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ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS EM TESES E DISSERTAÇÕES BRASILEIRAS DE 1987 A 2006 RESUMO

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* Professor do Curso de biblioteconomia (UFAL). Mestre em Ciência da Informação (PPGCI/UFMG) E-mail: ronaldfa@gmail.com

** Professora do Departamento de Organização e Tratamento da Informação (UFMG). Doutora em Educação (PP- GE/UFMG). E-mail: lidiaalvarenga@eci.ufmg.br

ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS EM TESES E DISSERTAÇÕES BRASILEIRAS DE 1987 A 2006

Ronaldo Ferreira de Araújo*

Lídia Alvarenga*

RESUMO

Esta comunicação analisa a inserção da bibliometria na pesquisa científica da pós-graduação no Brasil. Para isso foram analisadas teses e dissertações que abordaram em seus estudos as- pectos bibliométricos. O universo da pesquisa, representado por 64 trabalhos que abrangem o período de 1987 até 2006, foi levantado junto ao Banco de Teses da Coordenação de Aperfei- çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Por meio de um método quantitativo- descritivo, verifica-se o uso da bibliometria a partir das variáveis: ano, instituição, região geo- gráfica, nível (mestrado ou doutorado), área do conhecimento e orientação. Os resultados a- pontam uma retomada no estudo da temática e mostram uma multiplicidade na produção que releva o interesse pela abordagem bibliométrica por várias áreas do conhecimento, ensejando análises sobre a interdisciplinaridade entre ciência da informação e outros campos de conhe- cimento.

Palavras-chave: Bibliometria. Dissertações. Teses.

1 INTRODUÇÃO

Segundo Población e Noronha (2002, p. 98) “Os cursos de pós-graduação foram insti- tucionalizados no Brasil, em 1970, com a Lei 5.540/68. Com o passar dos anos, os programas de pós-graduação tornaram-se o maior pólo gerador da produção científica brasileira”.

Conforme Alvarado (1984), a Ciência da Informação como campo científico tem seu primeiro curso de pós-graduação no país, na década de 1970, vinculado ao então Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD), hoje Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). Este curso foi pioneiro na introdução dos estudos de bibli- ometria no Brasil, compreendidos de forma bem simples como estudos de quantificação e descrição do conhecimento registrado.

Passados mais de 35 anos da introdução da bibliometria na pós-graduação justifica-se observar se houve, ou não, aplicação e difusão desse método de analisar o comportamento de comunidades, autores e publicações, via análise da literatura publicada, em outras áreas de conhecimento bem como em outras instituições.

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A bibliometria, como área de estudo da ciência da informação, tem um papel relevante na análise da produção científica de um país, uma vez que seus indicadores retratam o grau de desenvolvimento de uma área do conhecimento. Investigar os estudos bibliométricos pratica- dos no Brasil, efetuando um recorte na produção científica gerada pela pós-graduação brasi- leira, constitui a principal motivação para a realização da pesquisa ora apresentada. Usando-se o método quantitativo-descritivo verifica-se o uso da temática bibliométrica em teses e disser- tações defendidas no período 1987 até 2006, cujo levantamento envolveu as variáveis: ano, instituição, região geográfica, nível (mestrado ou doutorado), área do conhecimento e orienta- dores.

2 ESTUDOS BIBLIOMÉTRICOS

Muito tem se discutido sobre a árdua e necessária tarefa de mensurar, caracterizar, e avaliar a ciência, ou seja, avaliar o resultado da atividade intelectual de pesquisadores e estu- diosos que têm seu produto apresentado de diversas maneiras. Produção intelectual, produção acadêmica, produção do conhecimento, e produção científica são terminologias presentes na literatura e utilizadas no meio acadêmico com o mesmo significado visando objetivos idênti- cos.

A produção intelectual é vista em Lourenço (1997) como toda produção documental sobre um determinado assunto de interesse de uma comunidade científica específica, que con- tribua para o desenvolvimento da ciência e para a abertura de novos horizontes. Menezes (1993, p. 40) a define como: "O conjunto de estudos realizados por pesquisadores de diversas áreas, gerando conhecimento, sendo este aceito pela comunidade científica, e os resultados dos estudos, divulgados em veículos de comunicação formal, informal e não-convencional”.

Vale reforçar, conforme Ziman (1979) que o conhecimento produzido para tornar-se científi- co precisa ser registrado e formalmente publicado.

Publicada em veículos de comunicação formal, ou divulgada através de meios infor- mais ou não-convencionais, foi a comunicação científica registrada que deu origem aos estu- dos bibliométricos, colaborando na construção da história social do conhecimento. As técni- cas bibliométricas começaram a ser empregadas no início do século XX. Em 1917, Cole e Ea- les analisaram a bibliografia de anatomia comparada, análise esta que foi comentada por Hulme em 1923 em seu livro intitulado Statistical bibliography in relation to the grow of modern civilization onde o termo bibliografia estatística foi empregado pela primeira vez

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(PRITCHARD, 1969 apud FONSECA 1979). Em 1927 Gross e Gross utilizaram a técnica de contar referências citadas no periódico Journal of the American Chemical Society, buscan- do identificar os títulos de periódicos mais citados pelos autores dos artigos visando nortear a política de aquisição (SENGUPTA, 1986 apud FORESTI, 1989).

De acordo com Pinheiro (1983), Fonseca (1986), Vanz (2003) foi Paul Otlet, em sua obra de 1934 intitulada Traité de Documentatión, que utilizou pela primeira vez o termo bi- bliometria. Para Paul Otlet a bibliometria é o meio de quantificar a ciência, utilizando-se da aplicação estatística nas fontes de informação. A popularização do termo, na concepção de um campo de estudo, no qual são utilizados modelos matemáticos e estatísticos para analisar a comunicação escrita de uma determinada área, foi feita em 1969 por Alan Pritchard (MA- CHADO, 2007)

Encontram-se na literatura algumas definições para Bibliometria, tais como a elabora- da por Tague-Sutcliffe (1992 apud MACIAS-CHAPULA, 1998, p. 134), “[...] o estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação registrada”, ou a cons- truída por Foresti (1989, p. 7), “[...] uma área extensa da Ciência da Informação que abrange todos os estudos que procuram quantificar os processos de comunicação escrita, aplicando métodos numéricos específicos”.

Alvarado (1984) analisa a produção científica brasileira (dissertações, teses, artigos de periódico, comunicações apresentadas em congressos, monografias, folhetos e capítulos de livros) gerada entre 1972 e 1983, que utilizaram a abordagem bibliométrica e encontra resul- tados que mostram que a Lei de Bradford era a temática principal da produção intelectual até os anos 80, não privilegiando as análises de citações. Na opinião do autor, no período houve maior ocorrência de estudos de produtividade e uso, analisados segundo a Lei de Bradford, situação que pode ser explicada pela utilidade prática da lei na constituição de listas básicas para a formação de coleções de periódicos e outros tipos de publicações das bibliotecas e cen- tros de documentação.

O estudo de Vanz (2003) se dedica à analise das publicações sobre bibliometria no pe- riódico Ciência da Informação, no período de 1972 a 2002. A autora observa a abordagem bibliométrica utilizada nas publicações, os autores e sua formação acadêmica e titulação, e a variação das publicações sobre bibliometria ao longo dos anos. Na conclusão destaca que são poucas as publicações sobre bibliometria no país, no entanto, observa um interesse crescente a partir do final da década de 90.

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Machado e Pinto (2005) mapearam a produção científica em bibliometria a partir dos artigos publicados nos periódicos da área de biblioteconomia e ciência da informação, no pe- ríodo 1990 a 2004. Os autores delinearam as variáveis: produção anual, tipologia, categoria e filiação institucional dos autores; idioma, temas bibliométricos abordados nos artigos e pro- dução por período. De acordo com os autores a produção científica concentra-se na Região Sudeste do país, com 68,75%, tendo nas universidades (58%) o maior centro de estudos bibli- ométricos. O estudo revela que não há grandes produtores em bibliometria no Brasil. No en- tanto, há um crescimento na produção a partir do ano 2000, mostrando um aumento do inte- resse por essa temática.

Machado (2007) faz análise dos estudos de bibliometria publicados em periódicos das áreas de biblioteconomia e ciência da informação de 1990-2005 no Brasil, com foco nos as- pectos de procedência geográfica, evolução cronológica e orientação temática. A amostra ana- lisada pelo autor compreendeu 21 artigos assinados por 19 autores em cinco periódicos nacio- nais. Os resultados apontam uma produção assimétrica no período, com predomínio de autoria única e sem grandes produtores em bibliometria no Brasil, mas observa que a análise de cita- ções vem impulsionando a área.

Na presente comunicação, a bibliometria se constituirá, tanto em nosso objeto de estu- do, por sua abordagem em pesquisas desenvolvidas nos programas de pós-graduação brasilei- ros, como em nossa perspectiva metodológica para identificar e analisar a aplicação e difusão do método, tratados a seguir.

3 METODOLOGIA

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) desempe- nha um papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mes- trado e doutorado) em todos os estados da Federação. Ligada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), a Capes mantém um portal com diversos tipos de informações sobre a pós- gradução brasileira, e entre eles encontramos o Banco de Teses, fonte de informação para este estudo. Conforme informações disponíveis no Portal, o Banco de Teses tem por objetivo faci- litar o acesso a informações sobre teses e dissertações defendidas junto a programas de pós- graduação do país a partir de 1987. As informações são fornecidas diretamente à Capes pelos programas de pós-graduação, que se responsabilizam pela veracidade dos dados.

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Em busca da identificação de teses e dissertações defendidas nos programas de pós- graduação brasileiros que utilizaram em seus estudos aspectos bibliométricos efetuou-se uma consulta junto ao Banco de Teses da Capes, no campo assunto, com a expressão de busca “bi- bliometria”. Obteve-se como resultado, além do termo bibliometria: “estudo bibliométrico”,

“abordagem bibliométrica”, e “tratamento bibliométrico”, que foram considerados, resultando um total de 64 trabalhos de pós-graduação defendidos no Brasil de 1987 até 2006. O recorte temporal foi definido de acordo com os trabalhos recuperados pelo Banco1 a partir da análise dos campos: título, resumo e palavras-chave.

A partir dos dados levantados pela busca, uma planilha que serviu de base para as aná- lises foi elaborada utilizando-se o software Excel da Microsoft. A planilha foi estruturada com os seguintes campos: autor, título, ano, nível, instituição, departamento, orientador, palavras- chave, área do conhecimento, banca examinadora e linhas de pesquisas, facilitando a análise dos dados que trataremos na próxima seção. A base de dados fonte permitirá um estudo bibli- ométrico em micro-escala.

4 ANÁLISE

Nosso objeto de estudo, depois de aplicado o método proposto, constitui-se o conjunto de 64 teses e dissertações. Iniciaremos nossa análise pela distribuição delas por ano de defesa.

Nos anos de 1987, 1988, 1990, 1993, 1994, 1998 e 1999 ocorreu somente uma defesa a cada ano (1,56%). Em 1995 ocorreram duas defesas (3,13%) e nos anos de 1989, 1991, 1996, 1997 e 2003 ocorreram três defesas (4,69%). De 2000 até 2002 foram defendidos quatro trabalhos a cada ano (6,25%). Em 2004 foram cinco as defesas (7,81%), seis em 2005 (9,38%), oito em 1992 (12,5%) e nove em 2006 (14,06%).

Em 1992 ocorreram oito defesas, um número significativo dentro do universo analisa- do. Após uma queda nos anos imediatamente seguintes, percebe-se uma retomada do interesse dos pesquisadores sobre o tema nos últimos cinco anos, de 2002 até 2006. Somando os traba- lhos deste período encontramos uma concentração de 27 das defesas sobre o assunto ou 42,19% do total analisado.

1 O Banco de Teses e Dissertação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) quando pesquisado por assunto verifica a incidência do termo pesquisado percorrendo os campos: título, resumo e palavras-chave. Além da opção de consulta por assunto, pode-se ainda pesquisar por autor, instituição e nível de pesquisa (mestrado, doutorado e profissionalizante).

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0 2 4 6 8 10

1985 1990 1995 2000 2005 2010

ANO

QUANTIDADE

Gráfico 1 – Teses e dissertações por ano

Podemos visualizar graficamente a distribuição das defesas por ano no Gráfico 1 e po- demos observar, na Tabela 1, sua distribuição percentual.

Tabela 1 – Teses e dissertações por ano

ANO QUANTIDADE DE DEFESAS (%)

1987 1 1,56

1988 1 1,56

1989 3 4,69

1990 1 1,56

1991 3 4,69

1992 8 12,50

1993 1 1,56

1994 1 1,56

1995 2 3,13

1996 3 4,69

1997 3 4,69

1998 1 1,56

1999 1 1,56

2000 4 6,25

2001 4 6,25

2002 4 6,25

2003 3 4,69

2004 5 7,81

2005 6 9,38

2006 9 14,06

TOTAL 64 100

Encontramos 18 diferentes instituições de ensino superior onde ocorreram as defesas das 64 teses e dissertações. No mestrado profissional encontramos uma dissertação na Funda- ção Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

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No mestrado acadêmico ocorreram 50 dissertações, distribuídas da seguinte forma: na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/SP), Universidade Regional de Blumenau (FURB), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Univer- sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tiveram uma defesa em cada instituição. Na Univer- sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (U- FRGS), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e na Universidade de Brasília (UnB) foram três defesas em cada uma. Foram cinco na Universidade de São Paulo (USP).

São sete as defesas ocorridas na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP).

Destaca-se o convênio entre a UFRJ e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tec- nologia (IBICT) com 20 dissertações.

Foram encontradas 13 teses. Sete instituições de ensino superior tiveram uma defesa cada uma: o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), UFMG, U- FRGS, UnB, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal da Ba- hia (UFBA) e UFSCar. Duas teses foram desenvolvidas no âmbito do convênio entre a Uni- versidade Federal Fluminense e o IBICT e quatro teses pertencem a USP.

Podemos visualizar a distribuição das teses e dissertações por instituição de ensino su- perior na Tabela 2.

Tabela 2 – Teses e dissertações por instituição INSTITUIÇÃO REGIÃO

DO PAÍS

NÍVEL TOTAL

MP – M – D (%) MP (%) M (%) D (%)

FGV-SP Sudeste 0 0,00 1 2,00 0 0,00 1 1,56

FIOCRUZ Sudeste 1 100,00 0 0,00 0 0,00 1 1,56

FURB Sul 0 0,00 1 2,00 0 0,00 1 1,56

IUPERJ Sudeste 0 0,00 0 0,00 1 7,69 1 1,56

PUCCAMP Sudeste 0 0,00 7 14,00 0 0,00 7 10,94

UFBA Nordeste 0 0,00 0 0,00 1 7,69 1 1,56

IBICT/UFF Sudeste 0 0,00 0 0,00 2 15,38 2 3,13

UFMG Sudeste 0 0,00 3 6,00 1 7,69 4 6,25

UFPR Sul 0 0,00 1 2,00 0 0,00 1 1,56

UFRGS Sul 0 0,00 3 6,00 1 7,69 4 6,25

UFRJ Sudeste 0 0,00 1 2,00 0 0,00 1 1,56

IBICT/UFRJ Sudeste 0 0,00 20 40,00 0 0,00 20 31,26

UFRN Nordeste 0 0,00 1 2,00 0 0,00 1 1,56

UFSCar Sudeste 0 0,00 3 6,00 1 7,69 4 6,25

UnB Centro-Oeste 0 0,00 3 6,00 1 7,69 4 6,25

UNESP Sudeste 0 0,00 1 2,00 0 0,00 1 1,56

UNICAMP Sudeste 0 0,00 0 0,00 1 7,69 1 1,56

USP Sudeste 0 0,00 5 10,00 4 30,77 9 14,07

TOTAL 1 100 50 100 13 100 64 100

Legenda: MP para mestrado profissional, M para mestrado e D para doutorado.

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Entre as instituições que apresentam apenas uma ocorrência, merece menção a FIO- CRUZ, ligada ao Ministério da Saúde, com uma defesa de dissertação, ocorrida em 2005, no mestrado profissional.

Não surpreende o destaque do IBICT/UFRJ com 40% do total de dissertações defen- didas no período, pois esta instituição tanto foi pioneira na implantação do curso de pós- graduação em Ciência da Informação, iniciado em 1970, quanto berço da bibliometria no país (ALVARADO, 1984). A PUCCAMP, que iniciou seu curso de pós-graduação em 1977, tam- bém merece distinção representando 14% do total de dissertações.

Entre as teses a USP merece realce com 30,77% da análise, distribuídas entre as áreas de conhecimento de comunicação, saúde pública e engenharia. Evidencia-se a UFF ligada a- gora à IBICT, em segunda posição com 15,38% das teses. Considerando que nove das teses foram defendidas entre 2002 e 2006, nos últimos cinco anos, e que são pessoas com doutora- do que formarão a próxima geração de pesquisadores, o futuro se mostra promissor.

Consideramos positiva a distribuição dos trabalhos sobre o tema entre 18 instituições de ensino superior, demonstrando o interesse crescente sobre o campo. Essa constatação e o fato de que das 18 instituições de ensino superior, 12 pertencem à região Sudeste, assemelha- se aos resultados encontrados no estudo de Machado e Pinto (2005) que apontam maior con- centração de universidades e da Região Sudeste na produção sobre a temática no país. A regi- ão Sul está representada por três instituições, região Nordeste com duas e região Centro-Oeste com uma,

Na Tabela 3, a seguir, apresentam-se as áreas de conhecimento das teses e dissertações que utilizaram a bibliometria.

Tabela 3 – Teses e dissertações por área de conhecimento

ÁREA DO CONHECIMENTO QUANT. (%)

Ciência da Informação 30 46,88

Biblioteconomia 6 9,38

Comunicação 5 7,81

Educação 5 7,81

Engenharia 4 6,25

Saúde 3 4,69

Administração 2 3,13

Ciências Contábeis 2 3,13

Agronegócios 1 1,56

Bioquímica 1 1,56

Enfermagem 1 1,56

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Medicina 1 1,56

Política Científica e Tecnológica 1 1,56

Odontologia 1 1,56

Sociologia 1 1,56

TOTAL 64 100

A Ciência da Informação e a Biblioteconomia, como esperado, representam a maioria das áreas de conhecimento que utilizaram a bibliometria no desenvolvimento de dissertações e teses com 46,88% e 9,38% respectivamente. A Comunicação apresenta 7,81% do total ana- lisado, contudo duas teses foram defendidas junto ao Programa de Pós-Graduação em Infor- mação da USP, um dos cinco programas de pós-graduação da Escola de Comunicação e Artes (ECA),; e três dissertações foram defendidas junto ao Programa de Pós-Graduação em Comu- nicação e Informação da UFRGS, ou seja, apesar de no Banco de Teses da Capes serem con- sideradas como do campo da comunicação, são na verdade do campo da ciência da informa- ção. Assim, somando todas as teses e dissertações da nossa amostra o campo da Ciência da Informação comporta 71,88% do total.

Cinco trabalhos foram classificados na área de conhecimento da Educação. Entre elas encontramos a tese de Alvarenga, pesquisadora ligada à Ciência da Informação. Na área de conhecimento da Engenharia encontramos quatro trabalhos. São três defesas que envolvem a área da Saúde. Administração e Ciências Contábeis comparecem com duas defesas cada uma.

Com uma defesa aparecem as seguintes áreas do conhecimento: Agronegócios, Bioquímica, Enfermagem, Odontologia, Sociologia e Política Científica e Tecnológica.

Considera-se que esta distribuição dos trabalhos por área de conhecimento pode ser indício da existência de interdisciplinaridade entre a Ciência da Informação e outros campos.

Um estudo bibliométrico desses trabalhos, a partir da análise de citações, poderia corroborar esta questão pela verificação do uso de bibliografia pertinente à Ciência da Informação. Em seguida, a verificação dos aspectos da aplicação desta bibliografia, tendo em vista suas formas de apropriação pelos autores das teses/dissertações, permitiria identificar se há um diálogo estabelecido entre as áreas, contribuindo assim com os estudos sobre aspectos interdisciplina- res.

Os 64 trabalhos foram orientados por 41 professores listados na Tabela 4 em ordem numérica decrescente. Nela também são encontradas as áreas do conhecimento e as institui-

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ções a que estão vinculados1. Em destaque uma dissertação defendida na UnB em 1989 sobre a qual não foi possível identificar o orientador.

Tabela 4 – Orientadores, instituições e área do conhecimento

ORIENTADOR INSTITUIÇÃO ÁREA CONHECIMENTO QUANT (%) Gilda Maria Braga UFRJ/IBICT Ciência da Informação 9 14,06 Lena Vania R. Pinheiro UFRJ/IBICT Ciência da Informação 9 14,06

Geraldina Porto Witter PUCCAMP Biblioteconomia 3 4,70

Gilberto de Andrade Martins USP Contabilidade 2 3,14

José A. R. Gregolin UFSCAR Engenharia 2 3,14

Lídia Alvarenga UFMG Ciência da informação 2 3,14

Sônia Elisa Caregnato UFRGS Comunicação 2 3,14

Suzana Pinheiro M. Mueller UNB Ciência da Informação 2 3,14

Alberto Consolaro USP Odontologia 1 1,56

Amarilio Ferreira Júnior UFSCAR Educação 1 1,56

Amélia Silveira FURB Administração 1 1,56

Anatália S. Martins Ramos UFRN Engenharia 1 1,56

Augusto Hasiak Santo USP Saúde Pública 1 1,56

Cecília Carmen Cunha Pontes PUCCAMP Biblioteconomia 1 1,56 Dinah A. de M. A. Población USP Ciência da Comunicação 1 1,56 Else Benetti Marques Válio PUCCAMP Biblioteconomia 1 1,56 Geraldo Moreira Prado UFF/IBICT Ciência da Informação 1 1,56

Glaura Vasques de Miranda UFMG Educação 1 1,56

Guilherme Ary Plonski USP Engenharia 1 1,56

Heloisa Tardin Christovão UFRJ/IBICT Ciência da Informação 1 1,56

Homero Dewes UFRGS Agronegócios 1 1,56

Ida Regina Chitto Stumpf UFRGS Comunicação e informação 1 1,56

Jaime Robredo UNB Ciência da Informação 1 1,56

Jose Tavares Neto UFBA Medicina 1 1,56

Léa M. L. S. Velho UNICAMP Política Científica e Tecnológica 1 1,56

Leilah Santiago Bufrem UFPR Educação 1 1,56

Leopoldo De Méis UFRJ Bioquímica 1 1,56

Luiz Jorge W. Vianna IUPERJ Sociologia 1 1,56

Marcello Peixoto Bax UFMG Ciência da Informação 1 1,56

Maria Cristina P. I. Hayashi UFSCAR Educação 1 1,56

Maria I. V. de Lopes USP Comunicação 1 1,56

Maria Nélida G. de Gómez UFF/IBICT Ciência da Informação 1 1,56

Miguel Pinto Caldas FGV/SP Administração 1 1,56

Não identificado UNB Ciência da Informação 1 1,56

Olimpio J. N. V. Bittar USP Saúde pública 1 1,56

Paulo de Martino Jannuzzi PUCCAMP Ciência da Informação 1 1,56

Reinaldo Souza dos Santos FIOCRUZ Saúde pública 1 1,56

Rosali Fernandez de Souza UFRJ/IBICT Ciência da Informação 1 1,56

Silas Marques Oliveira PUCCAMP Biblioteconomia 1 1,56

Thereza Marini UNESP Educação 1 1,56

Valeria Castilho USP Enfermagem 1 1,56

TOTAL 64 100

2 É possível que alguns professores listados na tabela não estejam atualmente mais vinculados aos programas e instituições nos quais são apresentados. A tabela foi construída a partir dos dados coletados sendo válida para o período analisado, tendo como referência as datas de defesa das teses/dissertações.

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As professoras Gilda Maria Braga e Lena Vania R. Pinheiro, ligadas ao IBICT/UFRJ, Ciência da Informação orientaram nove trabalhos cada uma. Gilda Maria Braga pode sem dú- vida ser considerada a pioneira da Bibliometria no país (ALVARADO, 1984).

Geraldina Porto Witter da PUCCAMP, Biblioteconomia, orientou três dos sete traba- lhos apresentadas à Pós-Graduação da PUCCAMP, mostrando proporcionalmente ao total de defesas desta instituição uma alta participação. Gilberto de Andrade Martins da USP, Conta- bilidade; José A. R. Gregolin da UFSCar, Engenharia; Lídia Alvarenga da UFMG, Ciência da Informação; Sônia Elisa Caregnato da UFRGS, Comunicação e Suzana Pinheiro M. Mueller da UnB, Ciência da Informação orientaram dois trabalhos cada um. Destacam-se a aplicação da bibliometria por campos tão diversos do conhecimento como Contabilidade e Engenharia.

O destaque do IBICT/UFRJ, com 40% do total de dissertações defendidas, por ser a pioneira na implantação do curso de pós-graduação em Ciência da Informação e o berço da bibliometria no país volta a se confirmar com o número de orientações realizadas, concen- trando 5 orientadores responsáveis por 20 orientações. Ressalta-se também que naquele perí- odo o programa de pós-graduação do IBICT oferecia uma linha de pesquisa em bibliometria.

Em destaque também encontra-se a USP que concentra 8 orientadores realizando 9 orienta- ções. Podemos perceber que trinta e três professores, entre eles um não identificado, orienta- ram um trabalho cada um. Somadas estas orientações representam 51,48% da amostra carac- terizando zona significativa de dispersão da produção.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de alguns anos apresentarem apenas uma ocorrência de defesa de tese ou dis- sertação sobre bibliometria, a produção mostrou-se ininterrupta durante o período estudado.

Em 1992 ocorre um interesse expressivo sobre o assunto, aparecendo trabalhos na PUC- CAMP e na UnB, além da tradicional linha de pesquisa do IBICT. Houve um arrefecimento do interesse no tema nos anos seguintes, sendo o mesmo retomado nos últimos cinco anos com maior vigor e como demonstra sua distribuição por 10 instituições (FGV/SP, FURB, PUCCAMP, UFMG, UFRGS, UFRJ/IBICT, UFRN, UFSCAR, UnB e USP) dentre as 18 es- tudadas nesta pesquisa.

A região Sudeste representa 66% dos trabalhos que abordaram o tema, os demais 34%

estão distribuídos entre as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste, sendo que a região Norte não aparece na pesquisa. Percebe-se um destaque da Região Sudeste do País que se destaca por

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concentrar 12 instituições das 18 registradas no período estudado; as demais regiões quase que se equiparam na produção sobre bibliometria.

Ainda que as teses e dissertações do campo da Ciência Informação somadas represen- tem 71,88% do total, outros 12 campos do conhecimento aparecem ao lado da CI, mostrando assim o interesse pela abordagem bibliométrica por outras áreas. Considera-se que esta multi- plicidade de áreas pode indicar uma tendência a abordagens interdisciplinares ao tema. Uma possível análise dos trabalhos dessas outras áreas possibilitará a verificação se a literatura u- sada para a fundamentação do uso da bibliometria ocorre com o apoio de bibliografia perti- nente a pesquisas da área da Ciência da Informação.

Outro desdobramento possível do presente estudo é a verificação dos assuntos tratados nas teses e dissertações e de outras orientações teóricas para a quantificação e interpretação dos dados. Isso pode ser feito por meio de análise dos títulos, palavras-chaves e resumos, tor- nando possível assim compreender um pouco mais sobre a bibliometria, sua fundamentação e seu potencial de avaliação, enfocados nesses trabalhos, além de se fornecer indícios de frente de pesquisa por inúmeras variáveis.

STUDIES bibliometric BRAZILIAN THESES AND DISSERTATIONS FROM 1987 TO 2006

ABSTRACT

This paper seeks to identify and analyze the use of bibliometrics in theses and dissertations produced in Brazil. Data taken from the theses database of the Coordenação de Aperfeiçoa- mento de Pessoal de Nível Superior (Capes), from 1987 to 2006 have found 64 works as un- iverse of analysis. The works have been distributed by year, institution, graduate course level (doctor/master), area of knowledge and advisors. The results indicate a renewed interest for bibliometric studies, show a growth in the Brazilian production and interest in this field and raise material for interdiciplinary studies involving Information Science and other scientific disciplines.

Keywords: Bibliometrics. Theses and Dissertations.

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