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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES

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Academic year: 2021

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SEMENTES

Dissertação

TUNGUE COMO ALTERNATIVA DE RENDA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

DIRLEI FRANCISCO BERTOCCHI

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TUNGUE COMO ALTERNATIVA DE RENDA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

APROVADA: Dezembro de 2011

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob orientação do Engº Agrº Dr. Geri Eduardo Meneghello, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, para obtenção do Título de Mestre Profissional em Ciências.

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Dados de catalogação na fonte:

( Marlene Cravo Castillo – CRB‐10/744      )

                              B545t  Bertocchi, Dirlei Francisco 

 Tungue  como  alternativa  de  renda  e  preservação  ambiental    /  Dirlei  Francisco  Bertocchi  ;  orientador  Geri  Eduardo  Meneghello  ‐  Pelotas,2012.‐58f.  ;  il..‐Dissertação  (Mestrado  )  –Programa  de  Pós‐Graduação  em    Ciência  e  Tecnologia  de  Sementes.  Faculdade  de  Agronomia  Eliseu  Maciel . Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2012. 

 

    1.Eleurites  fordii  2.Viabilidade  econômica  3.Agricultura  familiar    I.Meneghello,  Geri  Eduardo(orientador)   II.Título. 

 

CDD 631.21 

B545t Bertocchi, Dirlei Francisco

Tungue como alternativa de renda e preservação ambiental / Dirlei Francisco Bertocchi ; orientador Geri Eduardo Meneghello - Pelotas,2012.-58f. ; il..-Dissertação (Mestrado ) –Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel . Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2012.

1.Eleurites fordii 2.Viabilidade econômica 3.Agricultura familiar I.Meneghello, Geri Eduardo(orientador) II.Título.

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BANCA EXAMINADORA:

Engº Agrº Dr. Geri Eduardo Meneghello Prof. Dr. Luis Osmar Braga Schuch Prof. Dr. Edgar Ricardo Schöffel Prof. Dr. Volnei Krause Kohls

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Dedico este a meus pais Pedro e Deonilia Bertocchi, pela vida que me proporcionaram.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família e meus irmãos pelo apoio.

Agradeço aos meus Filhos, Michele e Leandro Bertocchi pela energia positiva que me transmitiam.

Ao Filippin, Dorigon e Fernando pela amizade, companhia e lealdade. Ao Engenheiro Agrônomo Geri Eduardo Meneghello, pelo ensinamento, pela compreensão e sabedoria na condução do processo de orientação.

Agradeço ao proprietário da Indústria de Óleos Varela Ltda, Antonio Rigo, pela recepção e pela contribuição nas informações disponibilizadas.

Meu agradecimento a todos professores do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes da UFPel que muito agregaram em meu conhecimento.

Ao professor Silmar Teichert Peske pela sabedoria e garra com que conduz o programa de mestrado profissional e pelo atendimento as necessidades de forma rápida e precisa.

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LISTA DE FIGURAS

Página Figura 1 - Mapa das SDRs do Estado de Santa Catarina ... 05 Figura 2 - Eleurites fordii (tungue): Árvore com frutos. ... 13 Figura 3 – Dias até a emergência de plântulas de tungue (Eleurites fordii). .... 13 Figura 4 – Escarificação de sementes de tungue (Eleurites fordii) ... 14

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LISTA DE TABELAS

Página Tabela 01 - Dados dos municípios que compõem a SDR de São Miguel do

Oeste. ... 05

Tabela 02 – Anos em que os Municípios da SRD de SMO decretaram de situação de emergência... .... 06

Tabela 03 - Rendimento médio de biodiesel em hectare de tungue sem adubação ... 19

Tabela 04 - Levantamento patrimonial, considerado investimento ... 26

Tabela 05 - Custo de implantação de um hectare de tungue e manutenção por um ano ... 27

Tabela 06 - Custos com limpeza e manutenção do segundo ao quinto ano ... 27

Tabela 07 - Custos anuais, sexto ao trigésimo ano de um hectare de tungue ... 28

Tabela 08 - Receitas projetadas para a cultura do tungue sem adubação ... 29

Tabela 09 - Receita líquida com a cultura da melancia ... 29

Tabela 10 - Fluxo de caixa do primeiro ao décimo ano ... 30

Tabela 11 - Fluxo de caixa do décimo primeiro ao vigésimo ano de cultivo ... 30

Tabela 12 - Fluxo de caixa do vigésimo primeiro ao trigésimo ano de cultivo ... 30

Tabela 13 - Análise de sensibilidade ... 31

Tabela 14 - Indicadores de viabilidade econômica da cultura ... 31

Tabela 15 – Custos com limpeza e manutenção do segundo ao quinto ano ... 32

Tabela 16 - Custos anual de manutenção, do 6º ano ao 30º ano de 1 há de tungue ... 33

Tabela 17 - Receita obtida com a venda da produção de tungue em uma área de um hectare ... 34

Tabela 18 - Receita líquida com a venda da produção de melancia em um hectare ... 34

Tabela 19 - Fluxo de caixa nos primeiros dez anos de atividade ... 35

Tabela 20 – Fluxo de caixa entre o décimo primeiro e vigésimo ano da atividade ... 35

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Tabela 21 - Fluxo de caixa entre o vigésimo primeiro e trigésimo ano da atividade ... 35 Tabela 22 - Análise de sensibilidade econômica do cultivo de tungue ... 36 Tabela 23 - Indicadores de viabilidade da cultura do tungue ... 36 Tabela 24 - Fluxo de caixa comparativo entre as culturas do tungue e do

milho ... 38 Tabela 25 - Indicadores de viabilidade comparativo entre as culturas do

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SUMÁRIO Página BANCA EXAMINADORA... ii DEDICATÓRIA... iii AGRADECIMENTOS... iv LISTA DE FIGURAS ... v LISTA DE TABELAS ... vi RESUMO... x ABSTRACT... xi 1 – INTRODUÇÃO ... ... 01 2 – ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA ... ... 04 2.1 - Caracterização regional ... ... 04

2.1.1 - Decretos de emergência por seca na SDR ... ... 06

2.1.2 - Colonização do Extremo Oeste ... 07

2.2 - Desenvolvimento sustentável ... 07

2.2.1- Conceito de desenvolvimento sustentável ... 07

2.3 - O Agronegócio e agricultura familiar ... 08

2.3.1 - Agronegócio e o ambiente ... 08

2.3.2 - Conceito de agronegócio ... 08

2.3.3 - A agricultura familiar... 08

2.4 – Revisão bibliográfica ... 10

2.4.1 - História do tungue ... 10

2.4.2 - Chegada do tungue na América ... 11

2.4.3 - Aspectos botânicos ... 11

2.4.4 - Germinação das sementes ... 12

2.4.5 - Cuidados com o desenvolvimento das plântulas ... 14

2.4.6 - Inicio da produção comercial ... 15

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2.4.8 - Como é feita a colheita ... 15

2.4.9 - Quanto um trabalhador colhe de fruto por dia ... 15

2.4.10 - Percentual de óleo ... 15

2.4.11 - Subprodutos do tungue ... 16

2.4.12 - Aplicação do óleo ... 16

2.4.13 - A produção mundial do óleo de tungue ... 17

2.5 - O tungue como forma de preservação ambiental ... 17

2.6 - Biodiesel ... 18

2.6.1 - O mercado do biodiesel no Brasil ... 18

2.7 - Melancia ... 20

2.7.1 - Produtividade e custo de produção ... 20

2.7.2 - Preço de venda da melancia ... 20

2.8 - Milho... 20

2.8.1 - Produtividade e custo de produção do milho ... 20

2.8.2 - Preço de mercado do milho ... 21

3 - MATERIAL E MÉTODOS ... 22

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 25

4.1 - Viabilidade econômica na produção de tungue ... 25

4.2 - Seção I – Análise sem adubação ... 26

4.3 - Seção II – Análise com adubação ... 32

4.4 - Seção III – Comparação do tungue com milho ... 37

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 40

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TUNGUE COMO ALTERNATIVA DE RENDA E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Autor: Dirlei Francisco Bertocchi Orientador: Geri Eduardo Meneghello

RESUMO: As pequenas propriedades do Extremo Oeste Catarinense precisam

buscar alternativas de renda e melhorias nas condições ambientais a que se encontram suas propriedades, sob pena de não ter sucessão familiar, haja visto o risco que a atividade representa associada a degradação ambiental a que se encontram, constituindo-se em um negócio com muitas incertezas. A vulnerabilidade a que estão submetidos os agricultores familiares tem uma relação direta com o tamanho das propriedades, o relevo bastante acidentado e o modelo agrícola adotado, que se sustenta em culturas anuais muito suscetíveis aos fenômenos climáticos. O presente estudo teve por objetivo, analisar o tungue (Eleurites fordii) como alternativa de renda e preservação ambiental para a agricultura familiar. No presente estudo, analisou-se a viabilidade econômica da cultura com e sem uso de tecnologias, consorciada com a cultura da melancia nos primeiros 5 anos, por fim, fez-se uma comparação do rendimento líquido do tungue sem considerar a participação da cultura da melancia, comparando-se por igual período com o rendimento líquido da cultura do milho. Percebeu-se que no período de analise, enquanto que no milho para cada unidade investida retorna apenas 0,48, no tungue para cada unidade investida retorna 2,79.

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TUNG AS ALTERNATIVE INCOME AND ENVIRONMENTAL PRESERVATION

Author: Dirlei Francisco Bertocchi Adviser: Geri Eduardo Meneghello

ABSTRACT: Small farms in the Far West Catarinense need to seek alternative

sources of income and improvements in environmental conditions to which they are their property, otherwise not have family succession, since there is the risk that the activity is associated with environmental degradation to which they are, constituting in a business with many uncertainties. The vulnerability they face family farmers has a direct relation to the size of the farms, very rugged topography and agricultural model adopted, which relies on annual crops very susceptible to climatic phenomena. This study aimed to analyze the tung (Eleurites fordii) as an alternative income and environmental protection for family farms. In the present study, we analyzed the economic viability of the culture with and without the use of technologies, intercropped with watermelon crop in the first five years, finally made a comparison of net income without considering the tung culture of participation watermelon, compared to a similar period with net income of corn. It was felt that the consultation period, while the corn for each unit invested returns only 0.48, in Tung returns for each unit invested 2.79.

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1. INTRODUÇÃO

No limiar do fim da era do petróleo, a humanidade se vê diante de um grande desafio, equacionar a necessidade crescente por comida e energia, com desenvolvimento sustentável, redução das desigualdades sociais e a fome que ainda assolam uma parcela significativa da população global. Como sobrepor interesses da coletividade como, qualidade de vida, um meio ambiente equilibrado para toda a população, quando isso afeta diretamente os interesses mercantilistas de mega empresas transnacionais arraigadas nos principais países do globo?

Em 2011 o Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne na Suíça, publicou um estudo que revela o poder econômico mundial, onde 1.318 grandes empresas globais, em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações. Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo. Esse poder que as empresas exercem sobre as economias globais criam tensões e dificultam ações que visem o desenvolvimento sustentável, especialmente quando o maior interesse da empresa é o lucro (ETH – LAUSANE, 2011).

Diariamente os meios de comunicação social divulgam recortes dos estudos desenvolvidos pela comunidade científica, através do IPCC, (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) Universidades, bem como outras organizações dedicadas a estudos que relacionam a ação antropogênica com as mudanças climáticas que afetam e ou afetarão a vida no planeta.

Percebe-se grandes dificuldades na sensibilização das principais economias do mundo para a necessidade de reduzir o consumo dos recursos naturais não renováveis, especialmente no setor energético, responsável por grande parte das emissões de CO2 na atmosfera. Diante disso Nobre (2009),

salienta que estamos diante de dois obstáculos, a inércia política e também inércia física. A inércia política ocorre quando possuímos as informações que dão conta da gravidade dos fatos relacionados às mudanças climáticas pela ação do homem e os principais países emissores se recusam a assumir os compromissos de redução dos gases de efeito estufa. Se a inércia política parece ser intransponível, a inércia física não tem como resolver. O gás carbônico tem um

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período médio de residência de 140 a 150 anos, é o tempo que se gasta em média para eliminar cada molécula de CO2 a partir do momento de sua emissão.

Esta é a primeira inércia física, os gases que estão na atmosfera continuarão cumulativamente influenciando no clima por séculos. Por isso não da mais para retroceder (NOBRE 2009).

A massa do oceano nos leva a segunda inércia física. O oceano é muito denso e com enorme capacidade de armazenar calor (medida pela propriedade física chamada calor específico). A física demonstra que a substância com maior calor específico é a água. Este calor específico é o parâmetro que indica quanta energia é preciso despender para que se altere a temperatura de uma substância. Portanto, a água é a substância natural que, mais que qualquer outra, exige altas quantidades de energia para mudar um único grau de sua temperatura (NOBRE, 2009).

Ainda conforme Nobre (2009), uma explicação simplificada, todo o gás carbônico que a humanidade emitiu em excesso desde o início da Revolução industrial, significa um fluxo de radiação térmica desde a atmosfera em direção a superfície, equivalente a 2 watts por metro quadrado (m²). Calcula-se que a luz e o calor desses 2 watts por m² de superfície, somente se fará sentir no fundo do oceano após 600 anos. E mais de mil anos são necessários para todo o oceano estar em equilíbrio com esse calor. Se a humanidade parar todas as suas atividades hoje, o oceano continuará se ajustando termicamente por mais 600 anos e o nível do mar subirá por mais mil anos.

Os problemas ambientais provocados pela ação antropogênica precisam ser melhor difundidos para que as pessoas tomem ciência da gravidade dos fatos, pois os atuais níveis de consumo da humanidade excedem a capacidade de suporte do planeta e cada cidadão deverá fazer sua parte nas mudanças inevitáveis que precisam ser feitas para mitigar os impactos das mudanças climáticas previstas para um futuro pouco distante.

As considerações feitas acima onde dão conta de problemas climáticos, tem sua importância à medida que se faz uma relação com a proposta aqui apresentada. A planta de tungue também tem a capacidade de capturar carbono e ainda, reduzir as emissões de CO2 na queima do biocombustível oriunda deste processo.

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Com o atual conhecimento da humanidade percebe-se na agricultura a possibilidade de atender uma fatia significativa da energia que se consome, a exemplo da iniciativa brasileira com o Proálcool e mais recentemente com o programa nacional de biodiesel. Estas duas iniciativas mostram para o mundo a importância da agricultura não apenas como produtora de alimentos, mas também como produtora de energia renovável, com possibilidades reais de contribuir com a redução das emissões dos gases de efeito estufa e ainda incluir nesse grande mercado a agricultura, fazendo um papel inverso do observado hoje, ao invés de concentrar a renda nas mãos de grandes corporações, é possível distribuí-la e melhorar a qualidade de vida das pessoas envolvidas na cadeia produtiva e ainda provocar externalidades positivas.

No Extremo Oeste Catarinense, a agricultura familiar precisa encontrar alternativas que possam superar as dificuldades com a topografia de solos muito acidentados bem como as sucessivas estiagens que assolam a região comprometendo as safras das culturas anuais, muito suscetíveis a este problema. No presente estudo buscaram-se respostas ao seguinte problema: Existe viabilidade na produção de tungue para região da Secretaria de Desenvolvimento Regional de São Miguel do Oeste?

O tungue apresenta bons indicadores e poderá ser uma alternativa para o Extremo Oeste, tendo em vista a adaptação desta planta em regiões próximas como a Serra Gaúcha no Rio Grande do Sul e San Pedro na Argentina, ambos os locais com relatos de boa produtividade, rusticidade e resistência as adversidades do clima. É oportuno destacar que pouco trabalho de pesquisa é encontrado com esta planta, no entanto, esse trabalho visa contribuir para mostrar a viabilidade econômica desta espécie ao se comparar com outras culturas anuais tradicionalmente cultivadas pela agricultura familiar da região estudada.

O presente estudo teve como objetivo, analisar o tungue como alternativa de renda para agricultura familiar e um mecanismo de preservação ambiental.

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2 – ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA 2.1 - Caracterização regional

O Extremo Oeste de Santa Catarina localiza-se em uma estreita faixa de terra entre a Republica da Argentina, os Estado do Paraná e Rio Grande do Sul. Neste espaço territorial foi criado pelo governo do estado três Secretarias de Desenvolvimento Regional. O processo de criação das secretarias regionais em Santa Catarina teve início em 2003 e aconteceu na seguinte ordem: a primeira foi criada na região de São Miguel do Oeste, em sua criação ela foi sediada nesta cidade e acolhia 19 municípios. Hoje Santa Catarina possui 36 Secretarias de desenvolvimento regional, a SDR de são Miguel do Oeste foi dividida em três secretarias, sendo a 30ª Secretaria a ser formada foi em 2005 com sede em Dionísio Cerqueira e em 2007 31º SDR criada com sede Itapiranga.

As SDRs (Secretaria de Desenvolvimento Regional) é um modelo de gestão adotado pelo governo do Estado que descentraliza o governo, onde as decisões bem como as ações são tomadas e implementadas nas regiões, próximo das pessoas que vivem naquele espaço territorial. Cada secretaria possui secretário de estado e uma equipe de assessores para desenvolvimento da atividades inerentes a cada secretaria de estado. A localização de cada uma das secretarias pode ser vista no mapa de Santa Catarina representada na figura 1.

A SDR de São Miguel do Oeste, alvo do presente estudo, reúne os Municípios de São Miguel do Oeste, Paraíso, Guaraciaba, Bandeirante, Barra Bonita, Descanso e Belmonte. Segundo IBGE (2010), estes Municípios possuem uma área territorial pequena, sendo que o maior município em área territorial é Guaraciaba com 33.064,7 hectares. O que possui a maior percentual da população no meio rural é Barra Bonita, com 85,1%, sendo este também o município que tem o maior percentual de ocupação da terra com plantio de lavouras temporárias, chegando a 30%. A soma da população residente nestes municípios é de 66.937 habitantes, conforme pode ser visto na tabela 1.

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Figura 1 - Mapa das SDRs do Estado de Santa Catarina. Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina, 2011.

Tabela 1 - Dados dos municípios que compõem a SDR de São Miguel do Oeste. Cidades Área Total

(ha) População (habitantes) População Rural (%) Milho (%) Soja (%) Lavoura temporária (%) S. Miguel do Oeste 23.439,9 36.306 11,7 2.300 1.400 16 Guaraciaba 33.064,7 10.498 53,1 4.950 2.400 22 Descanso 28.556,5 8.634 50,2 6.850 1.200 28 Paraíso 17.860,8 4.080 64,4 3.250 250 20 Bandeirante, 14.625,6 2.906 68,0 2.100 200 16 Belmonte 9.360,7 2.635 51,7 1.680 800 26 Barra Bonita 9.347,1 1.878 85,1 2.500 300 30 Fonte: Adaptado de IBGE 2010

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2.1.1 - Decretos de emergência por seca na SDR

Conforme a DEFESA CIVIL DE SC (2011) os sete município que compõe a SDR de São Miguel do Oeste, nos últimos 10 anos decretaram situação de emergência por conta de estiagem entre cinco e seis vezes como pode ser observado na tabela 2. O fenômeno climático se repetiu sistematicamente ao longo dos dez anos. Já os períodos do ano que ocorrem à estiagem coincidem com os períodos mais críticos das culturas anuais, momento em que a falta de água implica em consideráveis perdas econômicas no meio rural.

Tabela 2 – Anos em que os Municípios da SRD de SMO decretaram de situação de emergência.

MUNICÍPIO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total

BANDEIRANTE Enxurra Decreto Seca Enxurra Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. 5

BARRA BONITA Sem ocor. Decreto Seca Granizo Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. 5

BELMONTE Sem ocor. Decreto Seca Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. 5

DESCANSO Sem ocor. Decreto Seca Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. 6

GUARACIABA Sem ocor. Decreto Seca desempre Decreto Seca Decreto Seca Decreto Seca vendaval Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. 6

PARAÍSO Sem ocor. Decreto Seca Enxurra Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. 5

S. MIGUEL DO OESTE Sem ocor. Decreto Seca Granizo Decreto Seca Decreto Seca Sem ocor. Sem ocor. Decreto Seca Decreto Seca Enxurada 5 Fonte: Adaptado da Defesa Civil de Santa Catarina (2011)

A estiagem aparece com um dos mais freqüentes fenômenos climáticos ao passo que geram desconforto e prejuízos econômicos as cadeias produtivas dos cereais, também representam oportunidades de estudos mais aprofundados a fim de identificar outras potencialidades de cultivo na região menos suscetíveis as estiagens, bem como, a introdução de atividades que proporcionem maior densidade econômica com riscos minimizados para o agricultor.

Investimento em pesquisas para uma convivência menos traumática entre agricultores as intempéries, deveria ser o papel do poder público, das empresas de pesquisa e das universidades, com isso apontar caminhos que equacionem a distribuição de água ao longo do período, pois na região da SDR de São Miguel do Oeste tem uma precipitação pluvial superior a 1800 mm por ano. Com isso é possível concluir que a seca ou a má distribuição das chuvas, é possível ser resolvida com políticas publicas de incentivo ao armazenamento de água para posterior utilização.

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2.1.2 - Colonização do Extremo Oeste

Segundo relatos de Alves e Mattei (2006), a região Extremo Oeste de Santa Catarina foi colonizada por volta de 1940. Este espaço territorial foi a última de Santa Catarina a ser colonizada. A extração da madeira foi à primeira atividade econômica a dar impulso ao deslocamento populacional para esta área, os migrantes provindos principalmente do Rio Grande do Sul, basicamente eram descendentes de italianos, alemães e poloneses, ou seja, segunda ou terceiras gerações de emigrantes europeus.

Existia um padrão tradicional de comportamento migratório nas populações colonizadoras do Oeste. Segundo este padrão, cada filho dos agricultores normalmente receberia ou compraria um lote de terra de tamanho proporcional (lote de terra de tamanho parecido com o da família) ao que a família possuía. Salientam que este padrão migratório foi apontado como uma das principais razões da colonização do Oeste Catarinense (ALVES E MATTEI, 2006).

Relatam ainda os autores que desde o princípio de sua colonização a região Oeste de Santa Catarina apresenta a peculiar característica de que suas terras foram colonizadas segundo um modelo minifundiário de estrutura agrária, a que conhecemos hoje como agricultura familiar. A produção agropecuária da região se baseou em culturas diversificadas, como o cultivo de produtos básicos (milho, soja, arroz, feijão) e a criação de animais de serviço e de consumo, como suínos, bovinos de corte e leite e aves. A existência dessa estrutura agrária minifundista, que em pouco tempo se tornou o centro dinâmico da economia da região, possibilitou a implantação e o desenvolvimento das agroindústrias catarinenses na década seguinte, que cresceram baseadas no sistema de integração agroindustrial.

2.2 - Desenvolvimento sustentável

2.2.1 - Conceito de desenvolvimento sustentável

Conforme a WWF (Fundo Mundial da Natureza), a definição mais aceita para o termo desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as

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necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

Segundo essa mesma organização, essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.

Sepúlveda (2005), quando aborda desenvolvimento, argumenta que qualquer atividade que se promova deve adaptar-se a um conjunto de parâmetros que assegurem o manejo racional e integral do estoque de recursos naturais e do meio ambiente.

2.3 - O agronegócio e agricultura familiar 2.3.1 - Agronegócio e o ambiente

Os meios de produção que envolvem a agropecuária impactam diretamente nas questões ambientais. A produção primária não pode ignorar os conceitos de desenvolvimento sustentável, suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.

2.3.2 - Conceito de agronegócio

Lourenço e Lima (apud DAVIS E GOLDBERG 1957) conceituam o agronegócio da seguinte forma:

“[...] soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção na fazenda; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles'. Este conceito procura abarcar todos os vínculos intersetoriais do setor agrícola, deslocando o centro de análise de dentro para fora da fazenda, substituindo a análise parcial dos estudos sobre economia agrícola pela análise sistêmica da agricultura”.

2.3.3 - A agricultura familiar

A agricultura familiar e agronegócio no Brasil constantemente têm gerado discussões profundas, bem como disputas por espaço e reconhecimento, especialmente dentre os movimentos sociais e a chamada bancada ruralista do

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congresso nacional. Percebe-se, no entanto, ao analisar a etimologia das palavras que definem o “agronegócio”, termo que gera tanta polêmica tem significados simples e sem controvérsias. Como podemos ver na citação do dicionário Priberam da língua Portuguesa no que diz respeito a “agro” do Grego é agros = campo cultivado ou cultivável. Já no latim “agro” significa Acre, acerbo, azedo, difícil, penoso. Quanto a palavra “negócio” a etiologia das palavras em latim significa Negotium, formado por Nec = “não” mais Otium = “descanso, ócio”. Logo pode-se perceber que a palavra negócio tem a ver com ocupação, com o não estar na ociosidade.

Juntando as palavras: agro + negócio quer dizer: Negócio árduo do meio rural, algo inerente ao chamado agronegócio e também a agricultura familiar, sendo assim, não se percebe razão para preconceitos em relação a palavra “agronegócio”.

A Lei 11.326, de 24 de julho de 2006, define o agricultor familiar como sendo: o empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo.

Alguns novos conceitos começam a aparecer conforme pode ser visto na obra de Guilhot et al, (2006, p.6): Ao abordar o tema agricultura familiar, além de destacar a importância econômica e social desta categoria, também classifica esta como sendo o agronegócio familiar. Nas conclusões a que chegaram em seus estudos, dão conta de que o segmento familiar da agricultura brasileira, ainda que muito heterogêneo, responde por expressiva parcela da produção agropecuária e do produto gerado pelo agronegócio brasileiro, devido ao seu inter-relacionamento com importantes segmentos da economia.

Os mesmos autores argumentam ainda que ao longo do período de análise, entre 1995 a 2005, o segmento familiar do agronegócio brasileiro

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respondeu por cerca de 10% do PIB brasileiro, parcela bastante expressiva, considerando que a participação do agronegócio situa-se ao redor de 30% do PIB da economia brasileira. Enquanto o PIB do Brasil teve um crescimento acumulado de quase 24% atingindo ao redor de 1,9 trilhões de reais em 2005, a evolução do agronegócio familiar foi inferior, com um aumento de pouco mais de 15%.

2.4 – Revisão bibliográfica 2.4.1 - História do tungue

Para Neto (2008) são vários os nomes da planta (Aleurites fordii), sendo eles: tungue e nogueira de óleo, em português. A Aleurites moluccana é conhecida por nogueira-do-iquape, nogueira-da-praia, ou nogueira-de-Sta. Catarina. Bancoulier dos Franceses ou noz-da- molucas. A Aleurites fordii é tung-oil-tree dos Ingleses. A Aleurites cordata é cognominada abrasin do Japão, aleurites do Japão. A Aleurites trisperma é a balacanoa, de huile de bois de chine, na França. Na Alemanha-chinezis ches tungol. Em Italiano-Óleo di legno di China. Os Americanos do norte-Chineses tung oil ou Chino-wood-oil.

Diz ainda que O primeiro a citar o óleo de planta arbórea empregado pelos chineses no calafeto dos barcos foi Marco Polo no século XIII. A primeira descrição de Aleurites montanha foi feita por Loureiro, missionário português, em 1790.

A nogueira-de-iguape, foi descrita pelo Botânico Wildenow, em 1805. Hemley assinalou, em 1906 a distribuição entre a Aleurites cordata do Japão e a Aleurites fordii da china. Em 1913 Wilson diferenciou a espécie Aleurites fordii da Aleurites montana que recebeu o nome vermicia montana de loureiro. (NETO 2008).

Conforme Cooperbio (2011), o Tungue (Aleurites fordii) é uma planta originária da Ásia, cultivada em grande quantidade na China. Hoje em dia é cultivada na América do Sul, na África e nos Estados Unidos. Na Argentina, seu cultivo começou por volta do ano de 1928. Segundo os relatos foi trazido por um sacerdote que se instalou na região do Alto Paraná. No Brasil é encontrado no Estado do RS, nos municípios da Serra Gaúcha, principalmente em Fagundes Varela e Veranópolis. No Paraguai, haviam plantações comerciais que, após o

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fomento do governo, estas plantas foram substituídas pela soja.

Considerações parecidas são feitas por Neto (2008), afirmando que a origem do tungue é o Extremo Oriente em particular da China, onde ocorre em estado semi-selvagem; o centro de origem é o vale do yang-tzê, a 30º de latitude norte.

2.4.2 - Chegada do tungue na América

De acordo com Neto (2008), a introdução do tungue nos Estados Unidos da América ocorreu em 1905. A partir de 1927 passou-se a cultivar esta espécie na Florida, Geórgia, Alabama e Mississipe.

No Brasil, é possível que a nogueira-do-iguape tenha sido uma das primeiras espécies cultivadas no Pais. Em 1925 já existia a extração do óleo em Florianópolis, por uma usina rudimentar, equipada com um descascador centrífugo, que lançava a noz de encontro a uma chapa dentro de um compartimento. Após a separação das nozes com as cascas, as amêndoas eram trituradas em moinho comum de carne. A massa em fios era prensada dentro de sacos para a extração do óleo (NETO 2008).

O mesmo autor diz ainda que em 1928, o professor P.H. Rolfs, então Diretor da Escola Agrícola de Viçosa, Minas Gerais, trouxe da Flórida (EUA) as primeiras sementes de tungue introduzidas no Estado de São Paulo. As sementes foram entregues a Escola. Em 1930 a Indústrias Reunidas Fabricas Matarazzo, adquiriram mudas de tungue no Estado da Georgia, de Wight Nursey and Ochard Cy. Estas foram plantadas em uma chácara em Tatuapé.

2.4.3 - Aspectos botânicos

Conforme Golfetto et al. (2011) o Eleurites fordii é uma planta popularmente conhecida por Tungue. Na língua Chinesa significa coração por conta das folias que possuem esse formato. Pertence a família das Euphorbiaceae, é uma árvore decídua no inverno, o óleo das sementes desta planta contem alta percentagem de ácido oleosteárico, sendo este o único óleo comercialmente produzido que possui esse componente, sendo a ele atribuída a alta qualidade de secagem rápida.

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composto de 75 -80% de óleo alfa-esteárico, 15% oléico, 4% palmítico e 1% ácido esteárico. Taninos, fitoesterois e uma saponina tóxica também são encontrados. (GOLFETTO et al., 2011).

Informação parecida foi extraída de Rigo (2011), o qual afirma que em sua indústria de óleo vegetal historicamente tem conseguido um percentual de 45% de óleo das amêndoas de tungue.

O diásporo apresenta em seu interior de 4 a 5 sementes e a colheita acontece quando estes caem no chão. As plantas apresentam altura entre 3 a 9 metros, folhas glabras, ovadas ou cardadas de 7 a 12 cm de comprimento. Suas flores aparecem antes das folhas, após o período de dormência hibernal, suas pétalas são brancas com estrias roxas de 8 a 10 estames. O comprimento das sementes oscila entre 14 e 35 mm. Seu formato é próximo a triangular na sua seção transversal, com superfície convexa. A testa eu “casca” é espessa (1 a 5 mm) e o endosperma de cor creme. Os frutos possuem pericarpo nitidamente diferenciado em epicarpo, mesocarpo e endocarpo. (GOLFETTO et al., 2011).

Na figura 02, é possível observar uma planta de tungue com três anos, localizada na propriedade do autor e já em início de produção.

2.4.4 - Germinação das sementes

Conforme um estudo desenvolvido pelos pesquisadores da Embrapa, Silva et al (2009), afirmam que atualmente os produtores de tungue realizam a semeadura direta a campo. No entanto, devido às dormências física e mecânica das sementes a emergência das plântulas é desuniforme e com falhas na emergência, resultando em lavouras desuniformes e com dificuldade no manejo. Neste sentido, a recomendação da pesquisa é que se faça a produção de mudas em sacos plásticos, por exemplo, e o transplante no fim do inverno.

Na figura 03 pode-se visualizar os resultados obtidos por pesquisadores da Embrapa, ao testar diferentes tratamentos para superação da dormência das sementes.

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Figura 2 - Eleurites fordii (tungue): Árvore com frutos. Fonte: Dirlei Bertocchi

  Figura 3 – Dias até a emergência de plântulas de tungue (Eleurites fordii). Fonte: Silva et al (2009).

O resultado das pesquisas de Silva et al (2009), utilizando os tratamentos AG3 (ácido giberélico), água quente, escarificação (com lixa para madeira) e testemunha. Verificou se que a escarificação das sementes resultou em maior número de plântulas emergidas e em menor tempo, a emergência foi de 85% das plântulas até 60 dias após a semeadura; nos tratamentos sem escarificação a emergência foi menor que 40% (Figura 02).

A escarificação das sementes é um processo simples conforme pode ser visto na figura 04, quando se trata de produção de mudas em pequena escala, esse mecanismo pode ser feito a mão e utilizando-se uma lixa nº 60, tomando-se

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os devidos cuidados para não atingir o embrião. Após esse processo recomenda-se a imersão em água a temperatura ambiente por 48 horas, esta prática permite a absorção de água pelas sementes. (SILVA et al, 2009).

  Figura 4 – Escarificação de sementes de tungue (Eleurites fordii)

Fonte: Adaptado de Silva et al (2009)

Resultados semelhantes conseguiram Ávila et al. (2008), quando em seu experimento intitulado: Método para acelerar a emergência de plântulas de Tungue, concluíram que a escarificação juntamente com a utilização de ácido giberélico AG3500 mg L-1 , dissolvido em água, acelera a emergência de plântulas

de tungue, isso ocorre pois, as sementes de tungue possuem dormência física e fisiológica

2.4.5 - Cuidados com o desenvolvimento das plântulas

Conforme Ávila et al (2008), o Tungue (Aleurites fordii) é uma planta adaptada ao clima temperado. Para um bom desenvolvimento ela necessita de 350 a 400 horas de frio (abaixo de 7,2º C) para retomar seu crescimento após o inverno.

O pH ideal para seu cultivo é entre 6,0 e 6,5, tolerando entre 5,4 e 7,5. Golfeto et al. (Apud DUKE, 2011).

Um dos problemas do cultivo de tungue se dá com a desuniformidade e a lentidão de germinação das sementes, em especial quando a semeadura é feita diretamente a campo, sendo esta prática não recomendada pela pesquisa (ÁVILA et al, 2008).

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2.4.6 - Inicio da produção comercial

Os primeiros frutos começam a surgir no 3º ano, já a produção comercial ocorre entre o 5º – 6º ano. A produtividade plena é conseguida aos 10 anos e permanece até mais ou menos 30 anos (NETO, 2008).

2.4.7 – Produção média por área

De acordo com Silveira et al. (2010), considerando a plantação de tungue em espaçamento de 6 m entre linhas e 5 m entre plantas (ou 30 m² por planta), a produtividade de frutos estimada através de experimento com adubação, seria de aproximadamente 34,4 toneladas de fruto seco por hectare, com uma perda de casca em relação as sementes de 52%.

Para Rigo (2011), a produtividade média que obteve em sua plantação é de 18 toneladas de fruto seco por há. Tem conseguido esse volume de produção por hectare sem uso de adubação. Relatou ainda que a quebra no momento da descasca ficou em 55%, ou seja, as sementes representam 45% do total.

2.4.8 - Como é feita a colheita

Conforme Rigo (2011), a colheita ainda é um dos grandes problemas da cultura a ser superado, pois ela é feita manualmente, exigindo bastante mão de obra para realizar a colheita. Esta colheita ocorre quando os frutos caem no chão. 

2.4.9 - Quanto um trabalhador colhe de fruto por dia

Para Cooperbio (2011), a colheita do Tungue é feita de forma manual, os frutos caem no chão e são recolhidos. Cada agricultor colhe, em média, 40 sacas de 30 Kg por dia, ou seja, 1.200 Kg por dia. Segundo esta média, os agricultores colheram um ha em 8 dias, projetando uma produtividade de 8 toneladas por ha. A secagem é feita em galpões protegidos da chuva e onde circula bastante ar. Pode ser armazenado durante bastante tempo sem perder sua qualidade. A entrega dos frutos na indústria é feita com umidade de 14%. A indústria recebe os frutos inteiros e beneficiará no local de extração do óleo.

2.4.10 - Percentual de óleo

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é de 48%, a produtividade média de óleo de um hectare é de 3.472 litros por hectare.

Para Rigo (2011), o percentual de óleo médio conseguido em sua indústria é de 45% no processo de extração de óleo das sementes de tungue.

2.4.11 - Subprodutos do tungue

O subproduto do processo de industrialização das amêndoas do tungue são as cascas oriundas do processo de separação das amêndoas e a torta, que tem origem no processo de separação do óleo e amêndoa.

As informações obtidas da Cooperbio (2011) dão conta de que os subprodutos desse processo podem se transformar em adubo orgânico e ou biomassa para produção de energia, no entanto, não mencionam o valor que isso pode agregar no processo de industrialização.

Já Rigo (2011), relata que em sua indústria localizada em Fagundes Varela – RS, os subprodutos têm comércio. A casca do fruto pode ser vendida como adubo e substrato para viveiros de mudas a um preço de 50,00 (cinqüenta reais) a tonelada. Quanto a torta, também pode ser comercializada como adubo para a agricultura orgânica. Esse produto é vendido em sacos de 20 kg, a um preço de 7,00 (sete reais) por unidade de 20 kg, ou seja, 350,00 (trezentos e cinqüenta reais) a tonelada. Diz ainda que os subprodutos representam 12% do faturamento no processamento do tungue.

2.4.12 - Aplicação do óleo

O tungue é uma planta que dá origem a um óleo muito utilizado há séculos para conservação de madeira e tem uma aplicação muito variada. Utiliza-se para tintas, vernizes, conservação de madeira e cascos de navios, calafetação de barcos, lonas isolantes, fios elétricos, revestimentos de paredes, entre muitos outros. Atualmente a utilização do Óleo de Tungue vem aumentando dia a dia, devido ao seu valor como óleo secativo, sendo hoje o maior concorrente do óleo de linhaça. Outro grande mercado que se abriu para esse óleo é do biodiesel (OLEODETUNGUE, 2011).

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2.4.13 - A produção mundial do óleo de tungue

Conforme Neto (2008) o último dado disponível de 1994 a 1995, a produção do óleo de tungue no mundo foi 170.000 ton. Já em 1998 os maiores produtores foram China, Paraguai e Argentina, que produziram respectivamente 35.000, 7.800, 3.900 toneladas.

2.5 - O tungue como forma de preservação ambiental

Um dos aspectos importantes que precisam ser levados em consideração é a exploração dos recursos naturais como água e solo, sem que degradem esses recursos naturais. Por ser uma planta perene, de grande porte, com boa capacidade de sombreamento, grande capacidade de reposição de nutrientes no solo per ser uma planta decidual (que perde as folhas), formando uma boa cobertura do solo, esta planta possui características de uma espécie que pode ser usada em áreas de preservação permanente e reserva legal.

Quando se trata de pequenas propriedades, estas possuem um tratamento diferenciado pela legislação, pois a pequena propriedade passa a ter uma função social.

A luz da legislação e pela Lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006, onde dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, em seu artigo 3º define as formas de utilização da área de preservação pelo pequeno produtor rural, aquele que possui até 50 há de terra e que tenha a composição da renda bruta proveniente das atividades agrícolas, pecuárias ou extrativista não inferior a 80%, que seja explorado pela família podendo ter ajuda eventual de terceiros.

Apesar de não ser uma árvore nativa o tungue pode ser usado em APP (Áreas Preservação Permanente). Como possui um fruto pouco palatável para pássaros e animais por ser tóxica, é preciso tomar os devidos cuidados para que não se torne uma espécie invasora. Essa possibilidade esta prevista na RESOLUÇÃO DO CONAMA N° 429, DE 28 DE FEVEREIRO DE 2011, em seu capítulo IV e parágrafo VII, permite a consorciação de espécies perenes, nativas ou exóticas não invasoras, destinadas à produção e coleta de produtos não madeireiros, como por exemplo, fibras, folhas, frutos ou sementes.

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O presente estudo faz uma análise econômica, mas também leva em consideração o uso de áreas que hoje são vistas pelos agricultores como um peso ou um problema, pois de certo modo precisam abrir mão daquela área em benefício da coletividade, a possibilidade de produzir bens economicamente mensuráveis nestas áreas, poderá constituir-se em mecanismo favorável a própria preservação ambiental, bem como, o incremento de renda e a melhoria da qualidade de vida das pessoas que ocupam este espaço rural.

Outro ganho importante que o óleo vegetal proporciona é a redução das emissões de gás de efeito estufa quando usado como biocombustível. Conforme Biodieselbr (2011), um estudo conjunto do Departamento de Energia e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostra que o biodiesel reduz em 78% as emissões líquidas de CO2. Quando analisado somente emissões de gases de efeito estufa geradas pelo ciclo de vida do insumo álcool (desconsiderando as emissões de gases de efeito estufa do ciclo de vida da matéria graxa), o uso do biodiesel etílico (rota etílica derivada de cana de açúcar) reduz a emissão de gases causadores do citado efeito em 96,2%. Estimam ainda que a substituição do diesel de petróleo por 100% de biodiesel no Brasil geraria uma economia anual com questões relacionadas à saúde pública, pela influência dos gases tóxicos emitido pelos combustíveis fósseis que afeta a população, na ordem de R$ 873 (oitocentos e setenta e três milhões) de reais, valor suficiente para implantar 49.405 (quarenta e nove mil quatrocentos e cinco) hectares de tungue por ano, considerando o custo de implantação aqui apresentados.

2.6 - Biodiesel

2.6.1 - O mercado do biodiesel no Brasil

Além de tinta que é possível produzir com o óleo de tungue, também se produz biodiesel.

Considerando que em 2008 o consumo de diesel foi de 44 bilhões de litros no Brasil e que a lei 11.097 de janeiro de 2005, instituiu o programa nacional de biodiesel e estabeleceu um percentual mínimo de 5% de adição de biodiesel ao diesel de petróleo. Significa dizer que essa lei abriu um mercado equivalente neste ano de 2008 de 2,2 bilhões de litros.

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Fazendo uma análise das possibilidades e imaginando que esse mercado fosse atendido com biodiesel de tungue, utilizando-se como parâmetro de produção por hectare, as informações prestadas por Rigo (2011), proprietário da Indústria de Óleos Varela Ltda. Considerando ainda um rendimento de 92% no processo de transesterificação e outros cálculos considerando as informações da tabela 03.

Tabela 3 - Rendimento médio de biodiesel em hectare de tungue sem adubação

DESCRIÇÃO UND QTD TOTAL

Produção total de frutos kg 18000 18000

Cascas % 55 9900 Amêndoas Kg 45 8100 Óleo kg 45 3645 Perdas na transesterificação kg 8 291 Biodiesel kg 100 3353 Biodiesel (densidade 0,88) Lt 100 3810

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para suprir a necessidade de adição em 5% de que trata a lei que cria o programa de biodiesel no Brasil, seriam necessários 577.321 (quinhentos e setenta e sete mil trezentos e vinte e um) hectares de terra cultivadas com o tungue.

A fim de que se tenha uma idéia de capacidade de produção em uma determinada área, a região da SDR de São Miguel do Oeste objeto deste estudo. Se toda a terra desse território estivesse coberta por tungue em plena produtividade, teria condições de produzir 23,6% da demanda nacional de biodiesel, que hoje é 5% do volume de óleo diesel consumido no país.

O tungue pode ser consorciado nos primeiros anos com diversas culturas, pois isso contribui com a maximização dos resultados econômicos, uma vez que reduz o tempo de retorno dos investimentos na cultura perene. Para fins deste estudo tomou-se como base a cultura da melancia,

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2.7 - Melancia

 

2.7.1 - Produtividade e custo de produção

Ao pesquisar a produtividade bem como o custo de produção da melancia no Brasil, encontram-se grandes variações, tanto na produtividade como no custo de produção. No entanto (DIAS et al EMBRAPA, 2010) desenvolveram um estudo a cerca desse tema e o custo de produção total que envolve o cultivo de 1 hectare de melancia irrigado é de R$ 6.375,79 (seis mil trezentos e setenta e cinco reais e setenta e nove centavos) e a produtividade é de 35.000 (trinta e cinco mil) kg por há. Nessas condições o custo de produção por kg de melancia é de R$ 0,18 (dezoito centavos).

2.7.2 - Preço de venda da melancia

Os preços médios praticados em Santa Catarina na ultima safra, pelos produtores de melancia foi de R$ 0,35 (trinta e cinco centavos) por kg. (CEPA, 2011). Logo custo de produção menos preço de venda proporcionam uma margem de R$ 0,17 (dezessete centavos) por kg.

Para uma análise econômica do tungue consorciado com melancia, foi necessário pesquisar os dados econômicos do milho, pois a cultura é muito difundida na região, constituindo-se em um bom parâmetro para comparação.

2.8 - Milho

Visando subsidiar este trabalho, optou-se por comparar os resultados projetados para cultura do tungue, com uma das principais culturas utilizadas na região, que é o milho.

2.8.1 - Produtividade e custo de produção do milho

De acordo com a (CONAB, 2011), em um resumo de custos de produção divulgado no site oficial da companhia, afirma que na região de Passo Fundo – RS o custos de produção do milho, para a safra 2010/2011 considerando uma estimativa de produção de 5400 kg por hectare, considerando ainda todos os custos embutidos com o que envolve o produto até sua comercialização é de R$

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24,06 (vinte e quatro reais e seis centavos) por saca de 60 kg. Neste valor esta inclusa a remuneração pelo uso da terra, no valor de R$ 4,02 (quatro reais e dois centavos) por saca de 60 kg.

2.8.2 - Preço de mercado do milho

Conforme o Instituto (CEPA, 2011), o preço praticado para o milho, pago aos produtores no Oeste de Santa Catarina no mês de Janeiro de 2012, foi de R$ 25,46 (vinte e cinco reais e quarenta e seis centavos) por saca de 60 kg. Sendo assim e considerando os dados apresentados, sem levar em consideração a remuneração da terra, pois nesse estudo aborda-se a terra como investimento inicial, tanto para o tungue como para o milho, com isso os parâmetros de análise serão iguais, o resultado líquido da produção do milho é de R$ 5,42 (cinco reais e quarenta e dois centavos) por saca de 60 kg.

   

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3 - MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho teve caráter exploratório com abordagem qualitativa e quantitativa.

Quanto ao delineamento, a coleta dos dados se deu por meio de análise documental e comunicação oral com o proprietário da Indústria de Óleos Varela Ltda.

De acordo com Vieira (2009) a pesquisa quantitativa é definida da seguinte forma:

Na pesquisa quantitativa, as informações são de natureza numérica. O pesquisador busca classificar, ordenar ou medir as variáveis para apresentar estatísticas, comparar grupos eu estabelecer associações. O conhecimento obtido é generalizável, ou seja, é possível estender, com certa margem de erro, o resultado da pesquisa para toda a população de onde proveio a amostra.

Santos (2009) define a pesquisa qualitativa como sendo a forma de aprofundar muito mais a investigação do fenômeno, o que exige mais participação do pesquisador na investigação, requer ainda um alto grau de sensibilidade do pesquisador para não gerar um grau excessivo de subjetividade.

O estudo foi realizado com vistas a contemplar a região da SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional) de São Miguel do Oeste de Santa Catarina, apresentando o tungue como alternativa de trabalho e renda para as pessoas que vivem neste espaço territorial.

Para embasar a pesquisa, houve a necessidade de visitar a Indústria de Óleos Varela Ltda., localizada no Município de Fagundes Varela – RS, a fim de conhecer as plantações do proprietário, bem como aspectos relacionados a produtividade, tratos culturais e outras informações de relevância para este trabalho, assim como pesquisas em livros e sites que abordam o tema.

Os preços aqui considerados para realização dos cálculos, foram aplicados levando-se em consideração as informações obtidas junto a sites e ao proprietário da Indústria de Óleos Varela Ltda.

Para apuração dos resultados utilizaram-se planilhas eletrônicas e ao final chegou-se aos indicadores de viabilidade, TMA (Taxa mínima de atratividade), VPL (Valor presente líquido), PAYBACK DESCONTADO, TIR (Taxa interna de retorno) e IBC (Índice de custo benefício).

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A TMA foi arbitrada em 9% ao ano, por ser um valor possível de conseguir no mercado financeiro, através de uma aplicação em CDB (Cédula de Crédito Bancário).

Conforme Kuhnen (2008), a TMA representa o mínimo que o investidor deseja para ingressar em determinado investimento. Deve representar uma taxa de baixo grau de risco, disponível no mercado financeiro para aplicação do capital em análise.

O VPL determina o valor líquido de um investimento, descontado com a Taxa Mínina de Atratividade (TMA) na data zero. Através desse método, pode-se avaliar o investimento no momento presente (KUHNEN, 2008).

O VPL pode ser calculado a partir da fórmula:

A fim de determinar qual o tempo de retorno do investimento na cultura do Tungue, procedeu-se aos cálculos com PBD (Payback descontado).

PAYBACK é um indicador que determina o prazo de recuperação de um investimento. Este indicador é utilizado para avaliar a atratividade do mesmo. No cálculo do payback pode ser utilizada uma taxa de desconto para os fluxos de caixa de cada período, assim como acontece no cálculo do VPL, onde se encontra então o Payback Descontado. Para o cálculo usa-se o seguinte procedimento: Payback = $ Retorno por Período / $ Investimento (MARQUEZAN E BRONDANI, 2006). 

TIR é o método pelo qual se sintetiza em uma taxa o valor do projeto. É interna, pois considera somente os fluxos de caixa do projeto. É a taxa que ao descontar o projeto faz com que seu valor presente líquido seja zero. (FARIA E CARVALHO 2011).

O cálculo da TIR pode ser feito usando a seguinte fórmula:

O Índice de Custo Benefício (IBC) representa o quanto retorna para cada unidade investida no projeto.

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presente do fluxo esperado e o valor presente do fluxo dos investimentos.

O autor saliente ainda que um projeto é considerado atrativo quando IBC for igual ou superior a 1. Logo, projetos que apresentem o IBC abaixo de 1 devem ser abandonados.

O IBC pode ser calculado usando-se a seguinte formula: ∑ Valor presente benefícios

∑ Valor presente investimento IBC =

Considerou-se 30 anos como horizonte de planejamento para a cultura do Tungue, fazendo-se uma comparação usando tecnologia de adubação conforme dados de pesquisa de Silveira et al (2010), comparando-se com a forma tradicional desenvolvida pelo proprietário da Indústria de Óleo Varela Ltda., que historicamente conduziu a plantação sem o uso de adubação. Nos primeiros 5 anos considerou-se a introdução da cultura da melancia para os dois casos. Para realizar o estudo utilizaram-se os dados de Dias et al EMBRAPA, (2010) e também os dados do Instituto (CEPA, 2011) que trata de custo de produção e preço de mercado da melancia.

Por fim, foi feito uma comparação dos resultados obtidos na cultura do tungue isoladamente e usando tecnologia de adubação, sem levar em consideração a receita da melancia, com a cultura do milho. Embasando o estudo utilizaram-se os dados de custo de produção do milho fornecidos pela (EMBRAPA 2011) e os dados de preço de mercado deste produto fornecidos pelo Instituto (ICEPA 2011).

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4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 - Viabilidade econômica na produção de tungue

 

A seguir, serão apresentadas tabelas com as análises relativas à viabilidade econômica de se produzir tungue na região Extremo Oeste Catarinense.

Para melhor análise, buscou-se fazer comparações. Estas se fundamentaram em dois métodos diferentes de condução da plantação. A primeira considerou-se o cultivo do tungue levando em consideração os métodos utilizados pela Indústria de Óleos Varela Ltda., de Fagundes Varela – RS, os resultados foram confrontados com as pesquisas de Silveira et al (2010). Estes autores desenvolveram um trabalho de pesquisa aplicando métodos de adubação e manejo das plantas, diferente do primeiro.

Para melhor aproveitamento da área cultivada e com o fito de reduzir o tempo de retorno do investimento na própria terra, apresentou-se alternativamente a cultura da melancia para os dois casos, por se tratar de uma cultura que não irá competir com o tungue e apresentará resultados importantes do ponto de vista econômico.

Como o tungue é uma cultura pouco difundida e seus resultados econômicos também, foi necessário desenvolver um estudo considerando 30 anos. O melhor resultado das duas análises foi comparado com a cultura do milho, por se tratar de uma cultura muito conhecida e difundida na região da SRD de São Miguel do Oeste.

Essa comparação considera o investimento inicial na aquisição da terra, tanto para o tungue como para o milho, faz uma análise do valor presente líquido das duas culturas descontadas ao longo do tempo pela taxa mínima de atratividade. O intuito desta comparação foi saber qual das culturas proporciona o menor tempo de retorno pelo capital investido, bem como, aquela que apresenta o melhor custo benefício.

Considerou-se para as análises a aquisição das mudas de tungue através de um viveiro na cidade de São Miguel do Oeste - SC, com isso, seria possível obter uma planta uniforme, que apresentasse as qualidades desejadas para um

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bom desempenho na produção.

Para facilitar o entendimento do leitor, faremos a divisão das análises por sessão:

Na Seção I, a análise foi feita com as informações obtidas junto ao proprietário da Indústria de Óleos Varela Ltda, ou seja, o manejo das plantas acontece sem investimento em adubação.

Na Seção II, as análises levam em consideração as pesquisas e os experimentos feitos na Serra Gaúcha por Silva et al (2010), utilizando tecnologias de manejo a adubação.

Na Seção III, a comparação é feita com os resultados líquidos da cultura do tungue em que fora utilizado as tecnologias de adubação, sem a contabilização do resultado da melancia e comparados ao resultado líquido do milho, num horizonte de 30 anos.

4.2 - Seção I – Análise sem adubação

Na tabela 04, apresenta-se o valor de um hectare de terra que será considerado como investimento para análise dos dados, e como tal deve ter um retorno dentro de um período de planejamento considerado atraente pelo investidor.

O valor da terra aqui apresentado, considera os preços praticados na compra e venda da região da SDR de São Miguel do Oeste, onde o preço de mercado do hectare de terra esta dentro de uma lógica de mercado.

Tabela 4 - Levantamento patrimonial, considerado investimento

DESCRIÇÃO UND QTD V.UNT V.TOTAL

Terra ha 1 10000,00 10000,00

TOTAL 10000,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.  

O tungue requer um desembolso inicial para que seja possível a implantação da espécie. Além da terra também pesa o investimento com o preparo da terra para dar uma boa condição de pleno desenvolvimento da

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plantação.

Serão apresentados na tabela 05 os custos de implantação de um hectare de tungue. Nesta primeira análise levaram-se em consideração os tratos culturais necessários para a implantação.

Tabela 5 - Custo de implantação de um hectare de tungue e manutenção por um ano

DESCRIÇÃO  UND  QTD  V.UNT  V.TOTAL 

Análise química e física do solo  und  1  50,00  50,00 Calcário  t  3  100,00  300,00 Horas máquina aplicação de calcário  h  1  80,00  80,00 Horas máquina incorporação de calcário  h  3  80,00  240,00 Serviço de mapeamento da área  para plantio das mudas h  8  50,00  400,00 Adubação orgânica  t  10  60,00  600,00 Horas máquina para aplicação da adubação orgânica  h  1  80,00  80,00 Mudas de tungue   Und  400  10,00  4000,00 Serviço para plantio das mudas  H  20  10,00  200,00 Serviço de coroamento, (capina)  três X no ano  H  100  10,00  1000,00 Serviço de roçada entre as plantas Três X no ano  H  72  10,00  720,00 TOTAL DOS CUSTOS       2849,67  7670,00 Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Após a implantação é necessário um investimento em manejo, essa prática se repetirá com maior intensidade enquanto as plantas se encontram em estágio inicial de desenvolvimento, este é o momento indicado para consorciação com a cultura da melancia.

Na tabela 06, estão expressas as análises de custo com limpeza e manutenção da cultura por um ano, sem uso de adubação.

Tabela 6 - Custos com limpeza e manutenção do segundo ao quinto ano

DESCRIÇÃO UND QTD V.UNT V.TOTAL

Coroamento (capina ao redor das plantas) h 33 10,00 333,33 Dessecante (Três aplicações por ano) L 9 9,00 81,00

Herbicida L 1 24,00 24,00

Serviço de aplicação dos herbicidas h 24 15,00 360,00 Serviço de poda de galhos e limpeza das plantas h 33 10,00 333,33 TOTAL DOS CUSTOS 0,00 1131,67 Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

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Na tabela 07, apresentam-se os custos envolvidos no cultivo de um hectare de tungue do 6º ano ao 30º ano. Esses custos contemplam a maneira como seu Antonio Rigo conduz suas plantações, sem adubação apenas gastos com limpeza.

Tabela 7 - Custos anuais, sexto ao trigésimo ano de um hectare de tungue.

DESCRIÇÃO  UND  QTD  V.UNT  V.TOTAL 

Dessecante (2 aplicações por ano)  L  6  9,00  54,00 Herbicidas  L  1  24,00  24,00 Serviço de aplicação dos herbicidas   h  8  15,00  120,00 Serviço de poda de galhos e limpeza das plantas  h  67  10,00  666,67 Serviço de colheita (dias)  d  15  30,00  450,00 TOTAL DOS CUSTOS      0,00  1314,67

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.

Na tabela 08 apresentam-se as receitas provenientes do tungue no período que as plantas iniciam a produção comercial até o 30ª ano.

Os dados relativos a melancia, leva em consideração os estudos apresentados por (DIAS et al., 2010) e pelo Instituto ICEPA. As informações apresentadas dão conta de qual o rendimento líquido proporcionado pela cultura da melancia em um hectare de terra.

Na tabela 09, apresentam-se as informações relativas à receita líquida com a venda de melancia, dentro da proposta de consórcio, a fim de aproveitar os primeiros 5 anos, pois ocorre pouco sombreamento. Esse consórcio é importante também para a redução do período de retorno do investimento. 

(42)

Tabela 8 - Receitas projetadas para a cultura do tungue sem adubação.

Ano Produtividade (Kg/ha) R$/KG ha Receitas

1  0  0,00  1  0,00 2  0  0,00  1  0,00 3  0  0,00  1  0,00 4  0  0,00  1  0,00 5  5000  0,00  1  0,00 6  7600  0,40  1  3040,00 7  10200  0,40  1  4080,00 8  12800  0,40  1  5120,00 9  15400  0,40  1  6160,00 10  18000  0,40  1  7200,00 11  18000  0,40  1  7200,00 12  18000  0,40  1  7200,00 13  18000  0,40  1  7200,00 14  18000  0,40  1  7200,00 15  18000  0,40  1  7200,00 16  18000  0,40  1  7200,00 17  18000  0,40  1  7200,00 18  18000  0,40  1  7200,00 19  18000  0,40  1  7200,00 20  18000  0,40  1  7200,00 21  18000  0,40  1  7200,00 22  18000  0,40  1  7200,00 23  18000  0,40  1  7200,00 24  18000  0,40  1  7200,00 25  18000  0,40  1  7200,00 26  18000  0,40  1  7200,00 27  18000  0,40  1  7200,00 28  18000  0,40  1  7200,00 29  18000  0,40  1  7200,00 30  18000  0,40  1  7200,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.  

Tabela 9 - Receita líquida com a cultura da melancia

Anos  Melancia (kg ha‐1)  Renda líquida 

 por kg  Total R$  35000  0,17  5950,00  35000  0,17  5950,00  35000  0,17  5950,00  35000  0,17  5950,00  35000  0,17  5950,00 

Fonte: Elaborado pelo autor, 2011.  

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Na tabela 10, 11 e 12, apresentam-se as informações do fluxo de caixa, levando em consideração o investimento inicial com a terra e a implantação da cultura.

Tabela 10 - Fluxo de caixa do primeiro ao décimo ano

FLUXO DE CAIXA  ANO 1  ANO 2  ANO 3  ANO 4  ANO 5  ANO 6  ANO 7  ANO 8  ANO 9  ANO 10 

 Valor Terra Nua    ‐10.000,00  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐   Implantação do tungue   ‐7.670,00  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐   Custos do 2º ao 4º ano    ‐  1.131,67  1.131,67  1.131,67  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐   Custos do 5º ao 30º ano    ‐  ‐  ‐  ‐  1.314,67  1.314,67  1.314,67  1.314,67  1.314,67  1.314,67   Receita  líquida  com 

melancias    5.950,00  5.950,00  5.950,00  5.950,00  5.950,00  ‐  ‐  ‐  ‐  ‐   Receitas Totais    ‐  ‐  ‐  ‐  ‐  3.040,00  4.080,00  5.120,00  6.160,00  7.200,00   Fluxo de Caixa Líquido   ‐11.720,00  4.818,33  4.818,33  4.818,33  4.635,33  1.725,33  2.765,33  3.805,33  4.845,33  5.885,33   Fluxo de Caixa Acumulado   ‐11.720,00  ‐6.901,67  ‐2.083,33  2.735,00  7.370,33  9.095,67  11.861,00  15.666,33  20.511,67  26.397,00     

Tabela 11 - Fluxo de caixa do décimo primeiro ao vigésimo ano de cultivo

FLUXO DE CAIXA    ANO 11    ANO 12    ANO 13    ANO 14    ANO 15    ANO 16    ANO 17    ANO 18    ANO 19    ANO 20  

 Valor Terra Nua            ‐             ‐            ‐             ‐             ‐             ‐            ‐            ‐            ‐            ‐      Implantação               ‐            ‐             ‐             ‐             ‐            ‐            ‐            ‐            ‐      Custo 2º ao 5º ano           ‐              ‐            ‐            ‐            ‐           ‐           ‐           ‐           ‐      Custos  do  6º  ao  30º 

ano           1.314,67            1.314,67            1.314,67           1.314,67           1.314,67          1.314,67             1.314,67             1.314,67            1.314,67             1.314,67    Receitas Totais          7.200,00           7.200,00           7.200,00          7.200,00   7.200,00                7.200,00            7.200,00            7.200,00           7.200,00            7.200,00    Fluxo  de  Caixa 

Líquido          5.885,33            5.885,33            5.885,33           5.885,33           5.885,33          5.885,33             5.885,33             5.885,33            5.885,33             5.885,33    Fluxo  de  Caixa 

Acumulado            32.282,33          38.167,67         44.053,00        49.938,33       55.823,67       61.709,0 0           67.594,33           73.479,67         79.365,00           85.250,33  

Tabela 12 - Fluxo de caixa do vigésimo primeiro ao trigésimo ano de cultivo

FLUXO DE CAIXA    ANO 21    ANO 22    ANO 23    ANO 24    ANO 25    ANO 26    ANO 27   ANO 28   ANO 29   ANO 30  

 Valor Terra Nua           ‐            ‐           ‐            ‐            ‐            ‐           ‐     ‐     ‐     ‐      Implantação            ‐             ‐            ‐             ‐             ‐             ‐            ‐     ‐     ‐     ‐      Custo  2º  ao  5º  ano            ‐             ‐            ‐             ‐             ‐             ‐            ‐     ‐     ‐     ‐      Custos  do  6º  ao 

30º ano           1.314,67            1.314,67            1.314,67           1.314,67           1.314,67          1.314,67             1.314,67   1.314,67   1.314,67   1.314,67    Receitas Totais           7.200,00            7.200,00            7.200,00           7.200,00           7.200,00          7.200,00             7.200,00   7.200,00   7.200,00   7.200,00    Fluxo  de  Caixa 

Líquido          5.885,33            5.885,33            5.885,33           5.885,33           5.885,33          5.885,33             5.885,33   5.885,33   5.885,33   5.885,33    Fluxo  de  Caixa 

Acumulado            91.135,67          97.021,00       102.906,33     108.791,67     114.677,00     120.562,33       126.447,67  132.333,00   138.218,33   144.103,67  Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. 

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