TRATAMENTO DE ESGOTOS SOB CARGA VARIÁVEL EM SISTEMAS DE LODOS ATIVADOS
Roberto Bartolomei - E-mail : roberbar@usp.br Roque Passos Piveli - E-mail : rppiveli@usp.br
Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - Av. Dr. Arnaldo, 715 - Cerqueira Cesar - CEP : 01246-904 - São Paulo - SP - Brasil Fax : 55 (011) 853-0681
Palavras-Chave: Tratamento de Esgotos Domésticos; Lodos Ativados; Operação de ETE;
Controle de Processo de Tratamento de Esgotos.
INTRODUÇÃO
O turismo, com todas as suas variações, tem sido um dos empreendimentos que mais tem crescido nos últimos tempos. Ao lado dos bairros da periferia, que em geral não tem a necessária infra estrutura sanitária, ele tem trazido um grande problema de saúde pública: a geração de impactos ambientais pelo lançamento de esgotos.
Destacam-se entre os locais mais atingidos os municípios litorâneos, as estâncias turísticas e os grandes condomínios residenciais de praia ou campo, que têm algumas características comuns:
a sazonalidade populacional.
Entre os processos biológicos aeróbios para o tratamento de efluentes, os de lodos ativados tem eficiências na remoção de DBO que muitas vezes são superiores a 90%. Porém, há certas dúvidas sobre a operação destes processos nestas comunidades onde existe uma variação na população contribuinte, nos fins de semana e nas temporadas, que pode multiplicá-la até por dez. A operação pode se tornar instável pelo desequilíbrio da relação alimento/microrganismos, causada pela variação semanal ou de temporada da população, e o efluente resultante poderá ficar fora dos padrões de lançamento.
O presente trabalho apresenta os resultados de um estudo das características operacionais de estações de tratamento de efluentes sob processos de lodos ativados trabalhando sob variação de carga, em escala de laboratório (convencionais e aeração prolongada) e sistema de tratamento em condomínio de um clube de campo (aeração prolongada em batelada).
OBJETIVOS
Objetivo geral:
Observar o comportamento do processo de lodos ativados aplicado ao tratamento de esgotos sanitários sob cargas variáveis.
Objetivos específicos:
a) Verificar eficiências de remoção de DBO e de DQO
b) Comparar, com os de sistemas operando dentro de padrões normais de vazão de esgotos domésticos;
c) Verificar como o controle da idade do lodo, contribui para a estabilidade do processo;
d) Verificar como as variações de cargas orgânicas afluentes afetam as características biológicas dos flocos;
e) Verificar como as variações das cargas orgânicas afetam a sedimentabilidade dos lodos nos decantadores;
f) Verificar os efeitos das variações nas cargas afluentes sobre a remoção de nitrogênio e fósforo.
CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE LODOS ATIVADOS
Os esgotos após tratamento preliminar e/ou primário são conduzidos ao
tanque de aeração onde, através das atividades metabólicas, uma massa de microrganismos que
utiliza a matéria orgânica como substrato para a manutenção e/ou para síntese de células, é
responsável pela degradação da matéria orgânica complexa presente nos esgotos.
A eficiência de um sistema de lodos ativados é medida pela sua capacidade de remoção do substrato do líquido no tanque de aeração, e finalmente de uma eficiente separação dos sólidos em suspensão, do efluente final.
SISTEMA DE LODOS ATIVADOS SOB VARIAÇÃO DE CARGA
Um sistema de tratamento recebendo esgotos sob variação de carga, é um tratamento sob algum tipo de “stress”, algum tipo de sobrecarga e demanda reatores com maiores capacidades que os usados originalmente em esgotos domésticos com carga orgânica equivalente.
Portanto deverá ter dimensionadas as suas unidades, no mínimo, para as respectivas cargas máximas previstas, dada a grande necessidade de flexibilidade que ele apresenta.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado em quatro etapas, as três primeiras no Laboratório de Hidrobiologia e Química Sanitária do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, utilizando reatores em escala laboratorial e a quarta em um sistema de tratamento com aeração prolongada em batelada existente em condomínio do Clube de Campo Pró-Vida, em Araçoiaba da Serra, próximo a Sorocaba, São Paulo.
METODOLOGIA EMPREGADA NAS ANÁLISES LABORATORIAIS ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
Todas as análises físico-químicas foram feitas de acordo com APHA, AWWA, WEF (1995).
ANÁLISE DOS MICRORGANISMOS
As análises dos microrganismos nos lodos foram feitas regularmente a fim de verificar a qualidade do processo para cada reator.
DESCRIÇÃO RESUMIDA DOS EXPERIMENTOS Reatores em Escala de Laboratório
Quatro células de aeração em acrílico, construídas de acordo com o modelo proposto por Adams e Eckenfelder, (câmara de aeração acoplada ao decantador secundário, com retorno de lodo implícito) (Adams 1981), modificado com a adição de um “air lift”, que além de melhorar e garantir uma boa mistura no fundo do tanque ainda direcionava o fluxo de ar/líquido para a superfície sem atingir o septo nem interferir com o funcionamento do decantador. O volume de cada câmara de aeração é de 6,5 litros e o do decantador secundário é de 1,0 litro.
Reatores em Escala Real
Foi utilizada uma Estação de Tratamento de Esgotos, sistema de lodos
ativados por batelada, modalidade aeração prolongada, situada no Clube de Campo Pró-Vida em
Araçoiaba da Serra, próximo a Sorocaba, São Paulo. É um reator de 01 (uma) célula de aeração ,
uma mistura do modelo desenvolvido em Culver USA (pelo formato) com o Australiano (pelo fato de
não haver interrupção na alimentação de esgotos).
RESUMO DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS NA DIVERSAS FASES Parâmetros de Cálculo e Operacionais dos reatores
Parâmetro Reator 1 Reator 2 Reator 3 Reator 4 Clube S 0 =DBO
(mg/l)
210 210 300 300 300
f (KgDBO/
KgSSTA*dia)
0,3 0,3 0,07 0,07 0,075
X=SST (mg/l) 2.000 2.000 4.000 4.000 4.000
Vta (l) 6,5 6,5 6,5 6,5 925.000
Vdec (l) 1,0 1,0 1,0 1,0 925.000
Idade do lodo(dias)
8 8 25 25 18
Q Dexam (l/dia) 0,03 0,03 0,03 0,03 0,15
Q Dcalc. (l/dia) 0,81 0,81 0,26 0,26 26.540
T.det.hid (dias) (horas)
1 a /3 a 0,358, 40
2 a 3,2578 ,0
1 a /3 a 0,8821 ,1
2 a 3,2578 ,0
1 a /3 a 1,0725 ,7
2 a 9,2922 3
1 a /3 a 2,7064 ,8
2 a 9,2922 3
período 1,20 106,08 Aliment.
(l/dia)
1 a /3 a 18,6
2 a 2,0
1 a /3 a 7,35
2 a 2,0
1 a /3 a 6,07
2 a 0,7
1 a /3 a 2,41
2 a 0,7
período
771.000
NIVEL
5 3 7 15
10
6
20 10
60 42 17107
5
49
5
10 ALIMENTACAO
ZONA DE AGITACAO
"AIR-LIFT"
DIFUSOR ENTRADA DE AR
ENTRADA DE AR
EFLUENTE
DESCARGA DE LODO DECANTADOR
CORTINA
FIXA
"AIR-LIFT"
DECANTADOR
EFLUENTE
MEDIDAS EM CENTIMETROS
ESQUEMA DO REATOR PROPOSTO POR ECKENFELDER
MODIFICADO COM A ADIÇÃO DO “AIR LIFT”
CALCADA
2 1/2"
MURO DE ALVENARIA
MURO DE ALVENARIA
MURO DE ALVENARIA CALCADA CALCADA
PORTAO 150 mm
17.60
REATOR
LEITO DE SECAGEM
LEITO DE SECAGEM
LEITO DE SECAGEM
PARSHALLLAB.
AERADOR
10,60
MEDIDAS EM METROS
20,00
4,004,004,00