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Academic year: 2018

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XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB 2013) GT3 - Mediação, Circulação e Apropriação da Informação

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APROPRIAÇÃO SOCIAL DA INFORMAÇÃO NO DOMÍNIO PÚBLICO: COMPREENDENDO A QUESTÃO DO LIVRE ACESSO A CULTURA E DA INFORMAÇÃO CIENTÍFICA NA INTERNET E DISCUTINDO POLÍTICAS

CULTURAIS

Andre Pequeno dos Santos – ECA/USP Marco Antonio Almeida – USP

Resumo

O objetivo deste trabalho é discutir a questão da cultura livre a partir dos aspectos relativos ao domínio público. Fundamenta-se pela análise, observação e revisão de temas relacionados à problemática desta cultura livre, como, por exemplo, o papel da internet, da “pirataria”, do direito autoral, das licenças Creative Commons e das políticas culturais no ambiente digital. A difusão da internet a partir das questões culturais trouxe grandes benefícios à sociedade. O acesso aos mais variados bens culturais na internet, incrementado principalmente pela pirataria, configura o surgimento de públicos cada vez mais diversificados. Se sentindo acuada, a indústria cultural trabalha exaustivamente para limitar um mercado que historicamente vem se tornando cada vez mais restrito através das impositivas licenças baseadas no copyright. Ao discutir paralelamente o modelo Open Access, o tomando como ponto de referência no que diz respeito à publicidade da comunicação científica, este trabalho pretende discutir, examinar e analisar o potencial da cultura livre voltada às questões do domínio público, trazendo a tona os papeis desenvolvidos pelos mais variados atores no contexto da internet (bem como a própria internet como ambiente social), sejam eles usuários ou produtores, evidenciando a importância do direito autoral (principalmente visto pelo seu caráter público) como importante mecanismo de promoção cultural.

Palavras-chave: Livre Acesso. Internet. Direito Autoral. Conhecimento. Domínio Público. Cultura Livre

Abstract

The objective of this paper is to discuss the issue of free culture based on the aspects of the public domain. Is based on the analysis, observation and review of issues related to the problematic of this free culture, such as the role of the internet, piracy, copyright, Creative Commons licenses and cultural policy in the digital environment. The spread of the Internet from the cultural issues brought great benefits to society. Access to most varied cultural goods on the Internet, mainly by increased piracy, configures the emergence of increasingly diverse public. Feeling cornered, the cultural industry works exhaustively to limit a market that historically has become increasingly restricted through impositive licenses based on copyright. Taking the Open Access model as a reference point, this paper will discuss, examine and analyze the free culture potencial focused to the issues in the public domain, bringing up the roles developed by the most varied actors in the context of the internet (as well as the Internet itself as a social environment), whether users or producers, highlighting the importance of copyright (mostly seen by its public character) as an important mechanism for cultural promotion.

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1 INTRODUÇÃO

A invenção e consequente disseminação da internet enquanto meio de comunicação trouxe enormes avanços nos mais variados meios de ação social. Por seu dinamismo, agilidade, estruturação a partir do conceito de redes e uma enorme gama de aplicabilidade, pode-se afirmar que a internet se tornou um agente importante no desenvolvimento de atividades econômicas, políticas, educacionais, informacionais, culturais e sociais (CASTELLS, 1999). No plano cultural, tais práticas foram atualizadas, demonstrando que problemas relacionados aos custos de produção e distribuição, ao ficarem mais baratos, tornam possíveis o acesso mais ampliado a filmes, seriados, jogos, livros, revistas, fotos, pinturas, mapas etc. Para Anderson (2006), a internet tornou possível a ampliação da noção de estoque, contribuindo para a formação e exploração de nichos de um mercado cultural.

O grátis parece ser sintoma recorrente das oportunidades de acesso para os numerosos usuários da grande rede. Seja pelas vias legais de acesso ou por aquilo que se convencionou chamar de “pirataria”. Contudo, a “pirataria” fere rigorosas leis impostas pela indústria do copyright, estabelecendo violações por parte dos usuários nos direitos autorais de artistas, autores, desenvolvedores, produtores etc.

O direito autoral compreende uma importante questão na condição do tornar público e acessível os bens culturais diversos a partir do domínio público. Ao relacionar o direito autoral e a mercantilização da cultura, Ascensão (2006) discute a banalização do que é protegido e o estado de evolução do direito autoral que foge das práticas que deveriam valorizar o que Darnton (2010) trata como o bem público em relação ao lucro privado. O Open Access pode não surgir como modelo especifico de domínio publico, mas ao atribuir valor á questão do livre acesso introduz discussões importantes na valorização de iniciativas fundamentais para o desenvolvimento social, cultural e econômico baseados no conhecimento e na sua livre circulação.

Domínio público e o modelo Open Access surgem então como duas importantes alternativas (distintas entre si, entretanto, em certo ponto até complementares) que valorizam o aspecto livre do conhecimento, estabelecendo vínculos com o papel da internet enquanto ambiente que modificou as noções de espaço social e cultural a partir de conceitos distintos como a promoção, produção e utilização por parte dos seus mais variados atores.

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discussão sobre o papel das políticas culturais que reforcem a importância de uma cultura livre baseada nos valores do domínio público.

2 INTERNET, CULTURA DE REDE E PIRATARIA: PONTOS QUE INTRODUZEM AS QUESTÕES DO LIVRE ACESSO

A internet pode ser reconhecida hoje em dia como a grande protagonista das relações comunicacionais entre sujeitos e instituições. Sua relevância não é somente atribuída ao seu papel tecnológico, mas implica também em relações políticas, econômicas, educacionais, culturais e informacionais. Postman (1992) ao discutir a sua obra “Tecnopólio” pode não ter falado especificamente da internet, ter evidenciado os seus potenciais, principalmente os que dizem respeito aos seus desdobramentos culturais, mas sem dúvida, colaborou para trazer à tona a questão do impacto que as tecnologias podem causar nos meios culturais, modificando-os, configurando novas possibilidades, transformando e resignificando novos ambientes, hábitos e posturas.

Neste cenário favorável às novas possibilidades e significações, a “pirataria” acaba se tornando não apenas uma ação lesiva e desfavorável às práticas comerciais tradicionais. Trata-se de um ato simbólico que traduz o espírito público, livre e acessível da cultura. A “pirataria” retratada neste trabalho também entende as questões legais da ordem do direito autoral, mas o seu foco principal se encerra na sua capacidade de servir como importante movimento cultural. Para tanto, utiliza de ações perpetradas ao longo dos anos, pelos mais variados atores, em uma das mais tradicionais e lucrativas indústrias culturais: a da música. Uma breve recapitulação histórica permite compreender como o mercado fonográfico viveu seu apogeu simbolizado pela venda de milhões de discos entre os anos 60 e 80, e como, de repente, com a introdução da internet e de ferramentas tecnológicas oriundas dela, viu o lucro e a venda de discos diminuírem drasticamente, tendo a “pirataria” grande influência.

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3 DIREITO AUTORAL, COPYRIGHT, DOMÍNIO PÚBLICO E LICENÇAS CREATIVE COMMONS

As questões que envolvem o direito autoral são fundamentais para se compreender um importante movimento que cada vez mais ganha vez nos meios digitais, impulsionado principalmente pelo ímpeto devastador da “pirataria”: o movimento de livre acesso aos mais variados recursos e conteúdos culturais. Esta questão se dá a principio pelo fato que a “pirataria”, ao estabelecer a quebra dos direitos autorais e a violação da propriedade intelectual dos autores e produtores, introduz uma discussão em torno do atual estado das leis projetadas para proteção de uma obra.

Ao insistir no termo “mercantilização do direito cultural” Ascensão (2006) não pretendeu marginalizar ou muito menos negligenciar o papel dos detentores dos direitos no que diz respeito ao reconhecimento da sua obra (entendo principalmente a razão financeira a partir do copyright). Ele simplesmente atentou para um principio de banalização em que hoje praticamente tudo se torna produto passível de proteção. O autor, assim como Darnton (2010), reconhece a questão da propriedade como oportunidade de fomento e incentivo a produção cultural.

As atuais leis de direito autoral, contudo, impossibilitam este fomento e incentivo uma vez que impõem dificuldades no que diz respeito à publicidade cultural, ou seja, o fato de um determinado produto ser público, disponível para todos. O que se entende de forma geral hoje como sendo uma obra protegida pelo copyright, parte do prazo de sessenta anos contados a partir do dia 1º de janeiro subsequente a morte do autor.

Le Crosnier (2006) enfatiza o caráter público da obra cultural quando fala que “A cultura se alimenta de suas próprias práticas, mesmo que, à primeira vista, estas devorem as obras existentes. Isso foi sempre assim, e assim tem de continuar em prol da expansão e da democratização do conhecimento” (LE CROSNIER, 2006, p. 147).

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Alternativa interessante ao copyright e todas as questões estabelecidas pelos domínios do direito autoral, as licenças Creative Commons se configuram como interessante instrumento de publicização cultural e informacional. Lemos (2006), ao falar destas licenças, destaca fatores como a liberdade de criação e a transformação das manifestações culturais ocasionadas no terreno da livre circulação, acesso e uso dos bens culturais. Para ele, o Creative Commons ainda simboliza a propriedade intelectual a partir da proteção sob as mais variadas licenças e expande a noção de projeção dos bens culturais ao favorecer principalmente a assimilação da cultura local. O Creative Commons pode ser entendido então como uma extensão do domínio público, ou ainda como um desenvolvimento natural das suas questões, já que introduz novas possibilidades, principalmente no que diz respeito às formas manipulação e apropriação pelos indivíduos.

4 POLÍTICAS CULTURAIS: UM IMPORTANTE MOVIMENTO NAS QUESTÕES DO LIVRE ACESSO CULTURAL NO DOMÍNIO PÚBLICO

Quando se fala em políticas culturais, entende-se um conjunto de “intervenções realizadas pelo Estado, instituições civis, entidades privadas ou grupos comunitários com o objetivo de satisfazer as necessidades culturais da população e promover o desenvolvimento de suas representações simbólicas” (COELHO, 2012, p. 313). As intervenções realizadas não necessariamente dizem respeito à apresentação de normas jurídicas ou procedimentos semelhantes que se originam exclusivamente das funções de Estado. Existe o que Teixeira Coelho chama de “intervenções diretas de ação cultural” que podem partir dos mais variados segmentos da sociedade.

Outros autores ao definirem e trabalharem políticas culturais abordam outras importantes questões como a representação simbólica dos sujeitos, a indústria e a economia cultural, características como a regionalidade, identidade e diversidade.

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Um entendimento, ou ainda uma abordagem do universo destas políticas ocorre a partir do papel atual dos mecanismos de proteção, baseados quase que exclusivamente na dicotomia copyright/domínio público. Contudo, também dizem respeito às atividades desenvolvidas na internet pelos produtores culturais e os usuários; ou ainda, de um terceiro componente, sintetizado a partir da incorporação das atividades de produtor/usuário.

Entender a cultura digital (e todo um universo pulsante que se desenvolve a partir da ideia de cultura livre) não só pelo seu eixo tecnológico, mas também pela sua condição social explicitada pela ideia do livre, simboliza o papel crucial das políticas culturais no meio digital. A sua análise se aproxima do que Doueihi (2013) chama de “humanismo digital”, com ênfase na miscigenação cultural, nos intercâmbios e, principalmente, no estabelecimento dos usuários da internet como protagonistas, sejam eles os produtores, disseminadores ou espectadores. Este humanismo digital também condiciona o desmoronamento das categorias socioculturais já estabelecidas, uma vez que a internet potencializa a junção de duas importantes características: o protagonismo de seus usuários e a cultura (na sua forma ampla) como bem público cada vez mais acessível e manipulável por todos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O entendimento da internet como ambiente social para as mais variadas práticas culturais e informacionais trouxe inúmeras questões. Por um lado vê-se crescer o número de usuários, serviços e produtos culturais diversos, tomando emprestado não só o conceito, mas também o termo de Chris Anderson (2006) de uma verdadeira “’cauda longa’ cultural” que expande os domínios culturais a partir da oferta ampla baseada em nichos. Em contrapartida, ao se investigar algumas práticas, produtos e serviços oferecidos, percebe-se um incremento igualmente notável das atividades baseadas na tomada ilegal e violação dos direitos autorais, comumente chamada de “pirataria”. Esta pirataria não é só um conceito que deve ser representado a partir do seu aspecto comercial. Esta investigação aponta para diferentes questões, destacando a pirataria como movimento cultural que simboliza uma cultura livre, acessível e disseminada.

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um modelo que extrapolou os seus direitos. Tal condição faz surgir não só contrapropostas do seu modelo, como as Creative Commons, mas também introduz a importância de se trabalhar políticas culturais que viabilizem e desenvolvam a ideia de humanismo digital, do livre acesso aos bens culturais e do apoderamento social a partir de ideias como a cooperação entre os indivíduos a partir dos domínios da internet.

REFERÊNCIAS

ANDERSON, Chris. Cauda longa: do mercado de massa para o mercado de nicho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 240 p.

ANDERSON, Chris. Free gratis: o futuro dos preços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 269 p. BOYLE, James. The public domain: Enclosing the commons of the mind. New Haven: Yale University Press, 2008. 315 p.

CANCLINI, Nestor Garcia. Definiciones em transición. In: MATO, D. (Org.). Cultura, politica y sociedad: perspecitvas latinoamericanas. Buenos Aires: CLASO, 2005. p. 69-81.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 698 p. (A era da informação: economia, sociedade e cultura, 1).

COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural. 2 ed. São Paulo: Iluminuras, 2012. 446 p.

CRIBARI, Isabela (org.). Produção cultural e propriedade intelectual. Prefácio de José de Oliveira Ascensão. Recife: Editora Massangana, 2006. 424 p.

DARNTON, Robert. A questão dos livros: passado, presente e futuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. 231 p.

DOUEIHI, Milad. Humanismo digital. Planeta, São Paulo, n. 488, p. 62-63, jun. 2013. FRAGOSO, João Henrique da Rocha. Direito autoral: da antiguidade à internet. São Paulo: Quarter Latin, 2009. 406 p.

LE CROSNIER, Hervé. Repensar os direitos do autor. In: CRIBARI, Isabela. Propriedade cultural e propriedade intelectual. Recife: Editora Massangana, 2006. p. 143-148.

LEMOS, Ronaldo. Creative Commons, mídia e propriedade intelectual. In: CRIBARI,

Isabela. Propriedade cultural e propriedade intelectual. Recife: Editora Massangana, 2006. p.133-140.

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