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OS DESAFIOS DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANO EM CUIABÁ/MT

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Alex Miranda de Oliveira 1 Edoraide Borges 2

Agessander Manoel3 (Coordenador)

OS DESAFIOS DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANO EM CUIABÁ/MT

VÁRZEA GRANDE - MT janeiro/2021

1 Discente em Tecnologia em Gestão Pública pelo IFMT – campus Várzea Grande.

2 Discente em Tecnologia em Gestão Pública pelo IFMT – campus Várzea Grande.

3 Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pela Universidade do Oeste Paulista

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INTITUTO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS VÁRZEA GRANDE - COORDENAÇÃO DE PESQUISA

OS DESAFIOS DA GESTÃO MUNICIPAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANO EM CUIABÁ/MT

Alex Miranda de Oliveira Edoraide Borges Agessander Manoel(Coordenador)

Relatório Final de Pesquisa referente ao período de março/2020 a janeiro/2021, apresentado ao Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Várzea Grande como parte das exigências do Edital 32/2019 IFMT.VGD.

VÁRZEA GRANDE - MT janeiro/2021

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RESUMO

A Lei 12.305/10 (BRASIL, 2010) instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos que propõe organizar a forma de lidar com o lixo, exigindo dos setores públicos e privados uma correta gestão e gerenciamento dos resíduos de consumo. Esta discussão traz como a gestão municipal de Cuiabá/MT tratou a Lei 12.305/10 a partir de sua promulgação tanto para que os RSU deixassem ser um problema para a administração municipal e se transformasse em potencial de desenvolvimento e inclusão social. Foi realizada uma pesquisa e análise bibliográfica e documental de dados oficiais apresentados à população pelas agências responsáveis e por pesquisadores que discutem cientificamente este tema e entrevistas com os gestores responsáveis pelo RSU no município. O resultado final indica que deve haver maior investimento e preocupação com o tema pelas autoridades competentes.

Palavras-chaves:Resíduos Sólidos Urbanos. Gestão. Lei 12.305/10. Politica Nacional dos Resíduos Sólidos.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 05

2. METODOLOGIA ... 07

3. REVISÃO DE LITERATURA ... 8

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 15

5. CONCLUSÃO ... 18

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 19

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade de consumo é responsável pela expansão contínua da economia e acumulação infinita de capital pelo processo produtivo e segue em uma curva crescente de acordo com vários órgãos oficiais. Esta cultura deve ser contraposta com urgência, de maneira responsável a partir de um novo comportamento social que respeite os limites do planeta e os cenários de desenvolvimento, promovendo a conscientização e prática do descarte correto dos resíduos de consumo, especialmente em relação à destinação final dos resíduos coletados, a coleta seletiva e a reciclagem, o que minimizaria a pressão sobre os recursos naturais utilizados na estrutura produtiva.

A Lei 12.305/10 (BRASIL, 2010) instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU), às responsabilidades da sociedade civil geradora e do poder público, bem como sobre os instrumentos econômicos disponíveis para sua execução.

O artigo 8º da Lei 12.305/12 (BRASIL, 2010) diz que são instrumentos da PNRS, entre outros os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos serviços de RSU, determinando assim que esta responsabilidade passe a ser dos gestores municipais. Não bastasse isto, a mesma lei no artigo 54º traz que a deposição final ambientalmente adequada dos rejeitos deveria ser implantada em até 4 anos após a data de publicação, ou seja, 2 de agosto de 2014 seria inicialmente o prazo final para que o problema estivesse resolvido e que o País estivesse livre dos lixões e suas consequências nefastas ao meio ambiente e a população em geral.

A produção de RSU avança em ritmo mais rápido do que a infraestrutura existente, surgindo assim um dilema e um desafio para as administrações públicas municipais, a gestão dos RSU. A gestão de RSU busca facilitar o planejamento, estruturação, execução e controle de ações, programas e políticas públicas que permitam superar os déficits observados pelas entidades que monitoram este assunto, propondo avanços no atendimento da legislação vigente e a discussão de novas propostas de políticas públicas que supram as demandas socais vigentes.

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A questão central para orientar as discussões consiste em como a gestão municipal tratou a Lei 12.305/10 a partir de sua promulgação tanto para que os RSU deixassem ser um problema para a administração municipal e se transformassem em potencial de desenvolvimento e inclusão social como por ser uma temática premente que impacta socioeconomicamente a atual geração e ameaça a sobrevivência das gerações futuras.

A discussão e analise da realidade histórica sobre a gestão dos RSU, a discussão das propostas públicas em âmbito nacional, estadual e municipal referente à gestão dos resíduos e a descrição e comparação das práticas adotadas por este município permitirá o conhecimento da realidade municipal ampliando a possibilidade de solução dos desafios que a gestão dos RSU proporciona.

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2. METODOLOGIA

Este artigo almeja participar com discussões sobre o estado da arte, tendo como balizador a Lei 12.305/10 e seu impacto nos recursos ambientais, bem como dados oficiais apresentados à população pelas agências responsáveis e por pesquisadores que trazem suas colaborações interdisciplinares para esta discussão, por entender que a gestão dos RSU trata do uso e descarte desproporcional de recursos ambientais para o atendimento de necessidades humanas fundamentais. Numa primeira etapa foi feito levantamento bibliográfico e documental de caráter exploratório. Numa segunda etapa foi realizada uma tentativa de visita in loco ao aterro municipal de Cuiabá/MT e entrevistas com os responsáveis pela gestão dos RSU do município, o que não ocorreu devido às restrições impostas pelo chefe do executivo devido à nova COVID-19.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

A REALIDADE BRASILEIRA

Felício (2013) defende que a questão ambiental, como questão política, abrange um conjunto de danos ambientais, sendo alguns de forma irreversível em consequência da expansão do atual modo de produção, colocando o futuro das gerações em estado de alerta. Os RSU produzidos no país, popularmente conhecido como “lixo”, têm fundamentalmente três destinos: lixões, aterros controlados ou aterros sanitários.

O lixão, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB (2017) é um depósito a céu aberto sem controle ambiental e nenhum tratamento dado ao resíduo, onde pessoas acessam livremente para mexer nos resíduos e até montar moradias em cima deles. É a pior situação encontrada tanto ambiental e como socialmente quando se fala de deposição de resíduos.

A CETESB (2017) define aterro controlado como um local onde há deposição de resíduos com algum tipo de controle, mas fora das normas ambientais previstas na lei 12.305/10. Não atende às recomendações da PNRS, mas possuiuma gestão ambiental mínima como isolamento, acesso restrito, cobertura dos resíduos com terra e controle de entrada de resíduos.

Conforme a Lei 12.305/10 (BRASIL, 2010) apenas o aterro sanitário é adequado ambientalmente à deposição dos RSU descartados devendo ser prioritariamente composto por materiais não recicláveis. As exigências mínimas para instalação do aterro controlado conforme a CETESB (2017) são as seguintes:

deve estar fora de áreas de influência direta de mananciais, rios, nascentes e demais corpos hídricos, estar a 1.500 metros de núcleos populacionais e 300 metros de residências isoladas, ter sistema de impermeabilização, realizar cobertura diária dos resíduos, ter projeção de vida útil superior a 15 anos, manter em funcionamento um sistema de monitoramento de águas subterrâneas do tamanho do empreendimento e o tratamento de chorume.

A ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (2019) revela que o Brasil gerou em 2018 aproximadamente 79 milhões de toneladas RSU, tendo uma variação em relação ao ano anterior de +0,82%. Relata ainda que somente 72,7 milhões foram coletados (92%), e que 6,3 milhões de toneladas de resíduos tiveram destino incerto.

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Gráfico 1 – Geração de RSU no Brasil (ton/dia)

Fonte: ABRELPE (2019)

A ABRELPE (2019) apresenta que do 43,2 milhões de toneladas coletadas 59,5% foram depositados adequadamente em aterros sanitários. O restante dos RSU coletados, 29,5 milhões de toneladas (40,5%), foram depositados em lixões ou aterros controlados, em desacordo com o previsto na lei 12.305/10 por não apresentarem as condições necessárias de proteção à saúde e o meio ambiente.

O Brasil apresenta um déficit na infra-estrutura para deposição final de RSU. Conforme dados da ABRELPE (2019), na região Norte, 54,8% desta deposição é feita em céu aberto, sendo imprescindível a gestão e o gerenciamento para investimento e implementação de infra-estrutura adequada para receber os RSU e tratar esses resíduos como recursos.

Quanto à situação da deposição final adotada, a ABRELPE (2019) informa que no Brasil somente 46,1% dos municípios (2.569) possuem aterro sanitário, sendo que na região centro-oeste este índice cai para 34,6%.

Tabela 1 –Tipo de deposição final adotada nos municípios (por região)

Deposição Final

Regiões e Brasil - 2018

Norte Nordeste Centro-

Oeste Sudeste Sul Brasil

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10

Aterro Sanitário 93 454 162 820 1.049 2.569

Aterro Controlado 110 496 152 641 109 1.508

Lixão 247 844 153 207 42 1.493

Brasil 450 1.794 467 1.668 1.191 5.570

Fonte: ABRELPE (2019)

Neste mesmo período 2017/2018, conforme gráfico 2, a população brasileira cresceu em média 0,40% (IBGE, 2020), e a geração per capita de RSU aumentou de 1,035 kg/hab/dia para 1,039 kg/hab/dia, ou seja, um aumento de quase 0,39% (ABRELPE, 2019). Estes dados apontam para uma produção de RSU superior ao aumento populacional.

Gráfico 2 – População Brasileira 2017/2018

Fonte: ABRELPE (2019)

A lei 12.305/10 (BRASIL, 2010) prevê no artigo 17º a elaboração do plano estadual de RSU que deve conter, conforme previsto em seus incisos, meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização de sua implementação e operacionalização, assegurado o controle social, e cita a coleta seletiva como solução integrada para a recuperação, reciclagem, tratamento e a destinação final dos RSU.

207.660.929

208.494.900

2017 2018

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O Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE, 2019) apresenta um estudo de 2014 em que se 90% da população fosse atendida por coleta seletiva de resíduos em cidades-alvos, isto geraria um potencial de benefícios econômicos da ordem de R$ 1,1 milhão por dia. Apresenta ainda (CEMPRE, 2019) que as possibilidades de geração de renda do mercado brasileiro de reciclagem são expressivas e estima que o País perde aproximadamente R$ 8 bilhões por ano ao enterrar materiais que poderiam ser reciclados após o consumo.

Outra informação apresentada (CEMPRE, 2019) é de que para 95% da população pesquisada, a coleta seletiva é um serviço importante, sendo que desse total 79% alega conhecer a reciclagem e saber para que sirva, mas 46%

justificam a falta de tempo para não praticá-la, e 33% explicam que a dificuldade está na inexistência do serviço no bairro.

A evolução da coleta seletiva no Brasil é medida desde 1994 pelo CEMPRE que disponibiliza periodicamente uma pesquisa informando o número de municípios que oferecem o serviço, população atendida, composição do lixo reciclável, custos de operação e participação de cooperativas de catadores.

A logística reversa é um conjunto de ações destinadas à coleta e recuperação dos resíduos recicláveis para retorno como matéria- prima à indústria. Ela se integra ao desafio de desenvolver os elos da cadeia de reciclagem dos diferentes materiais e se fortalece com a valorização do trabalho dos catadores e a maior conscientização ambiental dos consumidores.

O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2018) investiga a prestação do serviço de coleta seletiva de resíduos domiciliares executados e apresenta a seguinte incidência de materiais recicláveis secos recuperados por tipo de material: papel e papelão 42,0%, plásticos 22,6%, metais 13,1%, vidros 12,2%, e outros 10,1%.

O CEMPRE (2019) apresenta que entre 2012 e 2017, a recuperação de alumínio, plástico e papel/papelão aumentou em 28,6% e ao mesmo tempo o volume de embalagens destinado a aterros diminuiu 21,3%, resultado que comprova a efetividade das ações desenvolvidas. A taxa de recuperação das embalagens de alumínio foi de 97,7%, de plástico 56,8% e de papel/papelão de 66,2%.

Tabela 2 - Taxa de recuperação das embalagens

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Alumínio 97,7%

Plástico 56,8%

Papel/papelão 66,2%

Fonte: CEMPRE (2019)

A REALIDADE REGIONAL

Em 2018 a região Centro-Oeste produziu 15.932 toneladas diárias de RSU, o que provocou uma geração per capita de 0,990 kg/hab/dia (ABRELPE, 2019).

Do total de RSU produzidos 93,78% foram coletados, entretanto 58% desse montante (mais de 8 mil toneladas por dia) ainda têm como destino os aterros controlados e lixões. O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2018) apresenta que a região Centro-Oeste possui uma taxa média de coleta de RSU de 92,9% em relação a população existente.

A ABRELPE (2019) relata que em 2018 a região Centro-Oeste teve o maior crescimento de cidade com coleta seletiva, sendo que dos 467 municípios existentes 227(48,6%) possuem sistema de coleta seletiva. O Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB, 2019) mostra que o número de municípios com coleta seletiva cresceu na região Centro-Oeste, mas ressalta que embora o município declare que disponha de coleta seletiva isso não significa que este serviço atenda a todo o município e nem que a massa de resíduos recuperada seja significativa.

Gráfico 3 Coleta seletiva na região Centro-oeste

Fonte: ABREPLE (2019)

Outro dado oferecido pela ABREPLE (2019) é que em 2018,na região Centro-Oeste, os municípios aplicaram um valor médio de R$ 6,42 por pessoa na

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coleta de RSU e demais serviços de limpeza urbana, o que provocou uma movimentação estimada R$1,245 bilhão e aproximadamente 27.611 empregos gerados.

A deposição final de RSU na região Centro-Oeste foi de 41,3%em aterros sanitários, 35,9% em aterros controlados e de 22,8% em lixões segundo a ABRELPE (2019). O Plano Nacional de Saneamento Básico (2019) apresenta que os aterros sanitários aumentaram de 31,3% para 37,7% no período entre 2010 e 2016.

Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (2020) atualmente, Mato Grosso possui 22 aterros sanitários em processo de licenciamento, sendo que 15 estão em análise e sete em operação no Estado, atendendo 23 municípios.

Destes, dois aterros são particulares, sendo um somente para recebimento de resíduos industriais.

A REALIDADE MUNICIPAL

Deming (1989) orienta que não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e por isso não há sucesso no que não se gerencia. Utilizando este pensamento para suporte de ações de gestão, serão apresentados alguns indicadores de Várzea Grande/MT.

O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) possui uma base de dados denominada Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

A Tabela 3 (SNIS, 2018), apresenta cinco indicadores que permitem uma visão da gestão dada aos RSU em Várzea Grande/MT comparando-os aos valores médios praticados no Estado de Mato Grosso, segundo o MDR.

O primeiro indicador apresenta a despesa per capita com manejo de RSU em relação à população urbana, que traz o valor médio de despesa (em reais por habitante de área urbana) para a realização dos serviços de manejo de RSU.

O segundo índice mostra a taxa de cobertura do serviço de coleta de resíduo domiciliar em relação à população urbana, que permite avaliar o atendimento da população urbana com o serviço de coleta de resíduos domiciliares. O terceiro índice traz a massa coletada, em quilogramas por habitante, pelos agentes executores em atendimento à população urbana com o serviço de coleta de resíduos domiciliares e limpeza urbana no período de um dia.

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O quarto índice apresenta a massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana, ou seja, a quantidade (em quilogramas por habitante) de materiais recicláveis secos recuperados, após processo de triagem no período de um ano.

O último índice mostra a massa per capita de materiais recicláveis recolhidos via coleta seletiva. É o equivalente médio de quantidade (em quilogramas por habitante) de resíduos domiciliares e públicos coletada seletivamente, pelos agentes executores, em atendimento à população urbana no período de um ano.

Tabela 3 - TIPO DE DEPOSIÇÃO FINAL ADOTADA POR MUNICÍPIOS

Indicador Várzea Grande/MT Valor médio do Estado (Mato Grosso) 1 - Despesa per capita com manejo de resíduo

sólido urbano em relação à população urbana. R$ 69,35/hab R$83,51/hab 2 - Taxa de cobertura de coleta RDO em relação à

população urbana * RDO -resíduo sólido domiciliar 89,69% 98,1 % 3 - Massa coletada (rdo + rpu) per capita em relação

à população urbana *RPU-resíduos sólidos público 0,59 Kg/hab/dia 0,89 Kg/hab/dia 4 - Massa recuperada per capita de materiais

recicláveis (exceto matéria orgânica e rejeitos) em

relação à população urbana 0,23 Kg/hab/ano 8,63 Kg/hab/ano

5 - Massaper capita de materiais recicláveis

recolhidos via coleta seletiva 0,25 Kg/hab/ano 10.9 Kg/hab/ano Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (2018)

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O município de Cuiabá tem evoluído significativamente nos índices de sustentabilidade e limpeza urbana segundo o ISLU (2019). Cuiabá obteve 0,840 no índice Engajamento do Município, que busca entender a maturidade da sociedade com relação ao trato dos RSU do município. Como a PNRS estabelece que a responsabilidade da destinação adequada dos RSU é compartilhada entre governo, iniciativa privada e consumidores, este índice avalia o engajamento e a maturidade da sociedade por meio de dois indicadores que combinam o grau de desenvolvimento econômico e social da comunidade (IDHM) e o índice da população atendida pelos serviços de limpeza urbana (é obtido pela divisão entre população total atendida declarada e população total do município).

O índice Sustentabilidade Financeira identifica o comprometimento do orçamento municipal com os serviços de limpeza urbana e manejo de RSU. Este índice é obtido do resultado da divisão da arrecadação específica (despesas com serviços de limpeza urbana) em relação à despesa total do município. Neste índice Cuiabá obteve 0,849.

No índice Recuperação de Recursos são avaliados os esforços para tratamento e recuperação (reciclagem) dos RSU. Este índice visa avaliar a diminuição do risco de contaminação ambiental provocada pela deposição inadequada de RSU em lixões, bem como contribuir para que os estes sejam tratados como recursos a serem recuperados. Ele é obtido pela divisão do valor de material recuperado (exceto orgânico e rejeito) pela quantidade total de resíduos coletados. Neste quesito Cuiabá obteve um conceito pífio de 0,011.

O índice Impacto Ambiental busca atender a PNRS no que tange a erradicação dos RSU descartados de forma irregular, a geração do passivo ambiental de um município. Este índice é calculado pela divisão da quantidade total de resíduos dispostos inadequadamente em lixões e aterros e a população total atendida declarada pelo município e Cuiabá obteve o índice de 0,683.

Com base nas quatro dimensões avaliadas, o ISLU (2019) apresenta uma Avaliação Geral do Município onde constam de 98 municípios com mais 250 mil/habitantes. Nesta avaliação Cuiabá obteve a 84ª. posição com índice médio de 0,623.

Segundo informações colhidas na prefeitura municipal, o município de

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Cuiabá possui mais de 300 bairros que são divididos em quatro macros regiões (norte, sul, leste e oeste) para o gerenciamento e coleta dos RSU. A coleta de RSU é terceirizada e atualmente está sob a responsabilidade da empresa Locar Gestão de Resíduos, que oferece 30 caminhões para coleta e cerca de 250 funcionários, que trabalham em três turnos,atendendo os bairros por um sistema de escala rotativa ao menos três vezes por semana, conforme a demanda, sendo todo o material coletado depositado no aterro municipal situado na estrada Balneário Letícia, s/nº, Sítio Quilombo (gerenciado pela Prefeitura) e no Centro de Gerenciamento de Residuais Cuiabá (empreendimento privado).

Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do material recuperado pela reciclagem 84,41% representa papel e papelão, 13,3%

plásticos, 0,53% metais e 1,13% outros materiais conforme Tabela 5

Tabela 5 - Incidência por tipo de material no total de material recuperado

Tipo de material % de participação

Papel e papelão 84,41

Plásticos 13,93

Metais 0,53

Outros materiais (exceto papel, plástico, metais e vidros) 1,13

Fonte: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (2018)

O serviço de coleta seletiva no município de Cuiabá utiliza a mesma estratégia do serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos. O município é dividido em quatro macrorregiões (Norte, Sul, Leste e Oeste) para o serviço de coleta seletiva, sendo cada região atendida por uma instituição específica.

A região Sul é atendida pela Cooperativa Alternativa de Catadores, Reciclagem e Preservação do Meio Ambiente do Mato Grosso (Coorepam), a região Norte é atendida pela Cooperativa dos Trabalhadores e Produtores de Materiais Recicláveis de Mato Grosso (COOPERMAR), a região Oeste é atendida pela Associação dos Catadores de Material Recicláveis de Cuiabá (ACAMART) e a região Leste região Leste é atendida pela Cooperativa Cooper União.

O indicador 1 da Tabela 3 (Comparativo do diagnóstico de manejo municipal e estadual) mostra que o município de Cuiabá/MT investe 11,7% à

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menos que a média estadual em despesa per capita com manejo de RSU em relação à população urbana. Mesmo com um investimento abaixo da média, o indicador 2 apresenta uma taxa de cobertura de coleta RDO em relação à população urbana acima da média do Estado.O indicador 3,que informa a massa coletada (RDO + RPU) per capita em relação à população urbana, esta somente 4,49% abaixo da média do Estado. Isto indica um cuidado com a gestão dos recursos e com os RSU, pois está apresentando índices positivos com um investimento menor que o esperado.

Entretanto o indicador 4 evidencia que a massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana precisa de maior atenção, pois encontra-se 48,43% abaixo da média estadual, evidenciando uma negligencia com a logística reversa.De forma semelhante o indicador 5 apresenta que a massa per capita de materiais recicláveis recolhidos via coleta seletiva está 18,44% menor que a média do Estado. As análises destes indicadores demonstram o enorme potencial existente para melhorar a prática da coleta seletiva no município, ação que minimiza os efeitos negativos ao meio ambiente e que coloca um grande número de pessoas no mercado de trabalho, gerando renda.

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5. CONCLUSÃO

O Brasil começou um processo de mudança na gestão dos seus resíduos sólidos urbanos com a implantação da PNRS e este processo deve ser disseminado em todos os municípios, pois o encerramento gradual das áreas de disposição inadequada de resíduos e a busca por novas soluções para aperfeiçoar e tornar mais sustentável a sua gestão é fato comprovado em diversos municípios.

O foco desta discussão se ateve em como a gestão municipal tratou a Lei 12.305/10 a partir de sua promulgação, tanto para que os RSU deixassem ser um problema para a administração municipal como para que se transformasse em potencial de desenvolvimento e inclusão social.

As analises dos vários indicadores apresentados apontaram que os gestores do município de Cuiabá/MT, a capital do Estado, têm dado pouco destaque e importância ao tema, fato comprovado por levantamentos de órgão e entidades que acompanham e atuam no setor e mostramque o município,que deveria ser referência e apresentar dados acima da média estadual, apresenta praticamente todos os dados abaixo da média de referência.

Muita coisa pode e deve ser realizada, mas indubitavelmente a implantação de um serviço de coleta seletiva melhor estruturada e mais abrangente, elaboração de políticas públicas focadas no tema proposto, maior apoio as associações e as cooperativas existentes, atrelado a ações de educação ambiental junto à comunidade, é fator preponderante para a melhoria da gestão dos RSU.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRELPE. Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, São Paulo, 2019.

Disponível em: <http:// abrelpe.org.br/ download-panorama-2018-2019/>.

Acesso 25.mar.2020.

CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem –– Review 2019.

Disponível em <http://cempre.org.br/upload/CEMPRE-Review2019.pdf>

Acesso em 26 mar 2020

BRASIL. 2010. Lei Federal nº 12.305/2010. Diário Oficial da União. 03 de agosto de 2010.

BRASIL Ministério do Desenvolvimento Regional Secretaria Nacional de

Saneamento. PLANSAB 2019. Disponível em

<https://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/

Arquivos_PDF/plansab/Versaoatualizada07mar2019_consultapublica.pdf>.

Acesso em 26.03.2020

DEMING, W. E..O MÉTODO DEMING DE ADMINISTRAÇÃO. 5a. Ed., São Paulo: Marques Saraiva , 1989.

FELÍCIO, M. J. (2013). APONTAMENTOS DE EPISTEMOLOGIA AMBIENTAL. Geoambiente On-Line, (21). Disponível em

<https://revistas.ufg.br/geoambiente/article/view/27844>. Acesso em 24 mar 2020.

IBGE– INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Disponível em:

<https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/ populacao/9103-estimativas-de- populacao.html?=&t=o-que-e>. Acesso em 10.mar.2020.

SÃO PAULO. CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento. Disponível em <https:// cetesb.sp.gov.br/biogas/2017/08/01/aterros-sanitarios-aterros- controlados-e-lixoes-entenda-o-destino-do-lixo-no-parana/>. Acesso em: 26 mar. 2020.

SEMA/MT. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Disponível em

<http://www.mt.gov.br/-/9416010-sema-licencia-aterro-sanitario-para-atender- cinco-municipios-de-mt >. Acesso em 26 mar 2020.

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO.

Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. Disponível em <

http://www.snis.gov.br/diagnostico-anual-residuos -solidos/ diagnostico-do- manejo-de-residuos-solidos-urbanos-2018>. Acesso em 26.mar.2020.

Referências

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