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Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul vol.25 número2

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Academic year: 2018

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R. Psiquiatr. RS, 25'(2): 251-252, mai./ago. 2003 Editorial – A psiquiatria rumo

A acolhida obtida pela Revista de Psiquia-tria do Rio Grande do Sul em todo o Brasil foi muito gratificante para todos nós. Recebemos muitos cumprimentos por seu conteúdo. Gosta-ríamos de agradecer a todos que nos enviaram comentários e sugestões.

Chegamos ao segundo número do ano e cremos que nossa linha editorial, fruto do espí-rito de nossa Sociedade de Psiquiatria ao longo dos anos, representa fielmente o esforço inte-grativo de tantos colegas, tão necessário à nos-sa ciência. Nesnos-sa busca de aprimoramento, tivemos a participação de um dos membros de nosso Conselho Editorial, Antonio Marques da Rosa, no XI Curso de Editoração Científica, promovido em São Paulo pela Associação Bra-sileira de Editores Científicos (ABEC), entidade à qual nossa revista é filiada. A respeito, veja o Editorial a convite.

O espírito humano, tanto em sua criativida-de como na patologia, está envolto em grancriativida-de complexidade de causas e influências diretas, causais e associadas. Nosso conhecimento psi-quiátrico não pode desconhecer as diversas facetas biológicas, psicológicas, sociais e cul-turais, envolvidas nas produções do psiquismo humano. Sabemos que é necessário aprofun-dar nossos conhecimentos em campos que, pela sua natureza complexa, exigem que a pes-quisa estabeleça um reducionismo a serviço de uma melhor compreensão dos fenômenos,

ain-A Psiquiatria rumo à integração e ao

reconhecimento da complexidade

da que parcialmente.

Desse modo temos, por um lado, o apro-fundamento da bioquímica e fisiologia cerebral, por outro as concepções psicanalíticas, com modelos explicativos frutos de cuidadosa ob-servação e inferência, perpassados por refle-xões sociológicas e filosóficas sobre o agir e o padecer humano. O espectro é muito amplo. A linguagem equívoca e hermética, em muitos casos, excluindo os iniciados, dificulta a obten-ção do conhecimento em áreas para além da sua.

No entanto, se como cientistas é nosso compromisso aprofundar o conhecimento nas áreas que de antemão sabemos ser apenas um pequeno recorte da realidade, como psiquia-tras clínicos, temos o dever de conhecer mais amplamente o que é produzido cientificamente em nossa área. Essa meta ideal talvez seja impossível de atingir. Entretanto, para nós, edi-tores e membros de uma Sociedade de Psiquia-tras, resta a incumbência de criar espaços insti-tucionais em que a divulgação e o debate de idéias, por vezes tão díspares, possam ter seu lugar e vez, resultando daí um acercamento daquele ideal. Felizmente, parece estar inician-do na comunidade científica um períoinician-do de aproximações dos saberes e tentativas de sín-tese entre os diversos campos do conhecimen-to psiquiátrico.

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Editorial – A psiquiatria rumo

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R. Psiquiatr. RS, 25'(2): 251-252, mai./ago. 2003 te número a versão para o português do artigo

Repensando a ação terapêutica de Glen O. Gabbard e Drew Westen, gentilmente enviado em primeira mão por seus autores e com os direitos de publicação da tradução cedidos pelo International Journal of Psychoanalysis. O arti-go vem ao encontro de nossa linha editorial, que visa à integração das diversas áreas do conhecimento psiquiátrico. Nele, os autores re-fletem sobre a necessidade de reavaliar os mo-delos de ação terapêutica da psicanálise e psi-coterapia, integrando e contextualizando os conhecimentos provenientes da fisiologia cere-bral e das ciências cognitivas.

Seguimos com o artigo de Richard Lucas, Managing depression – analytic, antidepres-sants or both? O autor procura compreender, de modo atualizado, as funções dos antide-pressivos e da psicoterapia (psicanálise) no manejo da depressão.

A criatividade, em suas formas cotidianas e variadas, é o fenômeno que os autores Flávio Shansis, Marcelo Pio de Almeida Fleck, Ruth Fichards, Dennis Kinney, Ivan Izquierdo, Betti-na Mattevi, Gabriel MaldoBetti-nado e Marcelo Ber-lim procuram detectar e medir através do artigo Desenvolvimento da versão para Português das Escalas de criatividade ao Longo da Vida.

A supervisão psicanalítica é o tema abor-dado por Jacó Zaslavsky em seu artigo A su-pervisão psicanalítica: revisão e tentativa de sistematização. A supervisão tem sido, ao lon-go dos anos, importante método de ensino da psicoterapia. A sistematização desse método é oportuna, à medida que muito se evoluiu na técnica psicoterápica e psicanalítica, não po-dendo o ensino ficar excluído desses novos conhecimentos e técnicas.

O tema da adesão ao tratamento é sempre importante em nossa ciência. Detectar que fa-tores influenciam positivamente e negativamen-te o processo de adesão é de fundamental im-portância para nossa prática. Assim, o artigo de José Menna Oliveira e colaboradores, Adesão ao tratamento e hospitalizações entre pacien-tes que realizam aplicações de Flufenazina De-pot, ajuda-nos a compreender alguns desses fatores.

Sob a denominação de observação do tra-tamento, o tema da adesão ao tratamento tam-bém é trazido a nós por Dóris Vasconcellos e colaboradoras, no artigo Condições psicológi-cas para a observação das terapias antiretrovi-rais altamente ativas. Sob o enfoque da pesqui-sa qualitativa, as autoras demonstram a influência decisiva do estabelecimento de um vínculo positivo, inclusive da importância da

relação médico-paciente, como fator de adesão ao tratamento.

O paradigma do Pensamento Complexo (ou da complexidade) é trazido para a psiquiatria através do artigo de Ercy José Soar Filho, Psi-quiatria e pensamento complexo. Esse atual paradigma, que tem ampliado a noção de ciên-cia e observação, traz sua contribuição ao lan-çar luz sobre a multicausalidade e influências recursivas que se encontram presentes na no-sologia psiquiátrica.

A eletroconvulsoterapia é um tema carre-gado de preconceitos, cuja discussão, com fre-qüência, mostra a emoção sobrepujando a ra-zão. No artigo de Juliana Perizzolo e colabora-dores, Eletroconvulsoterapia: revisão de alguns aspectos relacionados com a sua prática, o conhecimento técnico atualizado sobre o tema é trazido à baila de modo claro e objetivo.

As repercussões do fechamento de hospi-tais públicos é lembrado através do artigo de Renata Brasil e colaboradores, Repercussões do fechamento da Unidade de Desintoxicação do Hospital Psiquiátrico São Pedro. O tema é atual e importante nesse momento em que pas-samos pela reforma psiquiátrica, trazendo mais elementos para que possamos embasar nossas atitudes e posturas, visando à melhoria do sis-tema de saúde mental em nosso país.

Sentimo-nos muito satisfeitos pela reper-cussão do artigo de Eric Kandel, que mobilizou em nossos leitores um estimulante debate o qual esperamos prossiga com outros artigos. São essas reflexões que a seção de Cartas aos Editores está destacando.

Nosso desejo é que a Revista de Psiquia-tria seja, cada vez mais, uma fonte de conheci-mento e reflexão ativa entre seus leitores, tor-nando-se também um veículo de intenso debate e atualização. Pensamos ter atingido esse ob-jetivo no atual número e fazemos votos de que os leitores se sintam estimulados a expressar suas idéias em nossa revista, tanto com cartas como com artigos.

Finalmente, gostaríamos de destacar a par-ticipação do Dr. Júlio Chachamovich, que subs-tituiu temporariamente as funções de nosso edi-tor, Dr. Jacó Zaslavsky, bem como de todo o conselho editorial, que tornou possível manter a qualidade desse número.

Esperamos que os leitores façam uma boa leitura e que este número seja do agrado de todos.

César Luís de Souza Brito Jacó Zaslavsky Júlio Chachamovich

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