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SONDAGEM ESCRITA: POSSIBILIDADES DE PESQUISA NA SALA DE AULA

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Patrícia Tanganelli Lara

D D E E ST S TA A QU Q U E E

SONDAGEM ESCRITA: POSSIBILIDADES DE PESQUISA NA SALA DE AULA

MARISTELA SILVADE FREITAS

#VacinaParaTodos #VacinaParaTodos

Ano II - nº 12 | Jan/2021 | ISSN 2675-2573

ISSN 2675-2573

(2)

Editor Responsável:

Antônio R. P. Medrado

Coordenação editorial:

Ana Paula de Lima Isac Pereira dos Santos

Ivete Irene dos Santos Manuel Francisco Neto (Angola)

Patrícia Tanganelli Lara Thais Thomaz Bovo Veneranda Rocha de Carvalho

Vilma Maria da Silva

Organização:

Vilma Maria da Silva

AUTORES(AS) Alexandre Passos Bitencourt Anna Caroliny Lima Kecek Ruiz

Cleide Aparecida Costa José Jerónimo Cassumala Katia Aparecida Oliveira Costa

Kelly da Cruz Bianchini Maria Vanuzia de Lima Santos

Marcia Minami Maristela Silva de Freitas

Vilma Maria da Silva

Ano II - nº 12 Janeiro de 2021 - ISSN 2675-2573

(3)

www.primeiraevolucao.com.br

A revista PRIMEIRA EVOLUÇÃO é um projeto editorial criado pela Edições Livro Alternativo para auxiliar professores(as) a publicarem suas pesquisas, estudos, vivências ou relatos de experiências.

O corpo editorial da revista é formado por professores, especialistas, mestres e doutores que atuam na rede pública de ensino, e por profissionais do livro e da tecnologia da informação.

PROPÓSITOS:

Rediscutir, repensar e refletir sobre os mais diversos aspectos educacionais com base nas experiências, pesquisas, estudos e vivências dos profissionais da educação;

Proporcionar a publicação de livros, artigos e ensaios que contribuam para a evolução da educação e dos educadores(as);

Possibilitar a publicação de livros de autores(as) independentes;

Promover o acesso, informação, uso, estudo e compartilhamento de sofwares livres

;

Incentivar a produção de livros escritos por professores e autores independentes.

PRINCÍPIOS:

O trabalho voltado (principalmente) para a educação, cultura e produções independentes;

O uso exclusivo de softwares livres na produção dos livros, revistas, divulgação, palestras, apresentações etc desenvolvidas pelo grupo;

A ênfase na produção de obras coletivas de profissionais da educação;

Publicar e divulgar livros de professores(as) e autores(as) independentes e/ou produções marginais;

O respeito à liberdade e autonomia dos autores(as);

O combate ao despotismo, ao preconceito e à superstição;

O respeito à diversidade

.

A educação evolui quanto mais evoluem seus profissionais

Publicada por:

Ano II - Nº 12 - Janeiro de 2021 ISSN: 2675-2573

Mensal Editor Responsável:

Antônio R. P. Medrado Coordenação editorial:

Ana Paula de Lima Isac dos Santos Pereira Ivete Irene dos Santos Manuel Francisco Neto (Angola) Patrícia Tanganelli Lara Thaís Thomas Bovo

Veneranda Rocha de Carvalho Vilma Maria da Silva

Com. de Avaliação e Leitura:

Prof. Me. Adeílson Batista Lins Profa. Esp. Ana Paula de Lima Profa. Dra. Denise Mak Prof. Me. Isac dos Santos Pereira Profa. Me. Ivete Irene dos Santos Profa. Me. Jaqueline Oliveira Prof. Dr. Manuel Francisco Neto Profa. Dra. Patrícia Tanganelli Lara Profa. Dra. Thaís Thomaz Bovo Profa. Me. Veneranda Rocha de Carvalho Edição, Web-edição e projetos:

Antonio R. P. Medrado Lee Anthony Medrado Bibliotecária:

Patrícia Martins da Silva Rede Contatos

Tel. (11) 98031-7887 Whatsapp: (11) 99543-5703 primeiraevolucao@gmail.com https://primeiraevolucao.com.br São Paulo-SP - Brasil

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos

autores e não expressam, necessariamente, a opinião do

Conselho Editorial.

É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos

desta revista, desde que citada a fonte.

(4)

Í Í N N D D I I C C E E

05 APRESENTAÇÃO

MÍDIA-EDUCAÇÃO NA INTERFACE COM TECNOLOGIAS DIGITAIS

Alexandre Passos Bitencourt 15

PSICOMOTRICIDADE E A IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO

Anna Caroliny Lima Kecek Ruiz 25

A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Cleide Aparecida Costa 29

A QUALIDADE DO PROFESSOR ANGOLANO

José Jerónimo Cassumala 35

A HISTÓRIA DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS

Katia Aparecida Oliveira Costa 39

PERSPECTIVAS PEDAGÓGICAS SOBRE O AUTISMO

Kelly da Cruz Bianchini 43

A ESCOLA E ESTÍMULOS DOS CONTOS DE FADAS

Marcia Minami 51

A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Maria Vanuzia de Lima Santos 57

SONDAGEM ESCRITA: POSSIBILIDADES DE PESQUISA NA SALA DE AULA

Maristela Silva de Freitas 63

MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA

Vilma Maria da Silva 69

ARTIGOS

Profa. Vilma Maria da Silva

8

Refletir sobre as pessoas, respeitar a diversidade e vivenciar a inclusão

11 Catalog’Art; Naveg’Ações de Estudantes 73 POIESIS

COLUNAS

(5)

A A P P R R E E S S E E N N T T A A Ç Ç Ã Ã O O

“O NOVO, O NOVO SEMPRE VEM.”

(COMO NOSSOS PAIS - BELCHIOR)

2

020 foi um ano de aprendizado, mas, e qual não é? Contudo, ele pas‐

sou, deixando suas marcas que para algumas famílias foram mais profundas e doloridas. A perda de qualquer ser humano nos entris‐

tece, sempre.

As dificuldades geradas pela pandemia permitiram que evoluíssemos em diversos aspectos, principalmente no que diz respeito às relações humanas. O distanciamento social e o trabalho remoto determinaram nossas ações e permi‐

tiram que continuássemos em atividade, infelizmente, nem todos puderam con‐

tar ou colaborar com isso.

O ano acabou, muito embora ainda nos acompanhe como uma ameaça temível. Fato é que findou-se o ano e aqui estamos a falar sobre ele. Afinal, en‐

contrávamo-nos reféns de um vírus, e tudo que tínhamos era desinformação e medo. Utilizávamos apenas as máscaras, a higienização das mãos e o distanci‐

amento social como armas, mas, agora podemos contar também com o alento das vacinas.

Que venham as vacinas, aos milhões! Elas nos permitirão retomar nossas atividades sociais, mesmo que lentamente. E lembre-se de que a vida é insubs‐

tituível, e que é mais fácil você se sentir culpado ou responsável pela morte de alguém, do que virar jacaré, (o que é impossível).

Sabemos que não há solução pronta e imediata, teremos que esperar um pouco mais para abraçar as pessoas que nos são queridas. Sejamos fortes.

Como professores, estamos sempre na luta contra a ignorância e o obs‐

curantismo. Defendemos ações públicas efetivas, abrangentes e organizadas na luta contra o coronavírus, e mais, queremos que todos tenham acesso à vacina‐

ção gratuita, obedecendo critérios médicos e legais.

Nesta edição não teremos a seção de homenagem, ela foi substituída pe‐

lo ensejo de VACINA PARA TODOS, o mais breve possível.

Que 2021 seja um ano em que continuemos aprendendo, mas, que pos‐

samos ensinar ainda mais.

PROFA. VILMA MARIADA SILVA

(6)

Em 2021 temos um ESPAÇO RESERVADO para VOCÊ!

Conte-nos sua HISTÓRIA e TRAJETÓRIA.

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www.livroalternativo.com.br

SUA PUBLICAÇÃO AJUDA A FINANCIAR OUTROS PROJETOS

Em 2020 seu artigo financiou parcialmente os seguintes títulos:

(8)

Ana Paula de Lima

R RE EF FL LE ET TI I R R S SO OB BR RE E A AS S P PE ES S S SO O A AS S, , R RE ES SP PE EI I T T A AR R A A D DI IV VE ER R S SI ID DA A D DE E E E V V I IV VE EN NC CI I A AR R A A I I N NC CL L U US ÃO O

PROFESSOR EM FÉRIAS

Professor é um profissional realmente interessante!

Ao longo do ano dispõe-se a buscar inúmeros materiais que contribuem e qualificam o seu trabalho, na tentativa de atualizar e inovar seu ensinamento e oferecer melhores condições de apren‐

dizagem aos estudantes que atende. Uma vez ouvi dizer que a edu‐

cação ainda faz parte do passado, mas os professores correm atrás do presente, enquanto os estudantes já estão com um pé no futu‐

ro... provocando uma longa corrida para alcançar os interesses destes, numa velocidade quase que desumana.

Considerando este pensa‐

mento anterior, o professor ge‐

ralmente apresenta um movimento de busca constante e incansável de propostas e es‐

tratégias para serem utilizadas em aulas, tornando-as interes‐

santes e desafiadoras para os estudantes que surpreendem a cada dia, já tornando o conheci‐

mento que acabara de aprender muitas vezes ultrapassado.

É uma busca desafiadora que faz parte do “Ser Professor”

com “P” maiúsculo e com muito orgulho. Assim, ao final do ano, após tanto trabalho, dinâmicas, teorias na prática, práticas da teoria, avaliações, estudos, re‐

flexões, discussões, registros...

o professor encontra forças pa‐

ra finalmente desfrutar de suas merecidas férias! Aquele mo‐

mento em que se fecha o livro e

vai para o mundo, explorar e in‐

teragir com familiares, amigos, animais de estimação, enfim, agora sobrará um tempinho pa‐

ra conseguir se dedicar a si mes‐

mo. Será? Fico aqui imaginan‐

do alguns professores que co‐

nheço lendo o trecho acima e sorrindo (ou rindo) do parágrafo anterior. Será que o que eu rela‐

tei é real? Será que o professor fecha o seu livro e simplesmen‐

te reabre no próximo ano, na próxima jornada?

Pois é... A jornada do pro‐

fessor raramente é interrompi‐

da! Assim, a seguir descreverei um pouco das férias desse pro‐

fissional interessante: ao assis‐

tir a um filme com sua família:

“… que bacana! Vou trabalhar

com essa temática em minha

próxima turma”; ao passear na

(9)

Contato:

e-mail: professora.aninha.lima@gmail.com WhatsApp (11) 994707514

praia com os amigos: “Vou se‐

parar algumas conchinhas para realizar tal trabalho quando as aulas voltarem”; ao se encontrar com os amigos em um bar:

“Guardem as latinhas, que leva‐

rei para desenvolver um traba‐

lho de reciclagem”; no almoço em família: “você me lembra tal aluno, como você acha que po‐

de contribuir com tal atitude?”;

dormindo: “qual será o perfil de minha turma para o próximo ano? As facilidades.. os desafi‐

os...”

E assim finaliza as férias do professor, que volta cheio de ex‐

pectativas para a sala de aula, pronto para continuar a sua jor‐

nada, nem sempre descansado, mas preparado para contribuir com ações dessa profissão que escolheu, cumprindo a sua mis‐

são de educador do mundo!

(10)
(11)

NARUTO NA MINHA CASA; RELATOS DE UMA EXPERIÊNCIA EM PERÍODO PANDÊMICO

ISACDOS SANTOS PEREIRA

FILIPE OLIVEIRADE MELO

U

m tanto desestabilizados pelos cerceamentos que a pandemia impôs mundialmen‐

te durante esses meses, nota-se que a Arte tornou-se um dos recursos mais pro‐

pícios na resolução de diversos problemas em diferentes dimensões, inclusive as relações familiares. Em seus variados aspectos, seja dentro da Dança, do Teatro, da Música ou das Artes Visuais, as possibilidades de criação, ação esta inerente ao ser humano em seu pro‐

cesso evolutivo e construtivo como ser social, histórico, psicológico, entre outros, tornam-se ex‐

periências que preenchem espaços, que, quiçá, outros feitos não o fariam.

Começo do ano e face aos aconteci‐

mentos, de forma mais livre, optou-se por construir um texto em que nele não tenha so‐

mente o academicismo reflexivo da teoria, mas a forma mais fluida de pequenos relatos das experiências em formas de palavras e fotos, que por mais complicado que seja, foram in‐

seridas e trazidas como memórias, que estão lá não mais estando...

De maneira semelhante, ambos os au‐

tores da coluna do presente mês ansiaram por construírem juntos dentro do campo das Artes Visuais, especificamente do desenho, uma re‐

lação que transita entre suas experiências en‐

quanto sujeitos sociais, pai e filho, para estendê-las e as materializarem em um dese‐

nho, mesmo que ainda em toda sua configu‐

ração imagética não evidencie isso, de certa forma.

E você, leitor? Já parou algum momen‐

to para fazer Arte com que ama? Discutir rela‐

ções, sensações, anseios, tristezas e alegrias por intermédio da linguagem não verbal... Já pensou nisso?

Por vezes, pode não parecer, mas tu‐

do passa muito rápido, tudo se esvanece, transformando-se somente em memórias, em Catálogos de Arte, fotografias do ontem, chei‐

ros e toques das férias passadas...

Para um dos autores, Filipe, suas pala‐

vras assumem formas e se impõem como con‐

tadoras diante de sua criação em dupla;

(...) essa foi minha primeira experiên‐

cia de desenho em dupla com meu querido pai. Eu senti uma liberdade imensa de expres‐

são ao misturar nossos traços, ideias e estilos de desenho.

Para o segundo autor, Isac, as resso‐

nâncias causadas foram parecidas;

(...) enquanto pai, é quase que impos‐

sível desvincular todo o percurso artístico em que vivenciamos juntos e que atualmente constituem parte de nossas experiências en‐

quanto família, pesquisadores, artistas, pai e

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filho, sonhadores... Em uma mistura de conhe‐

cimentos e aprendizagens, além de inúmeras trocas, o “Crescer Juntos” definiria bem todo esse processo colaborativo. Um crescer que transcende os conhecimentos comuns e tocam a alma, os sentimentos...

Fazendo um breve paralelo em relação as reflexões das colunas anteriores, ainda que tenham inúmeras influências imagéticas do entorno dos estudantes que até então compu‐

seram as catalogações de desenhos feitas por um dos autores, o trabalhar, o criar e o mate‐

rializar suas vontades e sentimentos por inter‐

médio dos desenhos sempre foi individual (PEREIRA, 2019:2020), em uma quietude feliz, sozinho, um gesto acabado ou inacabado...

No desvelar desse processo gráfico construído até a finalização da obra aqui tra‐

tada, não se pretende tomá-la como algo de‐

senvolvido pelos autores como fruto balizador, cânone artístico, obra a ser seguida, realida‐

de única, contudo é interessante ressaltar que são as relações estabelecidas em um proces‐

so de Arte, em um fazer junto que torna-se o principal eixo a ser seguido e refletido.

(...) Dentro desse desenho tivemos a oportunidade de expressar toda nossa emo‐

ção e sentimento de pai e filho. Divertimos- nos, choramos, nos alegramos, brincamos um com o outro (hehehe)... Foi um processo cheio de emoções, e para minha pessoa, foi uma ex‐

periência incrivelmente satisfatória que reco‐

mendo para quem estiver lendo. Se você tem alguém que ama muito, façam alguma ativi‐

dade juntos para que possam se expressar as‐

sim como eu e meu pai... Garanto que será uma experiência e tanto (Filipe, 2020).

Representando uma mãe que segura seu filho, que para alguns, pode ser a própria mãe de Naruto, Kushina Uzumaki, a dialogici‐

dade existente entre os artistas com a realida‐

de palpável e a própria série de animação é imensa. Ao passo que uma mãe, que no caso aqui poderia ser um pai ou outra pessoa que mantivesse a criança como um ser em desen‐

volvimento, mas que não pertence somente a esse adulto da relação, mas que se deve dei‐

xar banhar pelas águas do mundo, tal compo‐

sição pode propiciar ao leitor visual uma reflexão sobre até que ponto, hoje, nós somos a criança, o adulto, a mulher ou homem nes‐

se processo social.

Até que ponto somos banhados ou dei‐

xamos os nossos serem banhados por outras águas? Somos pegos no colo durante nossa transitoriedade em suas diversas dimensões, ou carregamos pessoas no colo? Ajudamos?

Relacionamo-nos?

Focalizando na obra e em suas confor‐

mações gráficas há também de certa forma um resgate para com a temporalidade e as su‐

perações e criações dentro do campo da Arte;

pensar anime contemporaneamente e uma re‐

presentação de uma mãe com um filho, mui‐

to encontrada nas obras renascentistas e barrocas, tem-se a noção clara das viabilida‐

des ao fundir manifestações de diferentes pe‐

ríodos. Somos o hoje, como somos o ontem, que nos preparam a cada dia para sermos o amanhã.

Obrigado mais uma vez por nos acom‐

panhar!!! Que 2021 se inicie da melhor forma e nos traga em seu decurso maiores e melho‐

res reflexões e ações.

(13)

REFERÊNCIAS:

PEREIRA, Isac dos Santos. A incursão do audiovisual na Arte/Educação contemporânea; (Um intruso na sala de aula ?) Naruto e a discursividade poética da criança ao desenhar. São Paulo ; Universidade Anhembi Morumbi. Dissertação de mestrado, 2020.

____________________. Cérebros criativos no mundo das produções audiovisuais de massa? Entreteni‐

mento, fãs de animações e possibilidades criativas em artes visuais. 40 Revista GEARTE, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 40-66, jan./abr. 2019. http://dx.doi.org/

10.22456/2357-9854.89909

Isac dos Santos Pereira

Licenciado em Artes visuais pela Faculdade Paulista de Arte -FPA.

Especialista em Arte/Educação: teoria e prática, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP.

Especialista em Neurociências Aplicada à Educação e Mestre em Comunicação audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi – UAM com pesquisa sobre Naruto na sala de aula. Arte/Educador no Ensino Fundamental I da rede municipal de São Paulo, na Emef Paulo Setúbal. E- mail: isacsantos02@hotmail.com

Filipe Oliveira de Melo

Estudante do ensino técnico de informática, IFBA Campus Ilhéus, estudos em geral na área das ciências da informação, manutenções de hardware e software. Suas pesquisas atuais orientam-se para o desenvolvimento de desenhos com técnicas de lápis sobre papel e desenhos na mesa digital. Faz também análises sobre as animações japonesas mais atuais como produtos de aprendizagem, além de utilizá-las como objetos de estudos para a língua japonesa.

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MarianaOsa® é uma personagem criada por Beto Mazieiro e Ivete Irene para apresentar reflexões sobre o universo infantil e humano.

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ARTIGO 1

MÍDIA-EDUCAÇÃO NA INTERFACE COM TECNOLOGIAS DIGITAIS

ALEXANDRE PASSOS BITENCOURT

RESUMO: Este texto tem como objetivo analisar e descrever como a mídia-educação na interface com as tecnologias digitais pode contribuir para o desenvolvimento do letramento digital dos professores e estudantes no Ensino Fundamental, tendo como base o trabalho de Belloni (2009), Bévort e Belloni (2009) e Fantin (2011), sobre o papel da mídia-educação no currículo escolar, e Valente (2013) sobre o uso das tecnologias como ferramentas cognitivas.

Para tanto, discutir-se-á como a mudança no Projeto Político Pedagógico (PPP), numa escola municipal na Cidade de São Paulo em 2017 foi relevante para a promoção do uso das mídias digitais na escola, com a inclusão em seu currículo de mídia-educação como área de conhecimento. Para mostrar o papel das TDIC na escola, serão discutidas e analisadas quatro atividades com vídeos construídos por estudantes do oitavo e nono ano em 2018 na escola. Os resultados mostram que embora sejam importantes os usos das tecnologias e mídias digitais em atividades escolares, não significa que por si elas promovam a garantia de ensino- aprendizagem, portanto, é importante que os professores se apropriem delas, compreendam seus elementos e como funcionam para poderem auxiliar os estudantes na realização das atividades pedagógicas.

Palavras-chave: Letramento digital. Ensino. Currículo. Tecnologias. Mídias digitais.

INTRODUÇÃO

A pandemia causada pela Covid-19, parece ter alterado definitivamente a forma de interação no meio educacional, que até en‐

tão, era marcada por um currículo fixo que, ge‐

ralmente, chega às escolas pronto (BITENCOURT, 2020), com potencialização do lápis e papel, como sinalizado por Valente (2013). Embora seja um tema já bastante dis‐

cutido na literatura e relevante ao processo de construção de conhecimento na atualidade, o letramento digital, ultimamente, parece ter ga‐

nhado notoriedade no contexto educacional, pois conhecer e dominar o seu funcionamen‐

to e suas implicações nas tarefas escolares, que professores e estudantes desenvolvem, hoje, será fundamental para o progresso da aprendizagem que precisa dialogar com a re‐

alidade atual dos estudantes do Ensino Funda‐

mental, visto que eles já nasceram na era digital, das tecnologias móveis e dos games.

Diante do crescente uso das tecnolo‐

gias digitais, assente que a inclusão da área de mídia-educação no currículo escolar pode contribuir para promover uma cultura de aprendizagem com, sobre e para as mídias di‐

gitais. Valente (2013), discutindo o trabalho de

Weston e Bain (2010) preceitua que as Tecno‐

logias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) devem ser vistas no contexto educaci‐

onal como “ferramentas cognitivas”, com o ob‐

jetivo de expandir a capacidade intelectual de professores e estudantes. Quando as tecnolo‐

gias são ferramentas cognitivas, significa que elas são integradas às atividades curriculares realizadas pelos estudantes, pois grande par‐

te das atividades realizadas em laboratórios de informática, por exemplo, ainda são direci‐

onadas ao uso de aplicativos, planilhas e softwares para o acesso de informações, en‐

quanto que outros profissionais ao utilizarem as tecnologias não estão pensando nas tecno‐

logias em si, “mas no problema a ser resolvi‐

do e em como as decisões podem ser auxiliadas pelos resultados fornecidos pelas tecnologias” (VALENTE, 2013, p. 39).

Para Fantin (2011), a reflexão sobre o papel da mídia na sociedade contemporânea tem mostrado que as demandas da sociedade nem sempre são as mesmas da escola, ou se‐

ja, por mais que se discuta o fato de crianças e jovens usarem cotidianamente as tecnologi‐

as digitais, crescerem na era dos smartphones e videogames, e estarem imersos nas varia‐

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das redes sociais, parece que ainda não é pro‐

blematizado na escola. As mídias têm um pa‐

pel importante na sociedade, não apenas de assegurar formas de associação e transmissão simbólica, mas na participação como elemen‐

to relevante da prática sociocultural e para a construção de significados da nossa inteligibi‐

lidade do mundo (FANTIN, 2011, p. 28).

Discutir-se-á neste texto três ativida‐

des realizadas por estudantes do nono ano e uma por estudantes do oitavo ano do Ensino Fundamental, numa escola municipal na cida‐

de de São Paulo, que incluiu em seu Projeto Político Pedagógico (PPP) a área de mídia-edu‐

cação, em virtude do projeto da escola. Para tanto, a princípio, no tópico: Projeto Duarte:

contexto histórico, será discutido um breve re‐

sumo da forma como se encontra organizado o Projeto Duarte (PD) na EMEF Prof. Antônio Duarte de Almeida1, na cidade de São Paulo;

no tópico experiência com vídeo de reporta‐

gem, discutir-se-á o papel das mídias digitais como possibilidade de serem ferramentas cog‐

nitivas nas práticas escolares; na sequência no tópico uso das TDIC em mídia-educação é discutido a relevância do uso das tecnologias digitais na escola. Por fim, serão tecidas as considerações finais e na sequência as refe‐

rências bibliográficas.

PROJETO DUARTE: CONTEXTO HISTÓRICO Em 2017, a EMEF Prof. Antônio Duarte de Almeida, através de calorosas discussões entre membros da comunidade escolar, deci‐

diu romper com a forma de organização atual dos currículos escolares, geralmente, fragmen‐

tados por disciplinas que funcionam no interi‐

or das escolas isoladas, com aulas de 45 minutos, que em sua maioria são organizadas de acordo com o que melhor adeque ao horá‐

rio dos professores, e que nem sempre ocorre em paralelo com outras aulas do mesmo com‐

ponente curricular. Para tentar resolver o pro‐

blema da fragmentação das disciplinas, a escola organizou seu Projeto Político Pedagó‐

gico (PPP) por áreas de conhecimento; a prin‐

cípio, foram criadas as áreas de Linguagens em que foram juntados os professores de por‐

tuguês e inglês; Exatas, com os professores de matemática e ciências; Humanas, com os pro‐

fessores de história e geografia e Integradora, com os professores de arte e educação física.

A partir de então os professores de cada área de conhecimento passaram a atuar de manei‐

ra integrada, sendo que cada área ficava com uma turma/ano durante 22 dias por quatro di‐

as na semana, e em um dia da semana reuni‐

am-se na escola para planejar juntos. Nesse dia a área integradora assume a turma/ano da respectiva área que se encontra no planeja‐

mento semanal (EMEF PROF. ANTÔNIO DUAR‐

TE DE ALMEIDA, PPP, 2017).

Devido à mudança no Ensino Funda‐

mental de oito para nove anos, em 2018 foi necessário a criação de outra área de conhe‐

cimento, visto que aumentou uma turma/ano.

Após diversas discussões decidiu-se criar a área de mídia-educação, portanto, ela passou a funcionar no início de 2018 com a seguinte configuração: professor orientador de sala de leitura (POSL), professor orientador de educa‐

ção digital (POED), e outros professores em‐

prestados de áreas que na época tinham maior número de professores. A partir de então, ca‐

da área de conhecimento passou a assumir uma determinada turma/ano no decorrer de 25 dias, por quatro dias da semana, e em um dia da semana os professores de dada área se encontram na escola para o planejamento se‐

manal, e, nesse dia quem assume sua turma/

ano é a área Integradora que realiza o seu pla‐

nejamento todas às segundas-feiras, de forma que cada turma/ano passa duas vezes ao ano em cada área de conhecimento. (EMEF PROF.

ANTÔNIO DUARTE DE ALMEIDA, PPP, 2018). É importante ressaltar que para a criação da área de mídia-educação foi feito um levantamento teórico sobre autores que discutem seu papel no currículo escolar (BELLONI, 2009; BÉVORT;

BELLONI, 2009; FANTIN, 2011), para a forma‐

ção de leitores críticos e conscientes, no que tange aos conteúdos e informações midiáticas, principalmente, neste século, marcado pelo aumento implacável do uso das mídias digitais e redes sociais.

Em dezembro de 2019, o Conselho Mu‐

nicipal de Educação, através do Parecer CME nº 18/19 de 12 de dez. de 2019, aprovou o de‐

nominado Projeto Duarte (PD) como Projeto Pedagógico Especial/Experimental. O PD é, por‐

tanto, o resultado de pesquisas, estudos e mui‐

tas discussões entre membros da comunidade escolar, que basicamente alterou, na EMEF Prof. Antônio Duarte de Almeida, a organiza‐

ção dos elementos promotores de aprendiza‐

gem, quais sejam: tempo, espaço e interação.

Atualmente os professores trabalham os con‐

teúdos de cada respectivo componente curri‐

cular através de projetos de trabalho.

1 Em virtude de os PPPs da escola encontrarem-se disponíveis em: www.revistaduarte.com.br. Optou-se por utilizar neste texto o nome da escola.

(17)

O PD encontra-se estruturado a partir de cinco princípios, ancorados no conceito de Educação Integral e Inclusiva: democracia; au‐

tonomia; autoria; investigação e corresponsa‐

bilidade. Tais princípios são fundamentais para a organização do ambiente educacional, na re‐

lação de ensino-aprendizagem de toda comu‐

nidade escolar que tem se mostrado na EMEF Prof. Antônio Duarte de Almeida, protagonista e sujeito no processo de construção de apren‐

dizagem, visto que os princípios funcionam in‐

terconectados entre si, e são preceptores de aprendizagem. O PD desponta à educação pú‐

blica possibilidades de inovação, ou seja, quan‐

do um grupo de sujeitos se une num mesmo propósito, cansados de repetir as mesmas ro‐

tinas, de uma educação estruturada nos mol‐

des do processo de industrialização, que parece não fazer muito sentido aos estudan‐

tes de hoje, conseguem mudar, romper com as estruturas na busca de (re)construir alter‐

nativas de ensino que melhor se adeque às ne‐

cessidades, anseios e desejos dos estudantes deste século.

A inclusão de mídia-educação que, se‐

gundo Belloni (2009), é tão importante para a educação hoje como foi a alfabetização para o século XIX, no currículo da escola mostra que o PD está atento às demandas e dilemas da sociedade contemporânea. De acordo com o que preceituam Rojo e Moura (2019), tanto as tecnologias quanto as mídias têm apresenta‐

do constantes mudanças, em respeito à recep‐

ção e produção das linguagens e discursos, portanto, estar atento a essas mudanças é im‐

portante na criação de sentido ao que se quer ensinar/aprender com os estudantes de hoje.

EXPERIÊNCIA COM VÍDEOS DE REPORTAGEM As experiências com vídeo de reporta‐

gem que serão analisadas e discutidas a se‐

guir são parte de atividades desenvolvidas por estudantes do nono e oitavo ano das turmas de 2018, na área de mídia-educação. As ativi‐

dades foram propostas pelos professores que à época integravam a área. A ideia central da atividade foi criar uma mobilização nos estu‐

dantes para que pudessem gravar um vídeo no formato de um telejornal com uma repor‐

tagem sobre algum tema que gostariam de discutir, como forma de desenvolver habilida‐

des e competências na compreensão e uso de

mídias digitais, além disso, provocar nos estu‐

dantes reflexões críticas e ativas em relação aos conteúdos criados na, com e para as mí‐

dias digitais. As atividades foram organizadas em grupo, em que os estudantes construíram um cenário com os apresentadores do telejor‐

nal e os repórteres que foram a campo para fazerem as reportagens e entrevistas com mo‐

radores da comunidade e/ou professores, de‐

pendendo do tema que escolheram.

Nesse tipo de atividade são mobilizadas competências dos estudantes em:

leitura e escrita, pois tiveram que assistir à diferentes telejornais para ver como os apresentadores se comportam nesse tipo trabalho, escrever os roteiros de suas reportagens, e ler os teleprompters; letramento digital, na medida em que utilizam seus smartphones para gravar e editar os vídeos, sendo que no processo de edição dos vídeos usaram diferentes aplicativos gratuitos e disponíveis no Google play. Entre outras que serão narradas a seguir na apresentação e discussão das atividades.

Para este texto, especificamente por questões de espaço, serão discutidas quatro atividades realizadas pelos estudantes (cf.

Quadro 1). As atividades se encontram dispo‐

níveis na Revista Duarte, por se tratar de um canal oficial da escola (cf. www.revistaduarte.‐

com.br2).

O vídeo 13 foi organizado por quatro estudantes em que abordam um tema bastan‐

te complexo na atualidade, na verdade tem se tornado um verdadeiro dilema na contempo‐

raneidade, que é a questão da escolha de uma profissão. O grupo é formado por quatro estu‐

dantes, contudo, apenas três aparecem; ora como apresentadora ora como repórter e en‐

trevistadora, e uma fica nos bastidores, prova‐

velmente no trabalho de filmagem e edição

2 Todos os trabalhos e imagens dos estudantes têm prévia autorização dos responsáveis, que se renova todo início de ano letivo, na primeira reunião de pais e mestres realizada pela escola.

3 Disponível em: https://www.revistaduarte.com.br/2018/10/reportagem-sobre-profissoes.html Acesso em: 30 de dezembro de 2020.

(18)

dos vídeos. O tempo total do vídeo é de três minutos e cinquenta e quatro segundos (3:54), e foi organizado dentro do espaço escolar, mais precisamente, na sala de leitura da escola. Ele inicia com uma vinheta seguido por duas apre‐

sentadoras, na sequência é apresentada uma reportagem em que a repórter introduz o te‐

ma abordado do ponto de vista crítico, com questionamento aos possíveis telespectado‐

res, basicamente, jovens que estão concluin‐

do o Ensino Fundamental e desejam ingressar em um curso técnico, ou mesmo àqueles que estão concluindo o Ensino Médio e pretendem fazer um curso superior e ainda não decidiram qual profissão escolher.

Na sequência, duas estudantes no pa‐

pel de repórteres entrevistam dois professores da escola sobre o tema em questão, sendo pos‐

sível observar que nas entrevistas é cortada a fala das repórteres, aparece apenas a fala dos entrevistados que iniciam respondendo a pos‐

sível pergunta levantada pela entrevistadora.

Aqui é importante destacar que, embora os es‐

tudantes sejam usuários das tecnologias digi‐

tais, não significa que sejam capazes de resolverem sozinhos os problemas de apren‐

dizagem, isto é, a presença das tecnologias di‐

gitais no ensino é fundamental, porém, o fato de sua presença por si, não é garantia da me‐

lhoria do ensino, é importante a intervenção do professor, na orientação, criação e recria‐

ção das atividades escolares.

É possível afirmar que do ponto de vis‐

ta técnico, as estudantes conseguem usar e dominar exitosamente as tecnologias digitais para a realização da atividade proposta, no en‐

tanto, fica perceptível a ausência de interven‐

ção da parte dos professores da área. Talvez isso tenha ocorrido em decorrência da forma‐

ção inicial dos professores que nem sempre houve abordagem tecnológica (FREIE; LEFFA, 2013). Embora, no caso em questão o proble‐

ma não recai especificamente na abordagem tecnológica, mas sim no uso da mídia, que nes‐

se caso seria o uso da mídia impressa e essa os professores em geral apresentam um domí‐

nio considerável, parece que o que faltou foi uma revisão e reescrita no roteiro das estu‐

dantes, já que sua criação seria fundamental para o desenvolvimento da atividade. Outra questão insuficiente foi que os professores pa‐

rece que não orientaram os estudantes para o fato da adequação ao gênero proposto, uma reportagem apresentada em forma de telejor‐

nal, nesse gênero se dispensa a apresentação

dos erros de gravação; os telespectadores de um telejornal estão interessados nas informa‐

ções em torno das notícias e reportagens.

No vídeo 24 cinco estudantes apresen‐

tam um tema que certamente causava à épo‐

ca algum tipo de incômodo a elas, por se tratar inclusive de um problema de saúde pública, que é a poluição de um córrego que fica próxi‐

mo à escola e, provavelmente, onde elas mo‐

ram. Atentas à ineficiência do poder público na resolução dos problemas de saneamento básico, as estudantes resolvem fazer uma re‐

portagem para apresentar a situação atual do bairro em relação à preservação do espaço pú‐

blico. Das cinco estudantes que realizaram a atividade proposta pelos professores da área, uma não aparece nas imagens, fica nos basti‐

dores e é responsável pelas gravações e edi‐

ções do vídeo. O trabalho inicia em um cenário montado dentro de um espaço da escola e ul‐

trapassa os muros da escola com entrevistas e imagens do entorno da escola.

O tempo total do vídeo é de oito minu‐

tos e dois segundos (8:02). Duas estudantes no papel de apresentadoras inicia o vídeo dis‐

cutindo a questão da poluição do córrego que tem afetado diretamente a vida e saúde dos moradores do Parque Guarani e Vila Nova A E Carvalho. O trabalho se encontra organizado da seguinte forma: introdução das apresenta‐

doras, duas entrevistas, sendo uma com uma estudante da escola e outra com uma mora‐

dora da comunidade. A primeira entrevista foi realizada com a estudante que se mostrou bas‐

tante consciente no que tange à questão da poluição de um córrego ou rio, que segundo ela pode ser melhorado na medida em que os moradores contribuírem não dispensando lixo em lugar inapropriado. A segunda é com uma moradora da comunidade, que aproveita para reclamar da situação na qual se encontra o córrego que segundo ela já houve várias ten‐

tativas de obras de canalização, mas em ne‐

nhuma foi concluída. Ela aproveita para falar de uma caçamba colocada para que os mora‐

dores depositem o lixo para a empresa respon‐

sável vir fazer a coleta, uma vez que em algumas ruas não tem como o carro de coleta entrar, no entanto, os moradores não respei‐

tam, então o que tem acontecido é que essa caçamba tem provocado é mais problemas, visto que o lixo se espalha causando mal chei‐

ro para quem passa ou mora próximo.

4 Disponível em: https://www.revistaduarte.com.br/2018/11/reportagem-poluicao-da-agua.html Acesso em: 30 de dezembro de 2020.

(19)

Em geral, o vídeo com a reportagem das estudantes se encontra bastante rico em detalhes; as entrevistas estão organizadas adequadamente, as imagens no final do vídeo que mostram o estado de degradação do meio ambiente onde passa o córrego dialogam com o contexto do trabalho que fizeram, o silêncio do vídeo quando as imagens vão passando tem como proposta chamar a atenção dos teles‐

pectadores para refletirem sobre a necessida‐

de e a responsabilidade que cada um tem com o meio ambiente.

Assim como ocorre no primeiro vídeo, é possível se perceber que houve, do ponto de vista pedagógico, ausência de intervenção dos professores na revisão e reescrita do roteiro que utilizaram para organizar o trabalho. O ce‐

nário para as apresentadoras do telejornal po‐

deria ter sido melhor organizado, inclusive, com a inclusão de teleprompter para leitura do ro‐

teiro, isso evitaria, por exemplo, mostrar as apresentadoras lendo por um longo tempo a fo‐

lha que tinham em mãos, repetindo o mesmo modelo de apresentação de trabalho em sala de aula, ou seja, esse tipo de situação é inade‐

quado para o trabalho com uso de mídias digi‐

tais, pois pode ser um convite para que o telespectador desista de assistir ao vídeo.

Significa que para que haja sucesso no uso das tecnologias digitais pelos estudantes nas atividades escolares, como ferramenta pe‐

dagógica na construção de aprendizagem, é importante que tenham sempre o apoio dos professores, principalmente, naquilo que ain‐

da não conseguem desenvolver sozinho. É pa‐

pel dos professores ajudar os estudantes no desenvolvimento do letramento digital, na ade‐

quação ao gênero proposto para cada ativida‐

de, na revisão, reescrita e/ou reedição do trabalho, antes da conclusão, pois todo esse processo pode promover a garantia da cons‐

trução de uma aprendizagem sólida com o uso e apropriação das TDIC.

O vídeo 35 é o trabalho realizado por três estudantes, sendo que dois assumem o papel de apresentadores e uma estudante o de repórter que sai às ruas do entorno da es‐

cola para entrevistar moradores da comunida‐

de, em busca de informações a respeito do que a prefeitura tem feito em benefício aos mora‐

dores. A forma como os estudantes estruturam o trabalho retoma as características estrutu‐

rais de um telejornal, em que as falas dos apre‐

sentadores se intercalam dando sequência aos

fatos narrados. Tudo ocorre de forma pontual e muito rápido, com ausência de muitos deta‐

lhes, no sentido apenas de informar, o cená‐

rio apresenta características típicas do gênero telejornal, e as entrevistas ocorrem de forma célere apenas no sentido de informar os teles‐

pectadores sobre a existência do problema, mas sem muito detalhes ou aprofundamento das causas que provocam os problemas rela‐

tados pela repórter.

O tempo total do vídeo é de quatro mi‐

nutos e cinquenta e seis segundos (4:56). In‐

titulado de “Jornal do Povo”. O vídeo se encontra muito bem organizado, tanto do pon‐

to de vista técnico no que tange ao uso da tec‐

nologia e das mídias digitais, como no uso pedagógico de tecnologias e mídias digitais como ferramentas propiciadoras de aprendi‐

zagens.

O “Jornal do Povo” traz como informa‐

ção a seus possíveis telespectadores dois te‐

mas que, certamente, são causadores de aflição aos moradores de localidades periféri‐

cas nas grandes cidades brasileiras, geralmen‐

te, desassistidas pelo poder público, tanto nas questões de infraestrutura e saneamento bási‐

co, quanto na redução das violências que afe‐

tam grande parte da população que vive, estuda e trabalha nessas áreas distantes dos centros. O primeiro tema é uma reportagem sobre a infraestrutura da localidade onde fica a escola, nesse caso uma estudante no papel de repórter sai às ruas do entorno da escola para entrevistar moradores para saber se a prefeitura tem feito alguma obra relevante pa‐

ra resolver o problema do córrego que se en‐

contra bastante poluído e sujo, fato que tem causado problemas de saúde e enchente em tempos de intensas chuvas. A estudante en‐

trevista primeiro uma senhora que afirma a falta de assistência do poder público em obras de infraestrutura naquela localidade, logo após ela se dirige a um grupo de moradoras que se encontravam em frente a um comércio para saber qual é a opinião delas sobre o tema em questão, que de certa forma as mesmas rati‐

ficam o que a primeira entrevistada relatou, ou seja, que a ausência de obras na localida‐

de é evidente aos moradores.

No segundo, os estudantes no papel de apresentadores do telejornal abordam um tema de caráter global, sobre a violência ur‐

bana, característica das grandes cidades, de‐

vido inúmeros problemas, como distribuição

5 Disponível em: https://www.revistaduarte.com.br/2018/11/enchentes-no-parque-guarani.html Acesso em: 30 de dezembro de 2020.

(20)

de renda, na ocupação dos espaços públicos, moradias precárias ou insuficientes ao núme‐

ro de moradores, crescimento do tráfico de drogas, apenas para citar alguns. Tecem suas informações sobre violência nas grandes cida‐

des a partir de uma prévia pesquisa, mostram domínio no que falam, pois ao mesmo tempo que leem as informações na tela de um note‐

book sobre a mesa, focam o olhar à câmera do celular que está gravando sem, no entan‐

to, perder de vista o objeto narrado.

Assim como ocorre no primeiro vídeo, o grupo de estudantes coloca como finaliza‐

ção do vídeo os erros de gravação, sendo im‐

portante ressaltar que, embora seja uma parte engraçada de construção do trabalho e que os estudantes gostam, essa parte não faz senti‐

do para quem vai assistir, ou seja, os possíveis visualizadores do vídeo não esperam esse ti‐

po de informação, que se configura nesse ca‐

so como um desvio ao gênero proposto. Outro aspecto que faltou, talvez, intervenção dos pro‐

fessores, foi na correção de alguns elementos linguísticos no letreiro com a caracterização do trabalho e o papel que cada estudante as‐

sumiu na realização dele. Nisso, evidencia-se a relevância do papel do professor na constru‐

ção da aprendizagem dos estudantes, mos‐

trando que o uso da tecnologia e das mídias digitais precisam estar atrelados aos projetos dos professores.

O vídeo 46 é apresentado por cinco es‐

tudantes, tendo por nome, o “Jornal Duar‐

te” (JD), ansiando por noticiarem como ocorre o atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro, que provavelmente seja a UBS em que elas e seus familiares são atendidas, e por se tratar do sistema de saúde pública que, infelizmente, tem recursos insuficientes à demanda que recebe para atendimento, aca‐

ba gerando certa demora para quem procura e precisa desse tipo de serviço público, de su‐

ma importância à população.

O tempo do vídeo gira em torno de três minutos e dois segundos (3:02) e inicia com abertura ao som de uma vinheta, característi‐

ca do gênero proposto, em que duas estudan‐

tes assumem o papel de apresentadoras do JD.

Duas estudantes saem às ruas, mais especifi‐

camente, em frente à UBS para entrevistar pes‐

soas que são atendidas naquela UBS para saber a opinião delas sobre o atendimento e tempo de espera. Uma estudante não apare‐

ce nas imagens, pois fica nos bastidores e é

responsável pelas filmagens e edições do ví‐

deo. Na abertura do JD as apresentadoras si‐

tuam os visualizadores sobre o que vão fazer, uma das estudantes abre um parêntese para informar aos telespectadores que tentaram contato com a gerência responsável pela UBS, mas não quiseram se manifestar. Esse é um aspecto bastante utilizado por repórteres, pa‐

ra mostrar que o jornalismo é imparcial, por‐

tanto, ouve todas as partes, com a disponibilidade de fala e resposta igual para todos.

As duas estudantes entrevistam três mulheres, embora a fala da primeira entrevis‐

tadora tenha ficado um pouco baixa, devido ao fato de não terem recursos adequados dis‐

poníveis para esse tipo de atividade, utilizan‐

do seus próprios smartphones, usaram o recurso da legenda que, decerto, facilitou a compreensão dos possíveis visualizadores. É possível se perceber que na fala das três en‐

trevistadas fica ora explícito ora implícito uma certa indignação na demora do atendimento.

Tal indignação fica mais evidente nas falas das duas primeiras entrevistadas, a terceira tenta de certa forma esconder, mas no final deixa transparecer que há demora no atendimento, por isso dadas pessoas perdem a paciência.

Após as entrevistas entra uma estudante no papel de apresentadora do tempo, característi‐

ca dos meios de comunicação televisuais que, geralmente, em sua maioria por seu caráter de urgência, optam por não tomar partido so‐

bre o que apresentam, sendo assim, passam de uma cenografia a outra apenas no sentido de informar sem, no entanto, tomar posição sobre o fato narrado.

Do ponto de vista do uso de tecnologi‐

as e das mídias digitais fica perceptível que as estudantes as dominam, porém como ocorri‐

do nos vídeos anteriores, nesse também fal‐

tou a presença dos professores da área na finalização do trabalho que se encerrou abrup‐

tamente. Fato que poderia ter sido resolvido, por exemplo, com a intervenção dos professo‐

res no trabalho de edição. Para Cani e Cosca‐

relli (2016), o ensino e a aprendizagem precisam ser repensados em virtude da pre‐

sença de novos estudantes usuários de tecno‐

logias que, logo, requerem novos professores.

USO DAS TDIC EM MÍDIA-EDUCAÇÃO

É possível afirmar que dos quatro tra‐

balhos analisados e discutidos no tópico ante‐

6 Disponível em: https://www.revistaduarte.com.br/2018/11/atendimento-na-ubs-vila-ramos.html Acesso em: 30 de dezembro de 2020.

(21)

rior, o vídeo 4 é o que mais se aproxima do gê‐

nero proposto pelos professores da área. Ob‐

viamente que todos os trabalhos apresentaram e trouxeram excelentes discussões sobre te‐

mas que precisam ser debatidos na sociedade em busca de possíveis soluções. Sem dúvida, todos os vídeos levantam intervenções rele‐

vantes para a comunidade, com assuntos que certamente mexem com o cotidiano dos estu‐

dantes e de seus familiares que residem na co‐

munidade. Contudo, fica evidente nos quatro vídeos que poderiam ter explorado outros re‐

cursos multimodais, tanto na criação dos ce‐

nários em que as estudantes apresentaram os telejornais, quanto na edição dos vídeos, mas parece que a escola ainda não se apropriou dos elementos de multimodalidade disponíveis em todas as culturas para criar sentido à aprendizagem. Segundo Bitencourt (2018), o livro didático de língua portuguesa ainda pri‐

vilegia mais os aspectos verbais, o que talvez explique o motivo da dificuldade que a esco‐

la, evidentemente, apresenta para lidar com outras linguagens.

Incluir e manter a área de mídia-edu‐

cação no currículo da escola tem sido uma ta‐

refa desafiadora ao PD, principalmente, porque de acordo com Valente (2013), o currículo em vigor nas escolas foi organizado e ainda é da era do lápis e papel, porém, com a crescente disseminação das TDIC são criadas novas for‐

mas de comunicação e expressão como, por exemplo, o uso de imagens, de som, de ani‐

mação, e a combinação dessas mobilidades, portanto, além da aquisição e da capacidade de se usar esses conhecimentos em práticas sociais de leitura e escrita, é fundamental ao desenvolvimento e a mobilização de diferen‐

tes letramentos como, o digital, o visual, o so‐

noro, o informacional, ou seja, os múltiplos letramentos (VALENTE, 2013, p. 40). Principal‐

mente no que diz respeito às atividades com abordagem de elementos da multimodalida‐

de, como sinalizado por Buckingham (2012, pp.53-54):

Acredito que a tecnologia digital nos oferece novas maneiras de abordar esta questão e de aproxi‐

mar a teoria da prática. Por exemplo, no caso da edição digi‐

tal e manipulação de imagem, a tecnologia pode ajudar a explici‐

tar os processos de escolha, sele‐

ção, construção e manipulação que, nas formas analógicas, pare‐

cem estar frequentemente “tran‐

cados”. Enquanto os alunos arrastam e soltam fotos na linha

do tempo em um programa de edição digital, a experiência de montar e remontar uma sequên‐

cia e de discutir enquanto fazem isso é um grande diferencial na natureza do aprendizado: a expe‐

riência de editar não somente é mais fácil, mas também mais ex‐

plícita do que quando feita com a tecnologia analógica antiga.

Segundo Almeida (2013) é fundamen‐

tal que os professores compreendam o papel das mídias e das tecnologias para o desenvol‐

vimento do currículo na cultura digital, “que incorpora as linguagens e os sistemas de sig‐

nos veiculados pelas tecnologias e mídias di‐

gitais (ALMEIDA, 2013, p. 23). É indiscutível o papel dos professores no desenvolvimento de atividades pedagógicas, contudo, por não exis‐

tir no currículo em níveis nacional, estadual ou municipal um componente que trate especifi‐

camente de conteúdos voltados ao uso da TDIC na escola, a construção do currículo de mídia- educação no PD tem sido um desafio, tanto no que diz respeito aos conteúdos apropriados a cada ano do Ensino Fundamental, quanto na escassez de recursos didáticos digitais apro‐

priados e suficiente às atividades desenvolvi‐

das pelos estudantes e formação de professores, como preceituado por Belloni (2009, p. 10):

Como irá a instituição escolar res‐

ponder a este desafio? Integran‐

do as tecnologias de informação e comunicação ao cotidiano da escola, na sala de aula, de modo criativo, crítico, competente. Isto exige investimentos significativos e transformações profundas e ra‐

dicais em: formação de professo‐

res; pesquisa voltada para metodologias de ensino; nos mo‐

dos de seleção, aquisição e aces‐

sibilidade de equipamentos;

materiais didáticos e pedagógi‐

cos, além de muita, muita criati‐

vidade.

Tal proposição fica evidente nas ativi‐

dades desenvolvidas pelos estudantes nos quatro vídeos, em que a qualidade dos vídeos como, imagens e som, poderia ter sido melhor se tivessem em mãos outros recursos de fil‐

magem e edição dos vídeos além dos recursos disponíveis em seus smartphones. Além disso, é necessário que a formação contínua dos pro‐

fessores aborde o papel do uso educacional das TDIC, já que parece ser necessário que to‐

das as áreas de conhecimento se apropriem

(22)

das tecnologias em seus componentes curri‐

culares, pois de acordo com o que apontou Ra‐

mos (2013, p. 91): “a pedagogia e em particular os métodos pedagógicos utilizados no uso da tecnologia na escola e na sala de aula são muito mais importantes do que a tec‐

nologia usada”.

Mesmo diante dos inúmeros desafios sinalizados anteriormente, a inclusão de mí‐

dia-educação no currículo da escola teve um papel importante à promoção não apenas de recursos que envolvem o uso das TDIC, mas na abordagem de conteúdos disponíveis nas mídias digitais e redes sociais que são promo‐

tores de informações e desinformação, ou se‐

ja, tem contribuído para a formação de sujeitos críticos e conscientes do seu papel na socie‐

dade, bem como tem sido preceptora no de‐

bate sobre o papel que exerce as TDIC no campo educacional, com as outras áreas de conhecimento que compõem o PD, isto é, na provocação e necessidade de se incluir nas dis‐

cussões e atividades pedagógicas as TDIC em todos os componentes do currículo. Pois “a mí‐

dia-educação é parte essencial dos processos de socialização das novas gerações, mas não apenas, pois deve incluir também populações adultas, numa concepção de educação ao lon‐

go da vida” (BÉVORT; BELLONI, 2009, p. 1083).

Andrelo e Oliveira (2012) apontam que razões para a importância de mídia-educação são fáceis de serem observadas, devido, so‐

bretudo, ao caráter de objetividade que ela apresenta, pois, as mídias têm lugar central na cultura dos jovens, no entanto, as mensa‐

gens não são transparentes, logo, “é preciso que o leitor tenha um referencial crítico para tirar proveito dessas mensagens – não só co‐

mo consumidores, mas também como cida‐

dãos” (ANDRELO; OLIVEIRA, 2012, p. 103). Ou seja, promover formação crítica e consciente em relação ao uso das TDIC para o consumo, criação e participação dos estudantes nas mí‐

dias digitais é, sem dúvida, uma preocupação da área de mídia-educação no PD.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

À guisa de conclusão, é possível afir‐

mar que as TDIC ocupam um lugar essencial em atividades desenvolvidas pelos estudantes na área de mídia-educação no PD, visto que elas estão presentes na vida dos jovens, den‐

tro e fora da escola. No entanto, os resultados indicam que apenas a inclusão da tecnologia na escola não é suficiente para garantir êxito na aprendizagem dos estudantes, ou seja, a

intervenção dos professores é de suma impor‐

tância no processo de orientação na constru‐

ção das atividades dos estudantes com o uso das mídias digitais. Como usuários das mídias digitais, os estudantes dominam os recursos disponíveis nos dispositivos móveis, fato que pode facilitar nas práticas escolares, outros‐

sim, é indiscutível o papel dos professores que consiste basicamente na orientação aos estu‐

dantes naquilo que não conseguem resolver sozinhos.

A análise e discussão dos dados evi‐

dencia a autonomia e domínio dos estudantes nas atividades práticas com o uso de tecnolo‐

gias digitais, isso é importante e fundamental para a formação de sujeitos autônomos com competência para resolver, identificar, apon‐

tar e buscar soluções para os problemas que os afligem. Como é possível verificar nos qua‐

tro vídeos, em que os estudantes identificam e colocam como pauta à discussão problemas relacionados à violência urbana, poluição das águas, problemas de enchente, bastante re‐

corrente nas grandes cidades construídas sem planejamento urbano, atendimento do siste‐

ma de saúde básica, ausência de saneamen‐

to básico e coleta do lixo. Certamente, são questões que não passaram despercebidas aos olhos dos estudantes, então, quando a escola os possibilita que utilizem seus dispositivos móveis para relatar aquilo que em sua opini‐

ão precisa ser mudado, nesse caso, eles mos‐

tram com desenvoltura. Nesse sentido, a escola cria possibilidade para que os estudan‐

tes utilizem as tecnologias como ferramenta cognitiva (VALENTE, 2013), ou seja, a tecnolo‐

gia aqui é usada como mecanismo de mudan‐

ça de paradigma das atividades escolares, que ganham um caráter criativo, nas provocações a respeito de problemas existentes no sentido de transmitirem informação/denúncia em bus‐

ca de possíveis soluções aos problemas apon‐

tados, por parte do poder público.

Cabe destacar, no entanto, a importân‐

cia da mudança que a escola propôs em seu PPP, na ruptura com o currículo atual tradicio‐

nal/conservador em que os professores traba‐

lham nos seus respectivos componentes isolados em disciplinas com aulas de 45 minu‐

tos, um currículo geralmente construído em gavetas, que chega às escolas pronto, com tendência a ser autoritário e silenciador (BI‐

TENCOURT, 2020). No PD o currículo é cons‐

truído por projetos de trabalho, em que os atores principais, estudantes e professores, po‐

dem discutir os conteúdos que realmente fa‐

zem sentido a eles e que será relevante à

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aprendizagem, em que estudantes e professo‐

res são sujeitos do processo de ensino-apren‐

dizagem, tendo em vista sempre os princípios que guiam as práticas pedagógicas na escola, quais sejam: a autonomia, a autoria, a corres‐

ponsabilidade, a investigação e a democracia.

É nesse espaço democrático que foi possível incluir a todos os estudantes do Ensi‐

no Fundamental a mídia-educação, que como discutido anteriormente consiste na formação de sujeitos críticos e conscientes com, sobre e para o uso das mídias digitais, e que segundo Bévort e Belloni (2009) é parte essencial no processo de socialização dos jovens, ou seja, ela é uma condição de educação para a cida‐

dania instrumental e de pertencimento, como democratização de oportunidades educacio‐

nais, para o acesso de produção do saber, fa‐

to que pode contribuir para a redução das desigualdades sociais (FANTIN, 2011, p. 28).

Contudo, e a modo de advertência, é impor‐

tante destacar que como bem apontou Ramos (2013), numa escola os resultados das ativi‐

dades dos estudantes não se limitam à depen‐

dência de uma única dimensão, mas de combinações de outras muitas dimensões.

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Alexandre Passos Bitencourt

Mestre em Letras Estudos linguísticos: linguagens em novos contextos pe‐

la Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Licenciatura em Letras pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO); Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES). Assisten‐

te de Diretor de Escola na EMEF Prof. Antônio Duarte de Almeida (SME- PMSP). Email: alexandre.bitencourt@sme.prefeitura.sp.gov.br

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ARTIGO 2

PSICOMOTRICIDADE E A IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO

ANNA CAROLINY LIMA KECEK RUIZ

RESUMO: O cérebro e os músculos são influenciados e educados, nos levando a evoluir individualmente, progredindo em termos de pensamento e habilidades motoras, por isso, a psicomotricidade possibilita ajuste programático, ajuste estético e ajustamento educacional. O conhecimento do próprio corpo é a base para compreensão da sua própria identidade, assim sendo o corpo não deve ser estudado separadamente, mas em relação a si mesmo, nas relações com os outros e o meio ambiente. A psicomotricidade aparece como habilidade e função de reajuste, portanto cabe ao educador ter claro em seu plano de ação qual o caminho a seguir, quais as necessidades de seus alunos nas diferentes etapas do desenvolvimento e o que se pretende alcançar com as atividades e interações propostas, adequando seu trabalho às reais necessidades dos alunos. Os envolvidos com a educação e formação das crianças, devem entender e levar em conta a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento do seu trabalho, pois, é uma pratica de mediação corporal que permite a criança se reencontrar e desenvolver o prazer sensório motor por meio do movimento e da regulação tônica.

Palavras-chave: Aprendizagens. Criança. Desenvolvimento infantil

INTRODUÇÃO

A psicomotricidade é uma função com‐

plexa; uma habilidade, um comportamento es‐

pecífico que integra e combina aspectos motores e psicológicos relacionados às funções perceptivas, sensoriais, intelectuais e ao de‐

senvolvimento motor de receber informações e executar adequadamente o ato de resposta.

O cérebro e os músculos são influenci‐

ados e educados, levando-os a evoluir indivi‐

dualmente, progredindo em termos de pensamento e habilidades motoras.

De acordo com França (2016), a histó‐

ria da psicomotricidade nasce com a história do corpo, um percurso marcado por reformu‐

lações decisivas, que culminariam em nossas concepções modernas e permitiriam com‐

preendê-las. A partir de 1947, a psicomotrici‐

dade ganha novas concepções, estabelecendo uma especificidade e autonomia nos campos das terapêuticas motoras e nas alterações psi‐

comotoras funcionais evolutivas.

Por seus componentes básicos, a psi‐

comotricidade possibilita o ajuste pragmático

(técnicas profissionais de aprendizagem, ma‐

nuais, intelectualidade), ajustamento social (de comunicação), ajustamento estético (téc‐

nicas de expressão corporal) e ajustamento educacional.

A existência humana pode ser enten‐

dida como uma unidade na qual o componen‐

te psíquico e o somático. O conhecimento do seu próprio corpo é a base para a compreen‐

são da sua própria identidade, o corpo não de‐

ve ser estudado separadamente, mas em relação a si mesmo, nas relações com outros e o meio ambiente.

O estudo da psicomotricidade revela aspectos que permitem à criança formar um sistema de movimentos os quais ela pode ope‐

rar em quaisquer condições, na sua decisão, de modo eficiente, espontâneo e rápido.

A psicomotricidade aparece tanto co‐

mo habilidade quanto como uma função com‐

plexa que reajusta comportamento individual.

Isso inclui a participação em vários processos físicos e funções que fornecem informação de recepção como execução adequada do ato de resposta.

Referências

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