pública.

B) os deputados somente podem ser presos após autorização da maioria dos membros que compõe a câmara dos deputados.

C) os deputados, senadores e vereadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.

D) deputados e senadores, desde a expedição do diploma, não poderão ser presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável.

E) o vereador não pode ser preso, conforme previsão expressa na Constituição Federal, salvo em flagrante delito por crime afiançável, praticado em qualquer local.

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Resolução: perceba, meu amigo(a), a partir de todas as informações que retemos até o momento e, conforme a redação do artigo 53, §2º, da CF, os deputados e senadores, desde a expedição do diploma, não poderão ser presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável.

Gabarito: Letra D.

Em resumo, caríssimo(a):

Presidente da República

Parlamentares Magistrados Membros do MP Advogados

Prisão somente após sentença

condenatória

Prisão por flagrante de crime inafiançável

Prisão por ordem escrita do Tribunal/Órgão Especial competente

para o julgamento deles

Prisão por ordem escrita do Tribunal

competente para o julgamento deles

Presença da OAB para lavrar o APF em caso de prisão em flagrante no exercício de suas funções

Prisão por flagrante de crime inafiançável

Prisão por flagrante de

crime inafiançável

Nos demais, casos, basta comunicação à seccional da OAB

Desse modo, encerramos por completo o nosso estudo acerca dos princípios e das imunidades.

Aguardo você no próximo capítulo!

Até lá!

Abraço!!

(12)

Prisões em espécie.

Prisão em Flagrante.

Olá, meu(a) caro(a) colega! Tudo bem com você?! Tenho a certeza que sim!

Bom, é chegado o momento de iniciarmos o estudo de forma individualizada de cada uma das espécies de prisão que estão presentes em nosso ordenamento jurídico, e que certamente estarão presentes no seu concurso.

Vamos em frente!

O título do nosso tópico já tratou de inaugurar o tema do nosso conteúdo, então, vamos direto para tudo aquilo que nos interessa acerca da prisão em flagrante.

Inicialmente, é bom que você saiba que o regramento da prisão em flagrante encontra-se disposto entre os artigos 301 a 310 do CPP.

“Certo, professor! Mas o que é especificamente a prisão em flagrante?”

Ótima pergunta!

Para isso, trago a você o conceito estampado na obra do jurista Edilson Mougenot Bonfim:

“Em razão da etimologia do termo “flagrante”, do latim flagrare (queimar) e flagratis (ardente, abrasador, que queima), a doutrina costuma definir prisão em flagrante como a detenção do indivíduo no momento de maior certeza visual da prática do crime. (BONFIM, 2017, p. 588).

Agora que fixamos um conceito acerca da prisão em flagrante, eu lhe pergunto: “Quem podem ser sujeito ativo e sujeito passivo da prisão em flagrante?”

Inicialmente, como sujeito passivo, qualquer pessoa pode ser alvo de prisão em flagrante, salvo as imunidades prisionais que estudamos anteriormente. Já quanto ao sujeito ativo (aquele quem realiza a prisão), a prisão em

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flagrante pode ser efetuada por qualquer pessoa do povo, de forma facultativa, conforme o artigo 301 do CPP e, de forma obrigatória, para os policiais e os agentes de segurança pública.

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

Com essa breve explicação, você já pode responder a seguinte questão:

Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal

Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.

Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.

Os agentes de polícia podem decidir, discricionariamente, acerca da conveniência ou não de efetivar a prisão em flagrante de José.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: veja, meu amigo(a), conforme o artigo 301 do Código de Processo Penal, as autoridades policiais possuem o dever de efetuar a prisão. Desse modo, não podemos falar em discricionariedade dos agentes de polícia na situação em que José estava portando um revólver calibre 38.

Gabarito: ERRADO.

A prisão em flagrante, por si só, possui algumas fases para que ela se aperfeiçoe por completo, até a confecção do respectivo auto pelo Delegado de Polícia.

As fases do flagrante são divididas da seguinte forma:

1. 1ª) Prisão captura: aqui, o agente é capturado pela pessoa do povo ou pela autoridade pública.

2. 2ª) Condução coercitiva: logo após a captura, o flagrado será conduzido até a repartição policial.

3. 3ª) Lavratura do APF: já nas repartições da Delegacia de Polícia, o Delegado irá iniciar a confecção

do auto de prisão em flagrante (APF).

4. 4ª) Prisão detenção:

esse é o momento em que o flagrado ficará nas dependências da Delegacia

até que uma decisão acerca da manutenção ou não de sua prisão sobrevenha por parte do Poder

Judiciário.

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5. 5ª) Comunicações obrigatórias: por fim, a prisão será comunicada a um familiar do preso ou pessoa

por ele indicada e, também, ao Ministério Público, Poder Judiciário e Defensoria Pública nas comarcas em que atue pois, do contrário, será nomeado advogado dativo para acompanhar o auto.

Um ponto que é de grande relevância para o nosso estudo diz respeito às modalidades de flagrante. Para tanto, peço que você beba sua água e redobre sua atenção! Esse tema compõe, ao menos 60%, das questões de prisão em flagrante na grande maioria dos concursos.

Veja o que diz o artigo 302 do Código de Processo Penal:

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

A partir da redação do artigo 302, inciso I e II, do CPP, estamos diante do flagrante próprio/real, ou seja, é quando o indivíduo está cometendo o crime ou acaba de cometer.

O inciso III, traz o flagrante impróprio/imperfeito/quase flagrante, ocasião em que o flagrando é perseguido logo após.

Por fim, o inciso IV, traz o flagrante presumido/ficto, ocasião em que o flagrado é encontrado logo depois com o PIAO (papéis, instrumentos, armas ou objetos que façam presumir ser o autor da infração).

Veja essa tabela que resume bem as modalidades de prisão em flagrante:

Flagrante Próprio Flagrante Impróprio Flagrante Presumido

Está cometendo ou acabou de cometer a infração penal

Perseguido, logo após cometer a infração penal

Encontrado, logo depois, com objetos que façam presumir ser o

autor da infração

Incisos I e II Inciso III Inciso IV

Mas agora, ATENÇÃO!

ENQUANTO DURAR A PERSEGUIÇÃO A PESSOA ESTÁ EM FLAGRANTE, AINDA QUE AS AUTORIDADES A PERCAM DE VISTA. O QUE NÃO PODE HAVER É A INTERRUPÇÃO DA PERSEGUIÇÃO (QUEBRA DE CONTINUIDADE).

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Imagine a situação em que indivíduos fortemente armados assaltam uma instituição bancária e após a empreitada criminosa empreendem fuga do local, sendo imediatamente perseguidos pelas autoridades policiais.

Por conta da perseguição, os assaltantes adentram em uma mata densa e, ato contínuo, a polícia cerca toda a mata e inicia as buscas de forma ininterrupta, fazendo trocas regulares dos policiais que estão se dedicando às diligências e, 15 dias depois do crime encontram os criminosos. Nesse caso, estamos diante de um flagrante, tendo em vista que não houve quebra de continuidade na situação de flagrância. Compreendido?!

Agora que conseguimos visualizar todas as modalidades de flagrante e a quebra de continuidade, vejamos como os concursos estão cobrando esse tema:

Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados de que o autor do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais rodoviários federais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km do local do delito e que os policiais acreditavam estar na rota de fuga do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido utilizada no crime.

Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.

De acordo com a classificação doutrinária dominante, a situação configura hipótese de flagrante presumido ou ficto.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: perceba, meu amigo(a), no momento em que os policiais rodoviários federais abordam o suposto autor do homicídio e, com ele, encontram a arma de fogo que supostamente tinha sido utilizada no crime doloso contra a vida, podemos concluir que o flagrante ficto/presumido, que se trata da modalidade em que o flagrando é encontrado logo depois com o PIAO (papéis, instrumentos, armas e objetos) que façam presumir ser ele o autor do crime.

Gabarito: CERTO.

Veja essa outra:

Ano: 2000 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2000 - Polícia Federal - Agente Federal da Polícia Federal

Zeca e Juca, previamente ajustados, adentraram em uma agência da Caixa Econômica Federal e, mediante ameaça, com o emprego de armas de fogo (revólveres), subtraíram a importância de R$ 20.000,00, que se encontrava no interior do cofre da instituição financeira. Logo depois da ocorrência, os autores da subtração foram encontrados por policiais militares, alguns quarteirões distantes da agência, em atitude suspeita (carregando sacolas e com armas na cintura), momento em que foram abordados e posteriormente presos. As

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armas do crime foram apreendidas e parte da res furtiva recuperada. Juca alegou ter menos de dezoito anos de idade.

Diante dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.

Zeca e Juca foram presos em flagrante impróprio ou quase-flagrante.

( ) Certo ( ) Errado

Resolução: perceba, caríssimo(a), o caso não é de flagrante impróprio ou quase-flagrante, mas sim de um caso de flagrante presumido/ficto, ocasião em que os autores da subtração foram encontrados por policiais militares, alguns quarteirões distantes da agência, em atitude suspeita (carregando sacolas e com armas na cintura).

Gabarito: ERRADO.

Veja que já avançamos muito em nosso estudo sobre prisão em flagrante.

Outro tema importante que diz respeito ao instituto é sobre a apresentação espontânea do agente criminoso.

Agora eu lhe pergunto, doutor(a)! Pense bem a respeito... “Você acha que caso o agente criminoso se apresente espontaneamente as autoridades policiais há ou não o flagrante?”

Se você respondeu que não há ocorrência de flagrante, acertou na mosca! Do contrário, não se preocupe, vamos estudar isso juntos.

A maioria da doutrina processualista (estudioso do direito processual penal) leciona no sentido de que a apresentação espontânea do agente criminoso é suficiente para afastar a prisão em flagrante!

Também, meu amigo(a), além das modalidades legais de flagrante que acabamos de estudar (baseadas no artigo 302 do CPP), a jurisprudência dos Tribunais Superiores (STF e STJ) acabaram pro criar outras duas modalidades.

“Arpini, o que seria jurisprudência?”

Jurisprudência, meu(a) querido(a) são decisões reiteradas sobre determinada matéria no mesmo sentido. Em outras palavras, é quando algum tribunal acaba decidindo sobre determinado tema diversas vezes sempre em um único sentido.

Com base nisso, a jurisprudência acabou por criar o flagrante preparado e, também, o flagrante esperado.

Concentre-se na tabela abaixo:

Flagrante Preparado Flagrante Esperado

Há intervenção na vontade. Não há intervenção na vontade

Não é válido. É válido

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Crime impossível – Súmula 145 do STF Não há crime, quando a preparação do flagrante pela

polícia torna impossível a sua consumação

567, STJ - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial,

por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto

Flagrante Provocado Flagrante Forjado

A autoridade estimula a prática do delito e, ao mesmo tempo, toma as precauções para que não haja a

consumação

A autoridade “planta” objetos para simular uma situação flagrancial que não existe

É ilegal É ilegal

Exemplificando, doutor(a):

- Se o policial, sabendo que seu alvo vende drogas de forma habitual em via pública, o aborda e oculta sua condição de policial para adquirir o entorpecente e, logo após a compra da voz de prisão em flagrante (na condição de policial) ao traficante, esse será um flagrante preparado, pois houve intervenção na vontade do criminoso que

“supostamente” vendia drogas para um usuário e não um policial. Porém, caso o traficante informe ao policial disfarçado que não possui a droga consigo, mas leva-o até sua residência onde os estupefacientes estão em depósito, o policial poderá prendê-lo em flagrante e a prisão será válida, tendo em vista que um dos verbos nucleares do artigo 33 da Lei de Drogas é “ter em depósito”, sendo modalidade de crime permanente, em que a consumação se prolonga no tempo

(18)

Imagem retirada do site: https://br.pinterest.com/pin/604678687450383193/.

Esse entendimento nos é apresentado no artigo 303 do CPP:

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

- Já quanto à figura do flagrante esperado, o argumento sustentado pela defesa de réus acusados de crime de furto era a de que, tendo em vista o sistema de vigilância posto em estabelecimentos comerciais ou a presença de seguranças, faria com que o crime de furto fosse considerado um crime impossível, tendo em vista a ausência de consumação, seja pela visualização através do sistema ou da imediata abordagem pelos seguranças. Porém, esse argumento não foi acolhido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por conta da teoria adotada para o momento consumativo do furto. Você lembra de que teoria estamos falando? Aposto que sim! Estudamos durante nossa aula de crimes contra o patrimônio. É, isso mesmo, a teoria da amotio na qual o crime de furto se consuma com a inversão do ânimo da posse, independente de posse mansa e pacífica da res furtiva.

Imagem retirada do site: https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/697151351/sumula-567-do-stj- anotada-crime-impossivel.

Esse é um tema recorrente em concursos, veja só:

Ano: 2000 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2000 - Polícia Federal - Agente Federal da Polícia Federal

Em meados de julho do corrente ano, X, Y e Z associaram-se, com vontade associativa permanente, a fim de praticarem tráfico ilícito de substância entorpecente. No dia 13 de agosto, por volta das 13 h, agentes de polícia federal, passando-se por compradores, adentraram na residência de Z e, em cumprimento a mandado de busca, efetuaram a prisão em flagrante de X, Y e Z, que detinham em depósito, para negócio, doze quilos de cocaína.

Com referência à situação hipotética apresentada e a considerações penais correlatas, julgue o item que se segue.

Na situação em apreço, o flagrante deveria ser considerado nulo, por ter sido preparado ou provocado pelos agentes policiais e por não ter ocorrido nenhum ato de traficância.

( ) Certo

(19)

( ) Errado

Resolução: veja, caríssimo(a), nesse caso, como os criminosos X, Y e Z tinham em depósito os 12kg de cocaína, estamos diante de um crime permanente e, desse modo, o flagrante realizado pelos agentes policiais é absolutamente válido.

Gabarito: ERRADO.

Veja essa outra:

Ano: 2004 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-AP Prova: CESPE - 2004 - TJ-AP - Analista Judiciário - Área Judiciária

O agente de polícia Silva, trabalhando em uma delegacia de repressão a tóxicos, saiu para cumprir a missão de identificar e prender possíveis usuários de drogas. Para tanto, ele levou consigo certa quantidade de maconha e passou a oferecer a mercadoria, vendendo uma porção a Mário, que saiu do local da compra e foi imediatamente

preso em flagrante pelos demais componentes da equipe de Silva.

Sabendo que trazer consigo para uso próprio substância que causa dependência física ou psíquica em desacordo com determinação legal é conduta prevista como crime na lei antitóxicos, julgue os itens subsequentes, em face

dessa situação hipotética e quanto à prisão em flagrante.

A prisão de Mário foi ilegal, uma vez que se trata de hipótese de flagrante preparado, que exclui o delito ( ) Certo

( ) Errado

Resolução: nesse caso, a conduta praticada por Silva induziu Mário a adquirir o entorpecente, razão pela qual, houve intervenção na vontade e a manifestação é viciada, ocasião em que, a prisão de Mário é ilegal por se tratar de flagrante preparado.

Gabarito: CERTO.

Alguma dúvida, doutor(a)? Se estiver faltando algo em seu estudo, venha me procurar para sanarmos a eventual lacuna.

Desse modo, encerramos o estudo das modalidades de flagrante.

Outro ponto importante ainda dentro deste tópico diz respeito às formalidades do flagrante.

Tais formalidades estão previstas entre os artigos 304 a 309 do CPP.

Façamos uma leitura atenta dos dispositivos:

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Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)

§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.

§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)

§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará oo auto, depois de prestado o compromisso legal.

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.

Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.

Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.

(21)

Leitura realizada, vamos adiante!!

A partir de agora vou traçar um esquema das informações mais importantes acerca dos artigos que acabamos de ler.

Autoridade: é a autoridade do local da captura e não do local da consumação.

Condutor: é a pessoa que encaminha o preso à autoridade. Em nosso país, geralmente é a polícia militar que faz o encaminhamento do preso.

Testemunhas: deve haver, ao menos, duas testemunhas. O condutor conta como testemunha para lavratura do APF (Auto de Prisão em Flagrante, lembrado?!). A falta de testemunhas não impede a lavratura do flagrante, porém, nesse caso, deve haver duas testemunhas da apresentação do preso à autoridade policial, ou seja, outros dois colegas (geralmente polícia civil) que presenciam a chegada do flagrado. Essas testemunhas são chamadas de instrumentais, instrumentárias ou fedatárias.

Atenção!!! Não é obrigatória a presença de defensor na lavratura do Auto.

Caso o Delegado de Polícia não se convença da ocorrência de crime ou de indícios de autoria, então não lavrará o flagrante, mas apenas um boletim de ocorrência para posterior investigação do fato.

Comunicações: o preso recebe a nota de culpa (é a primeira imputação – “acusação” contra o flagrado). A nota de culpa deve ser entregue ao preso em 24hs. Juiz e Promotor recebem cópia do APF no prazo de 24hs. Se o preso não possuir advogado, as peças do flagrante serão remetidas para a Defensoria Pública.

Veja só como isso é cobrando em concurso:

Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-AC Prova: FCC - 2010 - TRE-AC - Analista Judiciário - Área Judiciária

O documento entregue ao conduzido após a lavratura do auto de prisão em flagrante, assinado pela autoridade policial e contendo o motivo da prisão, o nome do condutor e das testemunhas, denomina-se

A) termo circunstanciado.

B) auto de prisão em flagrante.

C) nota de culpa.

D) carta de guia.

E) boletim de ocorrência.

Resolução: conforme acabamos de estudar, no momento em que o preso flagrado é direcionado até a autoridade para lavratura do APF, ele receberá a nota de culpa, documento que formalizada a primeira imputação criminal contra sua pessoa.

Gabarito: Letra C.

(22)

E, caminhando para o final do nosso estudo sobre prisão em flagrante, vamos tratar das condutas do juiz, previstas no artigo 310 do CPP.

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;

ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.

Como podemos perceber, o artigo 310 do CPP sofreu algumas alterações por conta da Lei Anticrime e, a partir de agora, vamos analisar cada uma delas!

Para tanto, farei um quadro comparativo entre a redação anterior e atual redação do artigo 310.

REDAÇÃO ANTES DA LEI 13.964/19 REDAÇÃO DEPOIS DA LEI 13.964/19 Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o

juiz deverá fundamentadamente:

I – relaxar a prisão ilegal; ou

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu

(23)

II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;

ou

III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança;

Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art.

23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.

advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa

audiência, o juiz deverá,

fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - relaxar a prisão ilegal; ou

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;

ou

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos

processuais, sob pena de

revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação

(24)

de prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

A grande novidade que sobreveio ao ordenamento jurídico por conta da Lei Anticrime alterando o artigo 310 do CPP é a famigerada audiência de custódia.

Desse modo, caríssimo(a), por intermédio da audiência de custódia, o juiz fica frente a frente com o flagrado, apurando-se as circunstâncias objetivas da prisão em flagrante, sem adentrar ao mérito dos fatos em si.

Nas palavras do professor Rogério Sanches Cunha3, “a audiência de custódia (ou de apresentação) tem dupla finalidade: de proteção a fim de tutelar a integridade física do preso, e de constatação, aquilatando, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, a necessidade de ser mantida a prisão do autuado...” (pg. 941).

Desse modo, realizada a audiência de custódia, o Juiz poderá tomar as seguintes providências:

6.

I - relaxar a prisão ilegal; ou

7.

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou

8.

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

O relaxamento da prisão é uma decorrência natural do artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, que assim dispõe: “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”. Para ilustrar uma prisão ilegal, podemos nos valer da quebra de continuidade que estudamos anteriormente. Suponha que o indivíduo tenha cometido determinado crime e a polícia após 10 dias de perseguição infrutífera acaba por desistir da perseguição, ocasião em que o criminoso venha a ser preso somente 1 anos após a prática do crime e a autoridade policial lavra um APF por conta da custódia. Nesse caso, o Juiz deverá relaxar a prisão, tendo em vista tratar-se de prisão em flagrante ilegal, de um crime ocorrido um ano antes da prisão. Porém, nada impede que tal prisão venha a se tornar uma prisão preventiva.

Já o inciso II trata da conversão do flagrante em preventiva, quando se fizerem presentes os requisitos do artigo 312 do CPP. Porém, nesse caso, é necessário que tenhamos muita cautela. O atual artigo 311 do CPP (que vamos analisar posteriormente no estudo da prisão preventiva) sofreu alterações decorrentes da Lei Anticrime, razão pela qual, atualmente, o art. 311 veda a possibilidade de o juiz decretar prisão preventiva de ofício. Pois bem, tendo em vista essa modificação ocorrida no artigo 311, uma corrente de pensadores resolveu estender esses efeitos para o

3 CUNHA, Rogério Sanches. Código de Processo Penal e Lei de Execução Penal comentados por artigos / Rogério Sanches Cunha, Ronaldo Batista Pinto. – 4. ed. ver. e atual. – Salvador: JusPodivm, 2020.

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artigo 310, II do CPP. Em outras palavras, caríssimo(a), caso o Juiz, ao receber um APF verificar o preenchimento dos requisitos do artigo 312 do CPP, não poderia converter o flagrante em preventiva, por conta da nova redação do artigo 311 do CPP que vedou a decretação de preventiva de ofício. Assim, o Juiz deveria encaminhar o APF ao Ministério Público para que este requeresse a prisão preventiva, sob pena de uma indireta decretação da prisão preventiva de ofício.

O tema era polêmico, tendo em vista que as duas turmas do Superior Tribunal de Justiça, que tratam de matéria criminal, não estavam em sintonia quanto ao tema. Para a 5ª Turma, era possível a referida conversão. Porém, para a 6ª Turma, não era possível. O STF, convidado a se manifestar sobre o tema, no informativo 994 decidiu pela impossibilidade da conversão de flagrante em preventiva, após o advento da Lei Anticrime4. Assim, meu amigo(a), lhe aconselho a focar no entendimento do STF para o seu concurso.

Como o tema é recente, ainda não há questões sobre a controvérsia, desse modo é importante que você guarde todas essas informações para testes futuros.

E, para fecharmos as condutas do juiz, é possível, ainda, a concessão da liberdade provisória com ou sem fiança.

A atual disciplina da matéria no CPP, estabelece três formas de liberdade provisória, vejamos:

1ª)

Trata-se da liberdade provisória sem fiança ou imposição de qualquer medida cautelar (do art. 319 do CPP), mas com a obrigação de comparecimento aos atos do processo, quando, através do APF, o Juiz do flagrante verificar que o flagrado cometeu o fato amparado por uma excludente de ilicitude (art. 23 do CP, por nós estudadas nas aulas de Penal), conforme o artigo 310, §1º do CPP.

4Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento) Não é possível a decretação “ex officio” de prisão preventiva em qualquer situação (em juízo ou no curso de investigação penal), inclusive no contexto de audiência de custódia, sem que haja, mesmo na hipótese da conversão a que se refere o art. 310, II, do CPP, prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério Público ou da autoridade policial. A Lei nº 13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” que constava do art. 282, § 2º, e do art. 311, ambos do CPP, vedou, de forma absoluta, a decretação da prisão preventiva sem o prévio requerimento das partes ou representação da autoridade policial.

Logo, não é mais possível, com base no ordenamento jurídico vigente, a atuação ‘ex officio’ do Juízo processante em tema de privação cautelar da liberdade. A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art.

282, § 2º e do art. 311, significando que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia, a conversão, de ofício, da prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão preventiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal provocação do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do assistente do MP. STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020. STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020

(26)

2ª)

a liberdade provisória sem fiança, porém, com a imposição de medida cautelar (art. 319 do CPP) e obrigação de comparecida aos atos do processo, nos termos do artigo 350 do CPP. Esse é o caso do flagrado pobre (verificado no caso concreto) que teria que sacrificar a sua própria subsistência ou da sua família, caso fosse obrigado a recolher o valor arbitrado na fiança. Porém, ainda que liberado do pagamento, o flagrado se obriga a “comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do IP (inquérito policial), da ação penal e para o julgamento, proibido, também, de mudar de endereço ou ausentar-se da residência por mais de oito dias sem prévia comunicação, além da possibilidade de imposição de outras medidas cautelares.

3ª)

Por fim, a liberdade provisória com ou sem fiança e com ou sem medida cautelar diversa da prisão, para os casos em que estiverem ausentes os requisitos da prisão preventiva (art. 321, do CPP5).

Desse modo, caminhando para o final da prisão em flagrante, é importante darmos o destaque necessário ao §2º do art. 310, que é novidade inserida pela Lei Anticrime.

No parágrafo segundo o legislador determina que o Juiz negue a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares ao agente reincidente (art. 63, do CP6), ou que integra organização criminosa (art. 1, §1º, da Lei 12.85013) armada ou milícia ou que porta arma de fogo de uso restrito.

Desse modo, meu amigo(a), encerramos por completo o estudo da prisão em flagrante! Qualquer dúvida acerca desse tópico, me procure em nosso canal de dúvidas ou no meu instragram @prof.arpini.

Vamos adiante!

Prisão Preventiva.

Olá, meu amigo(a)!

Estamos juntos para mais um tópico em nossa aula. Nosso tema a partir de agora é sobre a prisão preventiva, instituto que sofreu substanciais alterações por conta da Lei Anticrime. Mas não se preocupe, você sairá dessa aula preparado para enfrentar qualquer questão no seu concurso no tocante à prisão preventiva.

5 Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código.

6 Reincidência

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.

(27)

Inicialmente, os artigos do Código de Processo Penal que nos interessam iniciam-se no 311 até o 317.

Então, para começarmos já vamos traçar um comparativo com a redação antes da Lei Anticrime e a redação atual:

Redação antes da Lei 13.963/19 Redação depois da Lei 13.694/19 Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou

do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da

autoridade policial.

Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério

Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.

A prisão preventiva, meu amigo(a), conceituando-a em seu sentido amplo, é aquele decretada antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Esse é um conceito, completo e, ao mesmo tempo breve, que irá ajudar muito você para a identificação da natureza da prisão em suas questões de concurso.

Agora que você já está familiarizado com a prisão preventiva, vamos estudar suas formas de cabimento e pressupostos. Então, para isso, vamos à redação do CPP.

A comparação de redações que acabamos de fazer com o artigo 311, será necessária, também, com o artigo 312.

Veja só:

Redação antes da Lei 13.963/19 Redação depois da Lei 13.694/19 Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada

como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal,

ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício

suficiente de autoria.

Parágrafo Único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras

medidas cautelares (art. 282, § 4o).

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou

para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado

de liberdade do imputado.

§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas

cautelares (art. 282, § 4o).

§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em

receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a

aplicação da medida adotada.

Desse modo, para que a prisão preventiva possa ser decretada, é necessário que exista prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado (art. 312, caput).

(28)

No processo penal é comum tratarmos os termos acima destacados como fumus comissi delicti e periculum libertatis.

O fummus comissi delicti é a comprovação da existência de um crime e indícios suficientes de autoria. A prova da existência do crime consiste na presença de elementos que demonstrem a materialidade do delito (p.ex. o auto de necropsia em crime de homicídio). Por outro lado, os indícios suficientes de autoria representam elementos convincentes, capazes de fazer o Juiz crer que o imputado é o autor do crime em análise.

Outrossim, o fumus comissi delicti é acompanhado do periculum libertatis, que se refere ao risco que o agente criminoso, em liberdade, possa criar à garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, da conveniência da instrução criminal, aplicação da lei penal e o perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.

Com essas brevíssimas informações já podemos responder a seguinte questão:

Ano: 2018 Banca: IBADE Órgão: Câmara de Porto Velho - RO Prova: IBADE - 2018 - Câmara de Porto Velho - RO - Analista Jurídico

Dentre as prisões cautelares, isto é, aquelas prisões decretadas antes da sentença final condenatória transitada em julgado, destaca-se a prisão preventiva. Nesse sentido, um dos motivos que autoriza a decretação da prisão preventiva é a:

A) prática de crime punido com pena privativa de liberdade máxima superior a 2 (dois) anos.

B) prática de crime culposo contra o patrimônio.

C) conveniência da instrução criminal D) garantia da ordem privada.

E) inexistência de prova do crime.

Resolução:

a) conforme o artigo 313 do CPP, que será logo mais estudado, a pena máxima deverá ser superior a 4 anos.

b) conforme o artigo 313 do CPP, que será logo mais estudado, somente é cabível nos crimes doloso.

c) conforme o artigo 312 do CPP, um dos fundamentos da prisão preventiva é justamente a conveniência da instrução criminal.

d) conforme o artigo 312 do CPP, a garantia é da ordem pública e não da ordem privada.

e) conforme o artigo 311 do CPP, é necessário o fumus comissi delicti.

Gabarito: Letra C.

Vejamos mais uma acerca do tema:

19) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe

(29)

De acordo com o art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver

A) indícios da existência do crime e prova suficiente de autoria.

B) prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.

C) indícios da existência do crime e indício suficiente de autoria.

D) indício suficiente de autoria, apenas.

E) prova da existência do crime, apenas.

Resolução: conforme visualizamos ao longo de nossa aula, os pressupostos da prisão preventiva são representados pelo fumus comissi delicti e o periculum libertatis, razão pela qual, para a decretação da custódia preventiva, é necessário que haja a presença de provas de materialidade e indícios suficientes de autoria ou participação (fumus comissi delicti).

Gabarito: Letra B.

Agora vamos tratar acerca dos fundamentos da prisão preventiva!

Fundamentos da prisão preventiva: a prisão preventiva se justifica como forma de:

9.

Garantia da ordem pública

10.

Garantia da ordem econômica

11.

Conveniência da instrução criminal

12.

Para assegurar a aplicação da lei penal

Para cada um dos conceitos acima mencionados, trarei para vocês as lições dos professores Edilson Mougenot Bonfim e Rogério Sanches Cunha, veja só:

Garantia da ordem pública: “Ordem pública é a paz social, a tranquilidade no meio social cuja manutenção é um dos objetivos principais do Estado. Quando tal tranquilidade se vê ameaçada, é possível a decretação da prisão preventiva, a fim de evitar que o agente, solto, volte a delinquir. Assim, é possível a decretação da medida quando se constata que o agente, dada à periculosidade que ostenta, sente-se incentivado a prosseguir em suas práticas delituosas”. (CUNHA, 2020, p.963).

Garantia da ordem econômica: “Hipótese trazida pela Lei n.8.884/94, que tem origem história no combate aos chamados “crimes do colarinho branco”. O encarceramento, nesse caso, visa impedir que o indiciado ou réu continue sua atividade prejudicial à ordem econômica e financeira. Busca, também, salvaguardar a credibilidade da Justiça, afastando a sensação de impunidade. Nesse caso, a magnitude da lesão econômica tem sido usada para justificar a

Referências

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