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HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E O ENSINO DE FÍSICA: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO SOBRE INÉRCIA

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Academic year: 2021

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HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E O ENSINO DE FÍSICA: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO SOBRE INÉRCIA

Leonardo André Testoni (leotestoni@yahoo.com.br) Maria Lúcia Vital dos Santos Abib(mlabib@usp.br)

Faculdade de Educação da USP e Colégio Neo Latino Faculdade de Educação da USP

RESUMO

As Histórias em Quadrinhos (HQ) vêm apresentando ao mundo, desde sua criação, no início do século passado, um formato artístico popular, divertido e de grande aceitação entre os leitores de todo mundo. Apesar desta não ser a função principal dos Quadrinhos, suas características lúdicas e linguísticas, aliadas com fatores de natureza cognitiva, podem ser de grande interesse no campo educacional.

Este trabalho, baseado em dissertação de mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (Testoni, 1994) procura estabelecer dentro de uma abordagem construtivista, uma proposta de utilização das Histórias em Quadrinhos como instrumento auxiliar no ensino de física. Mais especificamente, tratamos de Histórias de caráter instigador que, desenvolvidas com a perspectiva de propor uma situação problema desafiadora, poderiam desencadear um ambiente de sala de aula propício ao debate e à revisão de concepções alternativas dos alunos sobre os fenômenos em pauta.

A análise da utilização da proposta que desenvolvemos para o ensino de um conteúdo específico de Física - o Princípio da Inércia -, nos remete a uma avaliação positiva dos resultados de aprendizagem e da interação arte-física-educação. Além disso, pudemos verificar uma apropriação bastante satisfatória da proposta por parte da professora que aplicou a proposta.

INTRODUÇÃO

As Histórias em Quadrinhos vêm, há mais de um século, influenciando e divertindo gerações e gerações. O formato obrigatoriamente popular e de fácil leitura sobre o qual é confeccionado um Quadrinho transforma esta forma de arte em um objeto de agradável leitura e lazer.

O mercado das HQ gera, anualmente, cifras milionárias, podendo ser de fácil visualização a influência e alcance que este tipo de comunicação de massa possui com seus leitores. O fato de estarmos tratando de um instrumento de caráter cotidiano, de cunho popular e fácil interpretação, aliado com as demais características relacionadas ao aspecto lúdico, lingüístico e psicológico dos desenhos e da narrativa, leva-nos a considerar os Quadrinhos como uma estratégia potencial para o ensino de física.

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Este trabalho, baseado em dissertação de mestrado desenvolvida junto ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (Testoni, 1994) procura estabelecer dentro de uma abordagem construtivista, uma proposta de utilização das Histórias em Quadrinhos como instrumento auxiliar no ensino de física. Nessa perspectiva, elaboramos uma História em Quadrinhos que traz o princípio da inércia em seu enredo e analisamos sua utilização em duas classes de 8a série do ensino fundamental em um colégio privado da Cidade de São Paulo.

Para tanto, buscamos em nossa metodologia a aplicação de diversos instrumentos (pré-testes, entrevistas, observação e registro de aulas, documentos produzidos pelos alunos, questionários finais, entre outros), para que pudéssemos compreender os processos de ensino e aprendizagem envolvidos e relacionados à influência da utilização de uma História em Quadrinhos na perspectiva adotada.

Na primeira seção deste trabalho, além de referenciais teóricos cognitivos, buscamos estabelecer uma síntese dos demais referenciais adotados como os que se referem às características lúdicas e às lingüísticas que uma HQ apresenta em sua leitura. Na segunda seção deste trabalho centramos atenção ao caráter instigador, diante do estabelecimento de uma proposta construtivista, utilizando uma HQ como forma de desencadear o conflito cognitivo através de uma situação-problema exposta no enredo da História. A História em Quadrinhos foi por nós elaborada de modo a possuir, além das características lúdicas e psico - lingüísticas fundamentais à HQ os elementos essenciais ao seu uso no processo de ensino/aprendizagem. Ainda, na segunda seção são expostos os instrumentos utilizados na pesquisa, bem como sua contextualização e sujeitos.

A terceira seção deste trabalho tem como objetivo divulgar e analisar os dados obtidos. A quarta e última seção visa uma análise conjunta dos dados, estabelecendo as considerações finais e conclusões obtidas com o trabalho. Neste momento, além de uma condensação da análise dos dados observados, procuramos expor as limitações e implicações deste projeto no contexto atual do ensino de física.

REFERENCIAIS TEÓRICOS

O panorama geral do ensino de Física mostra uma prática de aula ainda baseada no método puramente expositivo, com o professor cumprindo uma grande gama de conteúdos, muitas vezes desarticulados em relação à realidade discente, enfatizando principalmente a resolução repetida de exercícios-padrão, que mais procuram verificar a competência do aluno em substituir números em fórmulas do que uma compreensão mais efetiva do fenômeno.

Tendo em vista contribuir para uma possível superação desse quadro insatisfatório do ensino revelado por uma posição receptora e passiva por parte do aluno e de uma centralização nos processos de memorização e aprendizagem mecânica dos conteúdos, em grande parte, descontextualizados e com pouco significado, nossa proposição fundamenta- se em uma tríplice perspectiva teórica: na linguagem, assentada na diversidade e integração simbólica, na proposição de situações – problema como elemento central desencadeador de reorganizações cognitivas e no envolvimento profundo do estudante ao confrontar-se com situações lúdicas e de catarse.

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O Lúdico

De acordo com diversas definições de jogo previamente estabelecidas (Ramos, 1990 e Huizinga, 2001) , pode-se inferir que o jogo é parte integrante da História em Quadrinho.

Como é em grande parte humorística, com sistemas linguísticos próprios e regras para sua leitura, ela não se priva de jogar com seus personagens, códigos e leitores. Segundo Quella-Guyot (1994), a exploração dos ideogramas e da própria narrativa é utilizada com frequência nos Quadrinhos, na busca de uma equilibração entre arte e ludicidade.

Em um primeiro momento, é preciso que o docente perceba que uma atividade lúdica não possuirá nenhum efeito se não conseguir despertar o interesse por parte dos jogadores. E como estabelecer uma atividade que possa causar este despertar autônomo dos insteresses dos discentes? Uma atividade lúdica, de um ponto de vista mais amplo, ou a leitura de uma História em Quadrinho, em uma contextualização mais restrita, possuem duas características fundamentais que poderiam favorecer o alcance deste objetivo: a catarse e o desafio.

A catarse, como objeto formador da atividade lúdica, busca no jogador uma performance livre das tensões cotidianas ou tradicionalmente impregnadas nos sistemas escolares, buscando desta forma, uma forte associação entre a atividade desenvolvida e o material, com o estabelecimento de uma ligação profunda ao envolver-se com a atividade.

A característica prazerosa do jogo poderia ser equivocadamente interpretada como uma atividade “não-séria”. No entanto, segundo Huizinga (2001) o cômico, os risos que acompanham o ato lúdico não implicam em que a brincadeira deixe de ser séria. Quando o jogador brinca, ele o faz de modo bastante compenetrado. Este envolvimento na atividade lúdica só faz sentido se a mesma conseguir propor uma situação que desperte o real interesse do participante – o desafio lúdico.

O desafio (a popular “graça” da brincadeira) pode estar inserido em uma situação que deve ser resolvida (como é o caso do esconde -esconde, onde se deve encontrar o maior número possível de pessoas para ganhar o jogo) ou na necessidade de antever acontecimentos imprevistos em um dado contexto, como é o caso da leitura de uma História em Quadrinho.

A atividade lúdica está intimamente relacionada à questão do desafio. Segundo Ramos (obra citada), o desafio serve para provocar interesses, podendo estar envolvidos em problemas corriqueiros ou colocados claramente ao sujeito.

A Linguagem dos Quadrinhos

A combinação de signos é uma estratégia cada vez mais freqüente nos meios de comunicação de massa. Machado (1999), em uma abordagem semiótica da idéia de texto, procura explorar os processos combinatórios que se unem à escrita, formando uma estrutura única e indissociável:

“Os códigos estão cada vez mais diferentes. Logo, as possibilidades de variedades distintas integrarem o mesmo circuito comunicativo aumentaram muito. (…)Na era da informação, em que o hibridismo salta à vista, nem o mais

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simples exemplar daquilo que se chama texto pode prescindir da combinatória de elementos que se reportem à diversidade de códigos. Nada impede que diferentes códigos estejam relacionados numa mesma combinação textual capaz de exprimir uma unidade significativa na cultura.”

Para Cagnin (1975) a História em Quadrinhos é classificada como um sistema narrativo formado por dois códigos gráficos: a imagem obtida pelo desenho e a linguagem escrita dos balões e descrições. Os dois sistemas envolvidos atuam em uma relação de complementaridade no contexto da HQ, sendo que o elemento linguístico escrito possui um amplo poder de representação no campo dos conceitos universais, enquanto que elemento icônico busca a representação dos objetos físicos, seus movimentos e sucessões.

O texto incorporado ao Quadrinho tem o objetivo de indicar aquilo que a imagem não mostra, acrescentando elementos temporais e espaciais ao contexto pretendido, conseguindo estabelecer a união lógica das vinhetas e quadros. Já a imagem, fixa e sem palavras, através de seus traços e códigos ideogramáticos, busca fornecer a dinamização à sequência de eventos da história, a visualização do som e a representação da vida psicológica das personagens. As características acima descritas, unidas de forma coerente, transformam um texto e imagem, independentemente estáticos, em um sistema dinâmico e representativo da realidade (fiel ou imaginária, real ou semi-real), que consegue, desta forma, uma inserção/participação do leitor em sua narrativa (Quella-Guyot, 1994).

A eficácia da mensagem a ser transmitida pelo Quadrinho está na amplitude da intersecção entre as informações de texto e as informações de imagem. A utilização de uma História em Quadrinho no ambiente escolar implica em uma escolha/montagem criteriosa do material – uma divisão igualitária entre as imagens e os textos utilizados no enredo tornaria a HQ uma estratégia educacional mais completa.

O Cognitivo

O conjunto de processos cognitivos que a leitura de um Quadrinho permite ao seu leitor pela interpretação dos códigos mistos que permeiam a HQ exigem uma atenção complexa do indivíduo, tendo em vista o grande número de regras e convenções estabelecidas para uma leitura correta da mesma. Durante o de senvolvimento do enredo, o leitor poderá utilizar sua capacidade de análise, síntese, classificação, decisão e tantas outras atividades mentais que se fizerem necessárias a uma compreensão correta da narrativa.

Entre as atividades mentais associadas à leitura de uma HQ a imaginação ocupa posição de destaque. Sem imaginar, como seria possível completar os vazios entre os quadros? Como seria possível adaptar-se tão facilmente a cortes brutais de tempo e espaço?

(Na HQ tudo é possível). Como seria possível estabelecermos relações tão fortes com as personagens, a ponto de nos identificarmos com elas, participando da dinâmica proposta pela história?

A História em Quadrinho, devido a esses fatores, estabelece em sua utilização uma série de ações cognitivas que podem ser exploradas em situações de ensino. A identificação e relação dinâmica do leitor estudante com o enredo proposto pela HQ, uma das estratégias fundamentais deste instrumento, pode ser incrementada se o Quadrinho for utilizado como

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desencadeador de um conflito cognitivo que seria o disparador de um processo de revisão de idéias.

Dessa maneira, em nossa proposta, a organização dos procedimentos de ensino assim como as interpretações sobre as aprendizagens decorrentes do trabalho desenvolvido nas aulas alicerçam-se teoricamente em uma interpretação da aprendizagem como um processo de evolução conceitual, que pode expressar-se como uma re-significação das concepções prévias decorrentes das possíveis explicações causais sobre os fenômenos em pauta. Assim, nossos referentes assentam-se, quanto à idéia de reorganização conceitual (por mudança radical, por ampliação ou por recontextualização), em elementos provenientes da Teoria de Mudança Conceitual (Posner et al, 1982, 1992) e, quanto ao elemento desencadeador fundamental das reorganizações conceituais, nas concepções de desequilíbrios cognitivos de natureza conflitiva ou lacunar (Piaget apud Silva, 1995), da Teoria da Equilibração.

Em síntese, o disparador do processo de re-significação conceitual seria uma perturbação do sistema cognitivo, que ocorreria quando um conflito ou uma lacuna ficasse configurado no confronto entre as situações expostas ao aluno e o seu sistema de idéias prévias. No primeiro caso, o conflito, ocorreria quando houvesse uma incompatibilidade entre as idéias propostas pelo meio externo e as existentes no cognitivo do indivíduo, enquanto que o segundo, ocorreria quando o indivíduo não possuísse esquemas conceituais suficientes para compreender o fenômeno em questão.

METODOLOGIA DE PESQUISA

Realizamos a pesquisa de campo com alunos de duas salas da 8a série do ensino fundamental de um colégio particular da Zona Norte de São Paulo. A aplicação do projeto foi realizada, em cerca de 3 horas de aula para cada sala, pela professora que ministrava as aulas de Ciências nesta série. A escolha pela 8a série deveu-se principalmente ao fato dos alunos, estarem tendo o primeiro contato sistemático com a disciplina Física, diminuindo a probabilidade de possuírem conceitos memorizados mecanicamente e arraigados pelo formato tradicional de ensino. Este fato poderia permitir uma melhor caracterização das idéias espontâneas prévias dos discentes. O conteúdo escolhido para ser abordado foi o Princípio da Inércia devido às facilidades de adequação ao planejamento escolar no momento da pesquisa.

Em um primeiro momento, os alunos responderam por escrito a um questionário e a um pré-teste acerca da primeira lei de Newton. As questões formuladas tinham por objetivo verificar as noções intuitivas dos estudantes em situações cotidianas que envolviam inércia.

Após uma análise prévia das respostas obtidas, selecionamos três alunos de cada série para que, em entrevista gravada na forma de áudio, explicasse com mais detalhes suas respostas e interpretações colocadas no questionário.

Em um segundo momento, foi fornecida aos alunos uma História em Quadrinho que abordava o conteúdo já tratado no questionário. Esta HQ foi produzida por nós levando-se em consideração a colocação de uma situação-problema que envolvesse a inércia. A situação escolhida trata-se de uma personagem que vai pular de um alto trampolim de uma piscina de um navio que se encontra-se em movimento. O desafio proposto é: será que, devido ao movimento do navio, a personagem correria o risco de cair fora da piscina? A leitura da HQ foi feita em grupos de três alunos. A partir da leitura, a professora aplicadora do projeto mediaria a discussão do tema inércia que começaria com base na situação-

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problema proposta pela História em Quadrinho. Para apoiar esta discussão foi utilizado um texto do GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física – IFUSP), que abordava este mesmo tema. Com exceção da solicitação de que a professora atuasse na orientação das discussões mas não desse logo de início a resposta ao problema proposto, esta desenvolveu as aulas da maneira que julgou mais adequada para seu trabalho. Todas as aulas foram gravadas na forma de vídeo.

Na tentativa de buscar uma avaliação da compreensão dos alunos acerca do tema discutido, foi pedido que confeccionassem suas próprias Histórias em Quadrinhos que deveriam tratar sobre Inércia. Nosso objetivo com este tipo de atividade foi, além de propiciar uma atividade diferente e que estimulasse a criatividade do discente, explorar as características de formatação das Histórias em Quadrinhos – uma HQ é obrigatoriamente escrita de forma fácil, acessível, o que nos permite inferir que, para um aluno tratar um tema complexo como a inércia dentro do contexto de um Quadrinho, ele teria que possuir um conhecimento razoavelmente aprofundado sobre o conteúdo, para que pudesse tratá-lo de forma inteligível e contextualizada com a narrativa que ele proporia para suas personagens.

Ao término das aulas, a professora e os alunos já entrevistados anteriormente, foram entrevistados novamente com o intuito de verificar suas impressões acerca do trabalho, bem como suas visões sobre o ensino de ciências. Estas entrevistas também foram gravadas sob a forma de áudio.

Um ano após as observações, os alunos responderam a um questionário contendo duas perguntas: a primeira, se referia à situação exposta pela HQ. A segunda questão abordava uma questão semelhante à da HQ, porém em contexto diferente, buscando verificar uma generalização do modelo aprendido.

ANÁLISE DOS DADOS

Dos questionários iniciais e pré-teste

O questionário inicial, bem como a entrevista inicial, possuía a função de buscar uma interpretação mais detalhada das concepções espontâneas que os alunos apresentavam acerca do conceito da inércia.

Ao se realizar a análise, pudemos constatar, como já esperado pela literatura especializada (GUIMARÃES, 1987), que:

- os estudantes apresentam uma relação linear entre força e velocidade, ou seja, a existência de uma força sobre um corpo implica em um movimento na mesma direção da força, com velocidade constante, não sendo necessária uma aceleração;

- os alunos efetuam uma associação entre força e inércia, tratando esta última como um ‘puxão’ ou ‘empurrão’ que o corpo sofre quando ocorre uma variação brusca de velocidade (‘arrancada’ ou ‘freada’).

Das aulas observadas

Ao analisarmos as fitas de vídeo e observações referentes às aulas onde foi aplicada a História em Quadrinho de caráter instigador, pudemos verificar um envolvimento muito grande por parte dos discentes durante a leitura do Quadrinho, bem como na discussão que

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se desenvolveu posteriormente. Esta última, inclusive, iniciou-se de forma espontânea e intensa entre os alunos e foi a partir daí mediada pela professora.

Pudemos nesta fase da pesquisa verificar a existência de cinco fases típicas do desenvolvimento do pensamento do aluno acerca da situação apresentada pela História em Quadrinho:

Fase 1 (Leitura e adaptação) – Nesta etapa inicial, os alunos iniciam individualmente a leitura da HQ, constatando entre os integrantes do grupo os aspectos gerais da mesma, como por exemplo a feição das personagens, seus aspectos psicológicos, o contexto onde se passa a narrativa e algum traço humorístico mais acentuado.

Fase 2 (Discussão do problema) - Após a discussão dos aspectos gerais, os alunos, de forma autônoma, iniciam a discussão acerca da situação problemática proposta. Devido à idéia prévia, já constatada nos questionários iniciais, de que existiria uma relação linear entre força e velocidade, os estudantes parecem unânimes em afirmar que a personagem cairá fora da piscina. Afinal, neste modelo conceitual, ao pular do trampolim de um navio em movimento, o fator causador da força horizontal que atuava no mergulhador (o navio) não existirá mais, não havendo motivo para ele continuar seu movimento horizontal, efetuando uma queda em linha vertical, caindo, portanto, fora da piscina, ou na melhor das hipóteses, fora da direção que havia iniciado o mergulho.

Fase 3 (Perturbação e Conflito) – Em ambas as salas estudadas, apesar da unanimidade e a coerência do modelo inicial proposto pelo estudante, surge, em determinado momento, feita por um dos alunos da sala, uma indagação:

“Mas eu já vi filmes em que a personagem pula de um trampolim dentro de um navio; e ela cai dentro da piscina!’, ou então ‘Ninguém ia construir uma piscina para alguém correr risco de vida, ia?’.

Neste ponto, inicia-se a fase de conflito cognitivo; o modelo proposto, apesar de coerente com as idéias dos alunos, não coincide com a realidade, sendo necessária uma reformulação das ideías e conceitos envolvidos.

Fase 4 (Busca de novos modelos) - A perturbação gerada na fase anterior fazem com que os alunos, a princípio, neguem o , procurando, desta forma, justificar um possível desvio na trajetória do movimento de queda da personagem. fator desencadeador da mesma, o que revela um comportamento alfa (tentativa de ignorar a situação geradora do conflito) (SILVA, 1995), estabelecendo justificativas para um possível desvio na trajetória como as seguintes:

“Deve ser só piscina grande que tem trampolim!”

Ou ainda,

“Depende do lado para onde o navio está indo”

Após esta fase, os grupos começam, de forma gradativa a considerar a influência da velocidade do navio no movimento da personagem após o salto. Este fato pode ser constatado no episódio de ensino (da gravação em vídeo):

Aluno: (...) Se eu estiver em um carro a 90km/h, eu também estou a 90km/h...

(...) Quando eu paro, eu vou para frente com 90km/h, mas o carro é um móvel...

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Professora: E o navio não é um móvel?

Aluno: É... então ele vai pular e continuar com 180km/h?

Professora: Então, ele vai cair aonde?

Aluno: Na piscina?!

Fase 5 (proposição de novo modelo) - Nesta etapa, os alunos estabelecem um modelo conceitual mais completo, que consegue englobar as situações discutidas no início da discussão e o fator perturbador que gerou o conflito no modelo cognitivo antigo.

Salienta-se que nesta fase do processo, a professora, como já estabelecido pela proposta construtivista de ensino, efetuou a função de orientadora da discussão dos grupos, não fornecendo as respostas diretas, tão pouco induzindo radicalmente as decisões dos grupos.

Após a leitura da HQ e posterior discussão do desafio proposto, foi discutido com os estudantes, com o intuito de dar o fechamento ao tema, um texto escrito pelo GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física da USP), que abordava o princípio da inércia. Nesta etapa, a professora desenvolveu suas aulas sem nenhuma sugestão de nossa parte, sendo escolhida uma leitura em grupo do texto do GREF e a enunciação da 1a lei de Newton no quadro-negro.

Das HQ dos alunos

Partindo do pré-suposto que uma História em Quadrinhos apresenta um caráter popular, fácil leitura, uma necessidade de síntese e organização de idéias na confecção do roteiro e dos desenhos, foi solicitado aos alunos que desenhassem uma pequena HQ que abordasse o tema ‘inércia’. Nesta fase do trabalho esperava-se que o princípio da inércia estivesse suficientemente compreendido pelos alunos, a ponto destes conseguirem criar Quadrinhos criativos e coerentes.

Ao analisarmos as HQ produzidas pelos discentes pudemos constatar que na sua grande maioria apresentavam um elevado grau de criatividade, organização e inteligibilidade, obedecendo aos padrões tradicionais de uma História em Quadrinho.

Do ponto de vista da evolução conceitual, dois fatores chamaram nossa atenção:

- o termo inércia, antes tratado como força (puxão ou empurrão) nos questionários iniciais, passa a ser abordado como tendência de um corpo em manter seu estado de movimento ou repouso;

- a 1a lei de Newton é exposta de forma clara, sintética e coerente com o contexto da narrativa, o que nos leva a inferir uma compreensão do tema, podendo ser descartada uma simples memorização do enunciado.

Das entrevistas finais

Através das análises das transcrições, tanto das entrevistas realizadas com os alunos como com a professora aplicadora do projeto, destacamos:

- uma positividade do projeto, atribuída tanto pelos alunos como pela professora, deixando clara a vontade de realização de experiências semelhantes em sala de aula;

- a consideração pela professora de que o projeto foi realizado em grande parte pelos alunos; ela apenas teria orientado a discussão, quando necessário:

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Nem precisei explicar a matéria, eles chegaram na conclusão sozinhos...”.

- a consideração pelos alunos em provas e trabalhos subsequentes que abordavam o tema inércia do exemplo fornecido pela HQ, abordando a 1a lei de Newton de forma clara .

Do questionário final

Com o objetivo de verificar a retenção do conceito discutido nas aulas com utilização de Histórias em Quadrinhos, um anos após a aplicação do projeto foi aplicado a 12 alunos um questionário que envolvia situações discutidas no ano anterior. A seguir são reproduzidas as questões e a respectiva análise das respostas.

1a questão: Um navio possui em seu interior uma piscina. Esta piscina possui um trampolim de 30m de altura. O navio desloca-se para a direita com velocidade de 180km/h. Uma pessoa irá pular deste trampolim. Ela cairá dentro ou fora da piscina?

Justifique sua resposta.

Esta questão buscou representar a exata situação tratada pela História em Quadrinho utilizada em sala de aula. Salienta-se que todos os questionários afirmaram que a personagem cairia dentro da piscina, utilizando como justificativa o fato de que ela

“acompanharia” o movimento do navio, ou então que ela possuiria ‘a mesma velocidade que o navio”.

A maioria dos questionários analisados utilizavam o termo inércia de forma correta em suas respostas, não sendo verificadas interpretações em que a inércia era tratada como força. A seguir são reproduzidos alguns trechos das respostas obtidas.

“A pessoa cairá dentro da piscina, pois a partir do momento que ela está dentro do navio, ela também estará a 180km/h, a menos que uma força agisse sobre ela.”(L.)

“Dentro, pois a velocidade da pessoa é 180km/h também (…) se na hora que ela pulasse, o navio acelerasse ou brecasse, ela cairia fora(…).” (H.)

2a questão: Uma caminhonete desloca-se a 100km/h e carrega uma pessoa em sua caçamba. Em determinado instante, esta pessoa joga uma bola de basquete para o alto.

Onde cairá a bola?

Nesta questão, buscou-se verificar se o aluno conseguiria ampliar o fenômeno discutido para situações similares. Dos doze questionários analisados, onze responderam corretamente a questão, afirmando que a bola possuía a mesma velocidade do carro ou que ela acompanharia o movimento do veículo, caindo novamente dentro da caçamba, nas mãos do seu jogador, ou simplesmente, “igual à primeira questão!”.

Novamente notou-se um uso correto do conceito de inércia nas justificativas, podendo inferir uma possível compreensão e generalização do fenômeno por grande parte dos alunos.

Assim, podemos verificar que, mesmo após um lapso temporal razoável (cerca de um ano) entre a realização do projeto e a aplicação do questionário final, a grande maioria dos questionários analisados continuava apresentando uma compreensão de

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inércia com base na tendência do corpo em manter seu estado, conclusão esta já constatada na análise dos dados um ano antes, e reiterada no momento posterior.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As Histórias em Quadrinhos apresentam uma série de características potencialmente úteis a situações de ensino. Do ponto de vista geral, estamos trabalhando com um meio de comunicação de massa, um material familiar ao aluno, escrito obrigatoriamente de forma acessível e popular que, com sua linguagem universal vêm há mais de um século informando seus leitores.

Em uma proposição mais restrita, a História em Quadrinhos pode ser considerada como uma atividade lúdica, conseguindo, desta forma, associar em sua estrutura as características pedagógicas e potencialidades didáticas inerentes ao objeto lúdico, favoráveis ao processo de ensino/aprendizagem - o efeito catártico e o desafio provocado por sua utilização (RAMOS, 1990).

O Quadrinho, devido ao seu sistema próprio de diagramação e formatação, apresenta peculiaridades psico-linguísticas pouco exploradas pelos outros meios de comunicação de massa. Ao unirmos de forma coerente um sistema icônico (desenhos) com um sistema de textos, ambos isoladamente estáticos, consegue-se obter um sistema dinâmico (QUELLA-GUYOT, 1994), no qual o leitor insere-se no enredo e no perfil das personagens, estabelecendo uma conexão positiva entre o indivíduo e o material lido, fator este de fundamental importância para a utilização deste tipo de arte em um ambiente educacional.

Em uma vertente cognitivista, a História em Quadrinhos propicia em sua leitura o desenvolvimento de uma série de ações do sistema cognitivo – análise, interpretação, classificação, imaginação, entre outras. Por outro lado, tomando-se como base os Quadrinhos de caráter instigador, a proposição de um desafio no decorrer do enredo nos faz remeter a uma proposta construtivista de ensino, na qual a colocação de uma situação-problema como fator desencadeador de uma discussão é fundamental.

Tomando-se como base essas justificativas teóricas, procuramos verificar neste trabalho a influência da utilização de uma História em Quadrinhos de caráter instigador no tratamento de um conceito científico específico (princípio da inércia), estabelecendo uma proposta de utilização das mesmas em sala de aula. De forma mais específica, buscamos constatar uma possível ocorrência de evolução conceitual do referido conceito por parte dos alunos, procurando relacioná-la com o uso da HQ.

Para tanto, confeccionamos uma História em Quadrinhos de caráter instigador, na qual a 1a lei de Newton era abordada através da seguinte situação: uma personagem iria pular do trampolim que localizava-se no interior de um navio que deslocava-se a 180km/h. No último quadro da HQ era exposta a situação-problema – a personagem cairia dentro ou fora da piscina?

A HQ confeccionada foi entregue aos alunos que, em grupo, discutiram a respeito da situação proposta pela narrativa. A discussão ocorreu, a princípio , entre os integrantes do próprio grupo, disseminando-se por toda a sala de aula de forma espontânea e sem interferência da professora aplicadora do projeto, a qual, inclusive, buscou um papel de orientar as argumentações propostas pelos alunos, sem, no entanto, direcionar de forma direta a resposta correta. A naturalidade com o manuseio de uma

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HQ, a identificação com a mesma e o envolvimento das salas de aula com o desafio proposto puderam ser facilmente constatados nas observações dos episódios de ensino e na análise das entrevistas finais, na qual o projeto obteve uma avaliação positiva por parte dos alunos.

Em um primeiro momento, os alunos, devido a suas concepções prévias a respeito do tema – modelo linear entre força e velocidade, já previsto por GUIMARÃES (1987) – inferiram de forma praticamente unânime que a personagem cairia fora da piscina, tal raciocínio explicado pelo fato da mesma perder contato com a superfície do navio, desaparecendo o fator causador de sua força horizontal e consequentemente, seu movimento nesta direção.

Apesar de coerente com as idéias prévias dos discentes, o modelo proposto entra em contradição quando os próprios alunos recorrem a fatores cotidianos e fazem indagações do tipo: “Mas eu já vi filmes em que a pessoa pula do trampolim e ela cai dentro da piscina?!”, “Ninguém ia construir uma piscina no navio para agente cair fora?” ou “Quem ia construir uma piscina para a gente morrer?”; ou seja, a previsão feita anteriormente não é condizente com a realidade. Segundo diversos autores da linha construtivista, POSNER et al (1982), CARVALHO (1998), ABIB(1996), entre outros, neste momento da discussão, a perturbação surgida gerará um conflito no sistema cognitivo do discente, até então estabilizado, sendo necessária uma profunda acomodação do mesmo para interpretar o novo fato surgido.

A procura de um novo modelo que possa resolver o conflito encontrado faz com que os docentes remetam-se de volta ao movimento do navio e passem a considerar a hipótese de que a personagem, mesmo após o salto, continue com o movimento horizontal da embarcação, caindo, desta forma, dentro da piscina. Salienta-se que o novo modelo surgido foi fruto de uma ampla discussão realizada de forma espontânea pelos alunos. A professora, de acordo com as observações dos episódios de ensino e análise das entrevistas, possuiu papel de orientar e mediar os argumentos e discussões entre os discentes, procurando não fornecer a resposta correta ou direcionar de forma direta a construção do raciocínio dos alunos.

A nova explicação, que tratava a inércia como uma característica do corpo em manter seu estado, foi encontrada também nas Histórias em Quadrinhos produzidas pelos próprios alunos após a discussão do tema. A 1a lei de Newton aparecia de forma bem-humorada, criativa e, principalmente, de forma coerente e contextualizada com o enredo, fatores estes que, em conjunto com as observações das discussões, consideramos indícios de uma compreensão correta do fenômeno, inferindo uma possível evolução conceitual.

Os indícios desta evolução são referendados pelos resultados do questionário final, no qual, um anos depois, os alunos deveriam responder questões que envolviam situações iguais ou similares às tratadas nas aulas. As respostas obtidas constataram que, apesar do lapso temporal, a maioria maciça dos discentes continua enfocando a inércia como a tendência de um corpo em manter seu estado de movimento ou repouso.

Considerando-se o quadro das concepções prévias obtido no questionário inicial, as observações e constatações feitas através dos episódios de ensino durante as discussões em sala, a análise do conteúdo das Histórias em Quadrinhos produzidas e das entrevistas, e, finalmente, o resultado obtido no questionário final, podemos estabelecer indícios de uma ocorrência de evolução conceitual do conceito de inércia pela maioria dos alunos. Salientamos ainda a importância da utilização da História em Quadrinhos

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nesse processo, tendo em vista que este processo ocorreu em sua maioria durante a leitura e discussão que a HQ gerou em sala de aula.

A utilização das Histórias em Quadrinhos proposta por este trabalho visa a inserção desta forma acessível de arte como um instrumento auxiliar ao ensino de física. A HQ seria “a faísca de uma explosão”, um fator desencadeador de discussões a respeito de um tema proposto. Neste momento é muito importante a posição do professor em sala de aula, o qual deve estar convicto de seu papel de orientador/mediador dos debates gerados pelo Quadrinho, procurando não considerar sua prática como uma simples transmissão da resposta correta para posterior memorização do discente.

A positividade desta proposta pôde ser verificada através do envolvimento dos alunos com a leitura da HQ e sua posterior discussão, trechos de entrevistas realizadas com os mesmos e com a docente , sendo que esta última, demonstrando os resultados positivos obtidos na pesquisa, aplicou, de forma espontânea, o projeto novamente no ano letivo subsequente, relatando ao pesquisador resultados semelhantes com os que constam neste trabalho.

Investigações futuras podem sugerir a confecção de novas HQ com temas científicos diferentes do exposto, bem como uma ampliação do referencial teórico, visando desta forma aprofundar a compreensão sobre a relação entre essa forma de arte e o ensino de física.

6) Referências Bibliográficas

ABIB, M.L.V.S., A Construção do Conhecimento sobre o Ensino na Formação do Professor de Física – “Agora nós já temos as perguntas”. São Paulo: 1997, Tese de Doutorado – FEUSP.

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Referências

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