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A INTERAÇÃO SOCIOLOGIA/MEDIAÇÃO E FORMAÇÃO DO MEDIADOR

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A INTERAÇÃO SOCIOLOGIA/MEDIAÇÃO E FORMAÇÃO DO MEDIADOR

FORMAÇÃO EM MEDIAÇÃO

FÁTIMA MARIA FRANCISCA MACHADO DA SILVA

OAB/RJ 9° SUBSESSÃO

ORIENTADORA

DRª THEREZINHA DO MENINO JESUS MATOS HENRIQUES

2º. SEMESTRE 2018

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AGRADECIMENTOS

A Deus e Aos que me tornaram tudo possível.

Àqueles tantos chegados a minha vida sem pedir licença, pois que desnecessário, certamente já havíamos marcado este encontro, para compor e somar a energia que formamos, e oferecer um ao outro, o necessário para a aprendizagem e o crescimento.

Àqueles que fazem sorrir com olhos e acreditar que portas e janelas foram feitas para se abrir e que atrás delas alguém como cada um deles sempre pode estar. Não nos nominanos, sabemos a quem nos referimos porque Luz identifica Luz.

Colaboraram para as etapas que trouxeram ao desenvolvimento do presente trabalho, comporão todos os seus frutos....

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ÍNDICE

Capítulos

1- Introdução ______________________________________________________ 1 2- A Sociologia______________________________________________________1 3- As Ciências Sociais ________________________________________________2 4- O Conflito _______________________________________________________3 5- O profissional da Mediação e as Ciências Sociais _______________________5 6- Conclusão________________________________________________________6 7- Bibliografia_______________________________________________________7 Anexos

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“Na condição de observadores científicos, nossa tarefa é desenvolver uma abordagem tão subjetiva quanto possível do caráter e dos processos da sociedade. Para nós os problemas se apresentam diferentemente, pois devem ser encarados à luz de uma ampla perspectiva histórica e comparativa (...).”

Talcott Parsons

A interação Sociologia/Mediação e Formação do Mediador

1- Introdução

O presente trabalho pretende contribuir para um possível pensamento sociológico sobre o Direito (exercício da justiça) em seus caminhos na pacificação das relações em confronto no âmbito da sociedade, paradigmas outros, demandados para novos momentos. Tem em vista a Mediação1 dentre as múltiplas respostas possíveis ao conflito social. Traz um recorte nos conceitos das Ciências Sociais com a Sociologia como norteadora da leitura de mudanças sociais e da resolução de conflitos. Volta-se não só, mas em especial, para a importância da presença da disciplina na formação daquele que se propõe a atuar como mediador.

Ao abordar Sociologia como ramo das Ciências Sociais e sua interação com os estudos da Mediação, destaca o conflito como objeto daquela disciplina e como objeto da Mediação, prática em expansão internacional hodiernamente e, no Brasil, “com lastro multidisciplinar” 2, na esteira do que dispõem o CNJ, Conselho Nacional de Justiça, e o enfatizado na legislação pátria mais moderna.

O estudo foi enriquecido com uma pesquisa por amostragem, com estudantes de mediação e com professores mediadores de diferentes formações. Procurou-se identificar a importância das Ciências Sociais para a composição dos conteúdos técnicos formativos para a preparação dos profissionais em geral e para a formação do mediador.

Sociologia e as Ciências Sociais

2 - Sociologia

O termo é utilizado pela primeira vez pelo filósofo francês Augusto Comte (1798-1857). O vocábulo híbrido “socius” (latino) e “logos” (grego), sociedade e estudo respectivamente, como

1 http://www.conima.org.br/arquivos/4224, pg 40

“A mediação pode ser conceituada como método de autocomposição de disputas, em que as partes, também chamadas de mediandos, contam com o apoio de um terceiro, denominado mediador, que facilita/conduz o diálogo, num procedimento em que os mediandos são estimulados a expressar as suas posições, interesses, necessidades, sentimentos, questões, opções, e formalizar as decisões tomadas consensualmente.”.

2 Manual de Mediação Judicial, Poder Judiciário, CNJ, Conselho Nacional de Justiça, pg. 22

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estudo da sociedade engloba as diversas definições e delimitações de seu objeto sem, contudo, comportar a abrangência de seu campo de interesse3.

A Sociologia se propõe ao estudo das origens e do desenvolvimento das sociedades, das organizações e das culturas que lhes são inerentes, dos movimentos e conflitos sociais, da formação das identidades e da construção dos pensamentos e opiniões. Abarca os fenômenos, as estruturas e as organizações culturais, sociais, políticas econômicas.

São objetos de suas análises e pesquisas as relações entre os indivíduos nos diversos grupos e nas instituições que compõem a sociedade bem como a investigação dos hábitos e costumes que lhes são próprios.

Não se interessa a Sociologia pelo fato enquanto fato, mas pelos fatos e relações sociais e processos sociais na medida em que possam influir sobre a estrutura das relações e sobre os caracteres dos processos sociais.

Surge no século XVIII4, em um contexto histórico com movimentos como a Revolução Francesa, com o sistema capitalista ditando regras e o fim do sistema feudal. Gerou inúmeras formas de compreensão da sociedade, provocando além de uma análise filosófica quanto à individualidade, os direitos e às liberdades humanas em sociedade, a análise filosófica precursora da sociologia.

Portanto origina-se a Sociologia de fatos e de fenômenos sociais responsáveis e geradores de conflitos que também trouxeram as Ciências Sociais, voltadas para compreensão da realidade surgida, sua interpretação e soluções.

3- As Ciências Sociais

Ciências Sociais têm como objeto de estudo os seres humanos: suas interações e a sociedade.

Voltam-se para o comportamento do homem no tempo e no espaço e seus reflexos para determinada meio ou comunidade.

As Ciências Sociais subdividem-se em áreas de estudo, constituindo a Sociologia um de seus ramos. Abordam as características como a cultura, estrutura familiar e a religião, as relações de poder, sistemas e regimes de governo, política e a inter-relação dos indivíduos em dada sociedade, dentre outras.

Ao instruir a interpretação das realidades sociais, comunidades globais ou locais, através de pesquisa e coleta de dados, as Ciências Sociais auxiliam a compreensão quanto aos valores atinentes a determinado contexto social e clarificam as transformações sociais em seus ciclos

3 3(https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/a-formacao-sociologia.htm

4 http://gusrodrigues.blogspot.com/2017/05/resenha-o-que-e-sociologia-autor-carlos.html

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históricos, viabilizando inúmeras possibilidades, como pesquisas aplicáveis às atividades de governo para educação, políticas públicas e projetos sociais.

A compreensão do ser inserido em uma vida comunitária destaca a importância deste ramo do conhecimento e sua contribuição para análise, para a reflexão e para o entendimento quanto aos fatores que permeiam a conduta daquele que atua entre os que se põem em choque, pelos desgastes das relações ou os conflitos de interesses. Casos para os quais se ampliam as perspectivas de alternativas à judicialização dos conflitos.

Nesta vertente, trabalhos como o Reencontro da Filosofia e do Direito5, também com exemplos concretos cunhados de diferentes enfoques e autores pela autora, fornecem significativas linhas de reflexão. Em seus estudos Therezinha Do Menino Jesus Matos Henriques6, promove indagações de cunho filosófico sobre os papéis, os problemas e a sociedade, a posição do indivíduo no mundo e no universo, sobre as relações que se estabelecem uns com os outros e a influência exercida e recebida de terceiros. Permite relevantes conclusões quanto ao questionamento sobre a pura e simples aplicação das leis.

Nos dizeres da autora “a imposição de uma lei, de uma regra, não é suficiente para se viver em sociedade”7 também destaca, as inúmeras circunstâncias conflituosas em que as “próprias pessoas poderão decidir o que é melhor para elas”, como propõe a Mediação.

Em linhas gerais, e também diante do exposto, vê-se que, a exemplo da evolução das relações e dos consequentes novos conflitos que surgem na sociedade, as mudanças que ocorrem no seu interior demandam análises e soluções múltiplas e que melhor as atendam.

Com respeito à formação do mediador, antes de munir-se de recursos e ferramentas de cunho puramente técnico para o exercício prático, exercitar-se, preparar o espírito e revestir a alma da análise e da observação dos entremeios das relações sociais nos seus diversos grupos, faz-se premente a sensibilização e a ampliação do olhar para enxergar as diversidades em que e com que deve atuar.

Tempo, espaço e os elementos formativos da personalidade e da atitude na coletividade fazem da Mediação um conteúdo a ser abordado, também, pela visão da Sociologia. A base onde se assentará a técnica não deve perder de vista a quem ela serve: o homem na complexidade e na multiplicidade do seu ser. Quem a aplica põe em ação os recursos das ciências humanas, expertise adquirida não tão somente experimentalmente, na própria vida ou na vida em sociedade.

4 - O conflito

5 http://www.mediatum.com.br/2018/index.php#aovivo

6 http://www.mediatum.com.br/2018/posts-details-010.php, 1

7 http://www.mediatum.com.br/2018/posts-details-010.php, 2, pg. 10

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Etimologicamente o vocábulo é de origem latina e significa luta, embate entre pessoas e também altercação, barulho, desordem ou tumulto.

Sob o ponto de vista da Sociologia a interação social é inerente às relações humanas, pois que toda e qualquer comunidade se estabelece por meio da cooperação e do conflito.

Noberto Bobbio8, em suas lições, elucida como situa o conflito na sociedade, caracterizando- o como negação de cooperação.

O conflito não constitui objeto específico de estudo de uma só disciplina, sua gênese apresenta inúmeras abordagens, premissas, correntes de enquadramento e de sistematização.

Thomas Hobbes trata do tema em O Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de uma Comunidade Eclesiástica e Civil (1651) seguido de escolas conceituais das Ciências Sociais em que se encontra Auguste Comte, Marx Weber, George Simmel, Immanuel Kant e outros.

Como conflitologia, não constitui um ramo autônomo, data de décadas o surgimento e a expansão por inúmeros autores e técnicas. Sempre citados entre eles estão Mary Parker Follet, Hebert Kelman, Roger Fischer, William Ury, William Zartman, Adam Curle, dentre outros.

Christophe W. Moore identifica o conflito como fato da vida e do processo de interação9

Todas as sociedades, comunidades, organizações e relacionamentos interpessoais experimentam conflitos em um ou outro momento no processo diário de interação. O conflito não é necessariamente ruim, anormal ou disfuncional, é um fato da vida.

[...]

Entretanto, o conflito pode ir além do comportamento competitivo e adquirir o propósito adicional de infligir dano físico ou psicológico a um oponente, até mesmo a ponto de destruí- lo. É aí que a dinâmica negativa e prejudicial do conflito atinge seu custo máximo.

Concepções modernas sobre os conflitos deram origem escolas e teorias disseminadas a partir da segunda metade do século XX, em que incontáveis fatores são analisados como estímulos e variáveis influenciadoras no comportamento conflitivo, tornando mais correntes as práticas que envolvam métodos consensuais de resolução de conflitos.

Inúmeras são as mudanças sociais capazes de provocar fatos, novos ou não, que ensejam a resolução de conflitos por meio diverso da judicialização, fortalecendo e incentivando a expansão dos mencionados métodos. A apuração do olhar e a compreensão da dinâmica que evolve este processo, sob a ótica das Ciências Sociais, é uma proposta e, para uma breve análise a este

8 Pgh. 44 , “ Casos em Sociologia” , Edt. Nascimento , 1988.

“qualquer grupo social, qualquer sociedade histórica pode ser definida em qualquer momento de acordo com as formas de conflito e de cooperação entre os diversos atores que nela surgem.”

9 MOORE, Christopher W. O Processo de Mediação: Estratégias Práticas para a Resolução de Conflitos. Trad. Magda França Lopes. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. p.5.

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respeito, foram ouvidos profissionais em formação em mediação, oriundos ou não dos cursos de Direito, além de mediadores, mestres na formação destes, a ser tratado mais adiante.

5- O Profissional de Mediação e as Ciências Sociais

A Mediação vem se consolidando no Brasil e encontra-se sedimentada e em evolução nos Estados Unidos, na Europa, emtodos os países da EU, naAmérica Latina, Argentina e no Chile. A justiça alcançada por meio das decisões e escolhas dos atores envolvidos nas questões que a reivindicam faz nascer novos conceitos e relações, repercutindo em diversos setores da sociedade.

Os profissionais que vêm se gabaritando com formações e atualizações em cursos de alto nível no Brasil e no exterior, constroem uma bagagem diferenciada do operador de direito tradicional, em que ramos diversos das ciências sociais se fazem sentir. É o exemplo da justiça restaurativa10, cujo ensino é ignorado ou relegado, dada a inexistência ou a pouca ênfase na formação acadêmica. Nesta, prevalece a justiça retributiva, embora, seja aquele, conteúdo próprio da disciplina da Cadeira de Sociologia Jurídica dos cursos de Direito.

A corroborar com as premissas levantadas no presente artigo quanto à interação da Sociologia com a Mediação na formação do mediador, foram realizadas pesquisas com entrevistados originários do curso de Mediação da segunda turma da OAB 9° subseção, NF - RJ. Alunos e professores responderam questões distintas e as respostas descritas de forma global.

Cabe destacar a insatisfação com a judicialização das demandas tratar-se de diálogo corrente, sendo este um dos motivos da busca de formação para as práticas consensuais de resolução de conflitos pelos alunos e profissionais contatados.

Dentre aqueles que são advogados de formação, atuantes ou não, o descontentamento com a justiça e com a prática, confirma que novas alternativas se fazem prementes. Pedro Scuro Neto11, ainda que em uma ótica específica, expõe com propriedade que:

“Mudar a Justiça significa alterar a essência da abordagem do sistema, adotar agendas mais ambiciosas, ousadas, delineadas explicitamente para promover alterações, primeiramente, no foco do sistema, nas formas tradicionais de responder a infrações e aos múltiplos problemas decorrentes. Exige dar espaço a uma adequada capacitação da sociedade para responder a malfeitos e conflitos, reparar danos infligidos, reintegrar vítimas e infratores, e, estabelecer as bases de uma segurança

10 De acordo com Pedro Escuro Neto, diferentemente da justiça retributiva, a proposta é a reparação do mal causado tanto a vítima quanto à família e a comunidade e não apenas punir penalmente os culpados (justiça convencional).

Manual de Sociologia geral e jurídica: lógica e método do direito, problemas sociais, comportamento criminoso, controle social. 4° Ed.Pg. 103. 2000.

11Scuro Neto, Pedro. Chances e entraves para a justiça restaurativa na América Latina. Márcio Thomaz Bastos, Carlos Lopes e Sérgio Renault (org.). Justiça Restaurativa: Coletânea de Artigos. Ministério da Justiça e PNUD, 2005

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pública sustentável. Mudar exige, em segundo lugar, alterar a missão do sistema, para que este não seja mais conduzido por políticas ou reformas, mas por prioridades fundamentadas em valores. Mudar quer dizer, finalmente, alterar o modo corrente de interação no seio do sistema e deste com os usuários e a população em geral – ou seja, diminuir a dependência em relação à lógica burocrática e confiar cada vez mais em consenso e participação, transformando profundamente a experiência de todos e cada um com o sistema de justiça”

Sobre as questões aplicadas aos alunos na pesquisa, inicialmente foi perguntado quanto à primeira formação universitária ser ou não jurídica, uma vez que este não é um requisito prévio para que o indivíduo venha a se tornar um mediador. A maioria tem formação jurídica e é atuante.

Perguntados se disciplinas como Sociologia, Filosofia, Psicologia Social, algumas das Ciências Sociais fizeram parte de sua formação acadêmica, a maioria respondeu que sim, mesmo entre aqueles de formação diversa que a jurídica.

Ainda sobre esta questão, responderam que não consideram que foram suficientemente esclarecidos quanto à finalidade ou objetivo das disciplinas para a formação nos seus cursos.

Os alunos entrevistados consideraram que estes conteúdos foram relevantes dentro da sua formação técnica, ou que sejam, e que os usam em sua vida pessoal ou na vida profissional, mesmo que exerçam profissão diferente da formação de origem. Aqueles que estudaram Consideram importantes e, os que não estudaram acreditam que usam de certa forma, como um conhecimento prático não sistematizado.

Acreditam que tornar a prática profissional menos técnica e mais humana poderia ser um efeito da melhor compreensão sobre a presença destes conteúdos nos currículos.

Por fim avaliam que, de uma forma geral, estes conteúdos possam ser importantes ou necessários para formação do indivíduo, aplicando-se a qualquer profissão. Também informam, em sua maioria, que esta opinião não seria a mesma antes do curso de mediação.

Os aspectos mais significativos foram quanto à consideração sobre a relevância das Ciências Sociais e da Sociologia para a formação profissional e quanto ao fato de não se sentirem, em sua maioria, suficientemente esclarecidos a este respeito e quanto à aplicação prática.

Portanto, conclui-se ser substancial o esclarecimento sobre a humanização da prática profissional técnica, por meio da utilização fundamentada das Ciências Sociais, bem como ser relevante, para a formação acadêmica, a consciência de que estas constituem peças fundamentais para a vida.

Outra visão interessante é aquela demonstrada nas opiniões das professoras entrevistadas do curso de Mediação. São elas oriundas dos cursos de Direito, Psicologia e Serviço Social. Foi a elas

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perguntado quanto à opinião sobre a contribuição das Ciências Sociais e da Sociologia para a formação dos mediadores.

As respostas guardam certa similitude, entre embasamento e experiência, na compreensão quanto à importância das Ciências Sociais para a formação do Mediador e integram aqui os anexos.

6- Conclusão

Exemplificando em linhas muito abrangentes é constatável o lastro de bagagem e de contribuição que as Ciências Sociais podem oferecer para compreensão do meio, das relações interpessoais e dos movimentos das sociedades. A ampliação da visão decorrente deste campo de estudos constitui possibilidade de adaptação e de colaboração, formativo e prático, uma vez que a compreensão dos fatores que se processam no meio social origina-se na dilação de análises e de conhecimentos.

Ainda nos deparamos com estes ramos do saber tratados sem a devida relevância com exceção apenas em determinados cursos das áreas humanas. Contudo, é um fato que a proposta de formação do mediador possa se dar, com a excelência frequentemente buscada, enriquecida com esta linha de aprendizagem.

Desta forma o aprofundamento do conhecimento das Ciências Sociais, em especial da Sociologia, configura mais que e preparo para melhor compreensão quanto às mudanças da sociedade, autolapidação e sutilização do olhar para aqueles e para os meios em confronto.

A análise quanto aos aspectos que envolvem a sociedade sob o âmbito da justiça sinaliza a necessidade de mudanças. Faz ver que os melhores efeitos da ampliação de paradigmas para o enfrentamento dos conflitos inerentes à vida em sociedade não se restringem aos mediandos e aos mediáveis, quase eternizados naquela condição pela máquina estatal na condição de jurisdicionados, a espera da imposição de uma sentença. Seus melhores possíveis efeitos refletem sobre todos os atores sociais e para toda a sociedade.

Não seria redundante, mas enfático, destacar que o desenvolvimento de certas capacidades é necessário para compreensão social e para atuar em meio aos possíveis demandantes. Dele decorre a adequação às mudanças pela compreensão da dinâmica social, contrária a inflexibilidade que caracteriza os condicionamentos responsáveis por emperrar a absorção dos processos sociais que mais atendam ao meio, como aquelas que apontam para os métodos autocompositivos de resolução de conflitos e de pacificação social, como é a Mediação nos casos em que ela se aplica.

Ao operador do direito e para a sociedade configura grande desafio, arraigados ainda em uma formação cultural tradicional beligerante, basicamente de judicialização dos conflitos e de

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sentenciamento de penas, a compatibilização das técnicas de respostas aos conflitos, com a visão em bases sólidas sociológicas e dos demais ramos das Ciências Sociais.

A Sociologia, como as demais Ciências Sociais possuem mais que uma inter-relação com o tema Mediação. A leitura interdisciplinar, por elas fornecidas enriquece o conteúdo e humaniza a técnica, aprimora seus utilizadores ao dotá-los de compreensão, de visão multicultural e de mecanismos capazes superar da parcialidade formativa cultural individual e sectária com conceitos preestabelecidos, nisto consistindo o cerne sua importância para a formação do mediador.

7- Bibliografia

FREITAS, Frederico Oliveira; SÉRGIO, Débora Bastos. A aplicação da mediação no novo Código de Processo Civil e seus mecanismos em busca da pacificação social. Disponível em:

http://www.ambitojuridico.com.br/site/ . Acesso em: 22 de outubro de 2018

https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/a-filosofia-no-mundo/. Acessado em 17 de agosto de 2018

MOORE, Christopher W. O Processo de Mediação: Estratégias Práticas para a Resolução de Conflitos. Trad. Magda França Lopes. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. P.5.

SERPA, M. de N. Teoria e prática da mediação de conflitos. Rio de Janeiro: Lúmen Júris. 1999.

(1999, p. 147).

SCURO NETO, Pedro, Manual de Sociologia geral e Jurídica: lógica e método do direito, problemas sociais, comportamento criminoso, controle social, 4° Ed. Ver. – São Paulo: Saraiva - 2000.

______________, Chances e entraves para a justiça restaurativa na América Latina. Márcio Thomaz Bastos, Carlos Lopes e Sérgio Renault (org.). Justiça Restaurativa: Coletânea de Artigos. Ministério da Justiça e PNUD, 2005.

Manual de Mediação Judicial. CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Poder Judiciário. 6° Edição.

2016 Disponível em:

http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/07/f247f5ce60df2774c59d6e2dddbfec54.pdf, consultado em 20 de setembro de 2018

Manual de Mediação de Conflitos para Advogados. Disponível em:

http://www.conima.org.br/arquivos/4224 . Acessado em 12 de setembro de 2018

Um breve histórico sobre a mediação – Disponível em https://professoragiseleleite.jusbrasil.com.br/artigos/437359512/um-breve-historico-sobre-a- mediacao. Acessado em 20 de novembro de 2018

https://www.ebiografia.com/auguste_comte/ Acessado em 20 de novembro de 2018

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ROSENBERG, Marshall. Comunicação Não Violenta. São Paulo: Ágora, 2006

ANEXOS QUESTÕES APLICADAS AOS ALUNOS

1- Sua formação é jurídica?

2- Sociologia, Filosofia, Psicologia Social, as Ciências Sociais fizeram parte de sua formação acadêmica?

3- Caso tenha respondido sim a Q2, considera ter sido suficientemente esclarecido (a), no seu curso, quanto à finalidade da (s) disciplina(s) para sua formação?

4- Estes conteúdos foram relevantes dentro da sua formação técnica, ou de forma geral?

5- Considera que use o conteúdo destas disciplinas em sua vida pessoal ou na vida profissional, ainda que exerça profissão diferente da sua formação tendo as estudado ou não?

6- Acredita que poderia ser um efeito da melhor compreensão sobre a presença destes conteúdos nos currículos tornar a prática profissional, dentro ou fora da sua formação, menos técnica e mais humana?

7- Avalia que, de uma forma geral, estes conteúdos possam ser importantes ou necessários para formação do indivíduo, aplicando-se a qualquer profissão?

8- Sua opinião seria a mesma antes do curso de mediação?

9- Gostaria de fazer alguma observação?

QUESTÃO APLICADA AOS PROFESSORES

Qual a sua opinião sobre a contribuição das Ciências Sociais para a formação do mediador?

Para a contextualização da questão e se assim desejar, é destacada a visão do papel da Sociologia na observação, na análise, no ensinamento, na sistematização e para a compreensão dos fenômenos atinentes à sociedade. Remete-se também ao papel das Ciências Sociais para formação do profissional de todas as áreas.

RESPOSTAS:

Os aportes das ciências sociais são indispensáveis, na formação do mediador, por muitas razões.

Desconsiderá-los é desconsiderar a mediação mesma, pois o mediador intervirá nas relações entre as pessoas as quais impactarão e serão impactadas sempre pelas conjunturas sociais, objeto de estudo dos diversos ramos das ciências sociais. Conhecer a história das civilizações, sobre como se constituíram como grupos sociais, suas organizações e acordos de convivência, como isso se desenha ao longo da história não só contribui na construção de um olhar sistêmico sobre os fenômenos relacionais atuais vivenciados por nós e pelos mediandos ou mediáveis como nos permite uma visão normalizada, e não moralizante dos eventos e fenômenos com os quais depararemos enquanto mediadores.

Por outro lado, a mediação enquanto disciplina, em seu arcabouço teórico metodológico, está absolutamente assentada, estruturado sobre conceitos tomados das ciências sociais, as quais cada

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vez mais nutrem a construção e os sentidos dessa disciplina. Assim, em meu entendimento, desconhecer ou conhecer superficialmente esses aportes e desconhecer a própria mediação como disciplina.

Rosimar Girão - Assistente Social

Considero que não aprendemos com a experiência, mas com a reflexão sobre a experiência, de modo que alcancemos consciência da transcendência de nossas atitudes.

E o que fazem as ciências sociais, se não propor reflexão sobre as experiências da vida, de modo que nos sirvam de aprendizado?

Andrea Bukoul - Psicóloga

Considerando que ciências sociais é o ramo das ciências que estuda os aspectos sociais do mundo humano, ou seja, a vida social de indivíduos e grupos humanos, torna-se fundamental para a formação do mediador, pois a este cabe entender o conflito existe entre indivíduos ou grupos de indivíduos e para tanto é necessário uma análise, muitas vezes, do histórico social das pessoas em conflito, seus costumes, crenças, vida financeira etc, para entender a motivação ou o que está por detrás daquele conflito, já que em grande parte das vezes, o conflito não se apresenta como na verdade o é.

É sabido que nas ciências sociais são estudados todos os aspectos importantes relacionados a uma sociedade: suas origens, processos históricos, funcionamento, aspectos de desenvolvimento, transformações sociais, conflitos, características culturais e hábitos.

Isto é importante para interpretar melhor as diferentes realidades sociais existentes e em que estão diretamente envolvidas os indivíduos cujo conflito foi levado ao mediador, assim como para entender quais são os valores morais e sociais que fazem parte dos envolvidos no processo de mediação.

Para realizar uma mediação eficaz, acredita-se, portanto, de grande relevância o papel das ciências sociais na formação do mediador.

Nívia Dutra - Advogada

Embora formada em uma Universidade renomada estas disciplinas não fizeram parte do meu currículo e do currículo de muitos colegas. O mais próximo delas era a parte introdutória, ministrada nos primeiros períodos e apresentava uma complexidade capaz de tornar o conteúdo distante e pouco prático. As disciplinas clássicas formavam toda a maciça grade curricular A sensibilidade e outras características pessoais desenvolvidas no trato e no contato com as pessoas e a própria maturidade adquirida na vida prática, apurando a percepção e a reflexão, funcionaram como moldadores desta formação sociológica, filosófica que deveria estar presente na base acadêmica de forma clara, compreensível e acessível.

Mônica Bonin – Advogada

A mediação se cerca especialmente do conteúdo não tão técnico da formação jurídica, mas da formação humana.

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Como profissional da área de Ciências Sociais, penso que essa formação é muito completa no sentido de olhar o ser humano com lentes bem ampliadas e procurar enxergá-lo em toda a sua complexidade, peculiaridade e beleza.

O mediador de conflitos deve também ter esse olhar bem aguçado e atento, a escuta ativa e a neutralidade do não julgamento de valores, como vemos no curso de formação.

Portanto as Ciências Sociais devem fazer parte da formação do mediador para ajudá-lo através do viés da sociologia, da psicologia, da filosofia, a desempenhar seu papel com excelência e, sobretudo sensibilidade.

Não advogo a necessidade de o mediador ter uma formação superior em Ciências Sociais, mas acredito que advindo de qualquer área do conhecimento, esse profissional deve desenvolver essas competências, seja no curso de formação, seja ao longo de sua prática”. (Ester Stille)

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