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CARMÉLIO ARAUJO ABOU EL HOSSN APLICAÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO DO PAPEL BRANCO NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E DE

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CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E DE PRODUÇÃO

CARMÉLIO ARAUJO ABOU EL HOSSN

APLICAÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO DO PAPEL BRANCO NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E DE

PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

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APLICAÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO DO PAPEL BRANCO NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro de Produção Mecânica.

Orientador: Prof. Msc. Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes

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Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

H821a Hossn, Carmélio Araujo Abou El.

Aplicação do conceito de logística reversa de pós-consumo do papel branco no Departamento de

Engenharia Mecânica e de Produção da Universidade Federal do Ceará / Carmélio Araujo Abou El Hossn. – 2011.

60 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia de Produção Mecânica, Fortaleza, 2011.

Orientação: Prof. Me. Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes .

1. Logística Reversa. 2. Papel. 3. Reciclagem. I. Título.

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APLICAÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO DO PAPEL BRANCO NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Este Trabalho Final de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de Engenheiro de Produção Mecânica da Universidade Federal do Ceará.

Fortaleza, ___ de _______ de 2011

_____________________________________________

Prof. Dr. José Belo Torres

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

____________________________________

Prof., Msc. Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes

Orientador

_________________________________

Prof. Dr. Marcos Ronaldo Albertin

____________________________________

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O presente trabalho apresenta a aplicação dos conceitos de Logística Reversa de pós-consumo de papel branco no Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção (DEMP) da Universidade Federal do Ceará com o objetivo de redução de custos do Departamento. A pesquisa foi desenvolvida, por meio de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e um estudo de caso. Como metodologia, foram distribuídas caixas coletoras aos professores, coordenações e Chefia de Departamento, sendo estabelecida a coleta semanal do material descartado, durante o período de oito semanas, no período de abril e maio de 2011. Durante a realização da pesquisa, todo o material coletado foi classificado segundo sua origem, pesado e armazenado para posterior comercialização, sendo o valor monetário apurado, determinado pelo volume de material recolhido multiplicado pelo preço médio de R$0,50/kg de papel. Ao final do estudo de caso, verificou-se que o volume médio de papel descartado pelo DEMP foi de 3,41kg/semana, representando, em valores monetários, R$1,71/semana.

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The present work shows the application of the concepts in inversed logistic of used white sheets in the Mechanical and Production Engineering Department (DEMP) of the Federal University of Ceará, which purpose is the reduction of wasted material in our department. We should say that our investigation was structured by a bibliographical and documental research and a specific study. As methodology we distributed collected box to the teachers, coordinators ant to the office of DEMP department, by which we established a weekly collection of the wasted material during a eight week period. During the research, all collected material was classified by its origin, weight and storage for a future commercialization, and the monetary collected valued, was determinated by the weight of the collected material multiplied in the average R$ 0,50 each sheet. In the specific study end, we verified that the average weight of the wasted sheet by the DEMP was the 3.41 weight/week, which in monetary values signify R$1,17 /week.

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Figura 2.1 – Fluxo da Logística Reversa – Área de atuação e etapas reversas. ... 9

Figura 2.2 – Canais de distribuição reversos de ciclo aberto. ... 13

Figura 2.3 – Canais de distribuição reversos de ciclo aberto. ... 14

Figura 2.4 – Ciclo Produtivo do Papel. ... 22

Figura 2.5 – Processo de Reciclagem do Papel. ... 24

Figura 3.1 – Caixas coletoras A e B, respectivamente. ... 31

Figura A.1 – Caixas coletoras – Modelo A e B, respectivamente. ... 48

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Tabela 3.1 – Papel descartado pelo Departamento – Fotocopiadora e Secretaria do

Departamento ... 32

Tabela 3.2 – Papel descartado pela Coordenação – Eng. Mecânica e Produção ... 33

Tabela 3.3 – Papel descartado pela amostra dos Professores ... 34

Tabela 3.4 – Papel descartado pelos Professores ... 34

Tabela 3.5 – Descarte médio de papel branco (g) / Semana no DEMP. ... 34

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Gráfico 3.1 – Papel descartado pelo Departamento – Fotocopiadora e Secretaria do

Departamento. ... 32

Gráfico 3.2 – Papel descartado pela Coordenação – Eng. Mecânica e Produção. ... 33

Gráfico 3.3 – Papel descartado pelos Professores. ... 34

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ... 1

1.1 Contextualização ... 1

1.2 Objetivo ... 2

1.2.1 Objetivo Geral ... 2

1.2.2 Objetivos Específicos ... 2

1.3 Justificativa ... 3

1.4 Metodologia ... 3

1.5 Estrutura do trabalho ... 4

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 6

2.1 Logística ... 6

2.2 Logística Reversa ... 7

2.2.1 Logística Reversa de Pós-Venda ... 10

2.2.2 Logística Reversa de Pós-Consumo ... 11

2.3 Canais de Distribuição Reversos de Pós-Consumo de Bens Descartáveis ... 14

2.4 O Papel do Catador de Material Reciclável na Logística Reversa de Pós-Consumo ... 15

2.4.1 Definição do catador de material reciclável ... 15

2.4.2 Cooperativismo dos catadores de material reciclável ... 16

2.5 Visão Econômica e Ecológica nos Canais Reversos de Pós-Consumo ... 17

2.6 Inibidores da Implantação da Logística Reversa ... 18

2.7 Logística Reversa no Brasil e no Mundo ... 20

2.8 Processo Produtivo do Papel ... 21

2.8.1 Canal Reverso de Pós-Consumo do Papel ... 23

2.9 Processo de Reciclagem de Papel ... 24

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2.12 Canal Reverso de Pós-Consumo do Papel no estado do Ceará ... 28

CAPÍTULO 3 – ESTUDO DE CASO ... 30

3.1. Local de Realização do Trabalho ... 30

3.2. Realização da Pesquisa ... 30

3.3. Análise dos dados ... 32

3.3.1. Coleta dos Dados ... 32

3.3.2. Tratamento e Análise dos Dados ... 32

3.4. Fontes geradoras de descarte de papel ... 35

3.5. Impactos Gerados pelo Centro de Tecnologia e pela Universidade Federal do Ceará .. 39

3.5. Metodologia de Coleta e Comercialização de Papéis (Medidas Propostas) ... 40

CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 44

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A competitividade entre as empresas e a busca constante pelo aumento da eficiência nos processos e serviços ao cliente caracteriza o atual ambiente empresarial. Dentre os inúmeros processos existentes dentro de uma organização, um que merece destaque é o logístico. A logística empresarial é orientada para entregar os produtos corretos, no local correto, nas condições corretas e a um custo correto, agregando valor aos produtos e servindo como diferencial competitivo (BALLOU, 1993).

Com o progressivo aumento do volume de bens disponíveis no mercado, pressionado pela diminuição do ciclo de vida dos produtos, um grande volume de recursos naturais vem sendo consumido, provocando escassez destes materiais. A partir dos anos 90, com a constante preocupação sobre a utilização dos recursos naturais, assim como o acúmulo de produtos industrializados nos grandes centros, as grandes empresas passaram a ser as culpadas pela sociedade por este problema. As grandes organizações passaram a ter uma nova preocupação; como seria possível encontrar a resolução para esta situação sem gerar aumento de custos e despesas. Com o advento deste cenário surgiu o conceito de Logística Reversa (SANTOS, 2007).

Define-se como Logística Reversa, a área que planeja, opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes ao retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos Canais de Distribuição Reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, competitivo, de imagem corporativa, dentre outros (SANTOS, 2007).

Motivado pela crescente conscientização ecológica da população e do enorme potencial econômico que esta atividade pode gerar, a Logística Reversa surge como um novo campo de estudo, servindo como um novo diferencial estratégico para as empresas.

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por meio de novos usos dados àqueles materiais, seja para a venda em mercados de segunda linha, nova empregabilidade ou retorno ao processo produtivo.

O retorno desses materiais ao processo produtivo caracteriza a chamada reciclagem de materiais. Sancionada pela lei n° 12.305, de 2 de agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010, o processo de reciclagem, além de trazer benefícios ao meio ambiente, traz economias consideráveis aos produtores, devido à substituição de matérias-primas puras, por aquelas recicladas, tornando o processo produtivo mais barato.

Dessa forma, a Logística Reversa possibilita o desenvolvimento sustentável, uma vez que reinsere produtos obsoletos, subprodutos e resíduos industriais na cadeia produtiva, diminuindo os volumes descartados no ambiente e a extração de novos recursos naturais.

O presente trabalho pretende analisar e aplicar o conceito de Logística Reversa de pós-consumo de papel no Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção (DEMP) da Universidade Federal do Ceará. Após a aplicação dos conceitos, pretende-se realizar uma análise do volume de papel descartado, bem como o montante de dinheiro desperdiçado pelo Departamento.

1.2 Objetivo

1.2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem por objetivo aplicar o conceito de Logística Reversa de pós-consumo de papel branco no Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção (DEMP), da Universidade Federal do Ceará, visando à redução de custos.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Compreender o processo logístico reverso de pós-consumo de papel no contexto mais amplo do município de Fortaleza;

 Estabelecer o volume de descarte médio semanal de papel branco no Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção, da Universidade Federal do Ceará;

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 Estabelecer processo de comercialização do material coletado no Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção, da Universidade Federal do Ceará;

1.3 Justificativa

A crescente preocupação com a qualidade do meio ambiente faz com que as indústrias busquem novas alternativas de redução de impactos ambientais. Cada vez mais, as empresas têm se preocupado com as questões de política ambiental e dos potenciais ganhos envolvidos com essas questões. Ganhos de imagem, ganhos econômicos, estratégicos e a imposição de normas reguladoras fazem com que as empresas assumam novos papéis dentro do mercado.

A redução do ciclo de vida dos produtos, incentivada por campanhas publicitárias ou o desenvolvimento de novas plataformas tecnológicas, faz com que o volume de bens descartados seja significativamente alto, gerando uma enorme quantidade de resíduos descartados no meio ambiente.

Preocupada com as questões ambientais, as empresas têm buscado novas tecnologias ou formas de gestão que proporcionem uma redução do impacto de seus produtos ao meio ambiente. Por meio de modificações de processo, substituição de insumos e redução de geração de resíduos, as organizações objetivam racionalizar o consumo de recursos naturais.

Para dar suporte a essas novas políticas organizacionais, as empresas estão desenvolvendo projetos de Logística Reversa. Além do ganho de imagem advindo com essa nova postura de mercado, as empresas enxergaram uma potencial redução de custos de produção pela aquisição de matérias-primas mais baratas por meio de canais de reciclagem.

Receoso com o impacto ambiental gerado pelo alto volume de papel descartado diariamente e enxergando os potenciais ganhos econômicos advindos da reciclagem desse material, o presente trabalho apresenta um estudo voltado para aplicação dos conceitos de Logística Reversa de Pós-Consumo no Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica (DEMP) da Universidade Federal do Ceará.

1.4 Metodologia

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“é um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os

pesquisadores representativos da situação ou do problema estão envolvidos de

modo cooperativo ou participativo”.

A aplicação de tal pesquisa se deu nas dependências do DEMP na Universidade Federal do Ceará, a partir de uma pesquisa de natureza exploratória para gerar maior familiarização com o problema.

A metodologia segue uma pesquisa-ação, de acordo com as etapas propostas por Thiollent (1985, p. 14 apud Gil 2002), que são: exploratória, onde é definido o problema a ser

estudado; pesquisa, onde é feito o levantamento teórico de embasamento cientifico da pesquisa; ação, onde é definido o planejamento da ação e; a avaliação, onde são analisados os resultados obtidos com a pesquisa. Foi utilizado o método de observação direta intensiva, com técnicas de observação in loco e entrevistas com responsáveis pelo setor na empresa.

Para efeito deste trabalho, realizou-se ainda uma pesquisa bibliográfica para uma maior acurácia do estudo realizado. De acordo com Gil (2002, p. 44), ―a pesquisa

bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente

de livros e artigos científicos.‖ Para complementar este conceito, Marconi e Lakatus (2003, p.

225) afirmam que ―a citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite

salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar

comportamentos e atitudes.‖

Para a realização do presente trabalho, foram utilizadas caixas coletoras de papelão onde foram organizados os bens de pós-consumo descartados. A coleta desses bens foi feita de forma semanal, onde o material coletado foi pesado e armazenado, sendo os dados obtidos analisados e anexados à pesquisa. Professores e servidores foram orientados a respeito da realização da pesquisa e do modo de como deveriam operar as caixas. A pesquisa foi realizada no período de abril e maio do ano de 2011. No final da pesquisa, todo o material coletado foi enviado à empresa recicladora e, o dinheiro apurado com a venda desse material foi repassado à Universidade, na forma de doação de livros.

1.5 Estrutura do Trabalho

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O capítulo 1 apresenta a introdução do trabalho, onde é mostrado o problema a ser abordado, os objetivos a serem seguidos, a metodologia a ser empregada, a importância deste trabalho na prática e a estrutura a ser seguida.

O capítulo 2 ressalta a origem da logística, os conceitos de Logística Reversa, a caracterização da Logística Reversa de pós-consumo, a caracterização da cadeia produtiva do papel, bem como o processo reverso de aproveitamento de papel e, o consumo de papel dentro do Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção DEMP na Universidade Federal do Ceará UFC.

O capítulo 3 traz a metodologia proposta de aplicação da Logística Reversa no DEMP em relação ao consumo de papel, bem como a aplicação da metodologia de trabalho proposta a partir de dados de levantados na Universidade.

O capítulo 4 traz as considerações finais do trabalho, além de uma breve conclusão dos resultados obtidos durante o processo.

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Logística

O estudo da logística adquiriu maior importância dentro do ambiente empresarial após a Segunda Guerra Mundial quando, com o mercado consumidor em expansão, a preocupação com a distribuição física dos bens tornou-se um fator crítico. A partir dos anos de 1980, a logística se confirmou como um campo de estudo mais amplo, abordando desde a distribuição física até o processo de administração de materiais (BALLOU, 1993).

Ainda segundo Ballou (1993), a logística empresarial pode ser definida como o estudo das atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos e informações, desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a custo razoável. Esta definição destaca três aspectos importantes do estudo da logística, que vão além do fluxo de produtos: o fluxo de informações; o nível de serviço; os custos.

Segundo Gomes e Ribeiro (2004), logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenamento de materiais, peças e produtos acabados, sua distribuição, pela organização e pelos seus canais de marketing de modo a poder maximizar as lucratividades presentes e futuras por meio de atendimento dos pedidos a baixo custo. Porém, atualmente, somente a logística não basta para conquistar e fidelizar o mercado consumidor, tendo havido uma mudança na visão de consumo nas sociedades modernas, as quais têm se preocupado cada vez mais com as questões que tratam do equilíbrio ambiental.

Para Copacino (2003 apud MANCIA, 2005), a logística é definida como a parte da

cadeia de suprimentos que planeja e controla o fluxo eficiente de mercadorias e serviços, bem como o fluxo de informações relacionadas entre o local de origem e o ponto de consumo de produtos. Brimer (1995 apud MANCIA, 2005) define a logística como um processo de

atendimento ao consumidor, uma atividade de apoio ao produto que afeta o lucro da companhia, os custos de produção e o nível de satisfação dos consumidores.

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Devido à importância econômica e mercadológica envolvida nos processos logísticos, relacionada às estratégias aplicadas pela empresa, por muitos anos, o foco da logística era a melhoria da eficiência dos canais de distribuição, também chamados de ―canais de distribuição diretos‖ (BALLOU, 1993). Estes canais são formados pelas diversas etapas pelo

qual o item é produzido e comercializado (KOTLER, 2000).

Contudo, com os novos hábitos de consumo da população, um número cada vez maior de mercadorias, com vida útil cada vez menor e vindo de diversas partes do globo, aliado a uma consciência crescente pela preservação ambiental e leis cada vez mais rígidas de responsabilidade sobre o descarte dos produtos, a logística empresarial ganhou um novo aspecto – o fluxo reverso das mercadorias (do ponto de consumo ao ponto de origem), originando, assim, um novo campo de estudo, a logística reversa, servindo como uma potencial fonte de diferencial competitivo para as empresas (LEITE, 2003).

Para Ballou (2001), as atividades que, antigamente, eram realizadas individualmente passaram a ser coordenadas de forma integrada, objetivando o atendimento ao cliente. Hoje, essa integração de atividades ultrapassa os limites da própria empresa e amplia-se para incluir clientes e fornecedores de materiais e serviços, formando a cadeia de suprimentos.

De acordo com Stock (2001 apud MARCONDES, 2007), características como

qualidade de produto, preços competitivos e entrega em tempo e em local correto são e irão continuar sendo fatores importantes dentro da cadeia de suprimentos. Contudo, estes atributos diferenciados têm se tornado padrão a todas aquelas empresas que desejam se manter no

mercado, perdendo a característica de ―ganhadores de pedido‖, passando a de ―qualificadores

de produto‖. Como forma de diferenciação, a Logística Reversa se torna uma característica diferenciadora para a decisão de aquisição do cliente.

2.2 Logística Reversa

A Logística Reversa conforme Sinnecker (2007 apud FAGUNDES, 2009) é definida

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Gomes e Ribeiro (2004), afirmam que a logística de fluxos de retorno, ou logística reversa, visa à eficiente execução da recuperação de produtos. Tem como propósitos a redução, a disposição e o gerenciamento de resíduos tóxicos e não tóxicos.

Para o Reverse Logistics Executive Council (2011), o termo logística reversa é

definido como o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de materiais, estoques em processo, produtos acabados e as informações correlacionadas do ponto de consumo ao ponto de origem, com o propósito de recaptura de valor, ou para uma disposição correta.

De acordo com Rogers e Tibben-Lembke (1999 apud CAMPOS, 2006), a logística

reversa é definida como o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoque de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou adequar o seu destino. Já para Stock (1998 apud MARCONDES, 2007), a

Logística Reversa trata do retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição e reutilização de materiais, reforma, reparo e reuso das mercadorias.

Ainda segundo Stock (1998 apud MARCONDES, 2007), logística reversa, em uma

perspectiva de logística de negócios, refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e re-manufatura.

Para Daher et al. (2004 apud SOUZA, 2007), a logística reversa, em seu sentido mais

amplo, significa todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais. Refere-se, assim, a todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ou materiais e peças usados a fim de assegurar uma recuperação sustentável (amigável ao meio ambiente).

Bowersox e Closs (2001) apresentam, por sua vez, a idéia de apoio ao ciclo de vida como um dos objetivos operacionais da logística moderna, referindo-se ao seu prolongamento além do fluxo direto de materiais e à necessidade de considerar os fluxos reversos de produtos em geral.

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Figura 2.1 – Fluxo da Logística Reversa – Área de atuação e etapas reversas. Fonte: Leite (2002).

A logística reversa trata de duas grandes áreas interdependentes, a de bens de pós-consumo e a de bens de pós-venda, desempenhando o papel de criação de canais retorno de produtos pós-venda e pós-consumo. Segundo Rodrigues (2002), cabe à Logística Reversa planejar, operar e controlar o fluxo e informações logísticas correspondentes do retorno dos bens pós-consumo e pós-venda ou se seus materiais correspondentes, classificados em condições de uso e fim de vida útil, de acordo com seu estado de vida e origem. O destino desses bens pode ser a re-manufatura, a reciclagem ou destinados para disposição final, dependendo do nível de reaproveitamento dos mesmos.

As atividades de logística reversa variam desde a simples revenda de um produto até o processo de re-manufatura do mesmo – envolve todas as operações relacionadas à reutilização de produtos e materiais, na busca de uma recuperação sustentável. Como procedimento logístico, trata do fluxo de materiais que retornam aos seus fabricantes por algum motivo –

fim da vida útil do primeiro usuário, equipamentos danificados e ainda em garantia e o retorno de embalagens ou de materiais para atender à legislação (LEITE, 2003).

Conforme Adlmaier e Sellitto (2007), pode-se descrever logística reversa como área da logística empresarial que busca a integração dos canais de distribuição reversos de pós-venda e pós-consumo, visando agregar valor econômico e ambiental aos produtos de uma organização por sua reintegração ao ciclo produtivo, sob a forma de insumo ou matéria-prima, otimizando assim o retorno dos bens a algum ponto do processo produtivo de origem ou proporcionando sua aplicação em outro processo produtivo.

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específicos canais de distribuição reversos. Os canais de distribuição reversos têm por objetivo retornar uma parcela dos produtos ao ciclo produtivo, re-valorizando o produto, seja por meio do reuso ou da reciclagem, aumentando, assim, o seu ciclo de vida.

Os canais de distribuição reversos são definidos por Chaves e Batalha (2006, p.425) como:

“As etapas, as formas e os meios em que uma parcela desses produtos, com pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após extinta a sua vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de negócios, readquirindo valor em mercados secundários pelo reuso ou reciclagem de seus materiais constituintes. O canal reverso pode agregar valor ao sistema logístico. Observa-se que a Logística Reversa de pós-venda, em conjunto com a de pós-consumo, propicia benefícios à imagem corporativa, competitividade e redução de custos da empresa”.

Dessa maneira, a logística reversa objetiva tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais ao ciclo produtivo, preocupando-se com o fluxo reverso dos produtos, para que, por meio de processamentos logísticos de consolidação, separação e seleção, possam retornar ao ciclo produtivo através de reaproveitamento, reuso e reciclagem.

2.2.1 Logística Reversa de Pós-Venda

De acordo com Chaves e Batalha (2006), o canal de distribuição reverso de pós-venda se assinala pelo retorno de produtos que não atenderam a satisfação dos clientes ou apresentaram algum problema de fabricação.

De acordo com Leite (2003), os canais de distribuição reversos de pós-venda são constituídos pelas diferentes formas e possibilidades de retorno de uma parcela de produtos, com pouco ou nenhum uso, motivado por problemas de qualidade, retornando estes produtos ao fabricante ou ao mercado de segunda linha. Os canais reversos de pós-venda se ocupam especificamente com o equacionamento e operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes aos bens de pós-venda, com nenhum ou pouco uso. Seu objetivo estratégico é agregar valor ao produto logístico que é devolvido por razões comerciais, erros de processamento de pedidos, ou avarias originadas no processo de transporte.

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natureza. Empresas modernas utilizam a logística reversa de pós-venda, diretamente ou por meio de terceirizações com empresas especializadas, como forma de aumentar a competitividade no mercado e agregar valor perceptível aos clientes.

Segundo Guarnieri (2005), um dos aspectos que geram vantagem para a empresa que adota o processo de logística reversa é a diferenciação por serviço, uma vez que, atualmente, os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que possuem políticas mais liberais de retorno de produtos. Esta é uma vantagem percebida onde os fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela existência de produtos danificados. Isto envolve, é claro, uma estrutura para recebimento, classificação e expedição de produtos retornados. Esta é uma tendência que se reforça pela existência de legislação de defesa dos consumidores, garantindo-lhes o direito de devolução ou troca.

2.2.2 Logística Reversa de Pós-Consumo

De acordo com Chaves e Batalha (2006), o canal de distribuição de pós-consumo se caracteriza por tratar de produtos procedentes de descartes após sua utilização, existindo, ainda, a capacidade de reaproveitá-los de algum modo, deixando a hipótese de descarte final para último caso.

Segundo Guarnieri (2005), a logística reversa de pós-consumo se caracteriza pelo planejamento, controle e disposição final dos bens de pós-consumo, que são aqueles bens que estão no final de sua vida útil, devido ao uso. Essa vida útil pode ser prolongada se outras pessoas virem neste mesmo bem, outras utilidades mantendo-o em uso por um determinado tempo, após isso, esse bem é destinado à coleta de lixo urbano, podendo ser reciclado ou simplesmente depositado em aterros sanitários, causando sérios impactos ao meio ambiente.

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A classificação dos bens refere-se à duração de sua vida útil. A vida útil de um bem é entendida como o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele. Esse desembaraço pode se dar pela extensão de sua vida útil, com novos possuidores, quando existe o interesse ou a possibilidade de prolongar sua utilização, ou pela sua disponibilização por outras vias, como a coleta de lixo urbano ou coleta seletiva, passando-o à condição de bem pós-consumo (LEITE, 2003).

Dessa forma, ainda segundo Leite (2003), os produtos fabricados apresentam durações de vida útil que se estendem desde alguns dias até algumas décadas. Segundo a Logística Reversa, esses produtos são classificados em: bens descartáveis, bens semiduráveis e bens duráveis.

 Bens descartáveis: são os bens que apresentam duração de vida útil média de algumas semanas, raramente superiores a seis meses. Essa categoria é constituída tipicamente de produtos de embalagens, artigos cirúrgicos e materiais de escritório, foco desse trabalho.

 Bens semiduráveis: são os bens que apresentam duração média de vida útil de alguns meses, raramente superiores a dois anos. É uma categoria intermediária entre os bens descartáveis e os bens duráveis. São exemplos desse grupo os bens como baterias de veículos, óleos lubrificantes, computadores e seus periféricos.

 Bens duráveis: bens que apresentam duração de vida média útil variando de alguns anos a algumas décadas. Fazem parte dessa categoria os automóveis, edifícios, máquinas e equipamentos industriais.

Outra forma de classificar os bens de consumo dentro da cadeia logística reversa é em função das características intrínsecas dos bens. Os bens de pós-consumo serão reintegrados ao ciclo produtivo, fluindo pelos canais reversos de reciclagem, ocorrendo a revalorização dos seus materiais constituintes, podendo ser reintegrados ao ciclo produtivo na fabricação de um produto similar ao que lhe deu origem ou a um produto distinto. Em função dessa característica, distinguiram-se duas categorias de ciclos reversos de retorno ao ciclo produtivo: canais de distribuição reversos de ciclo aberto e de ciclo fechado (LEITE, 2003).

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substituindo matérias-primas novas na fabricação de diferentes tipos de produtos. Os canais de ciclo aberto, portanto, não distinguem os produtos de origem do pós-consumo, mas têm seu foco na matéria-prima que os constitui. São característicos dessa categoria os metais, os plásticos, os vidros e os diferentes tipos de papéis em geral.

Figura 2.2 – Canais de distribuição reversos de ciclo aberto. Fonte: Gontijo et al (2009)

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Figura 2.3 – Canais de distribuição reversos de ciclo aberto. Fonte: Gontijo et al (2009)

2.3 Canais de Distribuição Reversos de Pós-Consumo de Bens Descartáveis

Os bens descartáveis, segundo Leite (2003), têm seu ciclo reverso iniciado com a coleta desses bens. Esta pode ser feita de três diferentes formas: a coleta de lixo urbano, a coleta seletiva e a coleta informal. Após essa coleta, os bens são selecionados, separados e comercializados com intermediários sucateiros, normalmente, especializados por natureza de materiais constituintes e cuja principal função é consolidar e realizar a prensagem, a fim de melhorar a densidade para transporte e comercialização.

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2.4 O Papel do Catador de Material Reciclável na Logística Reversa de Pós-Consumo

O catador de material reciclável possui uma importância fundamental em todo o ciclo que sustenta o mercado de reciclagem. Segundo Gonçalves (2003 apud FERREIRA, 2005), o

catador faz a inter-retroatividade entre os aspectos sociológicos, econômicos, políticos, ambientais e sanitários, de forma a sensibilizar a população quanto ao consumo consciente dos recursos.

A sociedade e o poder público desprezam a questão do lixo, visto que não há, ainda, um arcabouço legal com diretrizes gerais para a gestão dos resíduos sólidos, e isso se reflete, também, na marginalização do trabalho dos catadores. Com a inserção social desse trabalhador, pode-se reduzir o índice de analfabetismo entre eles, oferecendo cursos de alfabetização e capacitação para inseri-los em uma cooperativa, diminuindo, assim, a taxa de mortalidade infantil, bem como a de contaminação e epidemias (FERREIRA, 2005).

Segundo a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, os catadores são peças fundamentais no processo de reutilização de resíduos sólidos. ―Vocês, além de agentes ambientais, são educadores‖, ressaltou (RIBEIRO, 2006).

Diante de todo esse cenário, o catador, apoiado pelas prefeituras, surge como uma excelente alternativa para um eficiente gerenciamento integrado dos resíduos sólidos, alimentando o círculo virtuoso da reciclagem e propiciando a correta destinação final para os materiais recicláveis (FERREIRA, 2005).

De acordo com as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente, o catador de materiais recicláveis passa a ser visto como peça fundamental para o gerenciamento dos resíduos sólidos, uma vez que este passa a ser visto como um agente ambiental (RIBEIRO, 2006).

2.4.1 Definição do catador de material reciclável

(29)

Ministério do Trabalho reconheceu suas atividades e estabeleceu para a categoria os mesmos direitos e obrigações de um trabalhador autônomo (ARAUJO, 2009).

Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego (CBOMTE), divulgada no ano de 2002, reconheceu a profissão do catador de material reciclável, dispondo sobre suas áreas de atuação, bem como sobre suas funções e competências. O catador de materiais recicláveis pode ser chamado, também, de catador de ferro velho, catador de papel e papelão, catador de sucatas, catador de vasilhames, enfardador de sucatas, separador de sucata e triador de sucata, (sendo as três últimas denominações referentes ao trabalho em cooperativas). Porém, apresentam objetivos similares como catar, separar, e vender materiais recicláveis como papel, papelão, plástico e vidro, bem como materiais ferrosos e não ferrosos e outros materiais.

Com o reconhecimento da profissão dos catadores de materiais recicláveis, pela Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, de 2002, a categoria passa a ter o direito de receber investimentos do Ministério do Trabalho e Emprego, sobretudo, no que concerne aos programas de qualificação profissional (ABREU, 2002).

2.4.2 Cooperativismo dos catadores de material reciclável

A rotina dos catadores de material reciclável é bastante cansativa. Em alguns casos, a carga diária de trabalho é superior a dezesseis horas por dia. Uma maneira de melhorar a situação destes profissionais é a formação de grupos ou cooperativas. O cooperativismo designa o conjunto de membros de um grupo econômico ou social de uma sociedade ou empresa que visa desempenhar em benefício comum uma determinada atividade econômica. Com esse tipo de associação — são 600 no Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente

—, é possível diminuir o tempo de coleta, aumentar o valor dos produtos e permitir mais segurança e higiene aos trabalhadores (SALES, 2010).

Segundo Luis Massilon, coordenador de projetos sociais do IDER (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis), ―Se eles se organizam em um grupo, conseguirão juntar uma quantidade maior de material e o comprador intermediário acaba

pagando melhor‖. A importância das cooperativas de catadores vai além do aumento no ganho financeiro, ressalta André Vilhena, diretor-executivo da associação CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem). ―Há uma maior proteção social, um respeito

(30)

são mantidos de maneira mais adequada. E, quando se melhora a condição da mercadoria, o

preço aumenta‖, comenta (BEDINELLI, 2006).

Ainda segundo Luis Massilon, a IDER, é uma instituição que promove a capacitação para 60 catadores de lixo reciclável de Fortaleza, chamada Lixo é Cidadania. No curso, os participantes aprendem métodos e técnicas de coleta seletiva, para saber como organizar o material sem danificá-lo, e são estimulados a montar cooperativas. ―Mostramos para eles que, se trabalharem de uma forma organizada, o resultado financeiro é maior‖, diz (BEDINELLI,

2006).

2.5 Visão Econômica e Ecológica nos Canais Reversos de Pós-Consumo

O objetivo econômico da implementação da logística reversa de pós-consumo é motivado pela obtenção de resultados financeiros por meio de economias obtidas nas operações industriais, principalmente pelo aproveitamento de matérias-primas secundárias, provenientes dos canais reversos de reciclagem. Preços menores de matérias-primas secundárias ou recicladas reintegradas ao ciclo produtivo, reduções nos consumos de insumos energéticos de processo e de diferenciais de investimento normalmente exigidos nas operações de utilização de matérias-primas secundárias em relação às primárias permitem às empresas e aos setores correspondentes obter economias financeiras significativas (LEITE, 2003).

Fleury et al. (2003), elencam a redução de custos como importante justificativa para

que as empresas tomem iniciativas relacionadas à logística reversa, uma vez que economias com o reaproveitamento de materiais para a produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas.

(31)

fábricas de matérias-primas primárias, tornando-se, portanto, fonte de economia de custos importantes.

A sociedade tem se preocupado cada vez mais com os diversos aspectos do equilíbrio ecológico. O aumento da velocidade do descarte dos produtos, após seu primeiro uso, motivado pelo aumento da descartabilidade, não encontrando canais de distribuição reversos adequados, provoca o desequilíbrio entre as quantidades descartadas e reaproveitadas, gerando graves problemas ambientais urbanos, refletidos pela alta disposição de lixo nos

―lixões‖ (LEITE, 2003).

Ainda de acordo com Leite (2003), esse crescimento de sensibilidade ecológica tem sido acompanhado por ações de empresas e governos, visando amenizar os efeitos mais evidentes dos impactos ecológicos. Além das possíveis oportunidades econômicas oriundas

desses ―reaproveitamentos‖, a questão da preservação ecológica servirá também ao beneficio de imagem corporativa às organizações.

Segundo Barbieri e Dias (2003, apud GONÇALVES-DIAS, 2006), a logística reversa

é concebida como um instrumento de produção e consumo sustentável, sendo vista como um novo paradigma na cadeia produtiva, devido ao fato de reduzir a exploração de recursos naturais em função do reaproveitamento de materiais anteriormente já utilizados (reciclagem), além de reduzir o volume de material descartado no meio ambiente sob forma de poluição.

Ainda segundo Barbieri e Dias (2002, apud PIASSI, 2008), a questão ambiental

também é um importante incentivo à logística reversa. Não faz sentido pensar em processos de produção e consumo sem considerar os impactos que estes produzem no meio ambiente. Entre estes problemas estão os resíduos de produção, que cada vez mais são compostos por restos de embalagens e de produtos industrializados.

Para o papel, foco do presente trabalho, este é um material biodegradável e orgânico que, quando exposto de forma direta na natureza, possui tempo de decomposição de um a três meses. Contudo, quando este material é depositado em aterros com pouca umidade, o processo de degradação se torna lento, chegando a demorar até um ano (MEIRA, 2002).

2.6 Inibidores da Implantação da Logística Reversa

(32)

impossibilitando que aqueles elementos retornem ao ciclo produtivo. Destacam-se seis categorias de inibidores que podem influir diferentemente em cadeias reversas de pós-venda ou de pós-consumo que dificultaram o processo reverso: conhecimento, legislação, projeto do produto, cultura empresarial e social, organização logística e riscos diversos (LEITE, 2009).

Segundo Leite (2009), o conhecimento de mercado de aplicação da logística reversa, o mapeamento do fluxo de processos envolvidos nos canais de distribuição reversos, as informações relativas aos produtos e embalagens, a tecnologia embargada em todo o processo e os indicadores de qualidade dos materiais reaproveitados são inibidores de uma implantação concisa da Logística Reversa.

Aliado a isso, ainda segundo Leite (2009), os aspectos relativos à legislação, ou seja, o nível de intervenção dos governos nas atividades de logística reversa compõe ainda uma dificuldade. A legislação tributária influi negativamente nas cadeias reversas, na medida em que não privilegia as atividades de reaproveitamento dos bens, bem como a falta de incentivos para a aquisição de produtos e materiais reaproveitados, tanto por parte do governo como para as empresas.

Leite (2009) ainda discorre sobre os problemas no projeto de produtos e serviços. Não há a preocupação com o impacto dos componentes dos produtos no meio ambiente, além de problemas relacionados à desmontagem e reciclagem – dificuldades em desmontar e separar seus componentes, mistura de materiais de diversas naturezas em sua constituição, entre outros aspectos, eleva os custos de reaproveitamento e reduzem a eficiência da cadeia de retorno.

Outro fator que dificulta o processo de implantação de logística reversa no país, ainda segundo Leite (2009), é a cultura empresarial e social. As preocupações empresariais sobre a gestão ambiental e a qualidade são aspectos inerentes às empresas que já passaram por um processo de conscientização do ganho estratégico advindo do processo de logística reversa. Além disso, um dos aspectos fundamentais para a eficiência da cadeia reversa é o conhecimento, que permitirá o entendimento das dimensões dos efeitos da conduta não-sustentável da empresa e da sociedade em geral.

(33)

de serviços especializados. Outro aspecto importante é a identificação de onde e como coletar de forma eficiente essas mercadorias. Torna-se importante, desta maneira, conhecer e rastrear os produtos de forma a identificar suas fontes para o eficiente planejamento da rede Logística Reversa.

E, como último fator inibidor, Leite (2009) discorre sobre os riscos à imagem e reputação das empresas. O correto equacionamento do retorno dos produtos no momento certo e de forma adequada evitará o uso indevido de suas embalagens, de seu produto e sua marca, bem como eliminar a disruptura de mercados – mercados secundários de produtos reaproveitados podem conduzir a modificações de hábitos de consumo, podendo se tornar concorrentes inesperados aos agentes de produtos originais.

2.7 Logística Reversa no Brasil e no Mundo

Ganhos empresariais relacionados ao custo do produto, imagem da empresa, fidelização do cliente e responsabilidade sócio-ambiental são algumas das vantagens que a logística reversa pode representar para as empresas.

Países que produzem e exportam bens de alto valor agregado têm de dar garantias a seus produtos e, com isso, planejar processos de logística reversa global. Por trás desse universo de idas e vindas está a Logística Reversa Internacional (LRI), termo agora em voga, mas já existente na prática há muito tempo, mesmo sem este nome. Todo o processo da logística reversa internacional é bem complexo, e quem o utiliza está sujeito a esperas e demoras, além de altas burocracias (AUGUSTO, 2010).

No Brasil, a grande maioria das empresas ainda se encontra despreparadas quanto à logística reversa, área ainda pouco explorada, mas que tende a crescer, não somente pelas leis ambientais cada vez mais restritivas, que obrigam fabricantes e consumidores ao descarte responsável dos produtos, como pelas já citadas vantagens competitivas que a atividade pode trazer (VICK, 2009).

Conforme pesquisas realizadas pelo Conselho de Logística Reversa do Brasil (2009), a logística reversa ainda engatinha no país. Entretanto, empresas que praticam a logística reversa justificam sua prática por enxergar como um diferencial competitivo.

(34)

parece que a logística reversa está associada mais a problemas de qualidade do produto ou dos serviços executados, e muito menos a problemas comerciais, como excesso de venda ou giro de produtos.

2.8 Processo Produtivo do Papel

O papel é um dos produtos mais consumidos no mundo e, há séculos, faz parte do cotidiano da humanidade. Como meio básico de educação e informação, o papel serve também a usos comerciais e residenciais, a exemplo das caixas para transporte de mercadorias e embalagens que protegem alimentos, além de uma variedade de produtos para higiene e limpeza (TELES, 2010).

Para suprir essa necessidade, é primordial a produção e consumo do papel dentro de padrões sustentáveis. No Brasil, todo o papel produzido tem origem nas florestas plantadas, um recurso renovável. Além disso, o papel é reciclável, ou seja, grande parte retorna ao ciclo produtivo após o consumo. Além dessas vantagens, a indústria avança com melhorias contínuas para uma produção mais limpa e de menor impacto (TELES, 2010).

O Brasil é um importante produtor mundial de papel e, além de abastecer o mercado doméstico, exporta produtos principalmente para países da América Latina, União Européia e América do Norte (TELES, 2010).

A matéria-prima básica da indústria papeleira é a celulose, obtida pelo beneficiamento da madeira e, também, de aparas de papel geradas durante o processo industrial ou recuperadas após o consumo dos produtos, além de outros materiais fibrosos (TELES, 2010).

Conforme o tipo de papel a ser produzido, a celulose é submetida a tratamentos especiais antes de ser processada na fábrica de papel. Quando destinado à escrita, o papel precisa ser capaz de conferir à folha uma característica absorvente e áspera para o uso de caneta e lápis. No caso das embalagens, os principais objetivos são rigidez e resistência (TELES, 2010).

A celulose chega à fábrica de papel em placas. Em seguida, é misturada à água em equipamentos chamados hidrapulper – semelhantes a liquidificadores gigantes – para a

(35)

CORTE DE ARVORES

PRODUÇÃO DE PAPEL

COMERCIALIZAÇÃO – JORNAIS,

REVISTAS, CADERNOS ETC.

UTILIZAÇÃO DO MATERIAL PRODUZIDO

DESCARTE DE PAPEL DESTINAÇÃO DO

PAPEL

LIXO – DEVE SER EVITADO DESCARTE PARA

RECICLAGEM PROCESSO DE

RECICLAGEM

SIM

NÃO

Figura 2.4 – Ciclo Produtivo do Papel. Fonte: Autor (2011).

Essa massa, antes de seguir para a máquina de papel, pode sofrer transformações, como tingimentos, adição de colas e outros produtos que vão conferir características especiais ao papel. Pode também passar por processos que quebram as fibras em pedaços ainda menores, visando maior aderência, uniformidade e resistência da folha (TELES, 2010)

Quando chega à máquina de papel, a massa de celulose é submetida a duas etapas: uma úmida e outra seca. Na primeira delas, é formada a folha de papel: sobre uma tela, as fibras de celulose são separadas da água, resultando em uma espécie de tecido com pequenos fios trançados. Na segunda, a folha percorre um sistema de cilindros altamente aquecidos por vapor, para uma secagem complementar (TELES, 2010).

(36)

2.8.1 Canal Reverso de Pós-Consumo do Papel

Atualmente, a sociedade tem manifestado uma crescente sensibilidade ecológica no que se refere ao descarte de resíduos. Somado a isso, a possibilidade de geração de renda, tornou o canal de reciclagem cada vez mais visível, não só para o setor industrial, mas também para a população. O papel, foco deste trabalho, torna-se um elemento de destaque dentro do canal reverso de pós-consumo, mas especificamente com relação a sua reciclagem devido ao alto volume consumido diariamente.

Seja por razões ambientais, econômicas ou sociais, a reciclagem de resíduos sólidos é uma atividade crescente. A reciclagem envolve uma cadeia que começa na separação dos resíduos sólidos pelos cidadãos em suas residências, passando pela coleta, triagem e preparação do material recolhido que, em seguida, é encaminhado à indústria para que seja transformado em nova matéria-prima.

De acordo com Coelho (1994 apud MAGNUS, 2005), a reciclagem de resíduos é

definida como a recuperação e a conversão de materiais residuais em novos produtos. O objetivo global do processo de reciclagem consiste em reduzir a quantidade de materiais que entram na economia e que dela saem, evitando, assim, os custos ambientais de extração e do processamento de materiais virgens, e da remoção de detritos.

A reciclagem consiste no conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reintroduzi-los no ciclo de produção de que saíram. No processo de reciclagem do papel, as fibras celulósicas de papéis usados e as aparas são utilizadas para a produção de novos papéis. Tecnicamente, as fibras nele contidas poderão vir a substituir matérias primas fibrosas virgens (BUGAJER, 1988 apud MAGNUS, 2005).

Além de ser de origem renovável, o papel está entre os produtos que apresentam maior taxa de reciclagem no Brasil. No total, 46% de todos os papéis que circularam no País, em 2009, foram encaminhados à reciclagem pós-consumo (TELES, 2010).

No processo de fabricação do papel, as fábricas são abastecidas por uma rede de aparistas, cooperativas e outros fornecedores de papel pós-consumo que fazem a triagem, a classificação e o enfardamento do material. A cadeia produtiva que envolve a atividade gera empregos e renda, movimentando a economia (TELES, 2010).

(37)

de consumo. Além disso, a recuperação do material após o consumo ajuda a diminuir o volume de detritos a ser descartado em lixões e aterros sanitários já saturados. Pelo alto poder calorífico, o papel ainda pode ser utilizado na reciclagem energética (TELES, 2010).

Dentro dos tipos de papel que são recicláveis estão: caixas de papelão, jornais, revistas, rascunhos, papel de fax e embalagens de longa-vida. Os que são considerados não recicláveis, excluindo-se a possibilidade de incineração com recuperação de energia, são: papel sanitário, papel carbono, fitas adesivas, etiquetas adesivas e fotografias. O papel é separado do lixo e vendido para sucateiros que enviam o material para depósitos. Ali o papel é enfardado em prensas e revendido (TELES, 2010).

2.9 Processo de Reciclagem de Papel

Ao chegar à fábrica, os fardos de papel descartado são misturados à água em um equipamento chamado hidrapulper – uma espécie de grande liquidificador –, formando uma

espécie de pasta de celulose. Em seguida, essa pasta passa por uma peneira para que sejam retiradas impurezas, como pedaços de papeis não desejáveis, fitas adesivas, plástico, arames e outros metais (TELES, 2010).

PAPEL PROCESSO DE RECICLAGEM DAS APARASSEPARAÇÃO

PREPARAÇÃO DA MISTURA - ÁGUA + PAPEL

PROCESSAMENTO PARA SEPARAÇÃO DAS FIBRAS SEPARAÇÃO DAS FIBRAS POR PENEIRAMENTO PROCESSO DE REMOÇÃO DE TINGIMENTO ADIÇÃO DE CELULOSE COM FIBRAS SECUNDÁRIAS REFINAMENTO ADIÇÃO DE FIBRAS VIRGENS PROCESSO DE COLORAÇÃO

Figura 2.5 – Processo de Reciclagem do Papel. Fonte: Nascimento et al(2005).

(38)

equipamentos – chamados refinadores –, a pasta é processada para que as fibras que formam a celulose se abram um pouco mais, melhorando a ligação entre elas, o que garante mais resistência. Finalmente a pasta é branqueada e segue para as máquinas de fazer papel (TELES, 2010).

Conforme sua utilidade final, o papel reciclado recebe diferentes tratamentos que permitem melhor absorção de tinta na impressão, bem como lisura, resistência e cor adequada. No caso de embalagens, o papel é refinado e associado a outros materiais para ter mais resistência. A superfície externa de caixas de papelão é feita com fibras virgens, mais fortes. As fibras recicladas são mais empregadas no forro e miolo que compõem a camada interior do papelão (TELES, 2010).

2.10 Aspectos Econômicos do Canal Reverso de Pós-Consumo do Papel

O objetivo econômico da implementação da logística reversa no setor de papel é alcançar resultados financeiros por meio de economias obtidas nas operações industriais, principalmente, pelo aproveitamento de matérias-primas secundárias, que, neste caso, seriam as fibras celulósicas não virgens, ou seja, que já foram utilizadas para fabricação de papel e serão reutilizadas.

Segundo Leite (2003), o preço do papel reciclado será formado pelo encadeamento de suas diversas etapas de comercialização ao longo de sua cadeia reversa:

 Etapa de coleta:

Custo da coleta (Cc) = custo de posse (Cp) + Custo de beneficiamento inicial (Cb)

Preço de venda ao sucateiro = Cc + Lucro do coletor (Lc)

 Etapa do sucateiro:

Custo para o sucateiro = Cc + Lc + custo próprio (Cs)

Preço de venda do sucateiro = Cc + Lc + Cs + lucro do sucateiro (Ls)

 Etapa da reciclagem:

Custo do reciclador = Cc + Lc + Cs + Ls + Custo próprio (Cr)

(39)

Entende-se que, na etapa de coleta, existam pessoas responsáveis pela coleta de papel (catadores), havendo, portanto, um custo por posse desse papel e outro pelo beneficiamento, que seria uma primeira seleção do papel por parte dos catadores. Na etapa de sucateiro, que são os intermediadores que compram o papel usado e o vendem para as indústrias de reciclagem em forma de aparas, além dos custos da etapa de coleta, há os custos dos sucateiros (armazenagem, instalações etc.) e os lucros de ambas as etapas.

Na etapa de reciclagem tem-se o preço final do material reciclado, pois há a soma dos custos citados anteriormente com os custos de reciclagem e, também, somam-se os lucros dos diversos agentes que intervém nas etapas do canal reverso, inclusive, o lucro de venda desse material (LEITE, 2003).

Outro fator relevante, ainda de acordo com Leite (2003), é o custo de transporte das aparas dos sucateiros até a reciclagem, pois, dependendo da distância, pode não ser viável a compra desses fornecedores, uma vez que aumentarão o custo final de produção do papel reciclado.

Para materiais comercialmente recicláveis e em condições normais de mercado, o preço do material reciclado deve-se manter abaixo da matéria-prima que o substitui, permitindo interesse em sua utilização (PENMAN e STOCK, 1995 apud MAGNUS, 2005).

Pode ser observada a economia de variadas fontes de energia (elétrica, térmica etc.) uma vez que essa energia já foi gasta na produção de papel a partir de fibras virgens. Outra economia seria dos componentes necessários para produção de papel virgem como, por exemplo, uso de produtos químicos para a polpação e branqueamento da polpa celulósica, que não serão utilizados novamente para produção de papel reciclado que utiliza a água como principal insumo para sua produção. Tem-se, também, a economia referente aos investimentos feitos em fábricas de papéis virgens e em fábricas de papéis reciclados, pois o processamento do papel reciclado se mostra menos complexo, necessitando, portanto, de menores investimentos.

2.11 Canal Reverso de Pós-Consumo no estado do Ceará

(40)

baterias, lâmpadas, eletrônicos e óleos lubrificantes. A lei se refere a todo tipo de resíduo, seja doméstico ou industrial (HOLANDA, 2010).

Conforme afirma Calderoni (2010 apud CASTRO, 2010), presidente do Instituto

Brasil Ambiente – que presta consultoria a governos e empresas na área de resíduos sólidos, no cenário de escassez de recursos naturais, cresce a importância de um nicho de mercado: a indústria de reciclagem. Para além do lucro financeiro, a reutilização de insumos é capaz de

garantir o futuro do Planeta. ―O lixo é, na verdade, um conjunto de matérias-primas de alto

valor econômico‖, resume o economista e advogado.

Ainda segundo os cálculos de Calderoni (2010 apud CASTRO, 2010), o Brasil

descarta, por dia, algo aproximadamente em torno de 190 mil toneladas de lixo doméstico e 270 mil toneladas de entulho que poderiam gerar uma riqueza anual de US$ 10 bilhões se fossem reciclados. Com esse volume de material descartado, o Brasil poderia economizar de 62% a 71% ano total de matéria-prima consumida atualmente.

Visando esse enorme potencial, algumas empresas têm investido em processos de logísticos reversos, obtendo ganhos satisfatórios. Exemplo disso são empresas do setor de construção civil. Conhecida como uma das atividades mais degradadoras do meio ambiente, tanto pela demanda de insumos, quanto pela geração de resíduos, as construtoras estão utilizando entulhos e restos de outras obras como matéria-prima para as novas construções.

Em Fortaleza, a primeira obra de destaque com matéria-prima reciclada foi um conjunto habitacional, com 20 unidades, construídas pela Prefeitura. Nele, foram usados os tijolos ecológicos que são encaixados como um jogo que deixa espaços pré-definidos para as instalações hidráulicas e elétricas, além de conferir conforto termo-acústico às construções e não necessitar acabamento (CRISPIM, 2009).

Outro projeto de sucesso foi o Programa Ecoelce, programa da Companhia Energética do Ceará (Coelce). Nele, os clientes da empresa são orientados a separar e juntar todos os produtos recicláveis (plástico, papel, metal, vidro etc.) e levar aos postos de coleta da Coelce, onde serão pesados. De acordo com o peso, são concedidos descontos na conta de energia do cliente (SALES, 2010).

―O setor de reciclagem possui grande potencial de expansão para as empresas que já

atuam no mercado, assim como para a criação de novos micros e pequenas empresas com

(41)

presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais no estado do Ceará (CASTRO, 2010).

2.12 Canal Reverso de Pós-Consumo do Papel no estado do Ceará

O papel offset pertence à categoria de papéis de imprimir e, atualmente, representa o

tipo de papel mais produzido no país. Sendo um dos produtos mais utilizados pela sociedade em seu dia a dia, este gera grandes impactos ambientais devido ao grande volume de material descartado diariamente. Somado à precariedade do sistema de coleta seletiva, ou completa inexistência dele na maior parte do país, as conseqüências do descarte incorreto de papel podem ser visto claramente nas ruas e avenidas da cidade.

Servido como fonte de renda dos catadores de materiais recicláveis, o papel como um bem passível de reciclagem, tem o seu fluxo logístico reverso de pós-consumo regrado da seguinte maneira: o processo inicia-se com a coleta do material disponível junto à comunidade, aos estabelecimentos ou empresas; de posse do material, este é então separado dos demais resíduos (plástico, vidro, ferrosos e não-ferrosos) e qualidade (papel branco, papel de arquivo, papelão, etc.) para, então, ser enfardado; o próximo passo é preparar o material para a comercialização (o papel será prensado e amarrado em fardos, de forma a facilitar o seu transporte); a última etapa do processo é a comercialização do material coletado – isso poderá ser feito nas associações de catadores ou diretamente com o próprio comprador do material – para isso, o material é pesado e é realizado o pagamento ao catador, finalizando assim o processo (FERREIRA, 2005).

Em Fortaleza, a empresa responsável pela coleta de lixo é a EMLURB – Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização. Responsável pelo recolhimento de todos os detritos da cidade, a EMLURB faz a disposição dos materiais nos aterros sanitários do município, sendo o principal deste o do Jangurussu. Os catadores de material reciclável do Jangurussu criaram uma associação denominada ASCAJAN – Associação dos Catadores do Jangurussu, considerada a mais influente e bem estruturada associação de catadores de Fortaleza.

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A ASCAJAN, por sua vez, de posse do material coletado por seus associados, realiza a comercialização deste, repassando os itens coletados a empresas específicas em função do tipo de material a ser comercializado. No caso do papel, em Fortaleza, existe o Sindicato das Indústrias do Papel, Papelão, Celulose e Embalagens em Geral do estado do Ceará –

(43)

CAPÍTULO 3 – PESQUISA-AÇÃO

3.1. Local de Realização do Trabalho

A pesquisa foi realizada no Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção, pertencente ao Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. No período de realização da pesquisa, o DEMP era composto por vinte e oito funcionários, sendo vinte e cinco professores e três servidores, além de seiscentos e sessenta e um alunos de graduação: trezentos e doze do curso de Engenharia de Produção Mecânica e trezentos e quarenta e nove do curso de Engenharia Mecânica.

3.2. Realização da Pesquisa

Para o desenvolvimento da pesquisa, as seguintes atividades foram desenvolvidas, com o intuito de estabelecer um procedimento de estudo e realizar a coleta de dados.

A primeira dimensão da pesquisa refere-se à conscientização das pessoas envolvidas e o treinamento destas. Dessa forma, houve a necessidade de orientação dos professores e servidores a respeito do assunto abordado. Para isso, foram realizadas reuniões informativas sobre a pesquisa. Para que houvesse um controle dos indivíduos envolvidos, no ato do treinamento, estes assinaram uma lista de presença, de forma a se comprometerem com a realização da pesquisa e como forma de constatação de que aquele público fora treinado.

O treinamento dos servidores e professores foi realizado por meio de reunião informativa, com duração aproximada de dez minutos. Foram apresentados conceitos de logística, Logística Reversa, impactos ao meio ambiente gerado pelo descarte incorreto de recursos materiais, em específico, o descarte de papel. Ainda foi explanado o modo como a pesquisa seria feita, o modo de utilização das caixas coletoras e os potenciais ganhos econômicos e ambientais advindos dessa prática.

Para a realização do treinamento, foi utilizado como material base a Carta de Treinamento dos Professores e Servidores, constante no apêndice A do presente trabalho, como forma de orientação da metodologia utilizada na pesquisa, os objetivos da realização da mesma, o seu prazo de realização e os períodos de coleta do material descartado.

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professores e três servidores do DEMP. Cada um destes recebeu uma caixa coletora em suas salas e às alimentaram com o papel pós-consumido. Em intervalos de tempo de oito dias, o pesquisador recolheu esse material e o armazenou para análises do volume de papel descartado ao final de um mês. O volume de material descartado serviu de base para a realização do trabalho.

A terceira dimensão do trabalho diz respeito ao material utilizado para a realização do mesmo. Foram utilizadas caixas coletoras de papelão de dimensões 34 x 13 x 24 cm (Modelo A) e 70 x 25 x 30 cm (Modelo B), conforme Figura abaixo, instaladas junto às fontes de descarte de papel, numeradas e identificadas com os dados do pesquisador (nome, telefone, email e objetivos da pesquisa). Foram distribuídas 12 caixas, sendo 9 do Modelo A e 3 do Modelo B.

Figura 3.1 – Caixas coletoras A e B, respectivamente. Fonte: Autor (2011)

A quarta dimensão do trabalho diz respeito ao período de duração da pesquisa e do intervalo de tempo de realização da mesma. A pesquisa teve duração de oito semanas, sendo realizada nos meses de abril e maio do ano de 2011. Caso houvesse a necessidade de um maior número de dados, a pesquisa poderia ser estendida por um período de mais duas semanas. A coleta do material descartado foi realizada em todas as segundas-feiras ou quando as caixas coletoras estavam cheias – a solicitação dessa coleta era feita ao pesquisador por meio de telefone ou email, dados estes constantes nas etiquetas de identificação das caixas.

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3.3. Análise dos dados

3.3.1. Coleta dos Dados

No ato de realização desse trabalho, o DEMP era formado por vinte e oito funcionários, sendo três servidores e vinte e cinco professores. Doze funcionários (nove professores e três servidores) comprometeram-se com a realização da pesquisa, representando uma amostra representativa de 42,85%. A aplicação da pesquisa teve inicio em 06 de abril de 2011, quando foi feita a entrega das caixas coletoras, bem como o treinamento de professores e servidores.

3.3.2. Tratamento e Análise dos Dados

Para efeito de pesquisa, a primeira leitura de dados foi desprezada, uma vez que o objetivo da pesquisa é o descarte médio semanal de papel pelo Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção da Universidade Federal do Ceará. Analisando esse material, foi constatado que este é composto, em sua maior parte, de documentos e arquivos antigos guardados nas salas dos professores, Coordenação e Departamento, sendo descartados agora em função da realização da pesquisa. Para a realização do trabalho, os dados coletados foram classificados de acordo com a fonte geradora do descarte, sendo: o papel descartado pelo Departamento, formado pela máquina fotocopiadora e pela secretaria do DEMP, pelas coordenações dos cursos de Engenharia Mecânica e de Engenharia de Produção Mecânica e pelos professores. Os dados são mostrados a seguir.

Tabela 3.1 – Papel descartado pelo Departamento – Fotocopiadora e Secretaria do Departamento

Coletas

Quantidade (g) 869,14 922,08 943,54 1.033,92 1.035,96 1.036,24 1.060,20 1.147,17

Imagem

Figura 2.1 – Fluxo da Logística Reversa – Área de atuação e etapas reversas. Fonte: Leite (2002)
Figura 2.2  –  Canais de distribuição reversos de ciclo aberto. Fonte: Gontijo et al (2009)
Figura 2.3 – Canais de distribuição reversos de ciclo aberto. Fonte: Gontijo et al (2009)
Figura 2.4  –  Ciclo Produtivo do Papel. Fonte: Autor (2011).
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Referências

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