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TERCEIRO SETOR NA REDE DE CIDADES MÉDIAS NO AMAZONAS: FIXOS E FLUXOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA CIDADE DE ITACOATIARA

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TERCEIRO SETOR NA REDE DE CIDADES MÉDIAS NO AMAZONAS: FIXOS E FLUXOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE NA CIDADE DE ITACOATIARA

Thiago Pimentel Marinho Universidade Federal do Amazonas Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira - Nepecab thp.marinho@gmail.com Susane Patrícia Melo de Lima Universidade Federal do Amazonas Núcleo de Estudos e Pesquisas das Cidades na Amazônia Brasileira - Nepecab susipatricia@gmail.com

INTRODUÇÃO

Este estudo surgiu da necessidade de melhor compreender o impacto da criação e consolidação dos serviços de saúde no interior do Amazonas, especificamente na cidade de Itacoatiara. O trabalho suscita discussões a respeito dos critérios estabelecidos para a classificação da representatividade das cidades brasileiras, que ainda reproduz mapas de fluxos entre as cidades de forma densa em outras regiões como a Sudeste, e bem mais modesta no Norte, a exemplo dos estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O questionamento que se faz ao se analisar mapas decorrentes desses trabalhos, é se a Amazônia foi e continua sendo espaço de poucos núcleos urbanos com escassa articulação entre si. Contudo, se resgatarmos a periodização da rede urbana na Amazônia é possível outra compreensão sobre suas cidades.

Para a compreensão de todo o contexto da configuração desta rede urbana e do

papel de Itacoatiara na mesma, levou-se em consideração o desenvolvimento

histórico-geográfico da cidade deste a sua criação como povoado até o período atual como

cidade de porte médio que se destaca como sede de consumo de bens e serviços, cada vez

mais especializados, como os serviços de saúde. Para estabelecer a configuração da rede

urbana de Itacoatiara a partir deste serviço considerou-se a dinâmica migratória de pacientes

que se deslocam em busca do serviço de saúde, bem como, do corpo médico, as

especialidades disponíveis, a infraestrutura hospitalar e de clínicas. Tais aspectos foram

identificados por meio de pesquisa de campo na cidade estudada, coleta de dados

secundários e primários nos equipamentos de saúdes disponíveis na cidade.

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Esse trabalho objetiva colaborar com discussões sobre cidades amazônicas, especialmente do Amazonas, afirmando que se for considerado critérios locais na análise, além dos gerais, é possível visualizar um mapa da Amazônia com uma rede urbana muito mais complexa do que se vê até o momento, o que proporcionará melhor entendimento sobre a importância de determinadas cidades, como Itacoatiara, na manutenção da rede urbana do Amazonas como um todo, bem divergente do que se vê quando este é inserido em escala menor.

A REDEFINIÇÃO DO PAPEL DAS CIDADES MÉDIAS PELO TERCEIRO SETOR NO BRASIL

Segundo Sposito et al (2007) as cidades médias, desde meados do século XIX, tinham papeis definidos, em grande parte, pela situação geográfica que ocupavam e/ou pelos papeis político-administrativo que desempenhavam. Assim, a importância de uma cidade média tinha, e ainda tem, relação direta com a área que exercia influência.

Se antes a área de influência era determinada pela distância que as pessoas estavam dispostas a percorrer para adquirir bens e serviços, agora é caracterizada, sobretudo, por articulações espaciais que não dependem mais de continuidade territorial.

No Brasil, esse processo evidenciou-se a partir da década de 1950 com a conformação, de fato, da rede urbana nacional. O desenvolvimento industrial tornou as metrópoles, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, espaços escolhidos por grandes conglomerados industriais e empresas de médio porte para se localizarem. Assim, metropolização e industrialização estavam sempre associadas, o que não podia dizer o mesmo as cidades médias, nem sempre cidades industriais.

Contudo, a industrialização impôs uma nova dinâmica a todas as cidades da rede urbana brasileira, dinâmica esta dirigida para a constituição de mercado consumidor nacional.

As cidades médias, “no geral, tiveram, então, seus espaços funcionais orientados pelos interesses de distribuição industrial em escala nacional” (SPOSITO et al, 2007, p. 39). Em consequência, o papel intermediário das cidades médias foi orientado muito mais pelo consumo do que propriamente a produção industrial.

O presente quadro do sistema urbano brasileiro redefine o papel das cidades médias,

além de servir de elo entre cidades maiores e menores, a partir dos fluxos de caráter

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hierárquico, esta tem estabelecido novos papéis, por meio de outros tipos de fluxos, coordenados por dinâmicas de complementaridade ou de concorrência tanto entre cidades da mesma rede quanto de redes urbanas diferentes. Como um dos principais processos que redefinem os papéis das cidades médias Sposito et al (2007) destaca as formas contemporâneas de organização espacial das atividades econômicas ligadas ao comércio de bens e serviços.

As formas contemporâneas de organização espacial das atividades econômicas ligadas ao comércio de bens e serviços é parte de um processo de concentração econômica e de desconcentração espacial. Esse setor deste a década de 1980 era caracterizado por intenso processo de concentração econômica com a localização, de grande parte das empresas desse segmento, nas grandes cidades do país. No entanto, vê-se atualmente a desconcentração espacial dessas atividades passando a atuar também nas cidades médias por meio de novas unidades. Essa entrada de novos atores econômicos “promoveu conflitos de interesses e/ou gerou alianças com atores econômicos e políticos locais e regionais, bem como modificou as formas de consumo e a estruturação urbana nessas cidades” (SPOSITO et al, 2007, p. 55).

Neste sentido, o setor de hipermercados, assim como o médico-hospitalar, o ensino superior, incluindo o nível de pós graduação, a expansão da agricultura científica e do agronegócio e de serviços modernos de vários tipos são exemplos que ilustram esse processo.

TIPOLOGIA DE CIDADES: PONDERAÇÕES PARA O AMAZONAS

As regiões de influência das cidades é uma reformulação dos primeiros estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que classificavam os centros urbanos e posteriormente delimitavam suas áreas de atuação. Contudo, o atual estudo privilegia a função de gestão do território,

[...] aquela cidade onde se localizam, de um lado, os diversos órgãos do Estado e, de outro as sedes de empresas cujas decisões afetam direta ou indiretamente um dado espaço que passa a ficar sobe o controle da cidade através das empresas nela sediada (CORRÊA, 2005apud IBGE, 2008, p. 09).

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A hierarquia dos centros urbanos, identificando as áreas de influência a partir da intensidade das ligações entre as cidades teve como base dados secundários e dados obtidos por questionário específico da pesquisa. As cidades foram classificadas em cinco grandes níveis, por sua vez subdivididos em subníveis: 1) Metrópoles (Grande Metrópole Nacional, Metrópole Nacional, Metrópole); 2) Capital Regional (Capital Regional A, Capital Regional B, Capital Regional C); 3) Centro Subregional (Centro Subregional A, Centro Subregional B); 4) Centro de Zona (Centro de Zona A, Centro de zona B); 5) Centro Local.

O fato do Sudeste do país contar com maior número de metrópoles, capitais regionais e centros subregionais em relação às regiões Norte e Nordeste que apresentam distribuição truncada com ausência de níveis hierárquicos faz com que esses se apresentem de forma desigual no território.

No Amazonas a capital Manaus é classificada como metrópole (C), as cidades de Parintins e Tefé centros subregionais (B), Itacoatiara e Tabatinga centros de zona (A), e as demais cidades, como centros locais. A cidade de Manaus controla a rede urbana do estado e mantêm interação com Boa Vista (RR) caracterizada como capital regional (B). A hierarquia truncada no Amazonas saltando de uma metrópole (1C) para dois centros subregionais (B) revela o que poderia ser uma rede de cidades bastante deficitária.

O questionamento que se faz a partir da rede urbana do Amazonas proposta pelo IBGE por meio do trabalho Regiões de Influência das Cidades-2007 é se essa caracterização corresponde realmente à dinâmica intraurbana dessas cidades apresentada a partir de uma rede pulverizada.

Segundo Schor & Costa (2007) os critérios utilizados pelo IBGE ainda se mostram

insatisfatórios na capacidade de caracterizar a relação das cidades na rede, se faz necessário

outras definições históricas, econômicas, sociais e funcionais de maneira que estas

classificações não propiciem análises errôneas e/ou equivocadas a respeito do real papel que

exercem algumas cidades do Amazonas. Para se construir uma tipologia proposta para as

cidades da calha do rio Solimões-Amazonas/AM delimitou-se alguns arranjos institucionais

(dinâmica populacional, variáveis históricas, relações intra e interurbana, serviço e comércio,

tendências locacionais das atividades produtivas, arrecadação de impostos, insumos para a

cesta básica regionalizada, índice da construção civil, produtos extrativistas, movimentos

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sociais, ONGs e práticas religiosas, infraestrutura urbana, fluxo de transporte) que poderiam se analisados em conjunto, estabelecer uma hierarquia urbana para essas cidades.

Como resultado dos arranjos institucionais identificou-se na calha do rio Solimões-Amazonas/AM dois grupos distintos de cidades (médias e pequenas) e deles subgrupos (responsabilidade territorial, dinâmica econômica externa e dependente) no referente à construção de uma tipologia e hierarquização urbana, tem-se: Cidades Médias de Responsabilidade Territorial (Tabatinga, Tefé, Manacapuru, Itacoatiara, Parintins); Cidades Médias com Dinâmica Econômica Externa (Coari); Cidades Pequenas de Responsabilidade Territorial (Bejamin Constant, Fonte Boa); Cidades Pequenas com Dinâmica Econômica Externa (Iranduba, Codajás); Cidades Pequenas Dependentes (Amaturá, Alvarães, Santo Antônio do Iça, Uarini, Anori, Tonantins, Silves, Uricurituba, Anamã, Jutaí, Carreiro da Várzea, São Paulo de Olivença, Urucará).

Neste trabalho a cidade de Manaus não foi analisada de forma conjunta com as demais cidades da Calha, isso de deve ao fato desta possuir números superiores a qualquer outra cidade. Um exemplo é a rede de bancos, em Manaus no ano de 2007 existiam 77 agências bancárias e em Itacoatiara possuía apenas 4 agências (ALVES, 2007).

Analisando as cidades a partir de dados estatísticos primeiramente mencionados todas as 24 cidades estariam no mesmo nível na rede urbana, exceto a cidade de Manaus, contudo a exclusão desta revela maior dinâmica entre as cidades da Calha lideradas por Tabatinga, Tefé, Manacapuru, Itacoatiara e Parintins configurando uma rede urbana e uma classificação de cidades baseadas na importância que cada cidade desempenha na rede urbana a qual faz parte. Isso se deve a desmistificação da Amazônia como região carente, em todas as acepções da expressão, utilizando uma metodologia que valoriza também as especificidades locais e não somente a presença e ausência de equipamentos e serviços ou dados demográficos.

DAS “DROGAS DO SERTÃO” AOS SERVIÇOS DE SAÚDE: A PERIODIZAÇÃO DA REDE URBANA DA CIDADE DE ITACOATIARA

Na tentativa de se analisar espaço-temporalmente a Amazônia, Corrêa (1987)

estabelece uma periodização que trata da periodização espacial, a “reconstrução do tempo

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espacial, isto é, a colocação em evidência dos momentos diferenciados que caracterizam o processo de elaboração da organização espacial” (CORRÊA, 1987, p. 40).

A periodização da rede urbana da Amazônia (e aqui se dará enfoque para a cidade de Itacoatiara) é evidenciada a partir da diferenciação da organização espacial. Assim Corrêa (1987) classifica sete períodos da rede urbana: 1) a fundação de Belém; 2) os fortins, as aldeias missionárias e as drogas do sertão; 3) a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão;

4) a estagnação da vida urbana entre o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX; 5) a expansão do extrativismo da borracha; 6) a estagnação econômica após a crise da borracha (1920-1960) e; 7) o período atual iniciado em 1960.

A rede urbana da Amazônia, em especial do Amazonas, tem seu início com o comércio das “drogas do sertão”. A base desse comércio eram os fortins e aldeias missionários, onde a mão-de-obra indígena era utilizada para a coleta dessas especiarias na floresta. Esse comércio que se estende da metade do século XVII ao final da primeira metade do século XVIII, dá vez a outra fase econômica na Amazônia com a criação da Companhia do Grão-Pará e Maranhão, o que consolidará a rede urbana nessa região entre o período de 1750-1780.

O intuito da criação desta empresa monopolista era fortalecer os laços econômicos da Amazônia com o comércio mundial, para isso o Marquês de Pombal criou uma série de medidas, entre elas está a criação de uma hierarquia político-administrativa entre os núcleos de povoamento na Amazônia, liderada por Belém. No Amazonas a hierarquia se dá com a capital Barcelos, várias vilas, como Vila de Serpa (Itacoatiara), e numerosos povoados.

O comércio da borracha iniciado em 1850 vem revigorar a economia e a rede urbana

amazônica, que sofreram com a extinção em 1778 da Companhia Geral do Grão-Pará e

Maranhão. Nesse período, a então Vila de Serpa é elevada a categoria de cidade

tornando-se Itacoatiara. A cidade se moderniza graças aos investimentos propiciados pelo

desenvolvimento da economia do látex, se destacando pelo crescimento populacional e por

suas economias. Em Itacoatiara, segundo Oliveira (2007), um dos fatores dessa

modernização na cidade é a implantação de sua alfândega em 1872, criada para reforçar a

política de autonomia empregada pelo Amazonas a fim de sair da dependência do Pará,

tornando está um dos principais centros exportadores de borracha do estado, vinda dos mais

distantes seringais, especialmente do rio Madeira e região.

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No período de estagnação econômica decorrente do declínio da borracha a partir de 1920, algumas cidades na Amazônia, segundo Corrêa (1987) se destacam por apresentarem importante crescimento, apresentando certo dinamismo. Um dos exemplos que destaca são as cidades do médio Amazonas “revalorizadas a partir de 1935, aproximadamente, pela introdução e difusão, pelos japoneses, da cultura da juta praticada nas várzeas do Amazonas no trecho entre Manaus e Santarém” (CORRÊA, 1987, p. 55). Em Itacoatiara o cultivo da juta se inicia em 1950, uma década após as fábricas I. B. Sabbá & Cia, Chibly Abrahim &

Cia, Cooperativa Mista de Itacoatiara e Companhia Brasileira de Fiação e Tecelagem de Juta (Brasiljuta) passaram a funcionar, trabalhando tanto no processo de enfardamento da fibra em feixes quanto no seu beneficiamento em sacarias.

Em Itacoatiara a juta representou o fortalecimento de sua economia pós declínio da economia da borracha (OLIVEIRA, 2007). Deste modo, suas fábricas captavam a maior parte da produção de juta dos municípios circunvizinhos e o produto beneficiado era revendido para Manaus e Centro-Sul do país. Para rede urbana, o ciclo da juta consolidou a representatividade econômica da cidade em relação às demais de sua rede e dinamizou o intercambio comercial com a capital do estado.

O município de Itacoatiara no início da década de 1970 retoma o caminho do desenvolvimento, devido já nesse período a economia da juta dar sinais de declínio. A parceria entre o Estado, com os incentivos fiscais disponibilizados de Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), e capital privado promove a instalação das unidades industriais madeireiras, sendo a cidade eleita, posteriormente, pelo Estado, como novo pólo madeireiro na Amazônia. Nessa década de 1970 o município teve o maior crescimento demográfico, e em 1980 uma inversão populacional, possuindo a cidade mais habitante que o campo. Contudo, o final da década de 1980 e início de 1990, as atividades industriais madeireiras, implantadas no município na década de 1970, começam a declinar, e Oliveira (2007) destaca três fatores que contribuíram para esse processo: 1) a discussão acerca da Constituição de 1988, que ameaçava a manutenção da SUFRAMA; 2) a recessão da economia brasileira; 3) mudanças sofridas que permitiam a abertura do mercado nacional à concorrência externa no início da década de 1990.

Como reflexo da crise grandes empresas foram vendidas ou fecharam como a

Carolina Indústria e Comércio de Madeiras Tropicais S/A e a Gethal Amazonas S/A. Em

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1997 o município esboça possível sinal de mudança com a criação do Pólo Moveleiro, mas sem grande resposta o ano de 2000 marca o fim dessa economia.

Em 1995 em parceria entre o governo do estado e grupo mato-grossense André Maggi criou-se o Terminal Portuário Privativo Misto de Itacoatiara (TPPMI). O objetivo do terminal era a redução dos custos de transporte da soja do Mato Grosso, até então feito pelos portos de Paranaguá-PR ou Santos-SP. A soja sai da região da Chapada dos Parecis até o Terminal Graneleiro de Porto Velho-RO, daí é embarcada em balsas que fazem o percurso até Itacoatiara pela Hidrovia Madeira/Amazonas. A posição estratégica do Terminal de Itacoatiara possibilita maior facilidade de escoamento da produção da soja para os Estados Unidos e reduz o percurso para a África e Europa.

Para município de Itacoatiara o Terminal trouxe crescimento em diversos setores, a saber: 1) incentivos no agronegócio pelo Grupo André Maggi, por meio da empresa Agropecuária Jesuíta Ltda, mediante o arrendamento de terras em suas três fazendas no município, para o cultivo rotativo de arroz e soja, o beneficiamento é feito pela própria empresa e comercializado em Itacoatiara e Manaus; 2) os empregos diretos e indiretos produzidos pelas empresas que compõem o holding do Grupo André Maggi; 3) o alto volume de exportação, tendo as empresas Amaggi exportação importação Ltda, Bunge alimentos S/A e Agrícola e Pecuária Morro Azul Ltda exportado entre 1997 e 2005 mais de um bilhão e seiscentos milhões de dólares pelo Terminal; 4) a terceira posição de maior PIB do Amazonas, decorrente das receitas das exportações do Terminal (OLIVEIRA, 2007).

Atualmente, aliado ao Terminal Portuário Privativo Misto, a cidade se destaca como pólo na aquisição de serviços, como os de saúde. A cidade de Itacoatiara é nó representativo na rede urbana do Amazonas desde seu surgimento a partir do comércio das “drogas do sertão” até o presente momento com redes que ultrapassam os limites do estado e do país.

Tais redes ora fortalecem a economia da cidade, ora configuram Itacoatiara como centro de consumo de bens e serviços atendendo a si e as cidades que compreendem a sua rede urbana.

A cidade conta com o Hospital Geral José Mendes e seis Unidades Básicas de Saúde

que correspondem aos serviços públicos e quatro clínicas particulares e três laboratórios de

análises clínicas. O hospital é de média complexidade, ao todo dispõe de 22 Clínicos Gerais,

07 Cirurgiões (Gerais, Ortopédicos e Cardíacos), 06 Ginecobstetras, 04 Anestesiaologistas,

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03 Pediatras, 01 Ortopedista e 01 Buco Maxilo Facial. Além dos médicos possui 4 Enfermeiros, 44 Técnicos de Enfermagem, e especialistas nas áreas de Psicologia, Assistência Social, Fisioterapia, Nutrição, Radiologia, Bioquímica, Hemoterapia e Patologia Clínica.

As clínicas particulares surgiram a partir de 1992, sendo a mais recente implantada no ano de 2007. As quatro clínicas particulares ao todo contam com as seguintes especialidades:

Clínica Geral, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria, Ortopedia, Cardiologia, Neurologia, Dermatologia, Gastroenterologia, Otorrinolaringologia, Buco Maxilo Facial, Medicina Ocupacional, Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Nutrição. No referente ao apoio diagnóstico as clínicas dispõem de Exames Laboratoriais, Ultrassonografia Colorida, Dopperfluxograma Colorido, RaioX, Eletrocauterização, Eletrocardiograma, Eletroencefalograma, Endoscopia, Colposcopia, Laringoscopia, Audiometria, Mamografia.

Os serviços de saúde disponibilizados tanto do hospital quanto das clínicas particulares são exceção na maioria das cidades do Amazonas, presentes somente nas cidades de porte médio, como Itacoatiara. Deste modo, tal serviço atrai tanto médicos, vindos de outros países, quanto pacientes vindos de municípios próximos, inclusive de Manaus, configurando uma rede urbana baseado nos serviços de saúde

Em Itacoatiara, assim como outros municípios do Amazonas, o corpo médico é formado por médicos brasileiros e de países vizinhos. No hospital trabalham 13 médicos estrangeiros vindos do Peru, Bolívia e República Dominicana, sendo 07 naturalizados. Além da migração permanente, há também as pendulares, médicos vindos de Manaus que se deslocam semanalmente ou mensalmente para consultar na cidade.

Os pacientes, pela ausência ou maior rapidez no prazo de agendamento das consultas

de serviços mais especializados se deslocam pelo rio ou por estradas para se consultar são,

em sua maioria, dos municípios de Uricurituba, Silves, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã,

Maués, Autazes, Rio Preto da Eva, Manaus e Presidente Figueiredo. A cidade de Manaus,

apesar de ser uma metrópole, também está presente na rede de saúde devido algumas

especialidades, como a Buco Maxilo Facil, disponibilizada tanto no serviço público quanto no

particular ser mais curto o prazo entre o agendamento mais curto em Itacoatiara do que no

serviço público de Manaus.

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CONSIDERAÇÕES

A maior especialização dos serviços de saúde na cidade de Itacoatiara reafirma e fortalece junto com outros elementos histórico-geográficos, econômicos e culturais a importância desta na rede urbana do Amazonas estabelecendo papel de cidade média com responsabilidade junto a outras cidades que só pode ser percebido com estudos que valorizem nas suas análises uma relação mais próxima entre os fatores gerais e específicos. A análise, se valorizada, possibilita outra percepção sobre a rede urbana da Amazônia, em especial do Amazonas, sempre compreendida de forma modesta em relação ao cenário do sudeste brasileiro.

Há que se repensar em tipologias que expressem o real papel destas cidades para o Amazonas, pois especificamente, cidades como Itacoatiara, desempenharão papéis importantes na rede urbana local, que podem não ser evidenciados na tipologia proposta pelo IBGE.

REFERÊNCIAS

ALVES, Juliana Araújo. Tipificação da Rede Urbana na Calha do Solimões: Espaço urbano e serviços bancários de Manacapuru e Coari. Relatório de Pesquisa de Iniciação Cientifica. Manaus: Universidade Federal do Amazonas – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFAM-PIBIC/UFAM, 2007.

CORRÊA, Roberto Lobato. A Periodização da Rede Urbana na Amazônia. Revista Brasileira de Geografia. Rio de Janeiro, 1987, ano 49, n. 03.

ESTATÍSTICA, Instituto Brasileiro de Geografia e. Regiões de Influência das Cidades – 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.

OLIVEIRA, Claudemilson Nonato Santos de. Urbanização no Médio Amazonas: A importância de Itacoatiara (AM) como cidade intermediária. Dissertação de Mestrado.

Manaus: Universidade Federal do Amazonas – Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, 2007.

SCHOR, Tatiana; COSTA, Danielle Pereira da. Rede Urbana na Amazônia dos Grandes Rios: Uma Tipologia para as Cidades na Calha do Solimões-Amazonas-AM. Simpósio Nacional de Geografia Urbana, X, 2007. Anais. Florianópolis: [s.n.], 2007.

SPOSITO, Maria Encarnação; ELIAS, Denise; SOARES, Beatriz Ribeiro; MAIA, Doralice

Sátyro; GOMES, Edvânia Tôrres Aguiar. O estudo das cidades médias brasileiras: uma

proposta metodológica. IN: SPOSITO, Maria Encarnação (org.). Cidades Médias: Espaços

em Transição. São Paulo: Expressão Popular, 2007, p. 35-67.

Referências

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