• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIAS, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS FELIPE BARRETO DE LIMA CRISTINO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIAS, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS FELIPE BARRETO DE LIMA CRISTINO"

Copied!
41
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIAS, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

FELIPE BARRETO DE LIMA CRISTINO

A IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO SOJA PARA A ECONOMIA BRASILEIRA. UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DAS EXPORTAÇÕES.

(2)

FELIPE BARRETO DE LIMA CRISTINO

A IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO SOJA PARA A ECONOMIA BRASILEIRA. UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DAS EXPORTAÇÕES.

Monografia apresentado ao Curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Economia.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira.

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade C951i Cristino, Felipe Barreto de Lima.

A importância do complexo soja para a economia brasileira. Uma análise sob o enfoque das exportações / Felipe Barreto de Lima Cristino - 2013.

35 f.: il.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas. Fortaleza, 2013.

Orientação: Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira. 1.Soja 2.Agroindústria - Brasil 3.Exportação I. Título

(4)

FELIPE BARRETO DE LIMA CRISTINO

A IMPORTÂNCIA DO COMPLEXO SOJA PARA A ECONOMIA BRASILEIRA. UMA ANÁLISE SOB O ENFOQUE DAS EXPORTAÇÕES.

Monografia apresentado ao Curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Economia.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira.

Aprovada em: ____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira.

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________ Prof. Alfredo José Pessoa de Oliveira.

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________ Profª. Drª. Inez Silvia Batista Castro.

Universidade Federal do Ceará (UFC)

(5)

A Deus.

(6)

AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, gostaria de agradecer a Deus, pois, sem ele, nada disso seria possível e essa realização pessoal não estaria acontecendo.

Gostaria de agradecer ao Professor Dr. Carlos Américo Leite Moreira por ter aceitado ser meu orientador e me dado total apoio e auxílio necessário para a elaboração e defesa da minha monografia. Além disso, um agradecimento aos professores Marcelo Callado e Henrique Félix e a todos os outros professores e colaboradores da Universidade Federal do Ceará que estiveram presente durante minha jornada na faculdade.

Outro agradecimento vai para toda minha família, pois esteve sempre ao meu lado e me apoiou em todos os momentos, especialmente meus pais, José Helder e Maria da Conceição e meus irmãos, Andre Barreto e Marcelo Barreto.

Meus grandes colegas e amigos de faculdade também são merecedores de agradecimentos, pois todos me acompanharam e apoiaram durante todo o período de faculdade, tornando-se grandes amigos, especialmente, Anderson Cruz Barbosa; Augusta Henz; Filipe Rabelo; Francisco Xavier; Leonardo Gadelha; Marcos Renan Magalhães; Rafael Araujo; Raiza Mota; Rodrigo Bezerra; Thalys Mesquita; Victor Nascimento; Victor Tajra e Vitor Monteiro.

Para finalizar, também gostaria de agradecer a outras pessoas que também me apoiaram e me auxiliaram bastante durante todo esse período, são elas: Alana Fontenelle; Isabel Castelo Branco; Roberta Álvaro Carneiro e, especialmente, Virna Távora, que me ajudou bastante e dedicou parte de seu tempo em me ajudar na elaboração da monografia, retirando minhas dúvidas e me dando conselhos de melhoramento.

(7)

RESUMO

O agronegócio brasileiro está focando, cada vez mais, na competitividade e na modernidade. Sendo um setor de extrema importância na economia nacional, pois participa, diretamente, da geração de renda e emprego, denotando ao país um papel privilegiado no comércio mundial. No Brasil, a soja é considerada como uma das principais commodities agrícolas exportadas. O seu volume de exportações e sua rentabilidade afetam, diretamente, o PIB nacional e balanço de pagamentos brasileiro já que essa é o “carro chefe” das exportações agrícolas do Brasil. Sendo uma das culturas agrícola que mais evoluiu nos últimos anos, a soja corresponde, hoje, a 49% da área plantada em grãos do país, firmando-se, assim, como um dos produtos de mais destaque na agricultura nacional e na balança comercial. A ampliação da participação da China no comércio internacional também é bastante importante dentro desse contexto de evolução do agronegócio nacional e destaque da soja, já que vem contribuindo de forma bastante significativa para o crescimento das exportações brasileiras, sendo um dos principais destinos das exportações agrícolas nacionais. Desse modo, é possível considerar a grande importância que a China representa para o agronegócio brasileiro e para o aumento do destaque da soja dentro da economia nacional.

(8)

ABSTRACT

Brazilian agribusiness is focusing increasingly, competitiveness and modernity. Being a very important sector in the national economy as take part directly in the generation of income and employment, denoting the country a privileged role in world trade. In Brazil, soybean is considered one of the main agricultural export commodities. The volume of exports and profitability directly affect the national GDP and the Brazilian balance of payments since this is the "flagship" of agricultural exports from Brazil. Being one of most agricultural crops that evolved in the last years, soybean corresponds today to 49 % of the planted area in the country's grain, establishing itself as well as one of the most outstanding products in the national agriculture and trade balance. The expansion of China's participation in international trade is also very important within this context of national developments and highlight soybean agribusiness, as it has contributed very significantly to the growth of Brazilian exports, one of the main destinations of national agricultural exports. Thus, it is possible to consider the great importance China is Brazil's agribusiness sector and to increase the prominence of soybeans within the national economy.

(9)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.2 Metodologia ... 13

2 O AGRONEGÓCIO E A QUESTÃO AMBIENTAL ... 14

3 A SOJA ... 16

3.1 O conceito de commodity e o Mercado de Futuros ... 16

3.2 A Soja no Brasil ... 20

3.3 A produção de soja no Brasil ... 24

3.4 A Relação Comercial Brasil - China e o Mercado da Soja ... 28

3.5 Perspectivas para a produção de soja no Brasil ... 33

4 CONCLUSÕES ... 36

(10)

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, em conformidade com Brasil (2013.a, p.3), o agronegócio brasileiro está caminhando para a próxima década, focando em competitividade e modernidade, fazendo com que a utilização permanente da tecnologia seja uma opção de caminho para a sustentabilidade.

De acordo com a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (2012, p.8) esse é um setor de extrema importância dentro da economia brasileira, participando da geração de renda em emprego e, com isso, manifesta ao país um papel excelente dentro do comércio mundial.

“Desde o final dos anos 90, poucos países cresceram tanto no comércio de agronegócio como o Brasil. O País é um dos líderes mundiais na produção e exportação de vários produtos agropecuários.” (BRASIL, 2013.b).

“Hoje o agronegócio, entendido como a soma dos setores produtivos com os de processamento do produto final e os de fabricação de insumos, responde por quase um terço do PIB do Brasil e por valor semelhante das exportações totais do país.” (GUANZIROLI, 2006, p.3).

Cesario et al. (2007, p.1) consideram que o forte dinamismo apresentado por esse setor no País tem sido um dos aspectos mais importantes para a economia nacional nos últimos anos. Considerando que de 2000 a 2004, o setor agropecuário brasileiro cresceu, em média, 4,64% ao ano, enquanto a economia brasileira apresentava um crescimento de 2,66% ao ano. Demonstrando, assim, que o desempenho desse setor, nesse período, foi superior aos desempenhos da indústria e serviços no País no mesmo período.

Além disso, Cesario et al. (2007, p. 2) também afirmam que:

(11)

Para Cesario et al. (2007, p.2), a principal explicação para o bom desempenho do comércio exterior do agronegócio brasileiro está no ganho de competitividade das commodities brasileiras. Isso se deu devido às melhores condições de qualidade e preços em relação aos concorrentes. Preços esses que passaram a ser competitivos decorrentes, principalmente, de pesquisas e desenvolvimento realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (EMBRAPA).

Conforme Guanzirolli (2006, p.3), o aumento da produtividade no campo é consequência dos níveis tecnológicos expressivos obtidos pelos produtores rurais brasileiros

nas últimas décadas. Esse desempenho de produtividade só foi realizado devido à utilização de insumos, basicamente sementes; adubos e agrotóxicos de primeira linha que foram disponibilizados ao setor.

Guanziroli (2006, p.3) também que considera que:

A melhoria da competitividade da agricultura e pecuária do Brasil, sobretudo nos últimos dez anos, e o próprio empenho do governo e da iniciativa privada em estimular e divulgar o produto agrícola brasileiro no exterior tem proporcionado aumento das exportações do agronegócio. Além da maior produtividade do setor, o câmbio permitiu uma maior competitividade aos produtos brasileiros. A partir de 1999, a taxa de câmbio real permitiu que a competitividade do produto brasileiro conseguisse ser repassada ao mercado externo. Também foram importantes na melhoria do desempenho dos embarques os ganhos em logística, com a melhoria na infra-estrutura de rodovias e portos. Além disso, em 1996, foi desonerada a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incidia sobre as exportações de produtos agropecuários. Para aumentar a participação de mercado dos produtos agrícolas brasileiros, além do trabalho promocional desenvolvido em conjunto pelo governo federal e iniciativa privada, o governo tem atuado junto a OMC (Organização Mundial de Comercio) no sentido da eliminação de barreiras comerciais nos países importadores.

Guanzirolli (2006, p.3) destaca que o atual sucesso do agronegócio foi parte de uma estratégica, inicialmente, desenhada durante os anos 70 que teve como principal diretriz o apontamento para a resolução de vários problemas de caráter estrutural que atrapalhavam o desempenho da agricultura brasileira. Além disso, o papel da EMBRAPA também foi bastante destacado devido, principalmente, ao desenvolvimento tecnológico promovido pela mesma.

(12)

Diante disso, Guanzirolli (2006, p.4) considera que vários fatores podem contribuir, no longo prazo, para incrementar, ainda mais, a produção agrícola nacional, especialmente para as culturas de soja e milho. Entre esses fatores é válido destacar o fato de que o Brasil ainda possui várias áreas ainda inexploradas. Entretanto, em meio a perspectivas promissoras, é importante destacar que, no curto prazo, percebe-se um declínio de preços domésticos e internacionais e, no médio e longo prazo, surgem problemas como os de infra-estrutura de transportes, atualmente já enfrentados pelo País, comprometendo o escoamento da produção. Além disso, outro problema é a questão ambiental, que vem causando várias divergências devido ao aumento do desmatamento para a abertura de novas áreas de plantação.

Benetti (2006, p.78) considera que a função estratégica do agronegócio nacional na evolução recente sofrida pela economia brasileira no mercado mundial, especialmente, das

commodities de valor baixo adicionado, aparenta explicar, assim, o surto de exportações

acontecido a partir da segunda metade da década de 90.

(13)

Tabela 1 - Balança comercial brasileira e balança comercial do agronegócio: 1989 a 2012.

Diante desse contexto de evolução do agronegócio brasileiro, o estudo tem por objetivo geralanalisar a representatividade, os benefícios e a importância que as exportações de soja representam para o agronegócio e economia brasileira.

Para o melhor atendimento do objetivo geral foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos para o estudo:

a) Apresentar o mercado de soja.

b) Analisar a evolução das exportações da soja e do agronegócio brasileiro.

c) Apresentar algumas projeções e perspectivas para a produção e exportação de soja brasileira.

Além disso, o estudo tem como pressuposto as seguintes hipóteses:

Total Brasil (A) Agronegócio (B) Part.% (B/A) Total Brasil (C) Agronegócio (D) Part.% (D/C) Total Brasil Agronegócio

1989 34,383 13,921 40,49 18,263 3,081 16,87 16,119 10,840 1990 31,414 12,990 41,35 20,661 3,184 15,41 10,752 9,806 1991 31,620 12,403 39,23 21,040 3,642 17,31 10,580 8,761 1992 35,793 14,455 40,38 20,554 2,962 14,41 15,239 11,492 1993 38,555 15,940 41,34 25,256 4,157 16,46 13,299 11,783 1994 43,545 19,105 43,87 33,079 5,678 17,16 10,466 13,427 1995 46,506 20,871 44,88 49,972 8,613 17,24 -3,466 12,258 1996 47,747 21,145 44,29 53,346 8,939 16,76 -5,599 12,206 1997 52,983 23,367 44,10 59,747 8,193 13,71 -6,765 15,173 1998 51,140 21,546 42,13 57,763 8,041 13,92 -6,624 13,505 1999 48,013 20,494 42,68 49,302 5,694 11,55 -1,289 14,800 2000 55,119 20,594 37,36 55,851 5,756 10,31 -0,732 14,838 2001 58,287 23,857 40,93 55,602 4,801 8,64 2,685 19,056 2002 60,439 24,840 41,10 47,243 4,449 9,42 13,196 20,391 2003 73,203 30,645 41,86 48,326 4,746 9,82 24,878 25,899 2004 96,677 39,029 40,37 62,836 4,831 7,69 33,842 34,198 2005 118,529 43,617 36,80 73,600 5,110 6,94 44,929 38,507 2006 137,807 49,465 35,89 91,351 6,695 7,33 46,457 42,769 2007 160,649 58,420 36,37 120,617 8,719 7,23 40,032 49,701 2008 197,942 71,806 36,28 172,985 11,820 6,83 24,957 59,987 2009 152,995 64,786 42,35 127,722 9,900 7,75 25,273 54,886 2010 201,915 76,442 37,86 181,768 13,391 7,37 20,147 63,051 2011 256,040 94,968 37,09 226,238 17,497 7,73 29,802 77,471 2012 242,580 95,814 39,50 223,142 16,406 7,35 19,438 79,408 Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC

Elaboração:CGOE / DPI / SRI / MAPA

US$ Bilhões

Ano Exportações Importações Saldo

(14)

1. A soja apresentou um aumento considerável em seu volume de exportações nos últimos anos, tornando-se, assim, a commodity agrícola mais importante dentro do cenário econômico brasileiro.

2. O aumento do dinamismo do agronegócio brasileiro está, diretamente, relacionado ao crescimento da demanda asiática, principalmente chinesa, por commodities agrícolas nacionais.

1.2 Metodologia

Este é um estudo econômico. Trabalhando com base em pesquisas de caráter exploratório; descritiva; bibliográfica; qualitativa, quando se descreve o mercado de soja e suas características, e quantitativa, ao se apresentar dados estatísticos acerca desse mercado.

Tendo como base dados governamentais com fonte no Ministério da Agricultura e EMBRAPA, como os dados do balanço de pagamentos nacional e informações acerca do comércio exterior do Brasil, além disso, também são usadas fontes teóricas, tendo como referência artigos e monografias relacionadas ao tema em questão dos autores Mafioletti; Guanziroli; Melo; Puga entre outros.

A primeira parte do estudo consiste em uma caracterização geral do agronegócio brasileiro, trazendo informações relacionadas à soja, como histórico do mercado no Brasil, passando pela formação de preço e caracterização do mercado agrícola e da soja no Brasil.

A segunda parte consiste em trazer dados estatísticos relacionados à soja e ao agronegócio nacional, como dados acerca do volume de exportações; principais destinos da commodity e dados sobre o comércio bilateral Brasil-China. Nessa parte do estudo, onde foram realizadas as análises dos dados e elaboradas as conclusões, utilizaram-se os dados compreendidos no intervalo de 10 anos, entre os anos de 2002 a 2012, onde foi analisada a evolução dos valores compreendidos dentro desse período. Desse modo, a análise se torna mais didática e compreensível, além disso, é válido lembrar que, antes de 2002, os dados referentes à soja, ainda, não eram muito bem trabalhados e consolidados.

(15)

2 O AGRONEGÓCIO E A QUESTÃO AMBIENTAL

Antes de ser feita a análise acerca das exportações do agronegócio e sobre a soja, é importante analisar um assunto que, diante do atual contexto de expansão do agronegócio nacional, vem sendo bastante discutido. Essa questão se refere aos impactos que o crescimento do setor agrícola pode gerar sobre o meio-ambiente.

“No agronegócio tem-se fortemente a utilização de insumos nocivos ao meio ambiente e práticas produtivas que causam danos”. (SILVA, 2012, P.24).

Baseado nesse panorama atual, que Romeiro (2007 apud SILVA, 2012, p.24) considera que uma questão essencial é a problemática da sustentabilidade devido à necessidade de reduzir os impactos que são gerados, principalmente na agricultura. Entre os principais impactos temos a erosão e contaminação dos solos e da água. Desse modo, uma atitude tomada por algumas empresas é incorporar ações consideradas sustentáveis às suas estratégias, buscando, assim, mais vantagens competitivas e, além disso, melhorar sua imagem diante da opinião pública.

Com base nisso, conceitos como a sustentabilidade tem ganhado bastante importância e força dentro do agronegócio brasileiro.

Dentro desse contexto, Souza Filho (2009 apud SILVA, 2012, p. 24) afirma que:

A agricultura tem forte impacto sobre o meio ambiente, por isso os efeitos da exploração têm sido objeto de grande preocupação e discussão. Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento sustentável tem ganhado força. O conceito envolve um conjunto de questões simultâneas, tais como crescimento econômico, exploração racional dos recursos naturais, conservação, qualidade de vida, pobreza e distribuição de renda.

Além disso, em relação à sustentabilidade, Silva (2012, p.29) considera que:

[...] tem ganhado destaque devido à crescente conscientização da necessidade de melhoria nas condições ambientais, econômicas e sociais, de forma a aumentar qualidade de vida de toda a sociedade, preservando o meio ambiente, assim como ter organizações sustentáveis econômicas e indivíduos socialmente sustentáveis. Mais que os benefícios à sociedade, a adoção de mecanismos sustentáveis tem sido estrategicamente pensados como uma forma de diferenciação de produtos e também para inserção em alguns mercados.

(16)

[...] é caracterizada por mover os cultivos industriais e de subsistência em direção às práticas ecologicamente corretas, tais como: uso eficiente de água, uso extensivo de nutrientes naturais e orgânicos do solo, cultura ideal do solo e controle integrado de pragas. Para tal, são necessários bens de capital físico, investimentos financeiros, pesquisa e investimento em capacitação, além de educação em seis áreas: gerenciamento de fertilidade do solo, o uso mais eficiente e sustentável da água, diversificação de culturas e animais, gerenciamento da saúde animal e vegetal biológicos, nível adequado de mecanização agrícola. Uma análise do plano agrícola sugere que as práticas de cultivo verde podem aumentar substancialmente o rendimento.

“O conceito de Economia Verde não substitui o de Desenvolvimento Sustentável, porém existe um reconhecimento de que a prática da sustentabilidade é baseada quase que totalmente na aquisição do modelo correto de economia.” (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE apud FUNDAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2012, p.7).

De acordo com a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (2012, p.7):

Para se fazer a transição para uma Economia Verde são necessárias condições facilitadoras, que consistem de um pano de fundo de regulamentos nacionais, políticas, subsídios e incentivos, mercado internacional, infraestrutura legal e protocolos comerciais e de apoio. Em escala nacional, os exemplos de tais condições são: mudanças na política fiscal, reforma e redução de subsídios prejudiciais ao meio ambiente; emprego de novos instrumentos de base de mercado; procura de investimentos públicos para setores-chave “verdes”; tornar mais “verdes” os

contratos públicos; e a melhoria das regras e regulamentos ambientais, bem como sua execução. Na escala mundial, também há oportunidades para complementar a infraestrutura de mercado, melhorar o fluxo de comércio e de apoio e promover maior cooperação internacional.

(17)

3 A SOJA

3.1 O conceito de commodity e o Mercado de Futuros

A soja é um produto agrícola que se enquadra no conceito de commodity e que Branco (2008, p.12) define como:

[...] o termo utilizado para se referir aos produtos de origem primaria que são transacionados nas bolsas de mercadorias. São normalmente produtos em estado bruto ou com pequeno grau de industrialização, com qualidade quase uniforme e são produzidos e comercializados em grandes quantidades do ponto de vista global. Também podem ser estocados sem perda significativa em sua qualidade durante determinado período. Podem ser produtos agropecuários, minerais ou ate mesmo financeiros.

Em relação ao preço das commodities, o Banco do Nordeste do Brasil (2008, p.5) considera que:

As turbulências financeiras internacionais provocadas pela economia dos Estados Unidos desde o segundo semestre do ano passado, vieram se somar agudas pressões inflacionárias provindas de acelerações de altas e excessos de volatilidade de preços de commodities estratégicas para o crescimento e desenvolvimento, em que se des-tacam petróleo e alimentos.

Além disso, “historicamente, sabe-se que os preços agrícolas sofrem sistemáticas flutuações, alternando-se períodos de altas com períodos de baixas, em que os últimos tendem a prevalecer no longo prazo [...]”. (BANCO DO NORDESTE DO BRASIL, 2008, p.7).

De acordo com o Banco do Nordeste do Brasil (2008, p.8-9), existem particularidades importantes referentes às altas nos preços dos alimentos. São fatores que, no longo e médio prazo, atingem as condições internacionais de demanda e oferta por alimentos. Esses fatores são divididos em duas categorias, sendo eles:

Fatores Conjunturais:

I. Desequilíbrios climáticos que, temporalmente, são reversíveis. II. Os movimentos especulativos em mercados de commodities.

III. A redução, em nível mundial, considerável no ramo de pesquisas agrícolas.

(18)

Fatores Estruturais:

I. Acelerados processos de urbanização, destacando-se aqueles observados em países da Ásia e da África, os quais implicam aceleração da demanda, independentemente do aumento das rendas per capita, inclusive com significativas modificações nos padrões de consumo.

II. Modelo de expansão urbano-industrial fundamentado em sobreconsumo de energias e materiais não-renováveis.

III. Tradicional domínio da oferta das mega empresas transnacionais do setor agroindustrial.

IV. Desertificação e outras degradações ambientais em larga extensão, com reduzidas possibilidades de reversão.

V. Apropriação concentrada da terra rural e ociosidade deliberada.

VI. Ausência de políticas públicas sistemáticas e eficazes, aos níveis nacionais e internacionais, com vistas a garantir, com sustentabilidade no longo prazo, a segurança alimentar das populações pobres expostas aos riscos de fome e subnutrição.

A negociação das commodities é feita, em geral, por meio de um mercado conhecido por Bolsa de Mercadorias e Futuros, o qual Branco (2008, p.13) considera que:

Nelas, o principal objetivo é, alem de negociar contratos a termo, de opções e swaps, e organizar, desenvolver e operacionalizar um transparente e livre mercado de futuros. Um mercado que possa proporcionar aos agentes econômicos oportunidades para realização de operações de hedge como forma de proteção contra as flutuações de preços dos mais variáveis tipos de commodities, taxas de juros, taxas de cambio, índices de ações ou qualquer outra variável macroeconômica cuja incerteza quanto ao seu futuro possa influenciar de maneira negativa a atividade econômica.

(19)

Dentro do contexto de mercado de futuros, também é válido explicar sobre como se dá a formação de preços da soja e da maioria das outras commodities agrícolas que, conforme Mafioletti (2000, p.20):

[...] ocorre nas bolsas de mercadorias e futuros internacionais e através da dedução dos custos de transporte, armazenamento e impostos chega-se aos preços nas várias regiões de comercialização do mercado físico (Spot). No caso da soja, a expectativa é de que os preços sejam formados na Chicago Board of Trade (CBOT).

Além disso, a Agroinvvesti (2013) considera que:

Por se tratar de uma commodity negociada no mundo inteiro e com grande liquidez, tanto em Bolsa quanto no mercado físico, a soja tem a variação da sua cotação totalmente atrelada no sobe e desce do câmbio. A moeda norte-americana é o fator multiplicador fundamental da formação final do preço para o produtor. A sua variação tem significativo resultado na conta da margem de lucratividade da produção. A moeda americana sob valorizada em comparação as demais concorrentes mundiais, diminui o apelo pela commodity. Reduzindo o apelo, a oferta fica maior que a demanda e consequentemente pressiona as cotações na Chicago Board of Trade (CBOT), fazendo com que ocorram realizações e vendas por parte dos participantes de mercado.

Barros (1987 apud MAFIOLETTI, 2000, p.20) considera que o processo em que se da à formação e a determinação de preços das commodities agrícolas é realizado sob a dependência de uma superestrutura institucional, dada como prioritariamente devido ao grau de competitividade do mercado e pelo nível de intervenção governamental no mesmo. Desse modo, para se explicar a formação de preços agrícolas, é necessário considerar os seguintes fatores que podem ser determinantes para a variação dos preços:

I. O nível do produtor: mudanças tecnológicas, preços dos fatores e produtos alternativos, financiamento, clima, etc.

II. O nível do intermediário: variações nos custos dos insumos de comercialização (transporte, armazenamento, condições de financiamento, etc.).

III. O nível do consumidor: variações na renda, população, preços de outros bens, etc. Porém, é importante considerar que, mesmo que esses fatores permaneçam inalterados, incluindo as condições de ceteris paribus, outros fatores poderiam levar a uma variação nos preços, são elas:

(20)

ii. Variações estacionais: Originam-se após se ter certo volume de produção. Desse modo, os custos de armazenamento e preservação e a escassez de capital financeiro resultam em oscilações periódicas dos preços e do abastecimento.

Margarido et al. (1998 apud MAFIOLETTI, 2000, p.27) afirma que , mesmo nas condições do Brasil de grande produtor e exportador de soja, o País ainda é considerado como um tomador de preços e não como formador, devido a isso, as cotações do preço dessa commodity, dentro do mercado interno, ainda são baseadas nas cotações da Bolsa de Chicago.

Em relação ao mercado interno, Mafioletti (2000, p.29) considera que a formação de preços da soja se dá por dois meios, são os seguintes:

a. Preços recebidos pelos exportadores: Nesse caso, os preços são baseados nas cotações da Bolsa de Chicago, às quais são somados prêmios específicos. Onde esses prêmios são determinados de acordo com uma série de critérios, podendo ser positivos ou negativos.

Os principais critérios são: i) condições de oferta e demanda no mercado interno; ii) pequenas diferenças de qualidade, principalmente ligadas ao teor de proteína do farelo; iii) eficiência do porto exportador e; iv) condições de pagamento, principalmente para o óleo Aguiar (1990 apud MAFIOLETTI, 2000, p. 29).

b. Preços recebidos pelos produtores.

Os preços recebidos pelos produtores, de acordo com Neves (1993 apud MAFIOLETTI, 2000, p.32) sofrem variações resultantes de três fatores que são: Soma dos preços dos diversos serviços adicionados; deslocamento da curva de demanda de algum dos produtos derivados e variações nas quantidades produzidas face às variações climáticas, estrutura de custos, entre outros.

Barros et al. (1997 apud MAFIOLETTI, 2000, p.29) considera que:

(21)

Para Mafioletti (2000, p.30), também é importante perceber que a formação dos preços da soja e de outras commoditiesagrícolas dependerá também dos custos operacionais e da concorrência, ou seja, o preço final dependerá da necessidade da operadora repor estoques, obter produto, etc.

Finalizando, Mafioletti (2000, p.30) considera que:

Na safra, os preços da bolsa têm um peso maior e o cálculo da paridade representa melhor o preço nas diversas praças. Na entressafra, no entanto, os preços dependem quase que totalmente das variações de oferta e demanda da indústria esmagadora nacional. Estas variações, por seu lado, são influenciadas principalmente pelo mercado de farelo, pois este é o principal produto oriundo do esmagamento da soja.

Desse modo, é possível perceber que, mesmo com o aumento da produção nacional e o destaque que o País possui dentro do mercado de soja, a formação de preços da soja ainda é, em boa parte, definido por movimentos especulativos exercidos, principalmente, na Chicago Board of Trade (CBOT), fazendo, assim, com que o Brasil se enquadre como tomador de preços e não como formador.

3.2 A Soja no Brasil

“A soja (Glycine max (L.) Merrill) é uma cultura cuja origem se atribui ao continente asiático, sobretudo a região do rio Yangtse, na China [...]”. (CENTRO DE INTELIGÊNCIA DA SOJA, 2013).

Conforme o Centro de Inteligência da Soja (2013) é possível considerar que:

O cultivo da soja é muito antigo. Alguns relatos revelam que os plantios de soja remontam há 2838 anos A.C, na China, sendo muitos desses escritos numa língua ainda arcaica. Na cultura chinesa daquele período, algumas plantas eram consideradas sagradas, dentre elas a soja. Por séculos, a cultura permaneceu restrita ao oriente, só sendo introduzida no ocidente, pela Europa, por volta do século XV, não com finalidade de alimentação, como acontecia na China e Japão, mas de ornamentação, como na Inglaterra, França e Alemanha.

(22)

Em relação ao Brasil, o Centro de Inteligência da Soja (2013) considera que:

A introdução da soja no Brasil deu-se por volta de 1882, e foi o professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia, o responsável pelos primeiros estudos com a cultura no país. Cerca de dez anos depois, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no Estado de São Paulo, também iniciou estudos para obtenção de cultivares aptos à região. Naquela época, porém, o interesse pela cultura não era pelo seu material nobre, o grão, era mais pela planta como uma espécie a ser utilizada como forrageira e na rotação de culturas. Os grãos eram administrados aos animais já que ainda não havia o seu emprego na indústria.

O Centro de Inteligência da Soja (2013) afirma que, no início do século XX, cerca de dez anos após o início dos estudos com a cultura de soja no Brasil, o Instituto Agrônomico de Campinas (IAC) iniciou o processo de distribuição de sementes para os produtores. Foi nesse período que a região sul do Brasil, especificamente, o Rio Grande do Sul, iniciou seu cultivo de soja. Foi nessa região, especificamente, onde a cultura de soja se desenvolveu devido às boas condições oferecidas para seu cultivo nessa região, como a semelhança de clima com a região sul dos Estados Unidos.

De acordo com a EMBRAPA (2013),

O primeiro registro de cultivo comercial de soja no Brasil data de 1914 no município de Santa Rosa, RS. Mas foi somente a partir dos anos 40 que ela adquiriu alguma importância econômica, merecendo o primeiro registro estatístico nacional em 1941, no Anuário Agrícola do RS: área cultivada de 640 ha, produção de 450t e rendimento de 700 kg/ha. Nesse mesmo ano, instalou-se a primeira indústria processadora de soja do País (Santa Rosa, RS) e, em 1949, com produção de 25.000t, o Brasil figurou pela primeira vez como produtor de soja nas estatísticas internacionais.

Porém, conforme a EMBRAPA (2013), foi somente a partir da década de 60 que a soja se firmou como cultura economicamente importante para o Brasil, impulsionada por políticas de subsídios ao trigo e visando auto-suficiência. Durante esse período, a produtividade de soja foi multiplicada por cinco, onde 98% de todo volume produzido era concentrado nos três estados da região Sul do País.

(23)

grande aumento da área cultivada, passando de 1,3 para 8,8 milhões de hectares. Nesse período, boa parte da produção ainda se concentrava na região Sul do País, cerca de 80%.

Durante as décadas de 80 e 90, o grande crescimento produtivo ocorrido, antes, na região Sul do Brasil, repetiu-se na região tropical do País. Em conformidade com a EMBRAPA (2013),

Em 1970, menos de 2% da produção nacional de soja era colhida no centro-oeste. Em 1980, esse percentual passou para 20%, em 1990 já era superior a 40% e em 2003 está próximo dos 60%, com tendências a ocupar maior espaço a cada nova safra. Essa transformação promoveu o Estado do Mato Grosso, de produtor marginal a líder nacional de produção e de produtividade de soja, com boas perspectivas de consolidar-se nessa posição.

De acordo com a EMBRAPA (2013), A soja foi a única cultura a ter um crescimento expressivo na sua área cultivada ao longo das últimas três décadas. Atualmente, em conformidade com Brasil (2013.a, p.28), Mato Grosso lidera a produção de soja no País com 29% de toda produção nacional, seguido pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás, produzindo 19,5%; 15,4% e 10,5%, respectivamente. Porém, a produção de soja está expandindo-se para novos territórios, como Bahia; Maranhão e Tocantins e Piauí que, juntas, atualmente, respondem por 8,4% de toda produção brasileira de soja.

Segundo a EMBRAPA (2013), Muitos fatores contribuíram para que a soja se estabelecesse como uma importante cultura, primeiro no sul do Brasil (anos 60 e 70) e, posteriormente, nos Cerrados do Brasil Central (anos 80 e 90). Alguns desses fatores são comuns a ambas as regiões, outros não. Dentre aqueles que contribuíram para seu rápido estabelecimento na Região Sul, pode-se destacar:

Semelhança do ecossistema do sul do Brasil com aquele predominante no sul dos EUA, favorecendo o êxito na transferência e adoção de variedades e outras tecnologias de produção.

Estabelecimento da “Operação Tatu” no RS, em meados dos anos 60, cujo programa promoveu a calagem e a correção da fertilidade dos solos, favorecendo o cultivo da soja naquele estado, então o grande produtor nacional da oleaginosa.

(24)

Mercado internacional em alta, principalmente em meados dos anos 70, em resposta à frustração da safra de grãos na Rússia e China, assim como da pesca da anchova no Peru, cuja farinha era amplamente utilizada como componente proteico na fabricação de rações para animais, para o que os fabricantes do produto passaram a utilizar-se do farelo de soja.

Substituição das gorduras animais (banha e manteiga) por óleos vegetais, mais saudáveis ao consumo humano.

Estabelecimento de um importante parque industrial de processamento de soja, de máquinas e de insumos agrícolas, em contrapartida aos incentivos fiscais do governo, disponibilizados tanto para o incremento da produção, quanto para o estabelecimento de agro-indústrias.

Facilidades de mecanização total da cultura.

Surgimento de um sistema cooperativista dinâmico e eficiente, que apoiou fortemente a produção, a industrialização e a comercialização das safras.

Estabelecimento de uma bem articulada rede de pesquisa de soja envolvendo os poderes públicos federal e estadual, apoiada financeiramente pela indústria privada (Swift, Anderson Clayton, Samrig, etc.).

Melhorias nos sistemas viário, portuário e de comunicações, facilitando e agilizando o transporte e as exportações.

Em relação à região central do Brasil, considerada a nova e principal fronteira da soja, a EMBRAPA (2013) destaca as seguintes causas para que possam explicar o grande crescimento da produção de soja:

(25)

Estabelecimento de agro-indústrias na região, estimuladas pelos mesmos incentivos fiscais disponibilizados para a ampliação da fronteira agrícola.

Baixo valor da terra na região, comparado ao da Região Sul, nas décadas de 1960/70/80.

Desenvolvimento de um bem sucedido pacote tecnológico para a produção de soja na região, com destaque para as novas cultivares adaptadas à condição de baixa latitude da região.

Topografia altamente favorável à mecanização, favorecendo o uso de máquinas e equipamentos de grande porte, o que propicia economia de mão de obra e maior rendimento nas operações de preparo do solo, tratos culturais e colheita.

Boas condições físicas dos solos da região, facilitando as operaçõesda maquinaria agrícola e compensando, parcialmente, as desfavoráveis características químicas desses solos.

Melhorias no sistema de transporte da produção regional, com o estabelecimento de corredores de exportação, utilizando articuladamente rodovias, ferrovias e hidrovias.

Bom nível econômico e tecnológico dos produtores de soja da região, oriundos, em sua maioria, da Região Sul, onde cultivavam soja com sucesso previamente à sua fixação na região tropical.

Regime pluviométrico da região altamente favorável aos cultivos de verão, em contraste com os frequentes veranicos ocorrentes na Região Sul, destacadamente no RS.

3.3 A produção de soja no Brasil

(26)

O seu volume de exportações e sua rentabilidade afetam, diretamente, o PIB nacional e balanço de pagamentos brasileiro já que essa é o “carro chefe” das exportações agrícolas do Brasil. É possível perceber uma grande evolução no volume brasileiro exportado desse grão nos últimos anos. A Tabela 2 representa a evolução das exportações do complexo soja no Brasil.

Com base nos dados, é possível perceber a grande evolução em relação ao valor exportado nos últimos anos.

A Tabela 3 é mais detalhada e representa a evolução do volume em valor exportado e da participação dos componentes do complexo soja que, no caso são o farelo de soja; a soja em grãos e o óleo de soja, comparando-os à outros produtos agrícolas exportados.

Mil US$ Toneladas Valor Quant. US$/t Var. (%)

2002 6.006.195 30.413.249 - - 197

-2003 8.122.103 35.969.796 35,2% 18,3% 226 14,3% 2004 10.041.490 36.240.405 23,6% 0,8% 277 22,7% 2005 9.473.586 39.549.378 -5,7% 9,1% 240 -13,5% 2006 9.308.112 39.702.641 -1,7% 0,4% 234 -2,1% 2007 11.381.459 38.541.225 22,3% -2,9% 295 26,0% 2008 17.980.184 39.098.238 58,0% 1,4% 460 55,7% 2009 17.239.708 42.394.703 -4,1% 8,4% 407 -11,6% 2010 17.107.048 44.296.851 -0,8% 4,5% 386 -5,0% 2011 24.139.420 49.069.750 41,1% 10,8% 492 27,4% 2012 26.114.125 48.956.010 8,2% -0,2% 533 8,4%

Ano Complexo Soja Variação (%) Preço Médio

Fonte: AgroStat Brasil, a partir de dados da SECEX/MDIC

Tabela 2 – Exportações Brasileiras do Complexo Soja no Brasil: 2002 a 2012.

(27)

Com base na Tabela 3, é possível perceber que a soja em grãos corresponde ao produto agrícola nacional com maior participação no valor das exportações, além disso, é notável que, nesse intervalo de dez anos, todos os componentes do complexo soja apresentaram uma grande evolução em relação ao valor exportado.

Também é válido observar que, o óleo de soja, por sua vez, dos produtos pertencentes ao complexo soja, é o que representa o menor volume dentro das exportações nacionais.

De forma geral, a Tabela 4 expressa a evolução compreendida entre os anos de 2002 a 2012, comparando todo o complexo soja aos demais grupos de produtos agrícolas exportados pelo Brasil.

Valor (US$) Part. % Valor (US$) Part. % TOTAL 95.814.177.578 100,0% 24.803.593.304 100,0%

SOJA EM GRÃOS 17.447.306.054 18,2% 3.029.177.169 12,2% AÇÚCAR EM BRUTO 10.030.103.067 10,5% 1.111.342.998 4,5% CARNE DE FRANGO 7.211.201.783 7,5% 1.392.823.429 5,6% FARELO DE SOJA 6.595.483.857 6,9% 2.198.958.730 8,9%

CEREAIS 6.452.301.318 6,7% 266.839.502 1,1%

CARNE BOVINA 5.744.134.848 6,0% 1.143.840.655 4,6%

CAFÉ VERDE 5.721.757.641 6,0% 1.195.531.237 4,8%

MILHO 5.287.267.448 5,5% 259.944.725 1,0%

CELULOSE 4.700.499.229 4,9% 1.160.146.998 4,7%

FUMO NÃO MANUFATURADO 3.197.303.248 3,3% 977.669.510 3,9% AÇÚCAR REFINADO 2.814.765.927 2,9% 982.300.747 4,0%

OLEO DE SOJA 2.071.336.883 2,16% 778.058.219 3,1%

DEM AIS 18.540.716.275 19,4% 10.306.959.385 41,6%

Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC Elaboração: CGOE / DPI / SRI / MAPA

2012 2002

PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS

EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO - TOTAL

Tabela 3 – Exportações do Agronegócio Brasileiro – Principais Produtos Exportados: 2002-2012.

(28)

Com base na Tabela 4 é possível perceber, no último ano, o grande volume em valor exportado apresentado pelos produtos pertencentes ao complexo soja e a grande diferença apresentada, tanto em participação como em valor, quando comparado aos outros grupos de produtos agrícolas exportados. Além disso, também é possível perceber a grande evolução em relação ao valor exportado do complexo soja dentro do intervalo compreendido. Demonstrando, assim, a grande participação que esse grupo de produtos representa nas exportações agrícolas do Brasil, influenciando, desse modo, também, diretamente, a economia nacional.

Conforme Batista et al. (2011, p.10),

Quando se associa a elevada produtividade, aos baixos custos de produção e aos preços competitivos no mercado internacional, o resultado converge em apontar a soja como uma das atividades mais expressivas da agricultura brasileira na pauta de exportações. As taxas de crescimento positivas na produtividade da oleaginosa

Valor (US$) Part. % Valor (US$) Part. % 26.114.126.794

27,25% 6.006.194.118 24,22% 15.735.682.498

16,42% 3.194.554.172 12,88% 15.044.586.196

15,70% 2.280.345.671 9,19% 9.067.485.007

9,46% 4.271.429.838 17,22% 6.462.656.546

6,74% 1.384.821.726 5,58% 3.256.987.488

3,40% 1.008.227.724 4,06% 2.623.717.303

2,74% 2.330.534.325 9,40% 6.674.305.709

6,97% 322.725.880 1,30% 2.451.464.388

2,56% 1.095.949.744 4,42% 2.615.593.458

2,73% 858.993.899 3,46% 909.626.486

0,95% 387.317.797 1,56% 1.060.535.561

1,11% 341.784.000 1,38% 641.750.310

0,67% 150.222.314 0,61% 642.567.351

0,67% 5.010.089 0,02% 523.335.246

0,55% 157.846.238 0,64% 379.104.824

0,40% 206.585.489 0,83% 354.652.320

0,37% 130.728.301 0,53% 210.044.115

0,22% 343.110.058 1,38% 286.436.599

0,30% 130.144.204 0,52% 119.632.078

0,12% 42.126.279 0,17% 81.835.866

0,09% 52.430.154 0,21% 305.391.689

0,32% 63.264.577 0,26% 168.565.048

0,18% 35.257.203 0,14% 58.021.080

0,06% 29.982.013 0,12% 26.073.618

0,03% 16.133.770 0,07%

95.814.177.578 100,0% 24.803.593.304 100,0%

Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC

TOTAL

PRODUTOS HORTÍCOLAS, LEGUMINOSAS, RAÍZES E TUBÉRCULOS PRODUTOS OLEAGINOSOS (EXCLUI SOJA)

RAÇÕES PARA ANIMAIS PRODUTOS APICOLAS

PLANTAS VIVAS E PRODUTOS DE FLORICULTURA CACAU E SEUS PRODUTOS

BEBIDAS PESCADOS

CHÁ, MATE E ESPECIARIAS LÁCTEOS

FRUTAS (INCLUI NOZES E CASTANHAS) DEMAIS PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL DEMAIS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL ANIMAIS VIVOS (EXCETO PESCADOS) PRODUTOS ALIMENTÍCIOS DIVERSOS FUMO E SEUS PRODUTOS

COUROS, PRODUTOS DE COURO E PELETERIA CEREAIS, FARINHAS E PREPARAÇÕES SUCOS

FIBRAS E PRODUTOS TÊXTEIS COMPLEXO SOJA CARNES COMPLEXO SUCROALCOOLEIRO PRODUTOS FLORESTAIS CAFÉ 2002 PRODUTOS EXPORTADOS 2012

Tabela 4 – Exportações do Agronegócio Brasileiro – Produtos Exportados: 2002-2012.

(29)

juntamente com os preços internacionais permitiram o Brasil ocupar uma posição de destaque entre os maiores produtores mundiais.

Guanziroli (2006, p.3) aponta a soja como uma das principais responsáveis pelo crescimento do agronegócio no País em volume físico e financeiro envolvido e, também, pelo crescimento da visão empresarial de administração da atividade por parte dos fornecedores de insumos, produtores, processadores de matérias-primas e negociantes. Além disso, o autor também considera que a soja cultivada no Brasil consegue ter uma competitividade superior em relação à norte-americana devido à produtividade e os custos de produção das fazendas nacionais.

O grande aumento das exportações do agronegócio brasileiro, sobretudo nos últimos dez anos, de acordo com Guanziroli (2006, p.3) é resultado da melhoria da competitividade da agricultura e pecuária do Brasil, além do empenho do Governo e da iniciativa privada para divulgar e estimular o produto agrícola brasileiro no exterior.

É válido lembrar que, também, existe outro grande fator que colaborou diretamente para que ocorresse esse aumento das exportações de soja brasileira. Esse fator foi o crescimento das relações comerciais, envolvendo Brasil e China.

3.4 A Relação Comercial Brasil - China e o Mercado da Soja

Inicialmente, é importante comentar acerca da evolução comercial sofrida pela China nos últimos anos, pois, conforme Melo et al. (2010, p.9),

Nos primeiros anos da década de 1970, a China tinha participação pouco significativa no comércio internacional. O valor de suas exportações e importações era inferior a US$ 15 bilhões, esse país era apenas o trigésimo maior exportador mundial. Ainda, a China também era um participante pouco ativo nos mercados financeiros mundiais.

(30)

Melo et al. (2010, p.16)também afirma que:

A forma e o ritmo de entrada da China no comércio internacional, com grandes escalas de produção industrial e forte demandas por insumos, levaram à redução de preços internacionais de manufaturados e à elevação dos preços de commodities. Com isso, os termos de troca chineses têm se deteriorado, o que leva à preocupação por parte das autoridades locais quanto aos níveis de superávit em balanço de pagamentos, importante elemento para a continuidade do ciclo de crescimento daquele país.

Conforme Puga et al. (2004, p.6):

A ampliação da participação da China no comércio internacional tem contribuído significativamente para o crescimento das exportações brasileiras. Em 2003, as vendas do Brasil para a China aumentaram 78% em relação a 2002, tornando-se o terceiro mercado consumidor das exportações brasileiras.

O interesse em relações comerciais do Brasil pela China é bastante atual, pois, de acordo com Puga et al.(2004, p. 22-23), apenas no ano 2000, pode ser percebido um aumento relevante do comércio realizado entre os dois países.

É válido lembrar que, de acordo com Melo et al. (2010, p.17) algo que impulsionou bastante esse crescimento das relações comercias entre os dois países foi o fato que:

De meados da Década de 1990 até o ano de 2002, os governos do Brasil e da China assinaram dezessete acordos bilaterais. A partir de 2003, entraram em vigor dezoito entendimentos nas áreas de ciência e tecnologia, transportes, padrões fito-sanitários, cooperação industrial e comércio. Isto mostra claramente uma crescente aproximação do país para com a China.

Além disso, para Melo et al. (2010, p.24), o comércio brasileiro com a China apresenta um maior grau de concentração, tanto em exportações como em importações, quando comparado às relações comerciais do Brasil com resto do mundo. Apontando, desse modo, para uma pauta de exportações e importações entre China e Brasil mais concentradas em certos produtos.

Puga et al. (2004, p. 24) afirma que o maior volume das exportações do Brasil para China é mais intenso em poucos setores intensivos em recursos naturais, como a soja e seus derivados, produtos de origem siderúrgica e minério de ferro.

Desse modo, Melo et al. (2010, p.27) considera que:

(31)

importações chinesas, mediante a elevação da oferta de commodities produzidas no país.

Em relação aos produtos de origem do agronegócio do Brasil, a China, atualmente, é o principal destino das exportações brasileiras, conforme a Tabela 5.

Com base na Tabela 5, é possível perceber a grande evolução apresentado pela China como destino das exportações do agronegócio brasileiro, aumentando, bastante, tanto em valor importado como em participação dentro dos destinos das exportações agrícolas nacionais, superando os Estados Unidos que, em 2002, era o principal destino.

Ainda tomando como base a Tabela 5, é possível perceber que, no último ano, a China importou cerca de 19% de todo o volume (em US$) exportado do agronegócio brasileiro.

Em relação à soja, atualmente, a China também é principal destino das exportações desse produto do Brasil, apresentando uma grande evolução em relação ao valor importado quando comparado ao ano de 2002, conforme a Tabela seguinte:

Valor (US$) Part. % Valor (US$) Part. %

CHINA 1.360.100.876 5,47% 17.975.280.966 18,76% ESTADOS UNIDOS 4.138.756.980 16,66% 7.028.434.784 7,34% PAISES BAIXOS 2.273.670.656 9,15% 6.123.631.401 6,39%

JAPAO 994.189.682 4,00% 3.538.263.716 3,69%

ALEMANHA 1.336.235.926 5,38% 3.121.335.383 3,26% RUSSIA,FED.DA 1.211.345.363 4,88% 2.904.470.620 3,03% BELGICA 1.029.686.599 4,14% 2.463.984.771 2,57% ARABIA SAUDITA 409.796.789 1,65% 2.450.254.549 2,56% ITALIA 1.019.888.111 4,10% 2.298.310.461 2,40% COREIA,REP.SUL 367.800.424 1,48% 2.196.330.206 2,29% DEMAIS 10.704.248.177 43,08% 45.713.208.880 47,71%

TOTAL 24.845.719.583 100% 95.813.505.737 100%

Fonte: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC Elaboração: CGOE / DPI / SRI / MAPA

2012 2002

PRINCIPAIS DESTINOS

Tabela 5 – Exportações do Agronegócio Brasileiro – Principais Destinos: 2002-2012

(32)

Tabela 6 – Exportações Brasileiras do Complexo Soja – Principais Destinos: 2002-2012.

Do mesmo modo como ocorreu com as exportações do agronegócio, a China também passou a ser, no ultimo ano, o principal destino da soja brasileira, apresentando uma notável evolução, tanto em valor como em peso importado. Outro dado bastante importante que pode ser observado ao se analisar as Tabelas 5 e 6 é que, no último ano, somente a China importou do Brasil US$ 17.975.280.966 em produtos do agronegócio nacional, sendo que ,desse valor, 12.959.240.875 equivale ao complexo soja, ou seja, em torno de 72% do total do agronegócio exportado para China corresponde ao complexo soja, demonstrando, assim, a clara importância que a China representa dentro desse mercado para o Brasil.

De acordo com a Tabela 6 também é possível perceber que, somente a China importou, no último ano, cerca de 50% de todo o volume do complexo soja exportado pelo Brasil.

Conforme Puga et al. (2004, p. 28),

O Brasil passou a exportar grãos de soja para a China somente em 1996. Assim, o desempenho das vendas do produto entre 1996 e 2002 traduziu-se integralmente em ganhos de participação no mercado chinês. Também houve significativos ganhos de competitividade em minérios de ferro. Por outro lado, o efeito composição do produto foi negativamente influenciado pela drástica queda nas importações chinesas de óleo de soja, que responderam por quase metade (47%) das exportações brasileiras para a China em 1995.

Puga et al. (2004, p. 29) também considera que a atividade da China dentro desse mercado tem aumentado, consideravelmente, nos últimos, tornando-a maior importadora de artigos do complexo soja desde o ano de 1997. Além disso, no ano de 2002, a China foi

Valor (US$) Peso Líq. (KG) Valor (US$) Peso Líq. (KG) COMPLEXO SOJA 26.114.126.794 48.956.011.861 6.006.194.118 30.413.249.745

12.959.240.875 23.689.802.611 950.307.269 4.441.712.181 2.517.975.508 5.037.541.896 1.184.895.447 6.581.222.830 1.299.533.673 2.555.802.022 300.292.579 1.663.735.049 1.222.505.292 2.441.194.408 108.733.391 594.870.942 1.130.550.656 2.360.499.099 568.413.243 3.259.610.539 1.064.502.726 2.196.306.181 412.907.570 2.181.023.341 607.792.746 1.082.815.116 36.809.523 197.131.000 493.664.490 1.078.631.422 129.918.140 744.151.485 488.656.133 831.908.145 304.593.887 1.015.710.641 431.613.777 885.004.025 7.574.804 42.258.770 389.195.421 778.601.078 151.701.744 773.367.111 3.508.895.497 6.017.905.858 1.850.046.521 8.918.455.856 Elaborado pela SRI/MAPA a partir de dados da SECEX/MDIC

VIETNA JAPAO OUTROS CHINA PAISES BAIXOS ESPANHA TAILANDIA FRANCA ALEMANHA TAIWAN (FORMOSA) COREIA,REP.SUL IRA REP.ISL.DO 2012 2002

(33)

responsável por 14,5% das importações mundiais de artigos pertencentes ao complexo soja, representando um aumento bastante significativo em relação à participação de 6,6% no ano de 1995.

De acordo Puga et al. (2004, p. 30),

Em 2002, o Brasil voltou a ser o principal exportador de soja para a China, posição que deteve em 1995 e 1996, mas que foi ocupada pelos Estados Unidos nos cinco anos seguintes. As exportações brasileiras de soja para a China cresceram 91,5% (9,7% ao ano) entre 1995 e 2002, superando a marca de US$ 1bilhão em 2002.

Em conformidade com a Secretaria da Receita Federal (2003 apud Puga et al., 2004, p.30) a performance apresentada pelas vendas brasileiras dentro do mercado da soja foi estimulado, principalmente, por:

I. Aumento da produtividade da soja brasileira, tendo superado a americana.

II. Decisões estratégicas de empresas transnacionais que consistem em utilizar as regiões de maior eficiência na produção para suprir regiões populosas e com perspectivas de crescimento de renda.

III. Restrição à produção de transgênicos no Brasil. Entre 2001 e 2002, a China impôs significativas restrições à importação desses produtos. Em particular, o Ministério da Agricultura da China especificou que:

i. O processo de certificação requerido para importação de transgênicos pode durar até 270 dias.

ii. Cada envio de transgênicos deve ser acompanhado de um certificado próprio.

iii. A importação de transgênicos requer o resultado de testes que comprovem que o produto pode ser utilizado para consumo humano e não impõe riscos a animais, plantas ou ao meio ambiente.

(34)

3.5 Perspectivas para a produção de soja no Brasil

Segundo o Departamento de Economia Rural do Estado do Paraná (2008, p.1), em conseqüência da grande variedade de uso da soja e o crescimento da procura mundial por gêneros alimentícios, os territórios destinados ao plantio de soja vem aumentando anualmente, fazendo com que a cultura da oleaginosa ganhe, cada vez mais, destaque no cenário da agricultura mundial. Além disso, estão ocorrendo aumentos significativos no território de soja plantada, e investimentos em pesquisas e no desenvolvimento de cultivares mais resistentes tem feito com que ocorram melhoras no rendimento e ajudando a aumentar a produção.

O Departamento de Economia Rural do Estado do Paraná (2008, p.7) também considera que:

Seguindo a tendência mundial, a cultura da soja ganha cada vez mais espaço na produção agrícola brasileira. O aumento constante do consumo de alimentos, entre eles a carne, devido não somente ao crescimento populacional assim como também à melhoria da renda nos países emergentes tem feito com que haja maior investimento nos últimos anos. A produtividade vem aumentando em praticamente todas as culturas devido ao uso de sementes certificadas, maior acompanhamento da assistência técnica entre outras iniciativas e tem trazido ganhos não só de quantidade, mas principalmente de qualidade.

A EMBRAPA (2013) afirma que a cultura de soja, apresenta as seguintes perspectivas:

Crescimento do consumo e, consequentemente, crescimento da demanda por soja no mundo devido ao aumento populacional.

Aumento do poder aquisitivo da população consumidora e, consequentemente, aumento do consumo, destacando-se a Ásia, local onde está o maior potencial consumidor dessa commodity.

O consumo interno de soja deverá crescer, estimulado por políticas oficiais destinadas a aproveitar o enorme potencial produtivo do País, que está excessivamente dependente do mercado externo.

(35)

A produção dos nossos principais concorrentes (EUA, Argentina, Índia e China) tenderá a estabilizar-se por falta de áreas disponíveis para expansão em seus territórios.

A cadeia produtiva da soja brasileira tenderá a desonerar-se dos pesados tributos sobre ela incidentes, para incrementar a sua competitividade no mercado externo, de vez que o País precisa “exportar ou morrer”.

Em relação à produção, CONAB (2013 apud. BRASIL.a, 2013, p.29) aponta que, para 2023, a projeção no Brasil é de 99,2 milhões de toneladas, representando um aumento de 21,8%, comparando-se a atual produção nacional. Entretanto, esse percentual ainda representa uma evolução abaixo da ocorrido na última década que foi de 66%.

No que se refere ao consumo, o Brasil (2013.a, p.29), projeta que o crescimento da demanda por soja no mercado externo e interno se dará por meio de um grande aumento de demanda por rações animais à base de soja, além disso, acredita-se que, também, ocorrerá um grande incremento de consumo de soja, visando à produção de Biodiesel.

Em relação ao aumento da área plantada, consoante Brasil (2013.a, p.32) é possível considerar que,

As projeções de expansão de área plantada de soja mostram que a área deve passar de 27,7 milhões de hectares em 2013 para 34,4 milhões em 2023, um acréscimo de 6,7 milhões de hectares. Representa um acréscimo de 6,7 milhões de hectares em relação à área prevista em 2012/2013. A expansão da produção de soja no país dar-se-á pela combinação de expansão de área e de produtividade. Enquanto o aumento de produção previsto nos próximos 10 anos é de 21,8%, a expansão da área é de 24,3%. Nos últimos anos, a produtividade da soja tem se mantido estável em 2,7 toneladas por hectare, e esse número está sendo projetado para 3,0 toneladas por hectare nos próximos 10 anos [...]

Essa expansão da soja, conforme Brasil (2013.a, p.33), se dará através de uma agregação da ampliação da fronteira em locais onde existem áreas produtivas disponíveis, apropriação de terras de pastagens de lavouras e por mudanças de culturas agrícolas onde não existem áreas disponíveis para incorporação.

Além disso, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) (2013 apud. BRASIL.a, 2013, p.33),

(36)

empreendimentos nessas novas regiões compreendem áreas de grande extensão, o preço da terra é um fator decisivo.

(37)

4 CONCLUSÕES

Com base nos dados e nas informações apresentadas durante o estudo é possível considerar que o agronegócio brasileiro está passando por uma fase de grande produtividade. Com lavouras, cada vez, maiores e tecnologias de ponta aplicadas no campo, além de alguns incentivos governamentais, a produtividade agrícola nacional vem contribuindo significativamente para economia nacional devido aos bons resultados apresentados pelas exportações desse setor nos últimos anos.

Em relação à soja, é correto afirmar que essa commodity vem, no decorrer dos últimos anos, se firmando como o principal produto agrícola nacional. Apresentando valores (em US$) de volume exportado maiores a cada ano, além do grande percentual de participação dentro do cenário agrícola nacional, esse produto pode ser considerado como o “carro-chefe” e principal responsável pelos elevados resultados das exportações do agronegócio brasileiro.

É importante lembrar que, mesmo o Brasil sendo um dos maiores exportadores dessa commodity no mundo, o País ainda ocupa uma situação de tomador de preços, ao invés de formador, já que os preços da soja e de outras commodities agrícolas ainda são definidos na Chicago Board of Trade (CBOT).

Outro ponto importante a ser considerado é o fato de a China está diretamente envolvida nesse aumento de dinamismo do setor agrícola brasileiro, já que, nos últimos anos, ela se consolidou como a principal importadora de produtos de gêneros agrícolas, especialmente da soja. Conforme os dados apresentados foi possível identificar que, no último ano, somente a China foi responsável por importar cerca de 50% de todo o volume (em US$) do complexo soja exportado do Brasil.

Desse modo, é possível perceber a grande influência que a China exerce sobre as importações agrícolas brasileiras, sendo responsável direta por esse crescimento no volume de exportações, especialmente da soja.

(38)

novas relações comerciais que podem ser geradas por meio do comércio exterior desse produto.

(39)

REFERÊNCIAS

AGROINVVESTI. A importância do dólar na formação da cotação da soja, Passo Fundo, 11 maio 2012. Disponível em: <http://www.agroinvvesti.com.br/?menu=noticias&id=1641>. Acesso em: 12 dez 2013.

BANCO DO NORDESTE DO BRASIL. BNB Conjuntura Econômica, n. 17, abr./ jun. 2008.

BATISTA, H.R.; SILVA, ARIANA C.; LIMA, E.P.C. A importância da Soja para o Agronegócio Brasileiro: Uma Análise sob o enfoque da produção, emprego e exportação.

In: V Encontro de Economia Catarinense, 2011, Florianópolis. Anais... Florianópolis: 2011. BENETTI. M.D. Boomexportador: ruptura ou continuidade do padrão de comércio brasileiro.

Indic. Econ. FEE. Porto Alegre, v. 34, n. 1, p. 75-88, jul. 2006.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Projeções do Agronegócio – Brasil 2012/13 a 2022/23

– Projeções de Longo Prazo. Brasília, 4ª edição, 2013. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/projecoes%20-%20versao%20atualizada.pdf>. Acesso em: 17/11/2013. a

BRASIL. Ministério da Agricultura. Exportações. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/exportacao>. Acesso em: 05/06/2013. b.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Soja. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/soja >. Acesso em: 05/06/2013. c.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Balança Comercial – Balança Comercial Serie

Histórica (1989-2012). Disponível em:

<http://www.agricultura.gov.br/internacional/indicadores-e-estatisticas/balanca-comercial>. Acesso em: 05/06/2013. d.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Informes de Produtos – Complexo Soja Serie

Histórica (2002-2012). Disponível em:

(40)

BRASIL. Ministério da Agricultura. Balança Comercial – Rankings – EXP Produtos (Novembro/2013). Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/internacional/indicadores-e-estatisticas/balanca-comercial>. Acesso em: 03/12/2013. f.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Balança Comercial – Rankings – EXP Destinos (Novembro 2013). Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/internacional/indicadores-e-estatisticas/balanca-comercial>. Acesso em: 03/12/2013. g.

BRANCO, A. L.O.C. A Produção de Soja no Brasil: Uma Análise Econométrica no Período de 1994-2008. 2008. Monografia (Graduação em Ciências Econômicas) - Faculdade de Ciências Econômicas do Centro de Economia e Administração – PUC, Campinas, 2008. CENTRO DE INTELIGÊNCIA DA SOJA. Histórico. Disponível em: <http://www.cisoja.com.br/index.php?p=historico>. Acesso em: 23/12/2013.

CESARIO, A. V. ; SILVA, N. M.; CAVALCANTI, I. R. . Relevância do agronegócio para economia brasileira atual. In: X Encontro de Iniciação, 2007, João Pessoa. Anais do X ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA, 2007, João Pessoa: 2007.

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL DO ESTADO DO PARANÁ. SOJA

Análise de conjuntura agropecuária, 2012. Disponível em:

<http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/Prognosticos/soja_2012_13.pdf>. Acesso em: 20/11/2013.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISAS AGRÍCOLAS (EMBRAPA). A Soja no Brasil 2013. Disponível em: <http://www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/SojanoBrasil.htm>. Acesso em 05/06/2013.

FUNDAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

Sustentabilidade no agronegócio brasileiro, 2012. Disponível em: < http://fbds.org.br/fbds/IMG/pdf/doc-553.pdf>. Acesso em: 13/11/2013.

GUANZIROLI, C. E. Agronegócio no Brasil: perspectivas e limitantes. Textos para Discussão (Niterói), v. 1, p. 3-4, mar. 2006.

(41)

MELO, Maria Cristina Pereira de; MOREIRA, Carlos Américo; WEBER, Alexandre. O Nordeste do Brasil na Expansão do Comércio Chinês. Banco do Nordeste do Brasil,

Fortaleza, 2010.

PUGA, F.P; CASTRO, L.B.; FERREIRA, F.M.R.; NASCIMENTO, M.M. O comércio

Imagem

Tabela 1 - Balança comercial brasileira e balança comercial do agronegócio: 1989  a 2012
Tabela 2  –  Exportações Brasileiras do Complexo Soja no Brasil: 2002 a 2012.
Tabela  3  –   Exportações  do  Agronegócio  Brasileiro  –   Principais  Produtos  Exportados: 2002-2012
Tabela 4  –  Exportações do Agronegócio Brasileiro  –  Produtos Exportados: 2002- 2002-2012
+3

Referências

Documentos relacionados

Até a década de 1970, não havia vestígios de interesse de posseiros na região, até mesmo porque essa realidade começa a se despertar no Brasil a partir da década de 1960, fato

Para observar o grau de exclusão social dos estados do Nordeste, o trabalho utilizou os dados extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do

À Universidade Federal do Ceará, especialmente, à Faculdade de Economia, Administração Atuárias, Contabilidade e Secretariado (FEAAC), por me proporcionar um

Serão apresentadas evidências que existe em determinadas períodos no mercado brasileiro sobre o efeito segunda-feira, de acordo com seu comportamento no retorno diário das

Para Motta (1945), Taylor ao desenvolver sua teoria, limitou-se apenas nas tarefas e nas formas de produção, dando quase nenhuma importância ao trabalhador, esquecendo-se

A concentração da produção ou das vendas refere-se à distribuição por tamanho das firmas que vendem determinado produto. É uma dimensão significativa da estrutura de mercado,

Diretamente relacionados ao estágio do curso de Nutrição da UFJF, temos as Normas para os Estágios Obrigatórios que disciplinam as atividades desta comissão no âmbito dos

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..