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RADIAÇÃO IONIZANTE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

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Academic year: 2021

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RADIAÇÃO IONIZANTE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Artur Nunes Cirilo1 Deolindo Penitente Neto2 Giovani Casali Tessaro3 Lucas Tetemann Vilarim4 Patrícia de Sousa Filgueiras5

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade mostrar uma revisão de literatura sobre a utilização do raio X e de seus métodos de proteção nas atividades rotineiras do cirurgião dentista. Os profissionais de odontologia devem estar preparados para manusear esse instrumento, do ponto de vista técnico e de biossegurança, tendo em vista o risco da exposição à radiação. Foram incluídos 20 artigos, desde o ano 1986- até os dias atuais, e que apresentavam revisão de literatura sobre o tema, assim como pesquisas referentes à radiação ionizante. Conclui-se que protocolos de biossegurança foram criados para tentar reduzir os danos causados pela radiação. Além desses protocolos, é recomendado o uso correto da técnica radiográfica, porém, grande parte dos cirurgiões-dentistas conhecem os métodos corretos de proteção, porém, ainda ocorre negligência de uma minoria dos profissionais.

Palavras-chaves: Cirurgião-dentista, raio X, radiação ionizante e radioproteção

INTRODUÇÃO

Em odontologia, o uso de radiografias é muito necessário, estando presente em várias etapas do diagnóstico, planejamento e tratamento, sendo consideradas como uma das principais formas de exames complementares. Trabalhar com radiação envolve um conhecimento sobre a sua física, o funcionamento de seus aparelhos e principalmente das formas de proteção (WHAITES, 2009).

A radiação x foi descoberta por Wihelms Rontgen em 1895, e recebeu esse nome porque se acreditava que a imagem era formada por algum raio misterioso. A primeira radiografia dentária foi feita em placas de vidro envoltas de um dique de borracha com tempo de exposição superior a 20 minutos (ROUT; BROWN, 2012).

O ser humano está constantemente exposto à radiação, sendo a radiação médica, a fonte mais comum, pois é utilizada com maior frequência na odontologia (DIVRIK;

1 Graduado em Odontologia pela Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA). E- mail:

arturcirilo@hotmail.com

2 Graduado em Odontologia pela Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA). E- mail:

npenitente@gmail.com

3 Graduado em Odontologia pela Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA).

4 Graduado em Odontologia pela Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA).

5 Mestre em Radiologia Odontológica - SLMandic/Campinas. Especialista em Radiologia Odontológica – UFJF. Especialista em Estomatologia - SLMandic/Campinas. Docente do Curso de Odontologia na Escola Superior São Francisco de Assis (ESFA). E-mail: patricia.sfilgueiras@gmail.com

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GÖKÇE; COŞKUN, 2012). O risco de causar um dano ao DNA é muito baixo. Na prática odontológica, no entanto a radiografia dentária é uma das mais realizadas (ROUT; BROWN, 2012).

Se torna necessária a discussão sobre a radiação ionizante e seu risco biológico, uma vez que o raio X é uma das ondas eletromagnéticas capazes de ionizar átomos, isto é, formar íons nos átomos constituintes de moléculas orgânicas do organismo, seja pelo rompimento das ligações químicas dessas moléculas ou pela ionização da água, formando radicais livres reativos (ROUT; BROWN, 2012).

A proteção radiográfica serve como uma tentativa de blindar as partículas emitidas pelo raio X, para reduzir a sua interação com os sistemas biológicos, evitando assim a formação de espécies reativas, que podem levar a mutações no DNA (OKUNO, 2013).

O raio X, por ser uma radiação ionizante apresenta certos efeitos biológicos sobre o organismo humano. O efeito é direto quando ele interage com o DNA, causando mutações, e indireto quando a interação se dá com a molécula de água, formando radicais livres, que podem atacar outras estruturas. Os efeitos podem se manifestar na forma de reações teciduais, aquelas que surgem após a exposição de altas doses e efeitos estocásticos, aqueles que são observados após um acúmulo 11 de certas doses de radiação, que são os grandes responsáveis pelo câncer (OKUNO, 2013).

A radiação ionizante exerce uma função importante no exercício da odontologia, contribuindo para o planejamento e diagnóstico dos casos através de imagens radiográficas (SANTANA; MOURA; DA SILVA, 2017).

É de vital importância que os profissionais odontológicos que trabalham com radiação, tenham conhecimento sobre as medidas de radioproteção (SANTANA; MOURA; DA SILVA, 2017).

Portanto, o objetivo desse trabalho é mostrar o conhecimento dos cirurgiõesdentistas (CD) sobre a radiação ionizante para a proteção dos pacientes e dos profissionais que realizam os exames radiográficos na odontologia

Metodologia

O estudo sobre a radiação ionizante foi realizado por meio da busca de artigos científicos e livros pertinentes à área e ao tema eleito. Os artigos científicos foram

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encontrados nas bases de dados da Biblioteca virtual em saúde, Bireme, PubMed mediante o uso dos seguintes descritores: “proteção radiológica’’; ‘’radiação ionizante’’; ‘’cirurgião-dentista’’; “raio X”. Os mesmos descritores foram utilizados em língua inglesa.

Foram incluídos 20 artigos, desde o ano 1986 até os dias atuais, e que apresentavam revisão de literatura sobre o tema, assim como pesquisas referentes à radiação ionizante. Foram excluídos os artigos que apresentavam incompatibilidade com o tema, além de ausência ou falha de método do estudo.

Resultados e Discussão

Sabendo que o uso de radiografias com fins de diagnóstico, é essencial na odontologia. A utilização inadvertida da radiação pode ocasionar mutações no DNA entre outros problemas, apesar de não se ter uma dose de exposição segura. Diante disso, tem um termo mundialmente conhecido como ALARA. A Portaria 453/98 da Secretaria de Vigilância Sanitária, instituiu a otimização da proteção radiológica, as tomadas radiográficas devem ter o mínimo de exposição para se ter uma qualidade de imagem aceitável para diagnóstico, além de buscar diminuir a quantidade de pessoas expostas. (ALVES et al., 2016).

De acordo com Praveen et al. (2013), pacientes grávidas no 1º trimestre não devem fazer tomadas radiográficas odontológicas, e no 2º e 3º trimestres podem ser realizadas com o uso obrigatório de avental de chumbo. Entretanto, Tsapaki (2017) diz que a dose para uma mulher grávida tem uma magnitude de exposição à radiação sem proteção de chumbo inferior a 1% em uma tomada radiográfica odontológica.

Segundo uma pesquisa realizada por Memon et al., (2010), com 313 pacientes, sendo 238 do sexo feminino, e 75 do sexo masculino. Notou-se que a faixa etária com maior incidência de câncer de tireóide foi de 35 a 44 anos, com 93 pacientes. Na pesquisa, não foi levado em consideração o sexo. Notou-se ainda que a dose de radiação na radiografia odontológica é baixa para provocar o câncer de tireoide, pois o câncer pode também estar associado a uma disfunção da tireoide. Entretanto, Tsapaki (2017) relatou que o protetor de tiroide deve ser usado no caso em que a tireoide possa estar alinhada ou muito próxima ao feixe primário, desde que seja posicionado de forma correta para evitar a exposição da tireoide.

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De acordo com o autor Alves et al. (2016), 100% dos CD participantes se preocupam com as medidas de proteção, porém 92% fazem o uso de posicionadores, 8% não utilizam justificando insegurança devido ao hábito de não utilizarem desde a sua época de graduação. 96% utilizam avental de chumbo para pacientes e 92% utilizam protetor de tireoide. 52% fazem a diminuição do tempo de exposição como meio de proteção ao paciente. 40% marcam as exposições 27 radiográficas para sessões diferentes. Apenas 38% dos profissionais utilizam parede com proteção de chumbo.

20% dos profissionais não utilizam proteção em si mesmos. 18% utilizavam avental de chumbo. Entretanto, Santana et al., (2017) dizem que além dos CD, membros da equipe profissional posicionam o filme pessoalmente devido ao não uso do posicionador. Ainda foi relatado que uma parte dos CD não se importam com o uso da proteção e uma outra parte ainda se importa, porém faz o uso inadequado ou de forma errada.

Santana, Moura e Silva (2017) e Tsapaki (2017) corroboram com a utilização do protetor de tireoide se mostrando aconselhável, demonstrado em alguns estudos que a maioria dos CD utiliza dos aventais de chumbo na rotina de exames radiográficos, no entanto uma pequena parcela faz uso somente do protetor de tireoide.

Uma pesquisa realizada na Coréia do Sul por Kim, Cha e Lee (2016) com 658 CD, sendo 513 homens e 145 mulheres, mostrou que aproximadamente metade dos profissionais saem da sala no momento da tomada radiográfica, a mesma quantidade faz o uso do avental de chumbo e que apenas um terço dos participantes da pesquisa protegem o paciente com o protetor de tireoide, sendo esse um dos estudos falado por Santana, Moura e Silva (2017) e Tsapaki (2017).

Bekas e Pachocki (2013) e Santana, Moura e Silva (2017) corroboram sobre o estado dos aparelhos radiográficos, visto que na pesquisa realizada por Bekas e Pachocki (2013) mostraram que um dos problemas que mais infringiam as normas polonesas era a saída de raio X. Santana, Moura e Silva (2017) também alertaram que a incidência do feixe de raio X reduziria consideravelmente a dose de radiação absorvida pelos pacientes, e sugerem a substituição dos colimadores redondos por colimadores retangulares.

Com relação as radiografias convencionais e digitais, também há diferenças entre elas. De acordo com Wenzel e Moystad (2010) as radiografias digitais apresentam várias vantagens: menor tempo de exposição; menor dose de radiação; obtenção

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rápida das imagens; diminuição de repetições radiográficas a partir de erros no processamento; a imagem é armazenada e preservada de forma digital, deste modo a qualidade é mantida; a imagem obtida pode ser aperfeiçoada nos quesitos de controle de brilho, contraste, matiz e saturação; menor tempo de trabalho para o CD.

Conclusão

Pode ser concluído com o final desse trabalho que:

A radiação é um dos maiores aliados do CD na prática clínica, quanto para o diagnóstico, como para o planejamento; O CD deve conhecer a física por trás da emissão de raios X; Os efeitos colaterais da radiação são sérios e até letais; Existem meios suficientes de proteção contra a radiação; O profissional e o paciente devem sempre estar protegidos, usando das barreiras e de instrumentos devidamente calibrados; O domínio da técnica é imprescindível para evitar exposição desnecessária; Os artigos demonstram que os CD possuem conhecimento a respeito dos métodos de radioproteção e até utilizam de alguns, como: protetor de tireoide e avental de chumbo. No entanto, alguns ainda negligenciam práticas, como:

necessidade da parede baritada e uso de posicionadores. Alguns CD, diante de dificuldade do uso de posicionadores, acabam se expondo a radiação ionizante para o posicionamento do filme na boca do paciente

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REFERÊNCIAS

1. ALVES, W.A. et al. Proteção radiológica: conhecimento e métodos dos cirurgiõesdentistas. Arquivos em Odontologia, v. 52, n. 3, 2016.

2. BEKAS, M.; PACHOCKI, K. The dose received by patients during dental X-ray examination and the technical condition of radiological equipment. Med Pr, v. 64, n. 6, p. 755-9, 2013.

3. BEVELACQUA, J.J. Practical and effective ALARA. Health physics, v. 98, n. 2, p. S39- S47, 2010.

4. CABANILLAS, M.E.; MCFADDEN, D.G.; DURANTE, C. Thyroid cancer. The Lancet, v.

388, n. 10061, p. 2783-2795, 2016.

5. CERQUEIRA, S.I.C. Protecção contra radiação não-ionizante: arco eléctrico. 2013. Tese de Doutorado.

6. GÖKÇE, S.D.; GÖKÇE, E.; COŞKUN, M. Radiology residents' awareness about ionizing radiation doses in imaging studies and their cancer risk during radiological examinations.

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7. HENDEE, W.R.; EDWARDS, F.M. ALARA and an integrated approach to radiation protection. In: Seminars in nuclear medicine. WB Saunders, 1986. p. 142-150.

8. KIM, Y.; CHA, E. S.; LEE, W. J.. Occupational radiation procedures and doses in South Korean dentists. Community dentistry and oral epidemiology, v. 44, n. 5, p. 476-484, 2016.

9. MEMON, A. et al. Dental x-rays and the risk of thyroid cancer: a case-control study. Acta oncologica, v. 49, n. 4, p. 447-453, 2010.

10. NASCIMENTO, P. B. P. L. et al. Serviço de radiologia odontológica em municípios da região Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais, Brasil. Revista Odontológica do Brasil Central, v. 23, n. 64, 2014. NASCIMENTO, P.B.P.L. et al. Serviço de radiologia odontológica em municípios da região Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais, Brasil.

Revista Odontológica do Brasil Central, v. 23, n. 64, 2014.

11. NEVES, F.S. et al. Atitudes dos cirurgiões-dentistas em relação à proteção radiológica, de acordo com a lei brasileira. Revista Odontológica do Brasil Central, v. 19, n. 51, 2010. 30 12. OKUNO, E. Efeitos biológicos das radiações ionizantes: acidente radiológico de Goiânia.

Estudos avançados, v. 27, n. 77, p. 185-200, 2013.

13. PRAVEEN, B. N. et al. Radiation in dental practice: awareness, protection and recommendations. The journal of contemporary dental practice, v. 14, n. 1, p. 143, 2013.

14. ROUT, J.; BROWN, J. Ionizing radiation regulations and the dental practitioner: 1. The nature of ionizing radiation and its use in dentistry. Dental update, v. 39, n. 3, p. 191-203, 2012.

15. SANTANA, A.S.; MOURA, J.R.; SILVA, N.M. Os serviços odontológicos e as medidas de radioproteção. Revista da Faculdade de Odontologia-UPF, v. 22, n. 2, 2017.

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16. TSAPAKI, V. Radiation protection in dental radiology–Recent advances and future directions. Physica Medica, v. 44, p. 222-226, 2017.

17. WENZEL, A.; MØYSTAD, A. Work flow with digital intraoral radiography: a systematic review. Acta Odontologica Scandinavica, v. 68, n. 2, p. 106-114, 2010.

18. WHAITES, E. Princípios de radiologia odontológica. Elsevier Health Sciences, 2009.

19. WHITE, S. C.; PHAROAH, M. J. Radiologia Oral: fundamentos e interpretação. 7ª Edição.

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