• Nenhum resultado encontrado

A dinâmica da pluma costeira da Lagoa dos Patos, Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A dinâmica da pluma costeira da Lagoa dos Patos, Brasil"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

A dinâmica da pluma costeira da Lagoa dos Patos, Brasil

Wilian. C. Marques 1 , Igor, O. Monteiro, Osmar. O. Möller & Elisa H.

Fernandes 1

Laboratório de Oceanografia Física, Departamento de Física, Universidade Federal do Rio Grande, 475 Alfredo Huch, Caixa Postal 474, 96200-0001 Rio Grande, RS, Brasil. email:

wilian_marques@yahoo.com.br; igoromonteiro@yahoo.com.br; dfsomj@furg.br;

dfsehf@yahoo.com.br

RESUMO:

Os processos dinâmicos que controlam a formação e o comportamento da pluma da Lagoa dos Patos foram investigados através de experimentos numéricos. Os resultados mostraram que ventos de nordeste contribuem para seu espalhamento em direção ao oceano e o transporte em direção ao sul. Ventos de sudeste contribuem para o aumento dos níveis na costa e para o transporte em direção ao sul. O efeito da maré é importante nos processos de mistura e intensificação do transporte em direção ao norte durante períodos de ventos fracos.

A passagem de frentes meteorológicas é a principal responsável pelo transporte de sal no estuário, porém a intensidade da descarga e a inclinação dos ventos de sudeste podem não condicionar a salinização. A salinidade responde a ação dos ventos com um atraso de fase de 20º e a propagação do sal em direção à costa se manifesta como uma oscilação barotrópica.

PALAVRAS-CHAVE: Descarga fluvial, plumas, plataforma interna, vento local, vento-não local.

1. INTRODUÇÃO

A plataforma continental atua como um receptor final de água e materiais provenientes do continente, os quais são transportados pela descarga dos rios e estuários. A estrutura dinâmica resultante deste processo é uma massa de água flutuante com densidade inferior a das águas costeiras, chamada de pluma de rio. O encontro das águas continentais de baixa salinidade com as águas costeiras define regiões onde se observam altos gradientes de propriedades, as chamadas zonas de frente.

A interação da água doce com os processos costeiros e o aporte de materiais podem contribuir para a manutenção de ambientes favoráveis a reprodução e desenvolvimento de espécies, sustentando padrões de transporte ou deposição de materiais. Diversos estudos apresentaram evidências da influência da descarga fluvial na intensificação das atividades biológicas e manutenção dos estoques pesqueiros em estuários e zonas costeiras [24].

A plataforma continental do Sul do Brasil (SBS), limitada pelas latitudes de 28° e 35°S (Figura 1), é uma região marcada pela presença de longas faixas de águas de baixa salinidade em regiões próximas à costa. Este padrão é o resultado da interação entre o aporte de água doce dos estuários do Rio da Prata, da Lagoa dos Patos e das correntes costeiras originadas no extremo sul do continente Sul-Americano.

A descarga do rio da Prata, Lagoa dos Patos e a influência de processos de ressurgência de quebra de plataforma sustentam a alta biomassa de fitoplâncton encontrada na SBS [6], onde taxas anuais de produção primária em torno de 160 gCm

-2

ano

-1

foram observadas por Odebredcht e Garcia [31]. Estas condições ambientais contribuem para que a SBS seja considerada uma das mais importantes zonas pesqueiras da costa brasileira [4].

1

CNPq – Processo 590006/2005-3

(2)

Estudos da dinâmica da pluma da Lagoa dos Patos são limitados a observações de campo e alguns resultados obtidos através de simulações numéricas. Hartmann e Silva [17] observaram a contribuição do vento na sua formação sob condições de baixa a moderada descarga, e mais recentemente, Zavialov et al. [38] monitoraram o comportamento da pluma sobre condições de alta descarga usando observações de salinidade e temperatura.

A influência dos principais mecanismos de transporte sobre a descarga da Lagoa dos Patos foi analisada por Marques et al [26]. A contribuição isolada do efeito geostrófico, das marés e dos ventos foi investigada durante períodos de intensa descarga fluvial e ventos, homogêneos no espaço, com intensidade fraca a moderada por Marques et al. [27]. Estes resultados obtidos através de simulações numéricas mostraram a alta variabilidade dinâmica na formação e destino da pluma da Lagoa dos Patos durante condições diferenciadas de descarga, ventos e marés.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é dar continuidade ao estudo dos processos dinâmicos que controlam a formação e o comportamento da pluma da Lagoa dos Patos durante um período de média e alta descarga no ano de 1998, através de experimentos de modelagem numérica.

Figura 1: Plataforma continental do Sul do Brasil, Lagoa dos Patos e seus principais rios afluentes.

1.1 Aspectos físicos da área

A Lagoa dos Patos é localizada no extremo Sul do Brasil, entre 30º e 32ºS e 50º e 52ºW, sendo conectada ao Oceano Atlântico por um único canal com cerca de 1 km de largura (Figura 1). Seus principais rios afluentes contribuem para uma descarga média anual de 2400 m³s

-1

[35]. Seus rios respondem ao clima temperado apresentando grandes anomalias positivas de descarga fluvial em escalas interanuais que são associadas a eventos de El Niño Oscilação Sul [35; 25].

Esta região é influenciada em escalas sinóticas por sistemas atmosféricos que contribuem

para uma circulação dominante de ventos de nordeste (NE) – sudoeste (SW), que são

favoráveis a eventos de ressurgência e subsidência na zona costeira, respectivamente. As

marés na região são mistas com dominância diurna e seus efeitos estão restritos a zona

costeira e porção estuarina da Lagoa dos Patos.

(3)

2. METODOLOGIA

O modelo TELEMAC-2D foi utilizado para a realização de simulações bidimensionais na região de estudo. O TELEMAC é um modelo de elementos finitos desenvolvido pelo Laboratoire National d’Hydraulique (EDF, France) para simular o fluxo em estuários e zonas costeiras. O modelo resolve as equações de Navier-Stokes considerando as variações locais na superfície livre do fluido, desprezando as variações de densidade na equação de conservação da massa, considerando a pressão hidrostática e aproximação de Boussinesq para resolver as equações do momento.

Este modelo aplica a técnica de elementos finitos para resolver as equações hidrodinâmicas de forma a acompanhar os limites superficiais e de fundo. O modelo distingue fisicamente dois tipos de condições de contorno. As fronteiras fechadas, onde o modelo assume a impermeabilidade e o atrito, e as fronteiras abertas, onde o modelo assume a ocorrência de troca de massa.

O estabelecimento das condições de contorno aberto representa uma das maiores dificuldades para a modelagem de regiões costeiras. Em algumas situações, como nos domínios costeiros, por exemplo, a informação necessária para descrever as condições de contorno pode não estar disponível. Neste caso o TELEMAC usa o método de Thompson para calcular os valores desejados. Por exemplo, pode-se obter a velocidade nos contornos desde que sejam prescritas as elevações da superfície do mar.

A área de estudo foi definida entre 28ºS e 34ºS, com a fronteira oceânica limitada pela isóbata de 3000 m. A malha de elementos finitos resultante possui 17000 elementos (Figura 2). As simulações foram realizadas de 01 de janeiro a 01 de março de 1998 (ano de El Niño) e o modelo foi forçado no norte da Lagoa dos Patos com uma série temporal de descarga dos principais tributários (Figura 3) obtida na página da Agência Nacional de Águas (ANA) (www.ana.gov.br). A intensidade e direção dos ventos utilizados para forçar os contornos superficiais do modelo foram obtidas na página da NOAA (www.cdc.noaa.gov/cdc/reanalysis) e prescritas como variáveis no tempo e no espaço. A amplitude e fase das componentes da maré (M1, N2, O1, S2, K1) prescrita na fronteira oceânica paralela à zona costeira é mostrada na Figura 4 e foram obtidas do modelo FES95.2 (Finite Element Solution).

Figura 2: Malha de elementos finitos (17000 elementos). Ponto1 indica a posição onde foi removida

uma série temporal de salinidade; Ponto 2 indica posição onde foram removidas séries temporais de

salinidade, ventos e níveis de água.

(4)

Figura 3: Descarga fluvial dos principais rios afluentes no norte da Lagoa dos Patos. As setas indicam os instantes selecionados na discussão dos resultados.

Figura 4: Amplitude (a) e fase (b) das componentes da maré prescritas na fronteira oceânica.

Foram analisadas séries temporais diárias de nível de água, salinidade e da componente meridional do vento fornecida como saídas do modelo hidrodinâmico nas posições mostradas na Figura 1. Com o objetivo de detectar os ciclos de variabilidade mais importantes e sua possível relação linear no domínio de freqüência, foi realizada a análise do espectro de potência e do espectro de coerência das variáveis. O espectro de potência foi obtido pela utilização de um algoritmo FFT (Fast Fourier Transform) sem a utilização de filtros, e os espectros de coerência foram obtidos pelo método descrito em [11] com a utilização de 8 janelas de Hanning com 50% de sobreposição.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As plumas de rio sobre a plataforma continental podem produzir uma resposta na forma de um campo de pressão trapeado na costa [11] e que segue a mesma direção de propagação de fase das ondas de Kelvin (2; 21). Garvine [16] e O’Donnel [32] mostraram que a pluma do rio Connecticut se espalha a partir da sua fonte sendo defletida na direção das ondas de Kelvin, para a direita no hemisfério norte devido à força de Coriolis e/ou corrente ao longo da costa.

Nos resultados deste trabalho considerando somente a descarga fluvial, força de Coriolis e

A B

A

(5)

efeitos dissipativos (Figura 5a), a pluma da Lagoa dos Patos se espalha lentamente sobre a plataforma, girando anticiclonicamente em direção ao norte, que é a direção de propagação de fase das ondas de Kelvin no hemisfério Sul.

A ação das marés tende a produzir efeitos moduladores sobre as plumas de rios, contribuindo para os processos de mistura e reduzindo a estratificação induzida pelo vento (33; 34). Chao [8] mostrou que os efeitos da maré são importantes para o espalhamento da pluma transversalmente a costa. Os resultados da modelagem da pluma da Lagoa considerando os efeitos anteriores somados a contribuição da maré (Figura 5b) estão de acordo com o observado em Chao [8]. A pluma tende a se dispersar sobre a plataforma reduzindo o gradiente de salinidade transversal a plataforma.

Além disso, a influência das correntes de maré também aumenta o deslocamento da pluma em direção ao norte. Soares [34] verificou o aumento no transporte em direção ao norte sobre a plataforma continental do Sul do Brasil devido à corrente residual produzida pela interação das marés com a topografia quando simulou a pluma do Rio da Prata sobre influência das marés.

Figura 5: Resultados da simulação após 60 dias. Descarga fluvial (a), descarga fluvial e maré (b).

Quando os efeitos das marés e dos ventos são incluídos simultaneamente, o comportamento da pluma da Lagoa é alternadamente controlado por cada uma das forçantes.

No dia 21, a descarga fluvial é menor que 4000m³s

-1

(Figura 3) e os ventos fracos de nordeste (Figura 6a) são dominantes. Nestas condições a descarga segue em direção ao sul se afastando da costa na sua porção mais ao sul (Figura 6b). Zhang et al. [39], Kourafalou et al. [21; 22] e Pritchard [33] observaram que a direção predominante dos ventos controla a maior parte do transporte ao longo da costa, afetando a direção e estrutura espacial da pluma.

A orientação residual da pluma pode ser controlada pelos ventos dominantes e/ou pela variabilidade das correntes costeiras [39; 19]. Resultados de modelagem numérica demonstram que a pluma é advectada para longe da costa pelo transporte de Ekman transversal à costa induzido pelos ventos favoráveis a ressurgência [21; 14; 34].

A Figura 6d mostra resultados após 30 dias de simulação sobre condições de descarga fluvial pouco maior que 4000 m³s

-1

(Figura 3) e ventos de intensidade baixa (Figura 6c), porém direcionados transversalmente a costa (ventos de sudeste). Estas condições de ventos geram um aumento nos níveis na zona costeira da ordem de 1 m (Figura 9), proporcionando o trapeamento das águas descarregadas pela Lagoa ao longo da costa, à redução na

A B

(6)

estratificação horizontal e até algum refluxo de águas previamente exportadas para a zona costeira dentro do canal de acesso. Chao [7] observou que ventos transversais à costa em direção ao estuário aumentam os níveis de água retardando o transporte de Ekman próximo à costa e intensificando o fluxo estuarino que se opõe à circulação gravitacional.

Figura 6: Resultados das simulações incluindo descarga fluvial, marés e ventos. Após 21 (a, b) e 30 (c, d) dias.

Após 50 dias de simulação (figura 7b), a descarga fluvial é de aproximadamente 6000 m³s

-

1

(figura 3) e os ventos são fracos e de sudeste (Figura 7a). O efeito de trapeamento das águas da Lagoa ocorre de maneira similar ao período anterior, porém o canal de acesso atua como uma barreira impedindo a introdução de águas no estuário devido à orientação dos ventos mais girados em direção ao leste. Neste período, a ação dos ventos gera um aumento nos níveis da ordem de 0.3 m junto à costa (Figura 9) induzindo um fraco transporte em direção ao sul. Nestas condições, o efeito das correntes de maré tem competência para induzir um transporte mais intenso em direção ao norte. Plumas na presença de correntes de maré ao

A B

C D

(7)

longo da costa podem sofrer alterações significativas durante um ciclo de vazante e enchente [23; 20].

Após 60 dias de simulação (Figura 7d), a descarga fluvial é de aproximadamente 5000 m³s

-

1

(figura 3) e os ventos são moderados e de sudeste (Figura 7c). A orientação dos ventos deste período também não condiciona a introdução de água no estuário. Porém, a maior intensidade dos ventos gera aumentos nos níveis da ordem de 1 m (Figura 9) induzindo um transporte de Ekman em direção ao sul. O cisalhamento no campo de vento ao sul do canal de acesso contribui para o aumento no transporte que condiciona o alargamento da extremidade da pluma.

Resultados apresentados aqui estão de acordo com [26; 27], indicando a descarga, os ventos e as marés como as mais importantes forçantes da circulação sobre a plataforma interna do Sul do Brasil. Estes estudos mostram a importância dos ventos de nordeste e sudoeste no transporte da águas da pluma da Lagoa ao longo da costa, porém, os resultados obtidos sugerem a importância dos ventos transversais à costa (ventos de sudeste), de intensidade moderada à forte, como contribuição para o espalhamento das águas em direção ao sul.

Figura 7: Resultados das simulações de descarga fluvial, marés e ventos. Após 50 (a, b) e 60 dias (c, d).

A B

C D

(8)

A serie temporal da componente meridional do vento (Figura 8) indica a dominância de ventos do quadrante norte em ciclos de escala sinótica. Segundo Barros et al. [1] durante anos de El Nino ocorrem anomalias nos ventos de nordeste devido à intensificação da porção oeste do centro de alta pressão do Atlântico Sul. As séries temporais de níveis de água mostram ciclos com alta variabilidade temporal alcançando também de poucos dias a semanas (Figura 9).

As séries temporais de salinidade (Figura 9) no canal de acesso e junto à zona costeira adjacente apresentam um padrão na forma de funções de impulso seguindo também ciclos com uma escala temporal da ordem de dias. O padrão do sinal de salinidade integrado que foi obtido neste trabalho mostra similaridade com o que já foi observado no canal de acesso com a utilização de termo-salinômetros para o ano de 2004 nas camadas de superfície e fundo [36].

Os espectros de potência das séries temporais de ventos (Figura 11) mostram picos confiáveis em escalas de 5 e 11 dias (8*10

-1

e 2*10

-2

cpd). Estes picos podem ser associados à passagem de sistemas meteorológicos sobre a região [9]. A ação dos ventos nestas escalas de tempo (3 a 16 dias) controla a maior parte dos processos dinâmicos na Lagoa dos Patos em curto período [28; 29; 30; 12; 3; 13]. O espectro de salinidade (Figura 12) mostra um ciclo de variabilidade bem definido em escala de 11 dias e o ciclo de 5 dias só mostra confiabilidade no sinal de salinidade da zona costeira.

Figura 8: Série temporal da componente meridional do vento.

Figura 9: Série temporal do nível de água na zona costeira .

Figura 10: Series temporais de salinidade no canal de acesso e zona costeira .

(9)

O espectro de coerência entre os ventos e os sinais de salinidade (Figura 13a) indica que a ação dos ventos explica mais de 82% da variância dos sinais de salinidade em ciclos maiores que 10 dias. A combinação da ação local e não local dos ventos é o principal mecanismo de introdução de sal dentro do estuário [18; 28; 30; 12]. No entanto, a introdução e a propagação do sal dependem do gradiente de pressão gerado entre a zona costeira e a lagoa que resulta da ação local e não local dos ventos e intensidade da descarga fluvial [12;13]. De acordo com o observado nas simulações mostradas anteriormente a introdução do sal na Lagoa dos Patos pode também ser dependente da inclinação dos ventos com relação à orientação dos molhes na boca do estuário.

Os diagramas de fase (Figura 13b) sugerem um atraso de fase de 20 graus na resposta do parâmetro de salinidade em relação à ação dos ventos na zona de máxima coerência. Os diagramas de fase na região do canal de acesso e na zona costeira mostram diferenças de fase que podem ser interpretadas pelo bombeamento de sal que propaga na forma de uma oscilação barotrópica em direção à costa. Na região de máxima coerência, os sinais de salinidade respondem a ação do vento com um atraso médio relativo de aproximadamente 40 graus.

Figura 11: Espectro de potência da componente longitudinal dos ventos. Nível de 95% de confiança (linha preta vertical)

Figura 12: Espectros de potência das series temporais de salinidade no canal (a) e na zona costeira (b).

Nível de 95% de confiança (linha preta horizontal).

A

B

(10)

Figura 13: Espectro de coerência (a) e atraso de fase (b) entre as séries temporais de salinidade e a componente meridional dos ventos. Linha preta fina representa o espectro de coerência e o atraso de fase entre a salinidade do canal e os ventos. Linha pontilhada horizontal significa o nível de 95% de confiança.

4. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste trabalho através de simulações numéricas sugerem que os ventos atuam como mecanismo principal no controle do destino das águas descarregadas pela Lagoa dos Patos sobre a zona costeira. Ventos de nordeste contribuem para o transporte em direção ao sul e espalhamento da pluma em direção ao oceano. Ventos transversais à costa podem contribuir para o aumento dos níveis de água na zona costeira condicionando um transporte preferencial de águas em direção ao sul. Porém, a ação das marés atua como mecanismo modulador, contribuindo para os processos de mistura e para a intensificação do transporte em direção ao norte durante os períodos de menor intensidade dos ventos.

A passagem de frentes meteorológicas na região é a principal forçante no bombeamento de águas marinhas em direção ao estuário, tendo na componente meridional do vento sua maior fonte de variabilidade. Porém, a intensidade da descarga fluvial e a direção predominante dos ventos (ventos de sudeste-leste) também são fatores que podem não condicionar a introdução das águas através do canal de acesso. A salinidade na plataforma interna e no canal de acesso responde a ação dos ventos com um atraso de aproximadamente 20 graus. E a diferença de fase entre a zona costeira e o canal de acesso sugere que o sal bombeado da costa em direção ao canal se propaga na forma uma oscilação barotrópica.

5. BIBLIOGRAFIA

1. BARROS, V. R.; GRIMM, A. M.; DOYLE, M. E. Relationship between temperature and circulation in shouteastern South America and its influence from El Niño and La Niña events.

J. Meteorol. Soc. Jpn., 80, 21-32, 2002.

2. BRINK, K. H. Coastal-trapped waves and wind-driven currents over the continental shelf.

Annu. Rev. Fluid Mech. 23,389-412, 1991.

3. CASTELÃO, R. M.; MÖLLER, O. O. Sobre a circulação tridimensional forçada por ventos na Lagoa dos Patos. Atlântica 25(2):91-106, 2003.

A

B

(11)

4. CASTELLO, J.; DUARTE, A.; MÖLLER, O. O.; NIENCHESKI, F.;

ODEBREDCHT, C.; WEISS, G.; HABIAGA, R.; BELLOTTO, V.; KITZMANN, D.;

SOUTO, C.; SOUZA, R.; CIOTTI, A.; FILLMANN, G.; SCHWINGELL, P.;

BERSANO, J.; CIRANO, M.; FREIRE, K.; LIMA, I.; MELLO, R.; MONTEIRO, A.;

RESGALLA, C.; SOARES, I.; SUZUKI, M. On the importance of coastal and subantartic waters for the shelf ecosystem off Rio Grande do Sul. Anais do II Simpósio de Estrutura, Função e Manejo de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste, São Paulo – Brazil, I:112-129, 1990.

5. CASTRO, B. M.; MIRANDA, L. B. Physical oceanography of the western Atlantic continental shelf between 4ºN and 34ºS. In: Brink, K., Robinson, A. (Eds.), The Sea – The Global Coastal Oceans, Vol 10. Wiley, New York, pp. 209-251 (chapter 8), 1998.

6. CIOTTI, A. M.; ODEBRCHT, C.; FILLMANN, G.; MÖLLER, O. O. Freshwater outflow and subtropical convergence influence on phytoplankton biomass on the southern Brazilian continental shelf. Continental Shelf Research. 15(14), 1737-1756, 1995.

7. CHAO, S.-Y. Wind-driven motion of Estuarine plumes. Journal of Physical Oceanography. 18,1144-1166, 1988b.

8. CHAO, S.-Y. Tidal modulation by estuarine plumes. Journal of Physical Oceanography.

20,1115-1123, 1990.

9. CLIMANALISE. Boletim de monitoramento e análise climática 15 n°12 (dezembro 2000). Instituto Nacional de Pesquisas espaciais INPE. Centro de Previ~são do tempo e estudos climáticos CPTEC. Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.

10. CSANADY, G. T. The arrested topographic wave

1

. Journal of Physical Oceanography. 8, 47-62, 1978.

11. EMERY, W. J.; THOMSON, R. E. Data Analysis methods in physical oceanography.

First edition; Library of Congress Cataloging in Publication Data. Pergamon, 1998.

12. FERNANDES, E. H. L. Modelling the hydrodynamics of the Patos Lagoon, Brazil.

Plymouth, Englend, 2001. PhD. Thesis, Institue of Marine Studies Faculty of Science.

13. FERNANDES, E. H. L.; DYER, K. R.; MÖLLER, O. O. Spatial gradients in the flow of Southern Patos Lagoon. Journal of Coastal Research 20:102-112, 2004.

14. FONG, D. A.; GEYER, W. R. Response of a river plume during an upwelling favorable wind event. Journal of Geophysical Research, 106(C1), 1067-1084, 2001.

15. GARVINE, R. W. Estuary plumes and fronts in shelf waters: A layer model. Journal of Physical Oceanography. 17, 1877-1896, 1987.

16. GHISOLFI, R. Oceanic fronts off the Southern Brazilian coast. New South Wales, Australia, 2001. PhD thesis, University of New South Wales – School of Mathematics.

17. HARTMANN, C.; SILVA, O. F. Dinâmica sazonal da pluma de sedimentos da desembocadura da Laguna dos Patos, analisada através de imagens Landsat. In: Simp. Bras.

De Sens. Remoto, 4, Natal, RN, INPE, 1989.

18. HARTMANN, C.; SCHETTINI, C. A. F. Aspectos hidrológicos na desembocadura da Laguna dos Patos, RS. Revista Brasileira de Geociências, 21(4): 371-377, 1991.

19. HICKEY, B. M.; PIETRAFESA, L. J.; JAY, D. A.; BOICOURT, W. C. The Columbia River plume study: Subtidal variability in the velocity and salinity fields. Journal of Geophysical Research. 103(C5), 10339-10368, 1998.

20. HICKEY, B. M. Transport due to freshwater discharge into the coastal ocean In:

University of Maryland Centre for Environmental Science Technical Report TS-237-00, 2000.

21. KOURAFALOU, V. H.; OEY, L. Y.; WANG, J. D.; LEE, T. N. The fate of river

discharge on the continental shelf 1. Modeling the river plume and the inner shelf coastal

current. Journal of Geophysical Research. 101(C2),3415-3434, 1996a.

(12)

22. KOURAFALOU, V. H.; LEE, T. N.; OEY, L. Y.; WANG, J. D. The fate of river discharge on the continental shelf 2. Transport of coastal low-salinity waters under realistic wind and tidal forcing. Journal of Geophysical Research. 101(C2),3435-3455, 1996b.

23. LEWIS, R. E. Circulation and mixing in Estuary outflows. Continental Shelf Research.

3,201-214, 1984.

24 MANN, K. H.; LAZIER, J. R. N. Dynamics of marine ecosystems: Biological-Physical Interactions in the Oceans. Boston. Blackwell Scientific Publications, Inc.

25. MARQUES, W. C. Padrões de variabilidade temporal nas forçantes da circulação e seus efeitos na dinâmica da Lagoa dos Patos, Brasil. Rio Grande, 2005. Tese (Mestrado), Fundação Universidade do Rio Grande, Oceanografia Química, Física e Geológica.

26. MARQUES, W. C.; MONTEIRO, I. O.; MÖLLER, O. O.; FERNANDES, E. H.

Modeling the hydrodinamics of the Southern Brazilian Shelf. Proceedings of 8 ICSHMO, Foz do Iguaçu, Brazil, INPE, p. 1311 – 1314, 2006a.

27. MARQUES, W. C.; MONTEIRO, I. O.; MÖLLER, O. O.; FERNANDES, E. H.

Modeling the coastal plume of the Patos Lagoon, Braszil. Aceito no congresso: Physics of Estuaries and Coastal Seas PECS2006, Astoria, OR, USA, 2006b.

28. MÖLLER, O. O. Hydroinamique de La Lagune dos Patos, Mésures et Modelisation.

DSc. Thesis, Université Bordeaux I, France, 1996.

29. MÖLLER, O. O.; LORENZZETTI, J. A.; STECH, J. L.; MATA, M. M. The Patos Lagoon summertime circulation and dynamics. Coastal Shelf Research 16:335-351, 1996.

30. MÖLLER, O. O.; CASTAING, P.; SALOMON, J. C.; LAZURE, P. The influence of local and non-local forcing effects on the subtidal circulation of Patos Lagoon. Estuaries 24:297-311, 2001.

31. ODEBRECHT, C.; GARCIA, V. M. T. Pytoplankton. In: Seeliger, U.; C. Odebrecht &

J. P. Castello P. (eds). Subtropical Convergente Environments, the Coast and Sea in the Southwestern Atlantic. Berlim, Springer-Verlag. P. 183-196.

32. O’DONNEL, J. The formation and fate of a river plume: A numerical model. Journal of Physical Oceanography. 20,551-569, 1990.

33. PRITCHARD, M. Dynamics of a small tidal Estuarine plume. Plymouth, England, 2000.

PhD Thesis. University of Plymouth. Institute of Marine Studies, Faculty of Science.

34. SOARES, I. D. The Southern Brazilian Shelf Buoyancy-driven currents. Florida, USA, 2003. PhD thesis, University of Miami.

35. VAZ, A. C. Efeito da descarga de água doce em processos ocorrentes no estuário da Lagoa dos Patos. Rio Grande, 2003. Trabalho de graduação. Fundação Universidade do Rio Grande.

36. VITTA, A. P.; MARQUES, W. C.; SILVEIRA, A. R.; MÖLLER, O. O.

Hidrodinâmica do canal de acesso à Lagoa dos Patos: Estudo por medidas diretas. In: II Congresso Brasileiro de Oceanografia e XVII Semana Nacional de Oceanografia CBO’2005 e XVII SNO, Vitória, ES, 2005.

37. WONG, K. C.; MINCHOW, A. Buoyancy forced interaction between estuary and inner shelf: observation. Continental Shelf Research. 15,59-88, 1995.

38. ZAVIALOV, P. O.; KOSTINOY, A. G.; MÖLLER, O. O. Mapping river discharge effects on Southern Brazilian shelf. Geophysical Research Letters. 30(21), 2126, 2003.

39. ZHANG, Q. H.; JANOVITZ, G. S.; PIETRAFESA, L. J. The interaction of estuarine

and shelf waters: A model and applications. Journal of Physical Oceanography. 17,455-469,

1987.

Referências

Documentos relacionados

José Arno Appolo do Amaral, Prefeito Municipal, no uso de suas atribuições legais e de acordo com o Processo nº 2808/2020 da Secretaria Municipal de

Obedecendo ao cronograma de aulas semanais do calendário letivo escolar da instituição de ensino, para ambas as turmas selecionadas, houve igualmente quatro horas/aula

A disponibilização de recursos digitais em acesso aberto e a forma como os mesmos são acessados devem constituir motivo de reflexão no âmbito da pertinência e do valor

Lista de preços Novembro 2015 Fitness-Outdoor (IVA 23%).. FITNESS

os atores darão início à missão do projeto: escrever um espetáculo para levar até as aldeias moçambicanas para que a população local possa aprender a usufruir e confiar

Este artigo tem por objetivo a avaliação da vida marinha e terrestre na praia da vila no Município de Imbituba em Santa Catarina, o estudo traz uma avaliação da vida existente

Sobretudo recentemente, nessas publicações, as sugestões de ativi- dade e a indicação de meios para a condução da aprendizagem dão ênfase às práticas de sala de aula. Os

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das