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Repositório Institucional UFC: Nível de divulgação de itens obrigatórios pela Lei nº 6404/76 e recomendados pela CVM por meio do Parecer de Orientação 15/87 no relatório da administração das empresas listadas nos níveis diferenciados de governança corpora

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Universidade Federal do Ceará 

Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

 

Departamento de Contabilidade

 

Curso de Ciências Contábeis

   

               

Nível de divulgação de itens obrigatórios pela Lei nº 6404/76 e recomendados

pela CVM por meio do Parecer de Orientação 15/87 no relatório da

administração das empresas listadas nos níveis diferenciados de governança

corporativa da Bovespa em 2013. 

 

         

Janayna Bruno dos Santos

 

Editinete Andrade Rocha Garcia

   

   

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SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO ... 4 

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 5  

2.1 Lei 6404/76 e o Parecer de Orientação n° 15/87 ... 5 

2.2 Governança corporativa e níveis diferenciados de governança no BM&FBOVESPA... 7 

2.3 Evidenciação Contábil e o relatório da administração... 8 

3 METODOLOGIA... 10  

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS... 12 

4.1 Divulgação obrigatória... 12 

4.2 Divulgação recomendada... 14 

5 CONCLUSÃO... 16 

REFERÊNCIAS... 17   

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RESUMO 

O Relatório da Administração faz parte do conjunto de relatórios que as empresas divulgam aos seus stakeholders e tem o objetivo de informar de forma descritiva a situação

econômica, financeira e patrimonial das empresas. O objetivo desse estudo é analisar o nível de divulgação de itens obrigatórios pela Lei nº 6404/76 e recomendados pela CVM por meio do Parecer de Orientação 15/87, no relatório da administração das empresas listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa em 2013. A pesquisa caracterizada por análise de conteúdo, por meio de análise documental e por abordagem qualitativa e quantitativa. Com base nas 100 maiores empresas do Brasil em 2013, relatório divulgado pela revista Exame, foram selecionadas 21 empresas brasileiras de capital aberto que estavam listadas na BM&FBovespa. Os resultados da pesquisa mostram que 67% das categorias obrigatórias são divulgadas e que as categorias recomendadas: “descrição dos negócios, produtos e serviços”; “investimentos e perspectivas” e “planos para o exercício em curso e os futuros” são as mais divulgadas, e, de forma geral as empresas divulgaram 61% das categorias recomendadas. Conclui-se que as empresas brasileiras de capital aberto precisam aprimorar suas divulgações para que sejam usadas como auxilio na tomada de decisões.

Palavras-chave:informações obrigatórias, informações recomendadas, parecer de orientação n. 15/87, Lei 6404/76, governança corporativa.

         

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1 INTRODUÇÃO 

Nos últimos anos, o Brasil entrou em uma linha crescente de mudanças econômicas, culturais e financeiras e a contabilidade foi impactada diretamente por essa onda de mudanças, de forma a acompanhar as exigências do mercado requeridas pelos stakeholders. A

contabilidade assumiu o desafio de aumentar a qualidade das informações contábeis e de ter capacidade de atender aos diferentes grupos interessados nas informações contábeis, que, nem sempre, possuem o mesmo objetivo.  

Após a Lei 11638 de 2007, a contabilidade avançou pelo processo de convergência para as Normas Internacionais de Contabilidade, por meio de normativos contábeis emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Este comitê é responsável por estudo, preparo e emissão de Pronunciamentos Técnicos Contábeis, a fim de que as entidades reguladoras possam emitir as devidas regulamentações (Brasil. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE.)  

Além da adoção no Brasil das Normas Internacionais de Contabilidade, também houve a sanção da Lei nº 11638/07, que concedeu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o direito de instituir normas contábeis no Brasil, contanto que tais normas estivessem de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade, resultando em avanço na convergência das normas contábeis. 

A informação ao acionista é o principal objetivo dos relatórios emitidos pela Administração de empresas, por meio das demonstrações financeiras e do relatório da administração. Mackenzie et al (2013, p. 28) definem que o propósito geral das demonstrações contábeis 

É fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essas informações que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade.  

Sendo assim, é presenciado no mercado uma crescente relação entre o mercado de capitais e a contabilidade. 

O Relatório da Administração e as notas explicativas são instrumentos compulsórios de divulgação de acordo com o § 4º do art. 176 e inciso I do art. 133 da Lei nº 6404/76. Adicionalmente, a CVM publicou o Parecer de Orientação nº. 15/87, de 28 de dezembro de 1987, com o objetivo de orientar as companhias abertas e os auditores independentes na elaboração e publicação das Demonstrações Contábeis, Relatório da Administração e Parecer de Auditoria.  

O Relatório da Administração é uma das peças do conjunto de informações econômicas financeiras que as empresas devem divulgar aos seus usuários. A finalidade é auxiliar aos usuários das demonstrações na tomada de decisões e, para isso, são apresentados dados como negócio, produtos, serviços, políticas de investimentos e planos futuros. (KRAUTER, 2006). Uma característica relevante do relatório de administração é o fato de ser menos técnico, o que facilita a compreensão dos usuários menos experientes. (IUDÍCIBUS ET AL, 2010, p. 719)  

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diferenciados de governança corporativa da Bovespa no ano de 2013. A população foi definida, pois se acredita que as empresas classificadas nos níveis diferenciados de governança corporativa estão comprometidas a fornecer um melhor grau de evidenciação. 

Em 2001, o mercado de capitais brasileiro passou por uma crise que ocasionou a redução de empresas listadas na BM&FBovespa. Conforme portal do investidor, as empresas listadas caíram de 550 empresas em 1996 para 440 em 2001. Além disso, muitas empresas fecharam capital e poucas abriram nesse período.  

Com o objetivo de recuperar o mercado de capitais, a Bovespa criou os segmentos de mercado, nos quais as empresas voluntariamente se comprometem em adotar as boas práticas de governança corporativa. O intuito foi proteger aos acionistas minoritário, pois o mercado de capitais é influenciado positivamente pelo grau de segurança e qualidade das informações prestadas pelas empresas.  

O estudo justifica-se por existir poucas pesquisas realizadas nessa temática, Relatório da Administração e níveis de governança corporativa, as últimas pesquisas identificadas nessa temática foram em 2005 e 2008. As pesquisas realizadas em anos anteriores tiveram como foco os relatórios das empresas divulgados no ano de 2004. Nesses estudos foram examinados os itens de maior evidenciação dos Relatórios da Administração das empresas participantes nos níveis diferenciados de governança da Bovespa, classificados em obrigatórios pela Lei nº 6.404/76 ou recomendados pela CVM através do Parecer de Orientação nº 15/87. Adicionalmente, foram analisadas as responsabilidades sociais e a governança corporativa para todas as empresas, este último não será objetivo desse estudo. (VASCONCELOS; BEUREN; HEIN, 2007). Outro estudo também realizado com dados de 2004 utilizando-se como base a mesma temática foi realizado por Elizabeth Krauter em 2006. 

O relatório da administração foi tema de outros estudos como Boff, Beuren e Hein em 2008, no qual se analisou o relatório da administração em empresas familiares para os itens de recursos humanos e proteção do meio ambiente, inclusos no Parecer de Orientação (PO) n° 15/87. Em estudo realizado por Igarashi, Silva e Oliveira (2009) se analisou a divulgação dos itens requeridos pelo PO n° 15/87 no relatório da administração das empresas no ramo de alimentos. 

Levando-se em consideração que houve grandes mudanças nas práticas contábeis, aumento do nível de exigência dos stakeholders, evolução do mercado de capitais, mudança

no cenário econômico, cultural e financeiro, aumento do número de empresas aderindo aos níveis diferenciados da Bovespa faz-se necessário uma nova análise dos níveis de divulgação de itens obrigatórios pela Lei nº 6404/76 e recomendados pela CVM por meio do Parecer de Orientação 15/87 no relatório da administração. O Relatório da Administração também é utilizado para tomada de decisão pelos investidores, sendo necessário que as informações sejam transparentes e relevantes. 

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 Lei 6404/76 e o Parecer de Orientação n° 15/87

Na Lei 6404/76 prevê no Art. 133, inciso I, que os administradores devem comunicar aos seus acionistas o relatório da administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos ocorridos no exercício. Adicionalmente, é necessária a divulgação de aquisição de debêntures de emissão própria (art. 55, § 2º); política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos, constantes no acordo de acionistas (art. 118, § 5°); e modificações ocorridas no exercício nos investimentos em coligadas e controladas (art. 243). 

O Relatório da Administração é uma peça qualitativa e as suas informações dependem dos gestores de cada empresa e seu comprometimento com confiabilidade e transparência. Outro fator importante é o amadurecimento dos stakeholders que se faz necessário para que as

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723). Sendo assim, a CVM emitiu o parecer n. 15, de 28 de dezembro de 1987, no qual reforça que o Relatório da Administração é peça integrante e complementar das demonstrações contábeis e notas explicativas.

Conforme Parecer de Orientação n° 15/87, a CVM analisou no ano de emissão do Parecer de Orientação os relatórios de administração e identificou um número expressivo de empresas que apresentam informações sucintas. Conforme o mesmo parecer, A CVM determinou a republicação de 66 relatórios da administração por não atenderem aos requisitos da Lei 6404/76. De acordo com o Parecer de Orientação nº 15/87 da CVM, “A divulgação de informações úteis, fidedignas e detalhadas, que possibilitem o conhecimento da companhia e de seus objetivos e políticas, é um direito essencial do acionista.” 

A CVM definiu no Parecer de Orientação de n°15/87 alguns itens básicos de divulgação como recomendação de divulgação no relatório da administração, sendo:

Tabela1: Itens obrigatórios pela CVM 

a) descrição dos negócios, produtos e serviços

histórico das vendas físicas dos últimos dois anos e vendas em moeda de poder aquisitivo da data do encerramento do exercício social. Algumas empresas apresentam descrição e análise por segmento ou linha de produto, quando relevantes para a sua compreensão e avaliação;

b) comentários sobre a conjuntura econômica geral

concorrência nos mercados, atos governamentais e outros fatores exógenos relevantes sobre o desempenho da companhia;

c) recursos humanos

número de empregados no término dos dois últimos exercícios e "turnover" nos dois últimos anos, segmentação da mão-de-obra segundo a localização geográfica; nível educacional ou produto; investimento em treinamento; fundos de seguridade e outros planos sociais;

d) investimentos descrição dos principais investimentos realizados, objetivo, montantes e origens dos recursos alocados; e) pesquisa e

desenvolvimento

descrição sucinta dos projetos, recursos alocados, montantes aplicados e situação dos projetos.

f) novos produtos e

serviços descrição de novos produtos, serviços e expectativas a eles relativas; g) proteção ao

meio-ambiente descrição e objetivo dos investimentos efetuados e montante aplicado; h) reformulações

administrativas

descrição das mudanças administrativas, reorganizações societárias e programas de racionalização;

i) investimentos em controladas e coligadas

indicação dos investimentos efetuados e objetivos pretendidos com as inversões;

j) direitos dos acionistas e dados de mercado

políticas relativas à distribuição de direitos, desdobramentos e

grupamentos; valor patrimonial das por ação, negociação e cotação das ações em Bolsa de Valores;

k) perspectivas e planos para o exercício em curso e os futuros

poderá ser divulgada a expectativa da administração quanto ao exercício corrente, baseada em premissas e fundamentos

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l) Em se tratando de companhia de participações, o relatório deve contemplar as informações acima mencionadas, mesmo que de forma mais sintética, relativas às empresas investidas.

Fonte: Dados da pesquisa

Em estudo realizado por Dalmácio e Paulo (2004, p. 8), verificou-se que o relatório da administração “permite a evidenciação de informações sociais e os índices econômicos financeiros, maximizando as informações geradas pela empresa e atendendo aos interesses dos usuários externos”. Em contrapartida, em estudo realizado por Beuren e Gallon (2007), concluiu-se que a evidenciação, transparência e qualidade do relatório da administração encontram-se ligados ao atendimento das exigências legais, ou seja, as empresas brasileiras apresentaram nível relativamente baixo de evidenciação. 

As orientações emitidas pela CVM, cujo objetivo é divulgação de informação aos públicos interessados, em sua grande maioria, são facultativas e encorajadoras para os Administradores. Tais orientações restringem-se, principalmente, às Companhias que sofrem pressão do mercado de capitais, pois tendem a se evidenciar mais. (PONTE; OLIVEIRA, 2004). Em estudo realizado por Avelino; Matias; Borges (2012) foram analisados relatórios da administração de companhias abertas de construção civil e verificou-se que 60% das empresas atendem ao Parecer de Orientação n° 15/87 da CVM, sendo divulgado pelo menos sete dos onze itens sugeridos e também foi verificado que as empresas maiores divulgam mais informações. 

O Parecer de Orientação n° 15/87 da CVM define a importância do relatório da administração, sendo: 

A divulgação de informações úteis, fidedignas e detalhadas, que possibilitem o conhecimento da companhia e de seus objetivos e políticas, é um direito essencial do acionista. O relatório de administração não pode ser excluído dessa premissa, assim, tanto a falta de informações quanto a inclusão de estudos e fatos genéricos que não dizem respeito à situação particular da companhia constituem desatendimento ao interesse e ao direito do investidor.  

A CVM ressalta que os itens recomendados não inibem a Administração das Companhias de informar dados adicionais que possam incrementar o relatório da administração para seus acionistas. 

 

2.2 Governança corporativa e níveis diferenciados de governança no BM&FBOVESPA 

Nos últimos anos, o mercado encontra-se em busca das melhores práticas de governança corporativa, abrangendo a transparência da informações divulgadas, equidade e responsabilidade corporativa (KPMG, 2013). O modelo de gestão do mercado brasileiro vem evoluindo de empresas familiares com controle acionário concentrado, Conselho de Administração sem autonomia e sem poder de decisão para um novo modelo de empresa, marcadas pela participação de investidores institucionais, pulverização do controle acionário e com foco na eficiência econômica e transparência de gestão (AGUIAR, 2005). 

A Governança corporativa é incentivada pelo crescente nível de investimento estrangeiro no Brasil e aumento da abertura de capital das empresas. A informação é corroborada pelo estudo realizado por Dedonatto e Beuren (2010, p. 3). Ainda conforme Dedonatto e Beuren (2010), a Governança Corporativa possui o objetivo de proteger o interesse dos acionistas e minimizar o conflito com os stakeholders

A Governança corporativa (GC) está relacionada com o processo de gestão e tomada de decisão, sendo monitorada pelos stakeholders. Michelin e Hentz (2011, p. 3) entendem que

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são todas as ferramentas necessárias para que as informações sejam geridas de forma transparente e segura. 

Conforme o documento de recomendações da CVM sobre GC (2002), a CVM define Governança corporativa como sendo o “conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital.” Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (2012), 

Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade. 

Os princípios básicos que norteiam uma boa governança corporativa, conforme Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC são: a) direito dos acionistas – a estrutura de GC deve defender os direitos dos acionistas, como alienação ou transferência de ações, obterem informações oportunas sobre a empresa, participar dos lucros e dentre outros; b) equidade - caracteriza-se pelo tratamento justo e igualitário de todos os grupos minoritários, sejam do capital ou das demais partes interessadas (stakeholders), como

empregados, clientes, fornecedores ou credores; c) divulgação e transparência – os fatos relevantes das empresas como governança, participações acionárias, investimentos e alterações de estratégias importantes do negócios devem ser divulgados oportunamente e com segurança; d) responsabilidade do conselho – a empresa deve garantir orientação nas estratégias da empresas, fiscalização da diretoria executiva e prestação de conta perante aos acionistas.  

A BM&FBOVESPA utilizou-se da governança corporativa para desenvolver o mercado de capitais no Brasil. Conforme o site da Bovespa, os segmentos especiais de

listagem foram criados há mais de 10 anos, pois se notou a necessidade de segmentos diferenciados, de acordo com os perfis das empresas, para que o mercado de capitais pudesse se desenvolver. As empresas classificadas aderem de forma espontânea aos níveis diferenciados de segmentos e, após a sua inclusão, passam por exigências rígidas, além das legais, de governança corporativa. Conforme a BOVESPA, “as regras atraem os investidores. Ao assegurar direitos e garantias aos acionistas, bem como a divulgação de informações mais completas para controladores, gestores da companhia e participantes do mercado, o risco é reduzido.  

A adesão aos segmentos de listagem é voluntária pelas empresas, sendo a adesão realizada via contrato, pelo qual as empresas se comprometem com as boas práticas de governança corporativa. As empresas realizam adesão aos segmentos diferenciados da Bolsa por acreditarem que atraem investidores e aumentam a precificação das ações. Conforme Lima (2006), as boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade. 

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2.3 Evidenciação Contábil e o relatório da administração 

a) Evidenciação contábil 

As informações contábeis são elaboradas tendo como destinação principal os usuários externos das demonstrações financeiras. As palavras evidenciação e divulgação são muito utilizadas na contabilidade e no mercado de capitais, ainda mais nos últimos anos, devido às novas práticas contábeis. O dicionário Aurélio define evidenciar como tornar evidente, demonstrar, comprovar e destacar. São essas as palavras que os investidores buscam nas empresas e em seus relatórios. Aquino e Santana (1992, p. 1) afirmam que “evidenciação significa divulgação com clareza, divulgação em que se compreende de imediato o que está sendo comunicado. ” 

Com a finalidade de evitar problemas de obter informações no mercado de capitais e com o intuito de permitir melhor funcionamento do mesmo, criaram-se mecanismos, tanto internos quanto externos, para incentivar a divulgação das informações pelas empresas de capital aberto e obter um conhecimento e monitoramento dos atos dos gestores pelos

stakeholders. Desses mecanismos destaca-se a divulgação obrigatória, contida em leis e

normativos contábeis (KIRCH; LIMA; TERRA, 2012). De acordo com Carvalho et al. (2011, p. 2), “evidenciação contábil não é uma informação além das utilizadas, mas sim, uma forma de exibir que os demonstrativos sejam elaborados de forma clara e em linguagem inteligível”. 

A evidenciação encontra-se diretamente ligada com o objetivo da contabilidade de fornecer informações aos diferentes públicos (acionista, fornecedores, clientes, governo, investidores e outros). Conforme Carvalho et al (2011, p. 5), com o aumento do mercado de capitais e a necessidades de informações para a tomada de decisões, fez-se necessário a busca de relatórios de qualidade, com informações úteis e transparentes. A divulgação das informações financeiras possibilita ao usuário analisar o ambiente no qual a empresa encontra-se inserida. 

Em estudo recente realizado por Lima et al (2012, p. 16), concluiu-se que “o nível de divulgação de informações de uma entidade pode impactar as expectativas dos indivíduos e, consequentemente, o processo de avaliação de suas ações”. No estudo, é possível perceber a importância da evidenciação contábil na tomada de decisão, haja vista a valorização das ações de empresas e a redução no valor das ações das empresas que deixam de evidenciar. O estudo é mais uma evidência de como a contabilidade e sua evidenciação estão amplamente relacionadas com o mercado de capitais. 

 

b) Relatório da administração 

O Relatório da Administração no Brasil é exigido pela Lei nº 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas. As companhias abertas são orientadas e fiscalizadas pela Comissão dos Valores Mobiliários (CVM), sendo responsável pela orientação dos procedimentos a serem adotados na sua divulgação. Conforme Igarashi, Silva e Oliveira (2009, p. 2) “O documento denominado Relatório da Administração, em sua essência, tem o objetivo de informar de modo descritivo a situação econômica, financeira e patrimonial de uma entidade”. 

O Relatório da Administração possui como itens recomendados os do Parecer de Orientação nº 15/87 emitido pela CVM. Porém, em estudos realizados anteriormente, não fori identificada uma adesão completa aos itens recomendados pela CVM. Em estudo realizado por Gallon, Beuren e Hein (2006) os autores evidenciaram que as empresas apresentaram no relatório da administração sentenças do tipo declarativa e os autores questionam a efetividade desse tipo de evidência. Adicionalmente, as empresas possuem preocupação em evidenciar a imagem da empresa. 

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empresas analisadas não adaptaram suas evidenciações conforme solicitadas pela CVM. Em estudo realizado por Igarashi, Silva e Oliveira (2009), na mesma abordagem sobre análise do relatório da administração no segmento de alimentos, concluiu-se que vários itens contidos no PO n° 15/87 não foram citados nos relatórios da administração e outros, com baixa frequência. Os itens com maior divulgação são os itens compulsórios pela Lei 6404/76. 

O relatório da administração é tido como complemento às informações não repassadas claramente através das notas explicativas e números. É uma forma mais clara e menos formal para a Administração da empresa comunicar-se com o público. Conforme Lahm et al (2013), “O relatório tem por objetivo melhorar a qualidade das informações prestadas ao mercado e, desta forma busca demonstrar de maneira clara o desempenho da empresa e a postura da mesma, em relação à gestão e alocação de recursos”. O estudo foi realizado com uma pesquisa entre os estudantes de Ciências Contábeis e concluiu-se que 40% dos estudantes não tinham conhecimento sobre a existência do relatório da administração (RA), mas mesmo assim, a conclusão final do estudo demonstrou que o RA é de extrema importância para gestão das empresas.  

Para Avelino; Matias e Borges (2012), além das divulgações práticas de índices econômicos e financeiros, a Companhia possui estratégias e controles gerenciais, com o intuito de manter as atividades das empresas a longo prazo e, entre as peças anuais divulgadas, essas informações deviam constar no relatório de administração 

 

3 METODOLOGIA 

O estudo abrange uma população que possui ações negociadas em bolsa de valores, são listas nos segmentos diferenciados de mercado da Bovespa de forma voluntária, e possuem o mesmo grau de exigência de divulgação de acordo com sua classificação no segmento de listagem da Bovespa. Essas características da população são consideradas importantes e podem impactar no nível de divulgação das empresas para esse estudo.  

A população definida para o estudo são as empresas eleitas pela revista Exame como as 100 maiores empresas do Brasil - 2013. Inicialmente, na população, foram classificadas as empresas que são listadas na Bovespa e as não listadas, sendo assim, trinta e nove empresas estão listadas na Bovespa de uma população total de cem empresas. As empresas não listadas referem-se, principalmente, as que possuem capital estrangeiro ou são de origem estrangeira, como exemplo da Volkswagen, Fiat, Ford, Claro e entre outras. As empresas cadastradas na Bovespa estão distribuídas conforme os segmentos de listagem, veja Tabela 2. 

Tabela 2 - Número de empresas por segmento de listagem 

Segmentos de listagem  N° empresas

Novo mercado  13

Nível II  1

Nível I  7

Tradicional  18

Total  39

Fonte: Dados da pesquisa 

A pesquisa foi realizada com as empresas listadas nos segmentos de Novo mercado, Nível II e I de governança corporativa, visto que, tais empresas, de forma voluntária, aderem aos segmentos diferenciados de governança corporativa e, consequentemente, são exigidas divulgações em maior quantidade e melhor qualidade. As empresas listadas no modelo tradicional não fazem parte dessa pesquisa. No Quadro 1, são apresentadas as empresas pesquisadas.

Quadro 1 - Empresas listadas no segmento de Novo Mercado, Nível II e I de governança corporativa. 

Ranking - EXAME  Empresa Setor Segmento de listagem

3  Vale  Mineração N1 

11  Braskem  Química e Petroquímica N1 

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13  TIM  Telecomunicações NM

14  JBS  Bens de Consumo NM

17  BRF  Bens de Consumo NM

28  Usiminas  Siderurgia e Metalurgia N1 

29  Cosan CL  Atacado NM

32  Sabesp  Serviços NM

37  Embraer  Autoindústria NM

39  AES Eletropaulo Energia N2 

43  Cemig Distribuição Energia N1 

49  Gerdau Aços Longos Siderurgia e Metalurgia N1 

55  Oi  Telecomunicações N1 

60  Magazine Luiza Varejo NM

68  Natura  Bens de Consumo NM

80  Heringer  Química e Petroquímica NM

88  Cielo  Serviços NM

94  Paranapanema  Siderurgia e Metalurgia NM

97  Marfrig  Bens de Consumo NM

100  B2W  Varejo NM

Fonte: Dados da pesquisa 

Os relatórios da administração analisados referem-se ao exercício findo em 31 de dezembro de 2013. O presente estudo caracteriza-se como análise de conteúdo do relatório da administração, publicados, das empresas registradas na Bovespa. Conforme MORAES (1999): 

A análise de conteúdo constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum. 

Classificada como uma pesquisa documental e a abordagem do problema é qualitativa, devido a leitura e interpretação das mensagens dos textos e quantitativa, a partir da codificação e quantificação dos itens de evidenciação identificados. 

A coleta de dados foi dividida em duas partes, sendo a primeira para análise dos critérios estabelecidos pela Lei 6404/76 de caráter compulsório, conforme Quadro 2, e a segunda análise com base nos itens recomendados pelo Parecer de Orientação 15/87 da CVM, com exceção do item “l”, que, devido ao fato de ser muito generalizado, foi excluído da pesquisa. Os itens recomendados foram chamados de dimensão e foram desmembrados em categorias, considerando a descrição da CVM, conforme Quadro 3.

Quadro 2 - Categorias de divulgação obrigatória, conforme Lei 6404/76. 

Siglas  Categorias

OB1  Comunicar aos seus acionistas o relatório da administração sobre os negócios sociais e os principais fatos administrativos ocorridos no exercício.  OB2  Aquisição de debêntures de emissão própria

OB3  Política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos, constantes no acordo de acionistas 

OB4  Modificações ocorridas no exercício nos investimentos em coligadas e controladas 

Fonte: Dados da pesquisa

 

Quadro 3 - Dimensão e categorias recomendados pelo Parecer de Orientação (PO) 15/87 

Dimensões - PO n° 15/87  Categorias  Siglas 

a) descrição dos negócios, produtos e serviços:  

Histórico das vendas físicas dos últimos dois anos. R01

Vendas em moeda de poder aquisitivo da data do encerramento do

(12)

Análise por segmento ou linha de produto, quando relevantes para

a sua compreensão e avaliação. R03

b) comentários sobre a conjuntura econômica geral: 

Concorrência nos mercados. R04

Atos governamentais e outros. R05

Fatores exógenos relevantes sobre o desempenho da companhia.  R06

c) recursos humanos:  

Número de empregados no término dos dois últimos exercícios.  R07

Turnover nos dois últimos anos. R08

Segmentação da mão-de-obra segundo a localização geográfica.  R09

Nível educacional ou produto. R10

Investimento em treinamento. R11

Fundos de seguridade e outros planos sociais. R12

d) investimentos: 

Descrição dos principais investimentos realizados. R13

Objetivos. R14

Montantes e origens dos recursos alocados. R15

e) pesquisa e desenvolvimento: 

Descrição sucinta dos projetos. R16

Recursos alocados. R17

Montantes aplicados. R18

Situação dos projetos. R19

f) novos produtos e serviços: 

Descrição de novos produtos. R20

Serviços e expectativas relativas aos novos produtos.  R21

g) proteção ao meio-ambiente: 

Descrição e objetivo dos investimentos efetuados. R22

Montante aplicado. R23

h) reformulações administrativas: 

Descrição das mudanças administrativas. R24

Reorganizações societárias. R25

Programas de racionalização. R26

i) investimentos em controladas e coligadas: 

Indicação dos investimentos efetuados. R27

Objetivos pretendidos com as inversões. R28

j) direitos dos acionistas e dados de mercado: 

Políticas relativas à distribuição de direitos, desdobramentos e

grupamentos. R29

Valor patrimonial das por ação, negociação e cotação das ações em

Bolsa de Valores. R30

k) perspectivas e planos para o exercício em curso e os futuros: 

Perspectivas e planos para o exercício em curso e os futuros. 

R31

Fonte: Dados da pesquisa 

As informações serão quantificadas com base em análise binária, adotado “1” para os itens divulgados no relatório da administração e “0” para os itens não divulgados. Para as dimensões “d”, “i” e “h” e as categorias “OB2” e “OB4” serão analisadas as demonstrações financeiras das empresas que não as divulgarem, com o intuito de definir se os itens são ou não aplicados. Para os itens não aplicados (NA), será deduzido na quantificação. Sendo assim, os percentuais serão calculados, utilizando-se os pontos adquiridos dividido pelos pontos possíveis deduzido dos não aplicáveis. Para os demais itens, foi considerado que sempre existem informações a serem fornecidas.  

Após a quantificação dos dados, os percentuais de divulgações são analisados por categoria para os obrigatórios e por dimensões para os recomendados. Com base nos levantamentos realizados, foi calculado a média e desvio padrão por segmento de listagem. 

 

4 ANÁLISES DOS RESULTADOS   

4.1 Divulgação obrigatória

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sendo apresentado o percentual de 38% de divulgação de todas as empresas pesquisadas. A categoria de menor divulgação refere-se às informações de distribuição de dividendos e destinação dos lucros. É curioso as empresas ainda não apresentarem essas informações em sua totalidade. O percentual de divulgação total pelas empresas pesquisadas foi de 67% das categorias. 

Tabela 3 - Conteúdo da evidenciação dos itens obrigatórios Lei 6404/76 

Categorias N° de pontos Percentual de divulgação 

OB1  21 100%

OB2  8 53%

OB3  8 38%

OB4  13 72%

TOTAL  50 67%

Fonte: Dados da pesquisa 

Na Tabela 4, são demonstrados os percentuais de divulgação das categorias obrigatórias de cada empresa e seus segmentos de listagem. Adicionalmente, foi calculado a média e desvio padrão dos percentuais de divulgação. O Novo mercado apresentou uma média de divulgação de 64% das categorias compulsórias, enquanto o Nível I apresentou média de 65%, 1% maior que o Novo mercado. O Nível II apresentou 100% de divulgação, mas apenas uma empresa da amostra pertencente a esse segmento. 

As empresas Cosan, Heringer, Marfrig, Eletropaulo e Cemig apresentaram 100% de divulgação das categorias compulsórias, as três primeiras estão classificadas no Novo mercado e as demais nos níveis II e I, respectivamente. As empresas Natura e Paranapanema foram as que menos divulgaram, sendo de 25% e 33%, respectivamente, ambas classificadas no Novo mercado. Em relação ao desvio padrão, o Novo mercado apresentou o maior percentual, sendo de 24%, em contrapartida ao Nível I com 17% de desvio padrão. 

Tabela 4 – Divulgação por empresas e segmentos de listagem 

Empresas  Percentual de divulgação  NOVO MERCADO 

TIM  67% 

JBS  50% 

BRF  50% 

COSAN  100% 

SABESP  75% 

EMBRAER  67% 

MAGAZINE LUIZA  50% 

NATURA  25% 

HERINGER  100% 

CIELO  67% 

PARAPANEMA  33% 

MARFRIG  100% 

B2W  50% 

MÉDIA NOVO MERCADO  64% 

DESVIO PADRÃO NOVO MERCADO 24% 

NÍVEL II 

ELETROPAULO  100% 

MÉDIA NÍVEL II  100% 

DESVIO NÍVEL II  0% 

NÍVEL I 

VALE S.A.  50% 

BRASKEM  67% 

PÃO DE AÇÚCAR  50% 

USIMINAS  50% 

CEMIG  100% 

GERDAU  67% 

(14)

MÉDIA NÍVEL I  65% 

DESVIO NÍVEL I  17% 

Fonte: Dados da pesquisa 

 

4.2 Divulgações recomendadas

As dimensões de divulgação foram segregadas em categorias com o intuito de obter maior precisão na qualificação e quantificação dos dados. No Quadro 4, são apresentados os dados consolidados das vinte e uma empresas pesquisadas. Adicionalmente, foi realizada comparação com o estudo realizado por Krauter em 2006, apenas para efeito informativo, visto que as populações foram adquiridas de formas diferentes, porém são empresas de capital aberto nos segmentos de listagem de Novo mercado, Nível II e I de governança corporativa.

Quadro 4 -Conteúdo da evidenciação das categorias recomendados. 

    Categorias Dimensões

DIMENSÕES CATEGORIAS TOTAL PERCENTUAL TOTAL  PERCENTUAL

a) descrição dos negócios, produtos e serviços:  

R01 13 62%

52  83% 

R02 21 100%

R03 18 86%

b) comentários sobre a conjuntura econômica geral: 

R04 17 81%

48  76% 

R05 10 48%

R06 21 100%

c) recursos humanos:  

R07 7 33%

39   

31% 

R08 0 0%

R09 1 5%

R10 3 14%

R11 15 71%

R12 13 62%

d) investimentos: 

R13 21 100%

61  97% 

R14 21 100%

R15 19 90%

e) pesquisa e desenvolvimento: 

R16 15 71%

42  50% 

R17 7 33%

R18 10 48%

R19 10 48%

f) novos produtos e serviços:  R20 13 62% 27  64% 

R21 14 67%

g) proteção ao meio-ambiente:  R22 15 71% 24  57% 

R23 9 43%

h) reformulações administrativas: 

R24 6 33%

27  48% 

R25 10 59%

R26 11 52%

i) investimentos em controladas e coligadas: 

R27 15 88% 30  88% 

R28 15 88%

j) direitos dos acionistas e dados de mercado: 

R29 11 52% 19  45% 

R30 8 38%

k) perspectivas e planos para o

exercício em curso e os futuros:  R31  19 90% 19  90% 

TOTAL    388  61%

Fonte: Dados da pesquisa 

(15)

de as populações não serem as mesmas. Apesar das empresas não terem sido selecionadas com os mesmos critérios, são companhias abertas com segmentos de listagem de governança corporativa Novo mercado, Nível II e I. É singular o fato de ainda existirem empresas que não divulgam essas informações ao mercado e seus acionistas. 

Para o item “b”, 76% das empresas comentaram sobre a sua conjuntura econômica geral, no estudo de Krauter (2006), 67% das empresas divulgaram esse item, sendo assim, um avanço de 11%. Nos relatórios da administração analisados, foi identificada uma necessidade das empresas de expressarem sua posição no mercado diante de um ano difícil, com baixo crescimento do mercado, produto interno bruto e aumento da inflação. Para o item “c”, recursos humanos, as empresas divulgaram 31%, sendo o menor item de divulgação pelas empresas. Em relação a “R08”, nenhuma das empresas analisadas divulgaram essa informação e apenas uma delas divulgou o “R09”. 

O item “d”, investimentos, 97% das empresas divulgaram em seus relatórios da administração, apenas duas empresas não informaram a categoria “R15”. Para o item “e”, pesquisa e desenvolvimentos, foram divulgados 50% dos itens recomendados, porém para esse item por dependerem das políticas das empresas, podem ser ausentes no período analisado. Para uma análise mais completa deste último é necessário um estudo aprofundado das empresas. No estudo realizado por Krauter (2006), os percentuais foram de 75% e 29%, respectivamente. 

64% das empresas apresentam descrição de novos produtos e serviços. O percentual é relevante, visto que a criação de novos produtos depende da Administração das empresas e análise da necessidade de lançamentos de novos produtos. Para o item “g”, as empresas divulgaram 57% e foi observado que a redução do percentual é impactada diretamente pela ausência de divulgação do “R23”, no qual 12 empresas não informaram os valores aplicados. No estudo realizado por Krauter (2006), os percentuais foram 29% para novos produtos e 33% para meio ambiente. 

Em relação aos itens “h” e “i”, para suas análises, foram ampliadas as demonstrações financeiras com o objetivo de obter precisão dos dados. Os percentuais foram de 48% e 88%, respectivamente, no estudo de Krauter (2006) os percentuais foram de 41% para o item “h” e 17% para “i”, sendo a principal evolução nos investimentos em controladas e coligadas.  

Para o item “j”, apenas 45% das empresas divulgaram direito dos acionistas e dados de mercado, apesar de a Lei 6404/76 exigir expressamente a política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos com base em acordo de acionistas. O item “k” foi apresentado por 90% das empresas pesquisadas. É curioso as empresas não apresentarem esse item em sua totalidade, visto que sempre existem informações a serem fornecidas a seus usuários. De forma geral, o percentual de divulgação dos itens recomendados pela CVM através do Parecer de Orientação 15/87 foi de 61%. 

Na Tabela 4, foi apresentado o somatório de todas as categorias por empresas, sendo 31 itens o total esperado de divulgações, por empresa pesquisa. Para o cálculo de percentuais foram considerados os itens não aplicados. 

Tabela 5 – Divulgação por empresa e segmento de listagem 

EMPRESAS  N° DE PONTOS PERCENTUAL

NOVO MERCADO   

TIM  24 77% 

JBS  21 68% 

BRF  19 68% 

COSAN  15 48% 

SABESP  22 71% 

EMBRAER  23 74% 

MAGAZINE LUIZA  13 42% 

NATURA  14 45% 

(16)

CIELO  14 45% 

PARAPANEMA  12 44% 

MARFRIG  21 68% 

B2W  20 65% 

MÉDIA NOVO MERCADO  18 59% 

DESVIO PADRÃO NOVO MERCADO 4 13% 

NÍVEL II   

ELETROPAULO  21 78% 

MÉDIA NÍVEL II  21 78% 

DESVIO PADRÃO NÍVEL II  0 0% 

NÍVEL I   

VALE S.A.  18 58% 

BRASKEM  24 77% 

PÃO DE AÇÚCAR  15 48% 

USIMINAS  17 55% 

CEMIG  25 81% 

GERDAU  15 56% 

OI  20 65% 

MÉDIA NÍVEL I  19 63% 

DESVIO PADRÃO NÍVEL I  4 11% 

TOTAL  388 61% 

MÉDIA TOTAL  18 61% 

DESVIO PADRÃO  4 13% 

FONTE: Dados da pesquisa. 

A Cemig, listada no segmento Nível I de governança corporativa, foi a empresa com maior quantidade de itens recomendados divulgados, sendo apenas 6 itens não divulgados, o percentual de divulgação foi de 81%. O Pão de Açúcar foi a empresa do segmento de listagem Nível I que menos divulgou os itens recomendados, sendo 48%. A empresa TIM foi a que mais divulgou no segmento de listagem de Novo mercado, sendo 77% de divulgação. As empresas registradas no Novo mercado com os menores percentual de divulgação foram Natura (45%), Heringer (48%), Cielo (45%), Parapanema (44%), Cosan (48%) e Magazine Luiza (42%). A Eletropaulo, única empresa na amostra cujo segmento de listagem é o Nível II, divulgou 78%. 

Os segmentos de listagem Novo mercado, Nível II e Nível I apresentaram média de divulgação de 59%, 78% e 63%, respectivamente. Em relação ao desvio padrão na totalidade de divulgação por segmento apresentarão um percentual de 13%, sendo menor do que o desvio padrão das categorias obrigatórias.  

  5 Conclusão 

Essa pesquisa objetivou analisar, por meio da técnica de análise de conteúdo, o nível de divulgação de itens, obrigatórios pela Lei 6404/76 e recomendados pela CVM por meio do Parecer de Orientação 15/87, no relatório da administração das empresas listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa em 2013. A pesquisa é limitada à análise do relatório da administração das empresas selecionadas, logo, os resultados não podem ser generalizados às demais empresas não investigadas, visto que o foco dessa pesquisa são empresas classificadas entre as 100 maiores empresas do Brasil em 2013, divulgado pela revista EXAME, cadastradas nos segmentos de mercado da Bovespa desse estudo. 

(17)

empresas Cosan, Heringer, Marfrig, Eletropaulo e Cemig apresentaram 100% de divulgação das categorias obrigatórias, sendo uma população de apenas 24%. 

As dimensões com maior divulgação foram as de “descrição dos negócios”, “produtos e serviços”; “investimentos e perspectivas” e “planos para o exercício em curso e os futuros”. As empresas analisadas estavam preocupadas em estratégias e manobras societárias que resultassem em recuperação da atividade e bons resultados após um ano considerado difícil. Nas empresas analisadas, houve diversas manobras societárias, como transação de compras de empresas para expandir as atividades, vendas de empresas para quitação de dívidas e redução de passivos, novas parcerias entre empresas para desenvolver atividades especificas entre outras transações encontradas nos relatórios. Podemos corroborar com o estudo realizado pela PricewaterhouseCoopers (PWC) onde o número de aquisições e fusões aumentou em 5,2% em relação ao ano de 2012, totalizando 811 transações em 2013. 

As dimensões recomendadas de recursos humanos e direito dos acionistas estão entre as menos evidenciadas, com percentuais de 31% e 45%, respectivamente. Com esses resultados leva-se a acreditar que as empresas não possuem como principal foco o repasse desse tipo de informação aos acionistas. Adicionalmente, com base nos dados apresentados, as empresas do nível I possuem mais estabilidade das informações repassadas e menor desvio padrão. 

De forma geral, as empresas demonstraram preocupação em apresentar a imagem da empresa, assim como, de divulgar a sua participação diferenciada nos segmentos de mercados e nível de governança corporativa. Os relatórios apresentaram informações prolixas e repetidas, como exemplo os dados da receita de vendas e EBITDA são apresentados em diversos momentos de formas diferentes, mas a mesma informação, ou seja, não acrescenta. 

Conforme estudo realizado por Krauter (2006), com base nos relatórios da administração de 2004, conclui-se que “As companhias abertas brasileiras ainda têm um longo caminho a trilhar até que seus Relatórios da Administração possam ser considerados importantes instrumentos de divulgação de informações”. O cenário atual é otimista, visto que

os stakeholders estão cada vez mais criteriosos quanto a análise das informações

disponibilizadas pelas empresas. Porém, reforçando a conclusão de Krauter, as empresas de capital aberto brasileiras precisam aprimorar suas divulgações para que sejam usadas como auxilio na tomada de decisões pelos acionistas. 

 

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Tabela 3 - Conteúdo da evidenciação dos itens obrigatórios Lei 6404/76  
Tabela 5 – Divulgação por empresa e segmento de listagem  

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