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Sumário. Texto Integral. Tribunal da Relação de Lisboa Processo nº 4251/2005-6

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Tribunal da Relação de Lisboa Processo nº 4251/2005-6

Relator: GRANJA DA FONSECA Sessão: 12 Maio 2005

Número: RL

Votação: UNANIMIDADE Meio Processual: AGRAVO

Decisão: NEGADO PROVIMENTO

EXERCÍCIO DO PODER PATERNAL INCUMPRIMENTO

TRIBUNAL COMPETENTE

Sumário

1 – O incidente de incumprimento do acordo quanto ao exercício do poder paternal deve correr por apenso ao processo onde foi fixado o acordo

alegadamente violado, resultando prejudicadas as regras da determinação de competência territorial definidas no artigo 155º da OTM.

2 – Tendo esse acordo sido fixado no processo de divórcio dos pais do menor, é aí que o processo deve ser apensado, competindo ao juiz titular desse

processo apreciar e decidir o incidente.

3 – A pendência de acção de regulação do poder paternal, intentada no

Tribunal da Comarca da residência do menor, antes de alcançado o acordo na acção de divórcio por mútuo consentimento, é irrelevante para a determinação da competência do Tribunal para julgar o incidente.

Texto Integral

Acordam no Tribunal da Relação de Lisboa:

1.

J. intentou, no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, acção de divórcio litigioso, convolado para divórcio por mútuo consentimento, contra C., tendo- se também fixado o Regime de Exercício do Poder Paternal, em relação ao menor D., filho de ambos.

Entretanto, o J. veio suscitar, por dependência ao referido processo, o

“Incidente de Incumprimento do Regime do Exercício do Poder Paternal”, contra a sua ex - mulher C., tendo esta invocado a excepção de incompetência

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territorial do Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, alegando que correu termos no Tribunal de Família e de Menores de Sintra acção de regulação do poder paternal, sendo a instância suspensa, por, entretanto, correr termos o processo de divórcio no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, no qual foi regulado o exercício do poder paternal, pelo que aquela acção ainda não está decidida, considerando, por isso, ser aquele o tribunal competente, para apreciar este incidente, até por ser o da área da residência do menor.

Respondeu o requerente, pugnando pela competência do Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, pois que está em causa o incidente de incumprimento da regulação do poder paternal, estabelecido no divórcio apenso.

O Exc. Juiz, considerando ser competente para proceder às diligência

necessárias ao suprimento coercivo da decisão proferida quanto à regulação do poder paternal o mesmo tribunal que proferiu a decisão, julgou

improcedente a invocada excepção, declarando competente, em razão do território, o Tribunal de Família e de Menores do Barreiro.

Inconformada, agravou a requerida, formulando as seguintes conclusões:

1ª – A acção de divórcio por mútuo consentimento, onde foi homologado o Acordo de Regulação do Exercício do Poder paternal, que correu termos no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, e onde o incidente de

incumprimento do poder paternal foi apenso, tem a sua instância extinta;

2ª – A acção de Regulação do Exercício do Poder Paternal interposta no Tribunal de Família e de Menores de Sintra encontra-se, ainda, a correr;

3ª – O menor D. reside na localidade do Cacém, Comarca de Sintra.

4ª – Da leitura “a contrario” do disposto no artigo 154º, n.º 4 da OTM, o

presente incidente não pode correr por apenso aos autos da Acção de Divórcio por Mútuo Consentimento;

5ª – Ainda, “a contrario” do disposto no n.º 2 do artigo 155º da OTM, o tribunal competente para apreciar qualquer incumprimento do Acordo de Regulação do Exercício do Poder Paternal é o Tribunal de Família e de

Menores de Sintra, onde, aliás, se encontra pendente a anteriormente referida acção de regulação do poder paternal.

O agravado pugnou pela confirmação da decisão recorrida.

2.

Com relevância para apreciação deste conflito de competência, além dos factos que constam do relatório, interessam os seguintes:

1º - Em 25/03/2004, foi proposta no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, pelo ora agravado, Acção Especial de Divórcio Litigioso, o qual viria

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a ser convolado em Divórcio por Mútuo Consentimento e também aí foi

regulado o regime do exercício do poder paternal do menor, filho da agravante e do agravado.

2º - Em 5 de Julho de 2004, foi proferida sentença que decretou o divórcio, por mútuo consentimento, entre os ora agravante e agravado e homologou o

acordo quanto à regulação do exercício do poder paternal.

3º - A sentença transitou em julgado em 16/09/2004.

4º - Em 1 de Abril de 2004, a C. propôs contra o então seu marido, acção de regulação do exercício do poder paternal, no Tribunal de Família e de

Menores de Sintra.

5º - O menor reside com a mãe no Cacém, Comarca de Sintra.

3.

Sendo o objecto do recurso delimitado pelas conclusões da agravante (artigos 684º, n.º 3 e 690º, n.º 1 CPC), salvo se outras forem de conhecimento oficioso, (cfr. artigo 660º, n.º 2), coloca-se à apreciação do Tribunal a seguinte questão:

Tendo sido regulado o exercício do poder paternal no processo de divórcio litigioso, convolado para mútuo consentimento, que correu termos no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, será este o tribunal competente para proceder às diligências necessárias ao cumprimento coercivo da decisão

proferida quanto à regulação do poder paternal ou será competente o Tribunal da Família e de Menores de Sintra, área da residência do menor, onde foi

instaurada uma acção de regulação do poder paternal em relação ao mesmo menor e onde alegadamente ainda corre seus termos?

Vejamos:

O ora agravado propôs, em 25/03/2004, acção de divórcio litigioso contra a ora agravante, no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, o qual viria a ser convolado em divórcio por mútuo consentimento.

Com efeito, não tendo o Exc. Juiz conseguido a conciliação dos cônjuges, mas tendo conseguido que estes tivessem optado por divórcio por mútuo

consentimento, o processo de divórcio litigioso seguiu os termos do divórcio por mútuo consentimento, com as necessárias adaptações (cfr. artigo 1774º, n.º 2 CC).

O deferimento do pedido de divórcio de mútuo consentimento está

condicionado à homologação dos acordos sobre prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça, exercício do poder paternal relativamente aos filhos menores e destino da casa de morada de família.

Assim, tendo o divórcio sido convolado de litigioso para mútuo consentimento, tal facto pressupõe que houve acordo dos cônjuges quanto a essa conversão e que também houve acordo quanto ao exercício do poder paternal do menor,

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filho de ambos, como de facto houve, pelo que, correndo, nessa data, uma acção em que se visava a regulação do poder paternal quanto ao menor, noutro Tribunal, a mesma não poderia prosseguir, devendo ser declarada extinta a instância por inutilidade superveniente da lide, logo que apresentada a certidão da sentença que homologou o acordo (artigo 287º, al. e) do CPC).

É, pois, evidente que, tendo sido convolado o divórcio litigioso em divórcio por mútuo consentimento, também aí foi regulado o exercício do poder paternal do menor D., como a certidão junta aos autos comprova.

Entendeu o pai do menor que a mãe não estava a cumprir o que havia acordado, nomeadamente, quanto ao regime de visitas.

Veio, por isso, suscitar o incidente de incumprimento desse acordo do exercício do poder paternal e fê-lo por apenso ao processo de divórcio, no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro.

Entendeu a mãe do menor que tal incidente devia ser suscitado no Tribunal de Família e de Menores de Sintra, não só porque é a área da residência do

menor mas também porque ainda aí corre seus termos a acção de regulação do exercício de poder paternal, já que, ainda, não foi proferido qualquer despacho a declarar extinta a instância.

Mas sem razão.

Para haver incidente de cumprimento de um acordo é porque houve um acordo que não está a ser cumprido.

Se, eventualmente, a acção de regulação do poder paternal, instaurada em Sintra, ainda se encontra pendente, significa que nela não foi lavrado acordo, homologado por sentença, não se podendo falar, por isso, em incumprimento desse acordo.

Por isso, conforme resulta do n.º 2 do artigo 181º da OTM, o incidente de incumprimento do regime do exercício do poder paternal deverá ser suscitado por dependência do processo onde foi fixado o regime do exercício do poder paternal.

Daqui resulta, como corolário lógico, que o incidente de incumprimento do acordo de regulação do exercício do poder paternal não é um processo

autónomo e que, por outro lado, deve ser processado por apenso ao processo onde foi fixado o regime do exercício do poder paternal.

Esse regime foi fixado, como vimos, em acção de divórcio litigioso convolado em mútuo consentimento, pelo que este é o processo principal.

Logo, o incidente de cumprimento, de acordo com o n.º 2 do artigo 181º OTM, deve correr por apenso ao Processo n.º 984/04 do Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, competindo ao juiz titular desse processo apreciar e decidir esse incidente.

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Devendo o incidente ser suscitado por dependência do processo onde foi fixado o regime do exercício do poder paternal, resultam prejudicadas as regras da determinação de competência territorial definidas no artigo 155º da OTM.

Concluindo:

O incidente de incumprimento do acordo quanto ao exercício do poder paternal não é um processo autónomo.

Deve correr por apenso ao processo onde foi fixado o acordo alegadamente violado, resultando prejudicadas as regras da determinação de competência territorial definidas no artigo 155º da OTM.

Tendo esse acordo sido fixado no processo de divórcio dos pais do menor, processo que correu seus termos no Tribunal de Família e de Menores do Barreiro, é aí que o incidente deve ser apensado.

Compete ao Juiz, titular desse processo, apreciar e decidir esse incidente.

A eventual pendência de acção de regulação do poder paternal, intentada, noutro Tribunal, antes do acordo alcançado na acção de divórcio por mútuo consentimento, é irrelevante para efeitos de determinação da competência do Tribunal para julgar o incidente.

4.

Pelo exposto, negando provimento ao agravo, confirma-se a decisão recorrida Custas pela agravante.

Lisboa, 12 de Maio de 2005.

Granja da Fonseca Alvito de Sousa Pereira Rodrigues

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