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FORMAÇÃO E TRABALHO DAS EQUIPES GESTORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NAS SECRETARIAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

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FORMAÇÃO E TRABALHO DAS EQUIPES GESTORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NAS SECRETARIAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

Marcela Lemos Leal Reis – UFES Valdete Côco - UFES

RESUMO

No bojo do campo da formação e atuação docente na Educação Infantil (EI), o pôster retrata pesquisa em andamento, que objetiva compreender como se configura o trabalho das equipes gestoras de EI nas Secretarias Municipais de Educação. A partir de uma perspectiva de pesquisa exploratória, utilizamos, como estratégia de produção de dados, procedimentos de aplicação de questionário e desenvolvimento de observação e grupo focal, visando mapear o trabalho docente das equipes gestoras. Numa compreensão do sujeito como ativo (BAKHTIN, 2011) e inventivo (CERTEAU, 2011), entendemos a formação como um processo contínuo ao longo da vida que, compondo um saber-fazer próprio, potencializa dimensões pessoais e profissionais frente às complexidades do trabalho docente (NÓVOA, 2007). Nesse propósito, a formação inicial, as agências formadoras, os movimentos formativos de atuação e as ações demandadas pela função em interação com as possibilidades do trabalho se fazem essenciais para contextualização dessa pesquisa. O recorte que baliza a dialogia deste pôster traz os principais marcos legais que constituem o cenário da EI em dialogia com as especificidades do trabalho e formação. Tendo como ponto de partida o procedimento de observação, apresenta dados preliminares que acenam a gestão municipal com responsabilidades em mais de uma etapa da educação, e os desafios que configuram a formação desses sujeitos que se encontram em um movimento de (re)formar seu trabalho, (re)formando-se em meio à implementação das Diretrizes Curriculares de Educação Infantil.

Palavras-chave: Educação Infantil; Formação; Trabalho docente de Equipes de Secretaria.

INTRODUÇÃO

Destacando a atuação dos movimentos sociais, conquistamos marcos legais importantes para a EI, como a nova Constituição (BRASIL, 1988) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990). Nesse contexto, entre 1980 e 1990, os debates sobre infância se acaloravam e foi nesse movimento que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB – (BRASIL, 1996) consolidou a incumbência do município como gestor da Educação Infantil (EI), em parceria com os entes federados.

Importante memorar que somente após financiamento próprio os municípios conseguem se movimentar um pouco mais para estimular o atendimento da primeira etapa da educação básica. Com isso,

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Nos sistemas de ensino, fomos criando os setores e equipes de EI, ainda que, em muitos contextos, a EI esteja incorporada a setores de atendimento mais voltados ao ensino fundamental e que muitas sejam euquipes, por se constituírem com um único responsável. (CÔCO, 2013, p. 186).

Nesse contexto de luta, a gestão educacional municipal constitui seus setores, e suas equipes gestoras da EI vão se materializando progressivamente nos contextos municipais. Aventamos que se efetive a busca por ressignificar e articular a EI, vinda dos setores de assistência social, e, em meio ao exercício do trabalho, que se invista na sua formação e na configuração de um trabalho docente próprio às demandas das secretarias de educação. Para compreender melhor o campo da EI, relacionamos suas especificidades ao trabalho docente.

ESPECIFICIDADES DA ATUAÇÃO E FORMAÇÃO DOCENTE

Diante das especificidades para o exercício do trabalho docente com crianças, as redes municipais começaram a se organizar progressivamente para receber as crianças de 0 a 6 anos, na educação. Segundo Vieira (2010), o campo específico da EI é parte de uma política social mais ampla, destinada a possibilitar o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social das crianças, promover a ampliação de suas experiências e conhecimentos, e estimular seu interesse pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade. Demarcadas tais especificidades das crianças, pautamos as do trabalho docente com as crianças e questionamos junto ao trabalho os processos formativos que engendram as equipes gestoras municipais da EI. Dessa forma, pudemos entender que a equipe necessita balizar suas concepções de infância, tendo a percepção, nesse exercício, das especificidades de seu trabalho docente e de todo o contexto que envolve as crianças, vivenciando sua (re)formação, em meio a sua função de também (re)formar, produzindo novas práticas.

Focalizando a formação dos profissionais da Educação, um direito assegurado desde a publicação da nova Constituição (BRASIL, 1988), sua consolidação ainda é um grande desafio.

Ao obervarmos a Lei nº 12.014, de agosto de 2009, que alterou o art. 61 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), notamos que os profissionais da educação ganharam categorias, e o parágrafo único desse mesmo artigo instrui sobre a

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formação desses profissionais, de modo a atender às especificidades do exercício do trabalho. Nessa nova redação, não há indicação de como essa formação deve ser implementada, como há na disposição da Lei 11.738/2008, que reserva à categoria do professor 1/3 da carga horária de trabalho para planejamento de sua atuação. Pautar a formação da equipe gestora da EI é uma discussão pertinente, devido à invisibilidade formativa que esses sujeitos vivenciam em seu cotidiano complexo de atuação. Por termos apontamentos na LDB (BRASIL, 1996) de diferentes momentos que possibilitam a formação do profissional da educação, conhecer esses movimentos complexos de formação continuada, em serviço, eventos e outros encontros, nos auxilia a compreender à formação que a equipe gestora da EI tem vivenciado.

Buscando dialogar com pesquisas que evoquem nossos sujeitos, encontramos Fernandes, Gimenes e Campos (2013) que, ao produzirem pesquisa com a equipe gestora da EI, em suas análises dos sujeitos trazem abordagens que movimentam nossas reflexões. Quanto à formação, as equipes gestoras de EI possuem formação variada. Na fala de um município pesquisado é evidenciado que, mesmo a formação dos integrantes da equipe sendo em outras áreas, esses profissionais se integram bem às demandas da EI. Essa compreensão nos incomoda não no sentido de discordarmos da integração de outras áreas na EI, mas de refletirmos os conceitos que (re)formam, (trans)formam esses docentes gestores responsáveis pela EI.

A seguir, apresentamos alguns eventos formativos vivenciados junto às equipes gestoras da EI.

DADOS E ANÁLISES PRELIMINARES

Numa ancoragem em referenciais bakhtinianos, acompanhamos, nos anos de 2013 e 2014, diferentes eventos formativos voltados às equipes gestoras da Educação Infantil do/no Espírito Santo, tais como os encontros do colegiado e das plenárias do Fórum Permanente de Educação Infantil (FOPEIES), convocatórias do Ministério Público com orientações específicas para o atendimento da EI, reuniões técnicas estaduais e municipais de assessoramento do Programa de Reestruturação Nacional e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), e outras.

Nesse contexto, a partir de nossas observações trazemos dois registros do Diário de Campo. O primeiro se refere à justificativa de uma profissional que ao informar

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Nesse momento ela disse: - Nos desculpe pela demora, a demanda desta semana está muito intensa com a formação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Agradeço a compreensão de vocês, vou enviar amanhã. (Diário de Campo - DC, 28/03/14).

Nesse sentido, podemos analisar que a articulação do trabalho docente da equipe gestora da EI é, por vezes, imbricado com outras etapas da educação, movimentando uma soma de demandas derivadas do Ensino Fundamental (EF) e da EI. Essa situação contribui com a precarização do trabalho docente por não possibilitar o envolvimento integral da equipe gestora com as responsabilidades de apenas uma etapa educacional.

No segundo registro, ilustramos essa soma de demandas retratando a mobilização de uma simultaneidade de trabalho.

Em meio ao evento de formação, um telefone toca e sua portadora sai apressada ao corredor. O diálogo empreendido indica a orientação a um interlocutor para que este elabore um ofício respondendo a uma demanda urgente para compra de materiais. (Síntese do DC, 28/03/14).

Afirmamos que a formação continuada e o trabalho das equipes gestoras não guardam fronteiras delimitadas, mas em muitos momentos mobilizam simultaneidades que permitem aventar a formação como mais um trabalho, que se soma às demandas do desenvolvimento da EI, nos contextos locais.

Esses apontamentos, configurados como dados preliminares, realçam as responsabilidades da equipe gestora da EI, na construção das bases pedagógicas municipais. Considerando as proposições legais da EI, essas bases devem dialogar com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil – DCNEI (BRASIL, 2009).

O desafio da formação inicial e continuada tenciona o fortalecimento das bases curriculares dos cursos de Pedagogia que precisa possibilitar a constituição profissional docente numa dimensão mais política. Nesse sentido, dimensionar políticas de formação continuada específicas para atuação e que atenda todas as categorias dos profissionais da educação é imprescindível para que as DCNEIs sejam implementadas.

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Introdução e tradução do russo: Paulo Bezerra; prefácio à edição francesa: Tzvetan Todorov – 6ª edição – São Paulo: Martins Fontes, 2011.

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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em:

<portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 16 setembro 2013.

_____. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 10 de maio de 2014.

_____. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 08 de maio de 2014.

_____. Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008. Regulamenta a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da

educação básica. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2008/lei/l11738.htm>. Acesso em: 17 de abril 2014.

_____. Lei nº 12.014, de 6 de agosto de 2009. Altera o art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com a finalidade de discriminar as categorias de trabalhadores que se devem considerar profissionais da educação. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12014.htm>. Acesso em: 17 de abril 2014.

_____. Resolução nº5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Disponível em:

<file:///C:/Users/NB22108/Downloads/rceb005_09%20(3).pdf>. Acesso em: 03 de abril de 2014.

CÔCO, V. Conquistas, avanços, desafios e disputas na política de educação infantil:

Transformação na docência... Em nós... In: RANGEL, Iguatemi Santos; NUNES, Kézia Rodrigues; CÔCO, Valdete. Educação infantil: redes de conversações e produções de sentidos com crianças e adultos. Petrópolis, RJ: De Petrus, 2013, p. 180-199.

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: morar, cozinhar. 10 ed. Petrópolis, RJ:

Vozes, 2011.

FERNANDES, F. S.; GIMENES, N.; CAMPOS, M. M. Gestão educacional e educação infantil: formas de organização dos municípios para a implementação da política de educação infantil no Brasil. RBPAE - v. 29, n. 1, p. 61-78, jan/abr. 2013. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/rbpae/article/view/42821/27121>. Acesso em: 10 de junho de 2013.

NÓVOA, A. (2007). O regresso dos professores. Comunicação apresentada na Conferência Desenvolvimento profissional de professores para a qualidade e para a equidade da Aprendizagem ao longo da Vida, Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia. Lisboa: ME, DGRHE.

VIEIRA, L.F. Educação Infantil. In: OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.; VIEIRA, L.M.F. DICIONÁRIO: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte:

UFMG/Faculdade de Educação, 2010. CD-ROM. Disponível em:

<http://www.gestrado.org/pdf/404.pdf>. Acesso em: 10 de abril de 2013.el

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