• Nenhum resultado encontrado

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA"

Copied!
69
0
0

Texto

(1)

CRIMES CONTRA

A FÉ PÚBLICA

(2)

FÉ PÚBLICA

REQUISITOS: ALTERAÇÃO DA VERDADE SOBRE FATO

JURIDICAMENTE RELEVANTE, POTENCIALIDADE DE DANO,

DOLO

FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA

SUJEITO PASSIVO

(3)

DA MOEDA FALSA

ARTIGOS 289 A 292, CP

DA FALSIFICAÇÃO DE TÍTULO E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

 ARTIGOS 293 A 295, CP

DA FALSIDADE DOCUMENTAL  ARTIGOS 296 A 305, CP

DE OUTRAS FALSIDADES

 ARTIGOS 306 A 311, CP

DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO

 ARTIGO 311-A, CP

(4)

MOEDA FALSA

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:

Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: MOEDA METÁLICA OU PAPEL-MOEDA

DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

SÚMUAL 73, DO STJ

PRIVILÉGIO

FALSIFICAÇÃO FUNCIONAL

Formação de moeda inexistente: contrafação

Alteração da moeda

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, MONOSSUBJETIVO, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE, ADMITE-SE A TENTATIVA

(5)

 CRIMES ASSIMLIADOS AO DE MOEDA FALSA

Art. 290 -

Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

OBJETO MATERIAL:

FRAGMENTO DE CÉDULA, NOTA OU BILHETE VERDADEIRO OU MOEDA RECOLHIDA

CLASSIFICAÇÃO:

COMUM, MONOSSUBJETIVO, COMISSIVO, INSTANTÂNEO,

PLURISSUBSISTENTE, ADMITE-SE A TENTATIVA

(6)

PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA

Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: MAQUINISMO, APARELHO, INSTRUMENTO OU OBJETO QUE TEM POR FINALIDADE A FALSIFICAÇÃO DE MOEDA

A QUESTÃO DA TENTATIVA

ARTIGO 291 X 289

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, MONOSSUBJETIVO, COMISSIVO,

INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE

(7)

EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL

Art. 292 -

Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

OBJETO MATERIAL: NOTA, BILHETE, FICHA VALE OU TÍTULO QUE CONTENHA PROMESSA DE PAGAMENTO EM DINHEIRO

TENTATIVA

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, MONOSSUBJETIVO,

COMISSIVO, INSTANTÂNEO, UNISSUBSISTENTE

(8)

Questões interessantes:

Falsificação de moedas que não estão mais em circulação – artigo 171

Recusa de receber moedas de curso legal – artigo 43 da LCP

Conduta deve visar à modificação que visa a maior valor do objeto, sob pena de inexistir crime

Sequestradores que modificam o número de série do dinheiro recebido

Desconhecimento da falsidade pode ser – erro de tipo

Competência da Justiça Federal – artigo 109, VI, da CF

(9)

Artigo 290, CP – exemplo criação de uma cédula com fragmentos de outra já sem valor

Artigo 290, CP – competência da Justiça Federal

Objetos que não são exclusivamente destinados a

falsificação – exemplo impressora programadas para tal

finalidade

(10)

FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS

Art. 293 -

Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004)

II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;

III - vale postal;

IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público;

V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;

VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: PAPÉIS PÚBLICOS

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, COMISSIVO, MONOSSUBJETIVO,

PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

(11)

FORMA EQUIPARADA – 293, PARÁGRAFO 1º,

Aquele que falsifica e utiliza o mesmo papel falsificado,

qual o enquadramento penal?

(12)

PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO

Art. 294 -

Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: OBJETOS DESTINADOS A FALSIFICAÇÃO

A QUESTÃO DA TENTATIVA

ARTIGO 294 X 293

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, MONOSSUBJETIVO, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE

CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA – ARTIGO 295

(13)

DA FALSIDADE DOCUMENTAL

FALSIFICAÇÃO DE SELO OU SINAL PÚBLICO

Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;

II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: SELO OU SINAL

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, MONOSSUBJETIVO, COMISSIVO,

INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE

(14)

 FALSO MATERIAL

 FALSO IDEAL

 FALSIFICAÇÃO GROSSEIRA

(15)

 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS

 DOCUMENTOS PÚBLICO OU PARTICULAR

 A QUESTÃO DO CHEQUE

(16)

Substituição da fotografia na carteira de identidade – conflito entre o artigo 297 e artigo 307

Falsificação seguida de uso de documento falso

Cópia – não constitui documento à luz do artigo 232 do

CPP

(17)

 CARTÃO DE CRÉDITO OU DÉBITO

 DOCUMENTO IDENTIDADE VERDADEIRO

 USO DE DOCUMENTO FALSO

(18)

CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

OBJETO MATERIAL:

DOCUMENTO PÚBLICO

CLASSIFICAÇÃO:

CRIME COMUM, DOLOSO, MONOSSUBJETIVO, FORMAL,

COMISSIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A

TENTATIVA

(19)

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

OBJETO MATERIAL – DOCUMENTO PARTICULAR

CARTÃO DE CRÉDITO

CLASSIFICAÇÃO: CRIME COMUM, DOLOSO, MONOSSUBJETIVO, FORMAL, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(20)

FALSIDADE IDEOLÓGICA

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular.

OBJETO MATERIAL – DOCUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR

CLASSIFICAÇÃO: CRIME COMUM, DOLOSO, MONOSSUBJETIVO, FORMAL, OMISSIVO E COMISSIVO, INSTANTÂNEO, UNISSUBSISTENTE E PLURISSUBSISTENTE, ADMITE OU NÃO A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(21)

Abuso no preenchimento de folha em branco

Folha obtida licitamente/ folha obtida ilicitamente

Inserção de dados falsos em documento de natureza fiscal – artigo 2º, inciso I, da Lei 8.137/90

Falsificação e uso

(22)

FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA

Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular.

OBJETO MATERIAL: FIRMA OU LETRA RECONHECIDA COMO AUTÊNTICA

CLASSIFICAÇÃO: CRIME PRÓPRIO DOLOSO, MONOSSUBJETIVO, FORMAL, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, UNISSUBSISTENTE, NÃO ADMITE A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(23)

CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO

Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

OBJETO MATERIAL – CERTIDÃO OU ATESTADO

CLASSIFICAÇÃO: CRIME PRÓPRIO DOLOSO, MONOSSUBJETIVO, FORMAL, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

Artigo 301, §1º, CP – falso material ou ideal?

Falsificação de Diploma de conclusão de curso

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(24)

FALSIFICAÇÃO DE ATESTADO MÉDICO

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:

Pena - detenção, de um mês a um ano.

OBJETO MATERIAL : ATESTADO MÉDICO

CLASSIFICAÇÃO: CRIME PRÓPRIO, DOLOSO, MONOSSUBJETIVO, FORMA, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, PLURISUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

Falsificação de atestado de dentista

Uso do atestado falsificado

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(25)

Médico – artigo 302

Paciente – artigo 304

Particular que falsifica o atestado do médico – artigo

301, parágrafo 1º, do CP

(26)

REPRODUÇÃO OU ALTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA FILATÉLICA

Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa

REVOGADO – ARTIGO 39, LEI 6.538/78

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(27)

USO DE DOCUMENTO FALSO

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

OBJETO MATERIAL : DOCUMENTOS FALSIFICADOS OU ALTERADOS

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, DOLOSO, MONOSSUBJETIVO, FORMAL, COMISSIVO, INSTANTÂNEO,

UNISSUBSISTENTE OU PLURISSUBSISTENTE, ADMITE OU NÃO A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(28)

Simples porte do documento – fato atípico, salvo se o documento for de porte obrigatório

Uso reiterado do mesmo documento – artigo 71

Utilização simultânea de vários documentos falsos – crime único

Uso com o fim de obter vantagem ilícita – artigo 171

Uso pelo falsário

Uso de documento verdadeiro

(29)

Súmula 104 do STJ:

Comete à justiça estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino

Súmula 200 do STJ – O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de

passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou

Súmula 546 do STJ – A competência para processar e

julgar o crime de uso de documento falso é firmada em

razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o

documento público, não importando a qualificação do

órgão expedidor.

(30)

Súmula vinculante 36: Compete à Justiça Federal

comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da caderneta de Inscrição e

Registro (CIR) ou de carteira de Habilitação de Amador

(CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil

(31)

USO DE DOCUMENTO FALSO (continuação)

Apresentação espontânea do documento falsificado

Concurso de delitos no caso do autor da falsificação que fizer uso do documento

O uso de vários documentos

(32)

SUPRESSÃO DE DOCUMENTO

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular.

OBJETO MATERIAL: DOCUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, DOLOSO, MONOSSUBJETIVO,

FORMAL, COMISSIVO, INSTANTÂNEO,

PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(33)

Artigo 305/ artigo 314/ artigo 337/ artigo 356 –

dispositivos semelhantes

(34)

FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO CONTRASTE PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA, OU PARA OUTROS FINS

Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: MARCA OU SINAL UTILIZADO PARA CONTRASTE DE MATERIAL OU PARA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA

CLASSIFICAÇÃO: CRIME COMUM, DOLOSO, COMISSIVO, INSTANTÂNEO, MONOSSUBJETIVO, PLURISSUBSISTENTE OU UNISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(35)

FALSA IDENTIDADE

Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

OBJETO MATERIAL – IDENTIDADE

AGENTE QUE FALSEIA A IDENTIDADE COM INTENÇÃO DEFENSIVA

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, FORMAL, DOLOSO, COMISSIVO, MONOSSUBJETIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(36)

A questão da Súmula do STJ no artigo 307 do CP

“A conduta de atribuir-se falsa identidade perante

autoridade policial é típica, ainda que em situação de

alegada autodefesa”. Súmula 522 do STJ

(37)

FALSA IDENTIDADE

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

OBJETO MATERIAL: DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, FORMAL, DOLOSO, COMISSIVO, MONOSSUBJETIVO, INSTANTÂNEO, UNISSUBSISTENTE OU PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA CONFORME O CASO

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(38)

FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIRO

Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: FALSO NOME OU QUALIDADE

CLASSIFICAÇÃO: PRÓPRIO, FORMAL, DOLOSO, COMISSIVO, MONOSSUBJETIVO, INSTANTÂNEO, UNISSUBSISTENTE OU PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA CONFORME O CASO

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(39)

FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIRO

Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: AÇÃO, TÍTULO OU VALOR

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, FORMAL, DOLOSO, COMISSIVO, MONOSSUBJETIVO, INSTANTÂNEO, UNISSUBSISTENTE OU PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA CONFORME O CASO

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(40)

ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

OBJETO MATERIAL: NÚMERO CHASSI OU OUTRO SINAL IDENTIFICADOR, COMPONENTE OU EQUIPAMENTO DE VEÍCULO

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, FORMAL, DOLOSO, COMISSIVO, MONOSSUBJETIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE, ADMITE A TENTATIVA

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(41)

Colocação de fita adesiva na placa do carro

“A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que a norma contida no

art. 311 do Código Penal busca resguardar a

autenticidade dos sinais identificadores dos veículos automotores, sendo, pois, típica, a simples conduta de alterar, com fita adesiva, a placa do automóvel, ainda que não caracterizada a finalidade específica de

fraudar a fé pública.”. (AgRg no REsp 1327888/SP)

(42)

FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO

Art. 311-A - Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:

I - concurso público;

II - avaliação ou exame públicos;

III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

CRIMES CONTRA A FÉ

PÚBLICA

(43)

FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO

(continuação)

OBJETO MATERIAL: CONTEÚDO SIGILOSO DO CERTAME (PROVAS, GABARITOS, QUESTÕES...)

CLASSIFICAÇÃO: COMUM, FORMAL, DOLOSO, COMISSIVO,

MONOSSUBJETIVO, INSTANTÂNEO, PLURISSUBSISTENTE,

ADMITE A TENTATIVA

(44)

INFORMATIVO Nº 453

Cola Eletrônica e Tipificação Penal - 4

PROCESSO ARTIGO

Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, rejeitou denúncia apresentada contra Deputado Federal, em razão de ter despendido quantia em dinheiro na tentativa de obter, por intermédio de cola eletrônica, a aprovação de sua filha e amigos dela no vestibular de universidade federal, conduta essa tipificada pelo Ministério Público Federal como crime de estelionato (CP, art.

171), e posteriormente alterada para falsidade ideológica (CP, art.

299) — v. Informativos 306, 395 e 448. Entendeu-se que o fato

narrado não constituiria crime ante a ausência das elementares

objetivas do tipo, porquanto, na espécie, a fraude não estaria na

veracidade do conteúdo do documento, mas sim na utilização de

terceiros na formulação das respostas aos quesitos. Salientou-se,

ainda, que, apesar de seu grau de reprovação social, tal conduta

não se enquadraria nos tipos penais em vigor, em face do princípio

da reserva legal e da proibição de aplicação da analogia in malam

partem. Vencidos os Ministros Carlos Britto, Ricardo

Lewandowski, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, que recebiam a

denúncia. Inq 1145/PB, rel. orig. Min. Maurício Corrêa, rel. p/ o

acórdão Min. Gilmar Mendes, 19.12.2006. (Inq-1145)

(45)

INFORMATIVO Nº 448

Cola Eletrônica e Tipificação Penal - 3

PROCESSO Inq - 1145 ARTIGO

O Tribunal retomou julgamento de denúncia apresentada contra deputado federal, em razão de ter despendido quantia em dinheiro na tentativa de obter, por intermédio de cola eletrônica, a aprovação de sua filha e amigos dela no vestibular de universidade federal, conduta essa tipificada pelo Ministério Público Federal como crime de estelionato (CP, art. 171), e posteriormente alterada para falsidade ideológica (CP, art. 299) — v. Informativos 306 e 395. O Min. Carlos Britto, em voto-vista, divergiu do relator, para receber a denúncia, por entender que os fatos nela descritos amoldam-se tanto ao tipo penal do estelionato quanto da falsidade ideológica.

Relativamente ao estelionato, asseverou que a vantagem ilícita consistiria na obtenção de vaga, por meio fraudulento, em instituição pública federal, e o prejuízo alheio, nos ônus suportados pela própria universidade federal, em face do custeio dos estudos dos alunos fraudadores, bem como pelos candidatos que foram injustamente excluídos das vagas por estes preenchidas, que perderam suas taxas de inscrição no certame e ainda assumiram outras despesas com a preparação para o vestibular, todos induzidos a erro quanto à lisura da competição. No que tange à falsidade ideológica, tendo em conta o princípio da eventualidade, considerou que a operação de compra e venda de antecipação das respostas corretas em vestibular significaria fazer inserir em documento particular declaração diversa da que devia ser escrita, pois o que devia ser escrito seria o entendimento pessoal do candidato, e não o de um cúmplice, transmitido por meio eletrônico com a finalidade de alterar a verdade de um fato juridicamente relevante, qual seja, o real conhecimento do candidato fraudador. Após o voto da Min. Cármen Lúcia, que acompanhava o voto do relator, e dos votos do Min. Ricardo Lewandowski, que acompanhava a divergência, e do Min. Joaquim Barbosa, que, reformulando seu voto, também o fazia, pediu vista dos autos o Min.

Cezar Peluso. Inq 1145/PB, rel. Min. Maurício Corrêa, 16.11.2006. (Inq-1145)

(46)

Supremo Tribunal Federal no Inquérito Policial 1.145/PB.

Durante o julgamento, surgiram duas teses entre os Ministros:

para uns, a “cola eletrônica” seria estelionato; para outros, essa conduta não atenderia aos requisitos do art. 171 do CP.

Prevaleceu a segunda posição, isto é, entendeu-se que: a) não seria estelionato porque não haveria obtenção de vantagem patrimonial (econômica); b) também não seria falsidade ideológica porque as respostas dadas pelos candidatos, por mais que obtidas fraudulentamente, corresponderiam à

realidade.

Enfim, o STF entendeu que a conduta descrita nos autos como

“cola eletrônica” era atípica e que não haveria nenhum tipo penal no direito brasileiro incriminando esse procedimento.

(Inq 1145, Relator(a): Min. Maurício Corrêa, Tribunal Pleno,

julgado em 19/12/2006, DJe-060 DIVULG 03-04-2008)

(47)

Pena restritiva de direitos

Artigo 47, V do CP

(48)

Questões Polêmicas

1. competência para julgar o artigo 297. parágrafo 4º, CP

Informativo nº 0554

Período: 25 de fevereiro de 2015.

TERCEIRA SEÇÃO

DIREITO PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR CRIME PREVISTO NO ART. 297, § 4º, DO CP. Compete à Justiça Federal - e não à Justiça Estadual - processar e julgar o crime caracterizado pela omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do CP). A Terceira Seção do STJ modificou o entendimento a respeito da matéria, posicionando-se no sentido de que, no delito tipificado no art. 297, § 4º, do CP - figura típica equiparada à falsificação de documento público -, o sujeito passivo é o Estado e, eventualmente, de forma secundária, o particular - terceiro prejudicado com a omissão das informações -, circunstância que atrai a competência da Justiça Federal, conforme o disposto no art. 109, IV, da CF (CC 127.706-RS, Terceira Seção, DJe 3/9/2014).

(49)

Precedente citado: AgRg no CC 131.442-RS, Terceira Seção,

DJe 19/12/2014. CC 135.200-SP , Rel. originário Min. Nefi

Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior,

julgado em 22/10/2014, DJe 2/2/2015.

(50)

2.Falsificação de doc. Público por omissão na CTPS – intervenção mínima

Informativo nº 0539

Período: 15 de maio de 2014.

QUINTA TURMA

DIREITO PENAL. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO POR OMISSÃO DE ANOTAÇÃO NA CTPS.

A simples omissão de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) não configura, por si só, o crime de falsificação de documento público (art. 297, § 4º, do CP). Isso porque é imprescindível que a conduta do agente preencha não apenas a tipicidade formal, mas antes e principalmente a tipicidade material, ou seja, deve ser demonstrado o dolo de falso e a efetiva possibilidade de vulneração da fé pública. Com efeito, o crime

(51)

de falsificação de documento público trata-se de crime contra a fé pública, cujo tipo penal depende da verificação do dolo, consistente na vontade de falsificar ou alterar o documento público, sabendo o agente que o faz ilicitamente. Além disso, a omissão ou alteração deve ter concreta potencialidade lesiva, isto é, deve ser capaz de iludir a percepção daquele que se depare com o documento supostamente falsificado. Ademais, pelo princípio da intervenção mínima, o Direito Penal só deve ser invocado quando os demais ramos do Direito forem insuficientes para proteger os bens considerados importantes para a vida em sociedade. Como corolário, o princípio da fragmentariedade elucida que não são todos os bens que têm a proteção do Direito Penal, mas apenas alguns, que são os de maior importância para a vida em sociedade. Assim, uma vez verificado que a conduta do agente é suficientemente reprimida na esfera administrativa, de acordo com o art. 47 da CLT, a simples omissão de anotação não gera consequências que exijam repressão pelo Direito Penal. REsp 1.252.635-SP, Rel. Min.

Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/4/2014.

(52)

3. falso e uso

Informativo nº 0452

Período: 18 a 22 de outubro de 2010.

SEXTA TURMA

USO. DOCUMENTO FALSO. FALSIFICAÇÃO. CRIME ÚNICO.

Na hipótese, o ora paciente foi condenado a dois anos e seis meses de reclusão e 90 dias-multa por falsificação de documento público e a dois anos e três meses de reclusão e 80 dias-multa por uso de documento falso, totalizando quatro anos e nove meses de reclusão no regime semiaberto e 170 dias-multa. Em sede de apelação, o tribunal a quo manteve a sentença. Ao apreciar o writ, inicialmente,

(53)

observou o Min. Relator ser pacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que o agente que pratica as condutas de falsificar documento e de usá-lo deve responder por apenas um delito. Assim, a questão consistiria em saber em que tipo penal, se falsificação de documento público ou uso de documento falso, estaria incurso o paciente. Para o Min.

Relator, seguindo entendimento do STF, se o mesmo sujeito falsifica documento e, em seguida, faz uso dele, responde apenas pela falsificação. Destarte, impõe-se o afastamento da condenação do ora paciente pelo crime de uso de documento falso, remanescendo a imputação de falsificação de documento público. Registrou que, apesar de seu comportamento reprovável, a condenação pelo falso (art. 297 do CP) e pelo uso de documento falso (art. 304 do CP) traduz ofensa ao princípio que veda o bis in idem, já que a utilização pelo próprio agente do documento que anteriormente falsificara constitui fato posterior impunível, principalmente porque o bem jurídico tutelado, ou seja, a fé pública, foi malferido no momento em que se constituiu a falsificação. Significa, portanto, que a posterior utilização do documento pelo próprio autor do falso consubstancia, em si, desdobramento

(54)

dos efeitos da infração anterior. Diante dessas considerações, entre outras, a Turma concedeu a ordem para excluir da condenação o crime de uso de

documento falso e reduzir as penas impostas ao

paciente a dois anos e seis meses de reclusão no regime semiaberto e 90 dias-multa, substituída a sanção corporal por prestação de serviços à comunidade e limitação de fim de semana. Precedentes citados do STF: HC 84.533-9-MG, DJe 30/6/2004; HC 58.611-2-RJ, DJ 8/5/1981;

HC 60.716-RJ, DJ 2/12/1983; do STJ: REsp 166.888-SC, DJ 16/11/1998,

e HC 10.447-MG, DJ 1º/7/2002.

HC 107.103-GO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/10/2010.

(55)

Cartão de Crédito – documento particular. Reflexões.

Informativo nº 0591

Período: 4 a 18 de outubro de 2016.

SEXTA TURMA

DIREITO PENAL. CLONAGEM DE CARTÃO DE CRÉDITO OU DÉBITO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI N. 12.737/2012.

Ainda que praticada antes da entrada em vigor da Lei n. 12.737/2012, é típica (art. 298 do CP) a conduta de falsificar, no todo ou em parte, cartão de crédito ou débito. De fato, o caput do art. 298 do CP ("Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro") descreve o elemento normativo: "documento". Segundo doutrina, "os elementos normativos são aqueles para cuja compreensão é insuficiente desenvolver uma atividade meramente cognitiva, devendo-se realizar uma atividade valorativa." Assim, o elemento normativo implica uma

(56)

atitude especial do intérprete, a exigir um pouco mais que a simples percepção de sentidos, delimitando-se o alcance e o sentido do texto legal existente. Por conseguinte, no processo hermenêutico que subjaz à atividade do julgador, o elemento normativo em questão prescinde de integração, especialmente da utilização de analogia. Ao avançar na compreensão ou na valoração do significado do elemento normativo "documento", poder-se-ia extrair, de acordo com os escólios de doutrina, a ideia de que seria "todo escrito especialmente destinado a servir ou eventualmente utilizável como meio de prova de fato juridicamente relevante" e, acerca da falsidade documental: "imitação ou deformação fraudulenta da verdade em um papel escrito, no sentido de conculcar uma relação jurídica ou causar um prejuízo juridicamente apreciável."

Aliás, a própria Lei de Acesso à Informação (art. 4º, II) define documento como

"unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato".

Nessa perspectiva, não há como perder de vista que o "cartão de crédito", embora não seja tão recente, passou a ter utilização propagada de forma exponencial no final do século passado, notadamente pela facilidade de se estabelecer, com ele, uma gama de relações jurídicas relevantes para o cenário econômico. Tal importância, fruto da própria dinâmica tecnológica, culminou

(57)

com a necessidade de se estabelecer uma proteção penal mais significativa para essas relações. Nesse ponto, o elemento normativo previsto no art. 298 do CP assumiu especial relevo, porque a maleabilidade valorativa que lhe é inerente permitiu a sua adaptação aos anseios e às necessidades provenientes da existência de novas relações jurídicas advindas da evolução tecnológica. De acordo com doutrina, há uma vinculação entre esse conteúdo e a interpretação valorativa, que sempre será determinada pelo julgador de acordo com a cultura da época. Em virtude disso, a jurisprudência, antes da entrada em vigor da Lei n.

12.737/2012, passou ao largo de discutir se

a falsificação de cartão de crédito poderia se enquadrar como falsificação de documento particular. A presença do elemento normativo "documento"

possibilitou ao aplicador da lei compreender que o cartão de crédito ou bancário enquadrar-se-ia no conceito de documento particular, para fins de tipificação da conduta, principalmente porque dele constam dados pessoais do titular e da própria instituição financeira (inclusive na tarja magnética) e que são passíveis de falsificação. Isso pode ser constatado pelo fato de que os inúmeros processos que aportaram no STJ antes da edição da referida lei e que tratavam de falsificação de documento particular em casos de "clonagem"

(58)

de cartão de crédito não reconheceram a atipicidade da conduta (HC 43.952-RJ, Quinta Turma, DJ 11/9/2006; HC 116.356-GO, Quinta Turma, DJe 6/4/2009; RHC 19.936-RJ, Quinta Turma, DJ 11/12/2006; RHC 13.415-CE, Quinta Turma, DJ 3/2/2003; HC 27.520-GO, Sexta Turma, DJ 15/9/2003; entre outros). No mesmo sentido, citam-se precedentes do STF: HC 102.971-RJ, Segunda Turma, DJe 5/5/2011; e HC 82.582-RJ, Segunda Turma, DJ 4/4/2003; entre outros. Assim, a inserção do parágrafo único no art. 298 do CP apenas ratificou e tornou explícito o entendimento jurisprudencial da época, relativamente ao alcance do elemento normativo "documento", clarificando que cartão de crédito é considerado documento. Não houve, portanto, uma ruptura conceitual que justificasse considerar, somente a partir da edição da Lei n.

12.737/2012, cartão de crédito ou de débito como documento. Inclusive, seria incongruente, a prevalecer a tese da atipicidade anterior à referida lei, reconhecer que todos os casos antes assim definidos pela jurisprudência, por meio de legítima valoração de elemento normativo, devam ser desconstituídos justamente em virtude da edição de uma lei interpretativa que veio em apoio à própria jurisprudência já então dominante. Acrescenta-se, ainda, não prosperar o argumento de que é sempre inviável a retroatividade de uma lei penal

(59)

interpretativa (se não favorável ao réu), esta compreendida como norma que não altera o conteúdo ou o elemento da norma interpretada, mas, apenas, traduz o seu significado. Esse raciocínio, se considerado isoladamente, conduziria à ideia de que a previsão contida no parágrafo único do art. 298 do CP não poderia retroagir e, por esse ângulo, surgiria um imbróglio, na medida em que a jurisprudência nunca oscilou quanto ao reconhecimento de que cartão de crédito é documento para fins do caput do referido artigo. Nesse contexto, há vertente doutrinária no viés de que: "se o sentido fixado pela lei interpretativa é diferente do atribuído à norma por uma corrente jurisprudencial uniforme, então a lei nova [...] já não pode ser considerada realmente interpretativa, mas inovadora." Isso sugere, a contrario sensu, que o sentido atribuído à norma interpretativa que estivesse em consonância com a jurisprudência não se caracterizaria como lei inovadora, no sentido substancial.

Na hipótese, repita-se, a jurisprudência era uníssona em reconhecer que cartão de crédito era documento para fins do caput do art. 298 do CP, o que implica dizer que a Lei n. 12.737/2012 apenas reproduziu, com palavras mais inequívocas, a jurisprudência daquela época, tratando-se, desse modo, de lei interpretativa exemplificativa, porquanto o conceito de "documento" previsto

(60)

no caput não deixou de conter outras interpretações possíveis. Por fim, não é possível deixar de salientar que, a não se compreender assim, todos os casos anteriores à edição da referida lei e que culminaram em condenação, ou mesmo aqueles que ainda se encontram em andamento, deveriam ser revistos, embora não tenha ocorrido qualquer ruptura na interpretação dada pela jurisprudência ao elemento normativo do tipo antes ou após a inserção do parágrafo único no art. 298 do CP. REsp 1.578.479-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel.

para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 2/8/2016, DJe 3/10/2016.

(61)

ATUALIZAÇÃO DA MATÉRIA

Informativo STJ 677 de 11 de setembro de 2020

677

6ª. Turma

Processo

HC 583.837-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 04/08/2020, DJe 12/08/2020

Ramo do Direito

DIREITO PENAL, DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema

Crime de estelionato. Regra do § 5º do art. 171 do Código Penal acrescentada pela Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime). Ação penal pública condicionada à representação como regra. Nova lei mais benéfica. Processos ainda não transitados em julgado. Retroatividade.

(62)

Destaque

A retroatividade da representação no crime de estelionato alcança todos os processos ainda não transitados em julgado.

Informações do Inteiro Teor

Cinge-se a controvérsia a definir a aplicação retroativa ou não do § 5º do art. 171 do Código Penal, inserido pela Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime).

Uma análise necessária diz respeito ao caráter da norma que insere condição de procedibilidade, como regra, para persecução penal do delito de estelionato: se penal ou processual, e o consequente regime jurídico a que submetido, se penal ou processual.

Há razoável consenso doutrinário acerca da natureza dessa disciplina: as normas que disciplinam a ação penal, mesmo aquelas constantes no Código de Processo Penal, são de caráter misto, regidas assim pelos cânones da retroatividade e da ultratividade benéficas, pois disciplinam

(63)

o exercício da pretensão punitiva, como reconhecido pela Quinta Turma no HC 573.093/SC.

Assim, diante do advento de nova disciplina, a vigência da norma mais antiga ou mais nova será determinada pelos benefícios proporcionados ao réu no caso concreto. Caso a nova espécie de ação se apresente mais benéfica, deverá retroagir.

Entre as três espécies de ação penal há uma notória gradação: enquanto a ação penal de iniciativa privada obedece ao princípio da disponibilidade, estando submetida a causas específicas de extinção da punibilidade, como a renúncia, o perdão, a decadência, por exemplo, a ação penal pública incondicionada observa o princípio da indisponibilidade, sendo a persecução penal deflagrada de ofício pelo aparato oficial público. A ação penal pública condicionada à representação, por sua vez, observa o princípio da disponibilidade até o oferecimento da ação penal, que, uma vez instaurada, adquire o caráter de ação penal pública com desenvolvimento ex officio, não admitindo mais retratação.

(64)

Pode-se, assim, afirmar que a ação penal pública incondicionada é mais gravosa ao acusado, enquanto a ação privada é menos gravosa, estando a ação pública condicionada à representação em posição intermediária.

Diante de tal quadro, parece notório que o § 5º do art. 171 do Código Penal, inserido pela Lei n. 13.694/2019, é norma mais benéfica em relação ao regime anterior. E, pelo caráter misto, alcança casos anteriores à sua vigência.

Há, no entanto, um claro limite à retroatividade do dispositivo: o trânsito em julgado da ação penal. A partir desse momento processual não há falar mais em exercício do direito de ação, que se esgota com o pronunciamento definitivo sobre o mérito da ação; instaura-se a pretensão executória, no qual o direito de punir já é juridicamente certo, não havendo espaço para discussão sobre a natureza da ação penal do título. O direito de executar a pena, saliente-se, não se submete a tais condicionantes, tampouco pode ser exercido de forma privada, cabendo apenas ao Estado exercê-lo, sem influência da vontade privada.

(65)

Considerado tal limite, a retroação da norma em questão alcança todos os processos em curso, sem trânsito em julgado. Tal retroação não gera a extinção da punibilidade automática dos processos em curso, nos quais a vítima não tenha se manifestado favoravelmente à persecução penal.

Verifica-se, entretanto, uma omissão legislativa ao disciplinar os conflitos decorrentes da lei no tempo, passíveis de solução pela via interpretativa. A Lei n. 9.099/1995, em seu art. 91, trouxe disciplina para questão semelhante. Ao transformar a ação penal dos crimes de menor potencial ofensivo de ação pública incondicionada para pública condicionada à representação, determinou a intimação do ofendido ou do seu representante legal para oferecer representação no prazo de 30 dias, sob pena de decadência.

Tal solução, é mais equânime com os cânones do direito penal e do

(66)

processual penal. O ato jurídico perfeito e a retroatividade da lei penal mais benéfica são direitos fundamentais de primeira geração, previstos nos incisos XXXVI e XL do art. 5º da Constituição Federal. Por se tratarem de direitos de origem liberal, concebidos no contexto das revoluções liberais, voltam-se ao Estado como limitadores de poder, impondo deveres de omissão, com o fim de garantir esferas de autonomia e de liberdade individual. Considerar o recebimento da denúncia como ato jurídico perfeito inverteria a natureza dos direitos fundamentais, visto que equivaleria a permitir que o Estado invocasse uma garantia fundamental frente a um cidadão.

(67)

Informativo 674, 31 de julho de 2020.

5ª. Turma

Processo

HC 573.093-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 09/06/2020, DJe 18/06/2020

Ramo do Direito

DIREITO PENAL, DIREITO PROCESSUAL PENAL

Tema

Crime de estelionato. Regra do § 5º do art. 171 do Código Penal acrescentada pela Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime).

Representação. Condição de procedibilidade. Aplicação retroativa a processos em curso. Inviabilidade.

(68)

Destaque

A retroatividade da representação no crime de estelionato não alcança aqueles processos cuja denúncia já foi oferecida.

Informações do Inteiro Teor

A Lei n. 13.964/2019, conhecida como "Pacote Anticrime", alterou substancialmente a natureza da ação penal do crime de estelionato (art. 171, § 5º, do Código Penal), sendo, atualmente, processado mediante ação penal pública condicionada à representação do ofendido, salvo se a vítima for: a Administração Pública, direta ou indireta; criança ou adolescente; pessoa com deficiência mental; maior de 70 anos de idade ou incapaz.

Observa-se que o novo comando normativo apresenta caráter híbrido, pois, além de incluir a representação do ofendido como condição de procedibilidade para a persecução penal, apresenta potencial extintivo da punibilidade, sendo tal alteração passível de aplicação retroativa por ser mais benéfica ao réu.

(69)

Contudo, além do silêncio do legislador sobre a aplicação do novo entendimento aos processos em curso, tem-se que seus efeitos não podem atingir o ato jurídico perfeito e acabado (oferecimento da denúncia), de modo que a retroatividade da representação no crime de estelionato deve se restringir à fase policial, não alcançando o processo. Do contrário, estar-se-ia conferindo efeito distinto ao estabelecido na nova regra, transformando-se a representação em condição de prosseguibilidade e não procedibilidade.

Referências

Documentos relacionados

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) iniciou na última semana a doação de 78.430 máscaras de proteção contra a Covid- 19 para Instituições de Longa

Concluindo-se, assim, que uma acção inspectiva externa não é susceptível de suspender o prazo de caducidade de liquidar impostos, nos termos do artigo 49.º/1 da LGT,

3.5 O acadêmico que não efetuar o pagamento da primeira parcela no prazo estabelecido e perder a reserva de vaga, poderá realizar uma nova solicitação de pré-matrícula, caso

As terapias para o PTT variam entre a infusão de plasma fresco congelado (PFC) ou plasma de 24 horas para corrigir a deficiência da ADAMTS13, plasmaférese

Todavia, como ressaltam as requerentes, cuida-se de empresa que faz parte do Grupo Econômico que postula a recuperação judicial, de forma que o afastamento de uma das empresas

1º Esta Medida Provisória dispõe sobre as medidas trabalhistas que poderão ser adotadas pelos empregadores para preservação do emprego e da renda e para enfrentamento do

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

CONCLUSÕES E PROPOSTAS PARA TRABALHOS FUTUROS Nesta dissertação, foi apresentada uma avaliação do desempenho das funções de proteção aplicadas em transformadores de potência,