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Braz. j. . vol.83 número2

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www.bjorl.org

Brazilian

Journal

of

OTORHINOLARYNGOLOGY

ARTIGO

ORIGINAL

Human

Papillomavirus

and

students

in

Brazil:

an

assessment

of

knowledge

of

a

common

infection

---preliminary

report

João

Cesar

Frizzo

Burlamaqui

a

,

Ana

Carolina

Cassanti

a

,

Gabriela

Bastos

Borim

a

,

Edward

Damrose

b

,

Luisa

Lina

Villa

c

e

Leonardo

Silva

a,

aFaculdadedeCiênciasMédicasdaSantaCasadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil bStanfordUniversity,Califórnia,EUA

cUniversidadedeSãoPaulo(USP),FaculdadedeMedicina,DepartamentodeRadiologiaeOncologia,SãoPaulo,SP,Brasil

Recebidoem23dejaneirode2016;aceitoem2defevereirode2016 DisponívelnaInternetem14defevereirode2017

KEYWORDS

Brazil; Viruses;

Sexualbehavior; Policy

Abstract

Introduction:HumanPapillomavirus(HPV)infectionisthemostprevalentsexuallytransmitted diseaseworldwide.Oneofthebarrierstotheimplementationofpreventionprogramsagainst thediseaseisthelimitedknowledgepossessedbymostpopulationsregardingthevirusandits possibleconsequences.

Objective:ThepurposeofthisstudywastoevaluatetheknowledgeofBraziliancollegestudents ontransmission,clinicalmanifestations,anddiseasescorrelatedwithHPV,highlightingthepoor knowledgeofaverycommoninfection.

Methods:Atotalof194studentsansweredaquestionnaireabouttransmission,clinicalfeatures andthepossibleconsequencesofpersistentHPVinfection.Thequestionnairewasself-applied underthesupervisionoftheauthors.

Results:TheclinicalmanifestationsofHPVinfectionwerenotcleartomoststudents.Incorrect assumptionsoftheclinicalmanifestationsofHPVinfectionincluded:bleeding(25%),pain(37%) andrashes(22%).TwelvepercentofrespondentsdidnotrecognizewartsasanHPV-related disease.Regardingpotentialconsequencesofpersistentinfection,studentsdidnotrecognizea relationshipbetweenHPVandlaryngealcarcinoma(80.9%),pharyngealcarcinoma(78.9%),anal carcinoma(73.2%),vulvarcarcinoma(65.4%)andvaginalcarcinoma(54.6%).Largeportionsof thepopulationevaluatedwereunawareofmodesofHPVtransmissionbeyondgenitalcontact.

DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.02.006

Comocitaresteartigo:BurlamaquiJC,CassantiAC,BorimGB,DamroseE,VillaLL,SilvaL.HumanPapillomavirusandstudentsinBrazil:

anassessmentofknowledgeofacommoninfection---preliminaryreport.BrazJOtorhinolaryngol.2017;83:120---5. ∗Autorparacorrespondência.

E-mail:leosilva@uol.com.br(L.Silva).

ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.

(2)

Conclusion: KnowledgeofHPVby thepopulationevaluated inthisstudy ispartialand frag-mented.Lackofknowledgemaycontributetothefurtherspreadofthedisease.Publichealth policiesforeducationandguidanceofthepopulationshouldbeimplementedinBrazil. © 2017 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY license (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

PALAVRAS-CHAVE

Brasil; Vírus;

Comportamento sexual;

Política

HPVeestudantesnoBrasil:avaliac¸ãodoconhecimentodeumainfecc¸ãocomum ---relatopreliminar

Resumo

Introduc¸ão: Ainfecc¸ãopelopapilomavírushumano(HPV)éadoenc¸asexualmentetransmissível mais prevalenteem todoomundo.Uma dasbarreiraspara aimplantac¸ão deprogramasde prevenc¸ãocontraadoenc¸aéoconhecimentolimitadodamaioriadaspopulac¸õessobreovírus esuaspossíveisconsequências.

Objetivo: Avaliaroconhecimentodosestudantesuniversitáriosbrasileirossobreatransmissão, asmanifestac¸õesclínicaseasdoenc¸ascorrelacionadascomoHPV,comdestaqueparaopouco conhecimentodeumainfecc¸ãomuitocomum.

Método: Responderam a um questionário sobre a transmissão, características clínicas e as possíveisconsequênciasdainfecc¸ãopersistentepeloHPV194estudantes. Oquestionáriofoi autoaplicado,sobasupervisãodosautores.

Resultados: Asmanifestac¸õesclínicasdainfecc¸ãopeloHPVnãoeramclarasparaamaioriados estudantes.Assuposic¸õesincorretasdasmanifestac¸õesclínicasdainfecc¸ãopeloHPVincluíam: hemorragia(25%),dor(37%)eerupc¸õescutâneas(22%)—12%dosentrevistadosnão reconhe-ciamasverrugascomoumadoenc¸arelacionadaaoHPV.Quantoàspotenciaisconsequências dainfecc¸ãopersistente,osalunosnãoreconheciamumarelac¸ãoentreHPVecâncerdelaringe (80,9%),carcinomadafaringe(78,9%),carcinomaanal(73,2%),carcinomavulvar(65,4%)e car-cinoma vaginal(54,6%). Grandesporc¸ões dapopulac¸ãoavaliada desconheciamos modosde transmissãodoHPValémdocontatogenital.

Conclusão:OconhecimentodeHPVpelapopulac¸ãoavaliadanesteestudoéparciale fragmen-tado.Afaltadeconhecimentopodecontribuirparaapropagac¸ãodadoenc¸a.Políticaspúblicas desaúdeparaaeducac¸ãoeorientac¸ãodapopulac¸ãodevemserimplantadasnoBrasil. © 2017 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

Introduc

¸ão

O papilomavírus humano (HPV) é o agente etiológico da infecc¸ão viral mais comum do trato genital em todo o mundo. Ovírus tambémestá relacionadocom umaampla gamadedistúrbiosemcrianc¸aseadultosdeambosossexos. O impacto clínicoda doenc¸a relacionada ao HPV engloba umagamadedistúrbiosbenignosemalignos.1

Ainfecc¸ão peloHPVé adoenc¸asexualmente transmis-sível maiscomum nomundo, com maisde 14 milhões de novoscasosrelatadosnosEstadosUnidosem2008. Levando--seemcontatodososindivíduosinfectados,estima-seque 79 milhões de americanos foraminfectados pelo HPV em 2008.2

O papilomavírus humano é um vírus DNA da famí-lia Papillomaviridae. O HPV infecta a pele e a mucosa. Com base nas diferenc¸as das sequências genômicas do L1, o geneque codifica aprincipal proteína docapsídeo, maisde 190 tipos de HPV foramidentificados por análise molecular.3

O HPV foi classificado em tipos de alto e baixo risco, deacordo comseupotencialparainduzir câncerem teci-dos infectados.1 Embora o contato sexual seja o modo

maisamplamenteaceito detransmissão,outrasformasde contaminac¸ão são descritas na literatura.4 A transmissão

vertical(infecc¸ãoderecém-nascidospelapassagematravés deumcanaldeparto contaminado)é231vezesmaiorem mulherescomcondilomavaginal/vulvardoqueem mulhe-ressemadoenc¸aclinicamenteevidente.Atransmissãodo HPVpormeiodeinfecc¸ãosubclínicatambémpodeserum importantemododeinfecc¸ão;talvezomaiorfatorderisco quandoseestimaataxadetransmissãomaterno-fetal.5

Asmanifestac¸õesclínicasdedoenc¸asrelacionadasaoHPV variam,dependem dotipo de HPV e local dainoculac¸ão, masa verruga é considerada a lesão primária clássica da infecc¸ão.6

(3)

é responsável por câncer do ânus, pênis, vagina,vulva e orofaringe.7,8

Ainfecc¸ãopeloHPVcomostipos6e11(baixorisco)causa doenc¸asrecorrentescomoapapilomatoseoralelaríngea.9

Considerandoaaltaprevalênciadedoenc¸aassociadaao HPVeseupotencialpararecorrênciaeconversãomaligna, oscustosrelacionadosaodiagnósticoetratamentotêmum grandeimpacto nossistemas desaúdeem todo o mundo. Porexemplo, sóem 2003osEstados Unidos gastaramUS$ 418milhõesparaotratamentodedoenc¸asrelacionadasao HPV,exclusiveosvaloresgastoscomadoenc¸acervical.10

Em 2012, o sistema de saúde italiano gastou 528,6 milhõesdeeurosparaotratamento dedoenc¸as relaciona-dasaoHPV(câncercervical,vulvar,vaginal,anal,peniano, de cabec¸a e pescoc¸o, verrugas genitais e papilomatose respiratória.11

Alémdoscustosextremamenteelevadosparaossistemas desaúde,asdoenc¸asrelacionadasaoHPVemtodoomundo estãoassociadasaaltastaxasdemorbidadeemortalidade.12

Tal como acontece com outras doenc¸as sexualmente transmissíveis,aprevenc¸ãocontinuaaseramelhor opc¸ão para o controle da doenc¸a relacionada ao HPV, especi-almente porque não há tratamento curativo.9 Entre as

diferentesformas deprevenc¸ão disponíves paraa doenc¸a relacionada ao HPV, a vacinac¸ão demonstrou boa relac¸ão custo-efetividadeemváriosprogramasemtodoomundo.9

Contudo, uma das barreiras para a implantac¸ão des-ses programasé o conhecimentolimitado sobre o vírus e suaspossíveisconsequênciasqueamaioriadaspopulac¸ões tem.13---16

Estudosfeitosemdiferentespartesdomundo identifica-ramquenãoháumacompreensãoadequadadotemaquando seconsideramosjovenssexualmenteativos.17---19

Positivamente,ospaísesqueimplantaramprogramasde imunizac¸ãoobservaramqueascampanhasdevacinac¸ão con-tribuíram para o aumento dos níveis de conscientizac¸ão sobre a questão. Essas campanhas, no entanto, tive-ram como foco principal o câncer cervical, enquanto as informac¸ões fornecidassobreoutrasdoenc¸as relacionadas aoHPVsãolimitadas.20

Emboraaliteraturacientíficafornec¸afortesevidências sobrearelac¸ãoentreainfecc¸ão peloHPV dealtorisco e odesenvolvimentodecâncerorofaríngeo, oconhecimento popularsobreessetumoréinadequadoouinexistente.21

Emumestudocom2.126adultosamericanosqueavaliou o conhecimentogeral dos cânceres decabec¸a e pescoc¸o, menosde1%dosparticipantesreconheceuainfecc¸ãopelo HPVcomoumpossívelfatorderiscoparaocâncerdeboca efaringe.22

Curiosamente,existe umadiferenc¸a de10 vezes entre as taxas de infecc¸ão oral (4%) e infecc¸ão genital (40%) emhomens.Adespeito dastaxasrelativamentebaixasde infecc¸ão, o desenvolvimento de lesões benignas e malig-nas na cabec¸a e pescoc¸o tem aumentado a uma taxa alarmante.23

Ocomportamentosexualfoirelacionadoaumataxa cres-centedeinfecc¸ão oral peloHPV, masnãoháconsenso na literaturasobreoassunto.Osfatoresderiscopodemincluir onúmerodeparceirossexuaisaolongodavidaeacrescente práticadesexooral.24,25

A infecc¸ão subclínica pode facilitar a disseminac¸ão da doenc¸aparaparceirosnãoinfectados.Ousodopreservativo

deve ser sempre incentivado, mas não pode fornecer protec¸ãototal contra ainfecc¸ão pelo HPV porqueo vírus podeser eliminado a partirde locais nãoprotegidos pelo preservativo.26

O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de conhe-cimento dos estudantes universitários sobre as questões envolvidasnatransmissãodovírus,asmanifestac¸ões clíni-caseaspotenciaisconsequênciasdasinfecc¸õespersistentes pelo HPV, identificar aslacunas noconhecimento e assim contribuirparacampanhaseducativas.

Método

Este estudotransversalfoi aprovadopelo ComitêdeÉtica ePesquisa(CAAE:20424413.4.0000.5479).Trezentosalunos dosdoisprimeirosanosdefaculdadesdemedicina, enfer-magem e fonoaudiologiae audiologia foram convidados a participardesteestudo.Oquestionárioeraautoaplicávele osindivíduosforamorganizadosem gruposparaminimizar a interferência docurrículo de cada umadas faculdades. Osautoressupervisionaramopreenchimentodos questioná-rios.Cadaquestionáriofoiidentificadoapenaspelonúmero paramanteroanonimatodecadaparticipante.

Resultados

Dos300 estudantes convidados,194 concordaramem par-ticipar eresponderamosquestionáriosem suatotalidade. Nenhumquestionáriofoiexcluído.

Amaioriadosindivíduos(92,8%)respondeucorretamente que quanto maior o número de parceiros sexuais, maior o risco de infecc¸ão pelo HPV. Os resultados relativos à transmissãoestão apresentadosnatabela1.Amaioriados respondentesreconheceuocontatogenital-genitalcomoum modo comum de transmissão, mas o conhecimento sobre outros modos de transmissãoera limitado. A maioria dos entrevistados subestimouo risco detransmissão materno--fetal.

Em relac¸ão às medidas de protec¸ão, 51% dos partici-pantesdeclararamqueospreservativosoferecemprotec¸ão totalcontraainfecc¸ãopeloHPVdurantearelac¸ãosexual, 12,4% não sabiam responder essa pergunta e 36,6% res-ponderam que essa protec¸ãonãoseria totalmente eficaz. Quando perguntados se poderiam infectar seus parceiros mesmoquandoassintomáticos,88,7%dosentrevistados res-ponderam positivamente, 2,2% negativamente e 8,8% não sabiam.

Tabela1 RespostassobreosmodosdetransmissãodoHPV

Transmissão Simn(%) Nãon(%)

(4)

Tabela 2 Proporc¸ão de respostas sobre a participac¸ão do HPV na patogênese do câncer em diferentes sítios anatômicos

Neoplasia Sim(%) Não(%) Nãosei(%)

Faringe 41(21,1) 68(35,1) 85(43,8) Laringe 37(19,1) 66(34) 91(46,9) Vulva 67(34,5) 41(21,1) 86(44,3) Vagina 88(45,4) 34(17,5) 72(37,1) Pênis 184(94,8) 4(2,1) 6(3,1) Ânus 52(26,8) 51(26,3) 91(46,9) Cervical 177(91,2%) 11(5,7%) 6(3,1%)

170

48 72

71

42

Verruga (88%) Prurido (37%)

Sangramento (25%) Dor (37%) Foco (22%)

Figura1 Sinaisesintomasdeinfecc¸ãoporHPVdeacordocom oentendimentodosparticipantespesquisados.

Quanto ao desenvolvimentodemalignidade,o risco de câncer cervical e peniano foi maisprontamente reconhe-cido,comapreciac¸ãobemmenorparaocâncer emoutros locais(tabela2).Aincertezasobreoriscodecâncernesses outroslocaistambémficouevidente.

Em relac¸ãoaossinaise sintomasdainfecc¸ãopeloHPV, osparticipantesrelataramqueasverrugaseramoprincipal sintoma(88%).Sintomascomosangramento (25%),prurido (37%)edor(22%)foramincorretamenteidentificadoscomo partedasintomatologiaderotina(fig.1).

Discussão

DeacordocomosCentrosdeControledeDoenc¸asdos Esta-dosUnidos,49%dasinfecc¸õespeloHPVocorremempessoas entre15e24anos,comcustossignificativosrelacionadosao tratamento.27

O nível socioeconômico e o grau de escolaridade bai-xos estão correlacionados com um prognóstico ruim em doenc¸asrelacionadasao HPV, como apapilomatose respi-ratóriarecorrente(PRR),bemcomocomasbaixastaxasde adesãoaosprogramasdeprevenc¸ãodeinfecc¸ões.28

NoBrasil,44,9%dapopulac¸ãoacimade15anosnãotem educac¸ãoformaloutemoensinofundamentalincompleto, enquanto19%têmoensinomédioincompleto.29

É importante considerar que, embora o nível de esco-laridade do grupo do estudo tenha sido maior que o da populac¸ãoemgeral,osparticipantesnãotinhameducac¸ão formal em HPV ou suas doenc¸as relacionadas. Assim, o conhecimento desse grupo é representativo do de seus pares.Nossosresultadosmostramumbomconhecimentodos entrevistadossobrealgumasquestões,masemoutrasáreas importantesesseconhecimentoéparcialefragmentado.

A grande maioria dos participantes do estudo (92,8%) indicouque quantomaioro númerode parceirossexuais, maioré o risco de infec¸ão pelo HPV. Esse resultado tam-bém foi observado em outros estudos.25,30 A transmissão

genital-genitalfoiprontamentereconhecidacomoumfator significativo para a infecc¸ão pelo HPV. Infelizmente, for-masopcionaisdetransmissão,comoorogenitaleanogenital, foramreconhecidaspormenosdametadedosrespondentes, umdéficitimportantenacompreensãodoquesão conside-radaspráticassexuaisseguras.Essedadoéparticularmente preocupantequandoseconsideramaspossíveis consequên-ciasdeinfecc¸õespersistentesnesseslocais(transformac¸ão maligna)emereceatenc¸ãoespecialparaaformulac¸ãode futuraspolíticaseducacionaisdesaúde.24,30

Osparticipantes destetrabalhopertencemaumafaixa etária com número elevado de parceiros sexuais e baixa frequênciadousodepreservativo.31

Nossos resultados indicam que a maioria (63,4%) dos respondentes considera estar totalmente protegida contra a infecc¸ão pelo HPV quando usa preservativo. As apresentac¸ões clínicas opcionais da infecc¸ão viral(PRR e câncer) nãoforamreconhecidas pela populac¸ãoavaliada, umfato quetambémdeveser considerado em programas deprevenc¸ão.

A grande maioria dos respondentes não reconheceu a possibilidade de transmissão transplacentária do vírus ou mesmo que a transmissão pode ocorrer durante o parto vaginal.Quando consideramos a idade e os anos de vida reprodutiva da populac¸ão estudada, a compreensão ina-dequada do HPV nesse grupo representa uma falta de conhecimentosériaearriscada.

Quantoàsdoenc¸asrelacionadasaoHPV,ocâncer cervi-calfoi o maisfacilmente reconhecidopelos participantes do estudo (91,23%). Infelizmente, houve pouco reconhe-cimento sobre a associac¸ão entre a infecc¸ão e outros cânceres.Esses dadossãoconsistentes com osdados epi-demiológicos apresentados nos últimos anos sobre essas doenc¸as.25,32

Emboraosesforc¸oseducacionaistenhamobtidosucesso ao estabelecer o reconhecimento da relac¸ão entre HPV e câncer cervical, esforc¸os mais agressivos devem ser feitosparaestabelecerfirmementeessemesmo reconheci-mentocomoutrostiposdecânceres.Nossosdadosindicam que88,7%dosentrevistadosprontamentereconheceramo potencialdepropagac¸ãodadoenc¸aquandoassintomáticos. Amaioria dosrespondentes reconheceuaverrugacomo o clássico sintoma de infecc¸ão, uma taxa maior do que a obtida poroutros autores,33 maseles identificaram

(5)

A detecc¸ão precoce dainfecc¸ão ativa é importante, pois o diagnóstico tardio está associado a taxas mais altasde complicac¸ões.23,34

Noentanto,aincapacidadedeidentificarcorretamente ossinaisdeinfecc¸ãoativa,comodemonstradonesteestudo, representaumagrandebarreiraquedevesersuperadapara osucessodaimplantac¸ãodeumprogramadeautoexame.

Levando-se em conta a potencial gravidade e os cus-tosrelacionados coma doenc¸a associadaao HPV, o papel da prevenc¸ão é inquestionável. No entanto, para que as medidasdeprotec¸ãoindividualsejameficazes,énecessário queumnívelmínimodeconhecimentosobreoassuntoseja adquiridopelapopulac¸ão.

Apartirdos resultadosobtidosnestetrabalho, identifi-camoslacunasnoconhecimentosobreainfecc¸ãopeloHPV. Osdadosdesteestudoforamobtidosapartirdeumgrupo querepresentaumníveldeescolaridadeacimadamédiano Brasil,destacaram-seasdeficiênciasnosatuais programas educacionaisdopaíssobreainfecc¸ãopeloHPV.Éessencial queapolíticapúblicabrasileirasobreotemaseja reavali-ada.

Noentanto,outrosautoresobservaramqueumaumento doconhecimentosobreoproblemanãoserefletena cons-ciência da importância das medidas preventivas a serem adotadas. Esses autores recomendaram uma informac¸ão diretae acompanhada deargumentos que nãopodemser malinterpretados.35

O fato de que nossa amostra não foi representativa detoda apopulac¸ão brasileira, bemcomo a limitac¸ão do recrutamento a apenas uma universidade são potenciais limitac¸õesdoestudo. Contudo,acreditamosque este tra-balho possa fornecer informac¸ões úteis para políticas de orientac¸ãoparaapopulac¸ão.

As lacunasnoconhecimentosobrea infecc¸ãopeloHPV eassuaspotenciaisconsequênciaspodemdiminuira efici-ênciaeoalcancedosprogramasdeprevenc¸ão.Embora os programasdevacinac¸ãojáestejamemexecuc¸ãoparauma grande parceladapopulac¸ão, essesprogramas devemser complementadoscominformac¸ões paratoda apopulac¸ão. Casocontrário,aeficáciadosprogramasdevacinac¸ãopode serprejudicada.Éessencialpromovercampanhas educati-vassobreosriscosdetransmissão,asformas deprotec¸ão easconsequênciasdasdoenc¸asrelacionadasao HPVpara minimizaramorbidadeindividualediminuiroscustospara o sistema de saúde. Políticas públicas de saúde para a educac¸ãoeorientac¸ãodapopulac¸ãodevemserimplantadas noBrasil.

Conclusão

OconhecimentosobreoHPV dapopulac¸ãoavaliadaneste estudoé parcial e fragmentado. Afalta deconhecimento pode contribuir para a propagac¸ão da doenc¸a. Políti-cas públicas de saúde para a educac¸ão e orientac¸ão da populac¸ãodevemserimplantadasnoBrasil.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Imagem

Tabela 1 Respostas sobre os modos de transmissão do HPV
Tabela 2 Proporc¸ão de respostas sobre a participac¸ão do HPV na patogênese do câncer em diferentes sítios anatômicos

Referências

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