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RESUMÃO DE DIREITO PENAL - CONCURSO PERITO CRIMINAL FEDERAL

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Academic year: 2021

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DIREITO PENAL – PARTE GERAL

INTRODUÇÃO

É o conjunto de princípios e leis destinados a combater o crime e a contravenção penal mediante a imposição de sanções penais. Conjunto de normas jurídicas que regulam a atuação estatal nesse combate ao crime, através de medidas aplicadas aos criminosos. É nele que se definem os fatos puníveis e se cominam as respectivas sanções.

O Direito Penal é o segmento do ordenamento jurídico que detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-los como infrações penais, cominando-lhes, como consequência, as respectivas sanções, além de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação.

Direto divide-se em 2 grandes ramos:

 Direito público  penal, processual penal, etc  Direito Privado  civil, comercial, etc

A diferença entre os 2 é a presença do Estado nas relações jurídicas

O Direito Penal é um ramo do Direito Público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e medidas de segurança.

O crime é o choque, o conflito de interesses.

Para controlar esses choques de interesse, criaram-se as regras para controlar as relações entre pessoas, regras de comportamento.

Pode-se dizer que o fim do direito penal é a proteção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patrimônio, etc.).

A União é quem tem competência para legislar sobre matéria penal  competência privativa. MP não pode regular matéria penal, em geral. MP pode regular matéria penal desde que para beneficiar o réu.

Registrar uma ocorrência = Boletim de ocorrência = Notitia criminis (nunca prestar uma queixa na delegacia; presta-se Queixa Crime ao Juiz) Patrimônio

 Deve ser economicamente avaliável

 É o conjunto de bens com valor economicamente avaliável  Até um nome pode ser patrimônio

A partir do momento em que alguém comete um crime surge uma relação jurídica, entre o criminoso, o Estado e a sociedade.

Freios morais e freios legais que impedem que o potencial criminoso cometa um crime. A impunidade é a demonstração de que os freios legais não funcionam.

JUS PUNIENDI (direito de punir)

Quando alguém comete um crime surge para o Estado o direito de punir. Esse direito é somente do Estado.

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FONTES DO DIREITO PENAL MATERIA L FORNAL União (art. 22, I da CF/88) e, escepcionalmente , os Estados (art. 22, § único

Lei

Costumes

Princípios gerais do Direito Atos adm

Imediata Mediata

E o Estado é obrigado a punir; ele não pode deixar de punir o criminoso.

Para fazer valer esse interesse social, que prepondera sobre o interesse privado, é dotado de poder coercitivo.

Jus Puniendi estatal comum é prender o indivíduo

Porém, quando faz isso, ele estaria violando o direito de liberdade do indivíduo  surge um conflito (Estado Juiz)

Para solucionar esse conflito o juiz vai resolver esse embate.

Jus Puniendi é buscado pelo Ministério Público (busca satisfazê-lo) Jus Puniendi é um direito-dever pois o Estado é obrigado a punir. Quem legitima o Estado a punir o criminoso é a própria sociedade. Jurisdição só quem tem é o juiz de direito.

Polícia tem atribuição, e geralmente territorial. Jurisdição é o direito de dizer quem será punido. FONTES DO DIREITO PENAL

Representa a origem e a forma de manifestação da lei penal. Espécies:

1. Material, de produção ou substancial  refere-se ao órgão incumbido de sua elaboração. A União é a fonte de produção do Direito Penal no Brasil (regra geral). Excepcionalmente, uma lei complementar federal poderá autorizar os Estados-Membros a legislar em matéria penal sobre questões específicas e locais. Trata-se de uma competência suplementar, que pode ou não lhes ser delegada.

2. Formal, de cognição ou de conhecimento  refere-se ao modo pelo qual o Direito Penal de exterioriza. Pode ser:

Imediata  Lei

Mediata  Costumes e princípios gerais do direito

CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS PENAIS

Exclusividade  só elas definem crimes e cominam penas

Anterioridade  as que definem crimes somente têm incidência se já estavam em vigor na data de seu cometimento

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Generalidade  Têm eficácia erga omnes, dirigindo-se a todos, inclusive inimputáveis.

Impessoalidade  dirigem-se impessoal e indistintamente a todos. Não se concebe a elaboração de uma norma para punir especificamente uma pessoa.

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

O Estado Democrático de Direito parte do princípio da Dignidade da pessoa humana. Esse princípio orienta toda a formação do Direito Penal. O Estado Democrático de Direito faz com que a norma penal não leve em conta somente aquilo que está formalmente disposto no ordenamento legal.

A busca da igualdade não pode se concentrar somente na generalidade e impessoalidade da norma para garantir um tratamento igualitário. Esse EDD deve proclamar, além da igualdade formal, a igualdade material, intervindo na sociedade para garantir uma sociedade livre, justa e solidária; desenvolvimento nacional; erradicação da pobreza; redução das desigualdades sociais, entre outros.

Significa, portanto, que um EDD é aquele que não apenas impõe submissão de todos ao império da mesma lei, mas aquele em que as leis possuam conteúdo e adequação social, descrevendo como infrações penais somente os fatos que realmente colocam em perigo bem jurídicos fundamentais para a sociedade. A dignidade humana, assim orienta o legislador no momento de criar um novo delito e o operador no instante em que vai realizar a atividade de adequação típica.

Com isso, pode-se afirmar que a norma penal em um EDD não é apenas aquela que formalmente descreve um fato como infração penal, pouco importando se ele ofende ou não o sentimento social de justiça; ao contrário, sob pena de colidir com a CF, o tipo incriminador deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos os comportamentos humanos, somente aqueles que realmente possuam lesividade social. Tipos penal que se limitem a descrever formalmente infrações penais, independentemente de sua efetiva potencialidade lesiva, atentam contra a dignidade da pessoa humana.

Aplicar a justiça de forma plena, e não apenas formal, implica, portanto, aliar ao ordenamento jurídico positivo a interpretação evolutiva calcada nos costumes e nas ordens normativas locais, erigidas sobre padrões culturais, morais e sociais de determinado grupo social ou que estejam ligados ao desempenho de determinada atividade.

Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem atuar como baliza para a correta interpretação e a justa aplicação das normas penais.

Os princípios têm a função de orientar o legislador ordinário, no intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição de garantias aos cidadãos. Possuem a função de estabelecer limites à liberdade de seleção típica pelo legislador, buscando, com isso, uma definição material do crime.

Da dignidade humana nascem outros princípios orientadores e limitadores do Direito Penal, quais sejam:

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA

Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, com infrações de pouca monta, incapazes de lesar o bem jurídico. Da mesma forma não podem ser admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas incapazes de lesar o bem jurídico.

Funciona como causa de exclusão da tipicidade, o fato será atípico.

Não pode levar em conta somente o valor econômico do bem. Deve-se observar os requisitos objetivos e subjetivos.

Requisitos objetivos:

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 Ausência de periculosidade social da ação

 Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento  Inexpressividade da lesão jurídica

Requisitos subjetivos

 Valor sentimental do bem para a vítima  Condição econômica da vítima

 Circunstâncias e resultado do crime

Esse princípio tem aplicação a qualquer espécie de delito que com ele seja compatível, e não apenas aos crimes contra o patrimônio. Mas esse princípio não é admitido nos crimes praticados com emprego de violência ou grave ameaça. Esse princípio deve ser avaliado no caso concreto.

Não se pode confundir delito insignificante com os crimes de menor potencial lesivo, que são definidos pela Lei 9.099/95 – Juizados Especiais Criminais, sendo que nestes a ofensa não pode ser acoimada de insignificante, pois possui gravidade ao menos perceptível socialmente, não podendo falar-se em aplicação do princípio da bagatela.

PRINCÍPIO DA ALTERIDADE OU TRANSCENDENTALIDADE

Proíbe a incriminação de atitude meramente interna do agente, bem como do pensamento ou de condutas moralmente censuráveis, incapazes de invadir o patrimônio jurídico alheiro. Em síntese, ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si próprio.

Se fundamenta nesse princípio a impossibilidade de punição da autolesão, salvo quando houver intenção de prejudicar terceiros, como na autolesão cometida com o intuito de fraudar seguro, em que a instituição seguradora será vítima de estelionato.

Da mesma forma a conduta de consumir drogas é considerada atípica, pois quem consome drogas só está fazendo mal á própria saúde. Porém o porte da droga é tipificado, pois a lei visa coibir o perigo social representado pela detenção, evitando facilitar a circulação da substância entorpecente.

PRINCÍPIO DA CONFIANÇA

Todos devem esperar das demais pessoas comportamentos responsáveis e em consonância com o ordenamento jurídico, almejando evitar danos a terceiros.

Não realiza conduta típica aquele que, agindo de acordo com o direito, acaba por envolver-se em situações em que um terceiro descumpriu seu dever de lealdade e cuidado.

Esse princípio não se aplica, no entanto, quando era função do agente compensar eventual comportamento defeituosos de terceiros, como no caso de um motorista que passa bem perto de um ciclista não tem por que esperar uma súbita guinada do mesmo em sua direção, mas deveria ter se acautelado para que não passasse tão próximo, a ponto de criar uma situação de perigo. Como atuou quebrando uma expectativa social de cuidado, a confiança que depositou na vítima qualifica-se como proibida: é o chamado abuso da situação de confiança.

Deste modo, surge a confiança permitida, que é aquela que decorre do normal desempenho das atividades sociais, dentro do papel que se esperava de cada um, a qual exclui a tipicidade da conduta, em caso de comportamento irregular inesperado de terceiro; e a confiança proibida, quando o autor não deveria ter depositado no outro toda a expectativa, agindo no limite do que lhe era permitido, com nítido espírito emulativo (competitivo).

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Não pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de justiça. É o caso dos trotes acadêmicos moderados, e da circuncisão realizada pelos Judeus.

Não se pode confundir esse princípio com o da bagatela. Na adequação social, a conduta deixa de ser punida por não mais ser considerada injusta pela sociedade; na insignificância, a conduta é considerada injusta, mas de escassa lesividade.

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA OU DA NECESSIDADE

Afirma ser legítima a intervenção penal apenas quando a criminalização de um fato se constitui meio indispensável para a proteção de determinado bem ou interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos do ordenamento jurídico.

Para impedir que o Estado crie tipos penais iníquos e imponha penas vexatórias.

PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE OU CARÁTER FRAGMNTÁRIO DO DIREITO PENAL Decorre do Princípio da intervenção mínima.

Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico. Tudo o que é ilícito penal também será ilícito perante os outros ramos do Direito. Porém nem tudo que é ilícito perante os outros ramos do Direito será considerado ilícito penal. A infração penal será somente aquela que atentar contra valores fundamentais para a manutenção e progresso do ser humano e da sociedade. Proteger apenas bens jurídicos mais importantes.

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

Tb decorre do Princípio da intervenção mínima.

O Direito Penal só deve atuar quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

A criação de tipos penais incriminadores deve constituir-se atividade vantajosa para os membros da sociedade, eis que impõe ônus a todos os cidadãos, decorrente a ameaça de punição que a eles acarreta.

Além disso, a pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve ser proporcional à extensão do dano, não se admitindo penas idênticas para crimes de lesividades distintas, ou para infrações dolosas e culposas.

PRINCÍPIO DA HUMANIDADE

É inconstitucional a criação de tipo penal ou a cominação de pena que viole a incolumidade física ou moral de alguém. Dele resulta a impossibilidade de a pena passar da pessoa do condenado, ressalvados alguns dos efeitos extrapenais da condenação, como a obrigação de reparar o dano na esfera cível, que podem atingir os herdeiros do infrator até o limite da herança.

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Decorrem da proporcionalidade. A incriminação de determinada situação só pode ocorrer quando a tipificação revelar-se necessária, idônea e adequada ao fim a que se destina, ou seja, à concreta e real proteção do bem jurídico (eficaz).

PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE, DO FATO OU DA LESIVIDADE

Não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido pelo menos perigo concreto, real, efetivo de lesão ao bem jurídico claramente definido.

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PELO FATO

Ninguém pode ser punido exclusivamente por questões pessoais. Os tipos penais devem definir fatos típicos e ilícitos.

PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA INTRANSCENDÊNCIA

Ninguém pode ser responsabilizado por fato cometido por terceira pessoa. Consequentemente, a pena não pode passar da pessoa do condenado.

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA

Nenhum resultado penalmente relevante pode ser atribuído a quem não o tenha produzido por dolo ou culpa. Afasta-se a responsabilidade penal objetiva.

PRINCÍPIO DA COCULPABILIDADE OU CORRESPONSABILIDADE

A responsabilidade pela prática de uma infração penal deve ser compartilhada entre o infrator e a sociedade, quando essa não lhe tiver proporcionado oportunidades.

PRINCÍPIPO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

A aplicação da pena deve levar em conta não a norma penal em abstrato, mas, especialmente, os aspectos subjetivos e objetivos do crime cometido por cada um dos agentes.

PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM

Não é admitida a dupla punição pelo mesmo fato. PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU DA IGUALDADE

Tratar igualmente aos iguais e desigualmente aos desiguais, na medida de suas desigualdades. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU RESERVA LEGAL

Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal Encontra-se na CF/88 e no CP.

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Pelo princípio da legalidade alguém só pode ser punido se, anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que o considere como crime.

Infringe o princípio da legalidade a descrição penal vaga e indeterminada que não possibilita determinar qual a abrangência do preceito primário da lei penal e possibilita com isso o arbítrio do julgador. Há a necessidade da lei descrever o crime em todos os seus pormenores.

Essa proibição de cláusulas gerais não alcança, evidentemente, os crimes culposo, pois neles, por mais atento observador que possa ser o legislador, não terá condições de pormenorizar todas as condutas humanas ensejadoras da composição típica. Qualquer tentativa de detalhamento de uma conduta culposa seria insuficiente para abarcar o imenso espectro de ações do ser humano. Como poderia a lei antever todas as formas de se cometer um crime por imprudência, negligência ou imperícia?

Também infringe o princípio da legalidade a cominação de penas relativamente indeterminadas em margens elásticas.

Em razão do princípio da legalidade é vedado o uso da analogia para punir alguém por um fato não previsto em lei, por ser este semelhante a outro por ela definido. A analogia só é permitida em normas não incriminadoras e desde que para beneficiar o agente.

Obs  Lei

 Sentido strictu sensu  ato normativo emanado do poder constitucional  Sentido latu sensu  engloba qualquer norma, como portaria, ato, etc. A Lei Penal é Lei Ordinária do Congresso Nacional.

Estado não pode legislar sobre crime.

O Presidente não pode criar uma crime através de uma MP (é inconstitucional) Criar crime só com Lei Ordinária.

PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL

A lei que descreve um crime deve ser anterior ao fato incriminado. A irretroatividade da lei é uma conseqüência lógica da anterioridade. A lei penal só poderá alcançar fatos anteriores para beneficiar o réu.

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO

Veda ao Direito Penal a preocupação com as intenções e pensamentos das pessoas, do seu modo de viver ou de pensar, ou ainda de suas condutas internas, enquanto não exteriorizada a atividade delitiva. Assim, Direito Penal não deve se preocupar em proteger a ética, a moral, os costumes, a religião, etc; deve se preocupar somente com os bens jurídicos, os bens fundamentais para a convivência e o desenvolvimento social.

PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE

Lex specialis derrogat generali (lei especial derroga a geral). Se houver um conflito entre uma norma especial e uma norma geral, aplica-se a norma especial, tendo em vista que a norma especial contém todos os elementos da norma geral com mais alguns elementos denominados especializantes.

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE

A lei subsidiária, menos grave, será sempre excluída pela lei principal, mais grave. A lei subsidiária só será aplicada em caso de impossibilidade de aplicação da lei principal. A figura

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subsidiária está contida na principal. A análise deve ser efetuada em relação ao caso concreto, buscando a aplicação da lei mais grave.

Ex: quando na lei diz: “se as circunstâncias evidenciarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo”; “se o fato não constitui crime mais grave”, etc.

Na subsidiariedade ocorre uma violação subsidiária para violar a principal. Ocorre uma violação menor para depois ocorrer uma maior. Porém o crime é 1 só.

Geralmente há + de 1 vítima ( mas pode ter uma única vítima).

Ex: roubo a banco com tiro no vigilante. O crime é um só, o roubo ao banco, e o vigilante Tb é vítima.

PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO OU DA ABSORÇÃO

De acordo com esse princípio, o fato mais amplo e grave consome, absorve, os demais fatos menos amplos e graves, os quais atuam como meio normal de preparação ou execução daquele, ou ainda como seu mero exaurimento.

Esse princípio se aplica nos casos de crimes complexos; crimes progressivos (agente quer um resultado e pratica vários atos menores ate alcançar o resultado) e progressão criminosa (agente começa um ato menos lesivo e no meio dele muda seu dolo e realiza um ato mais lesivo).

PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE

É a hipótese em que o tipo penal contém em seu corpo vários fatos, alternativamente, como modalidades de uma mesma infração penal. Assim, praticados pelo mesmo sujeito um ou mais núcleos, sucessivamente, restará configurado crime único. São os chamados crimes de tipos mistos alternativos, de ação múltipla ou de conteúdo variado.

É a consunção que se instrumentaliza no interior de um mesmo tipo penal, entre condutas integrantes de leis de conteúdos variados.

LEI PENAL EM BRANCO

Tb denominada de cega ou aberta.

São normas de conteúdo secundário (cominação de pena) completo , porém seu conteúdo primário está incompleto, vago, exigindo complementação por outra norma jurídica (lei, decreto, regulamento, portaria, etc.) para que possam ser aplicadas ao fato concreto.

Divide-se em:

1. Lei penal em branco em sentido lato ou homogênea  o complemento tem mesma natureza jurídica e provém do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora, ou seja, a lei é complementada por outra lei. Ex: CP complementado pelo Código Civil. 2. Lei penal em branco em sentido estrito ou heterogênea  o complemento tem

natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que elaborou a norma incriminadora. Lei complementada por um norma infralegal Ex: crimes da Lei de Drogas complementados pela Portaria da ANVISA.

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3. Lei penal em branco inversa ou ao avesso  o preceito primário é completo, mas o secundário reclama complementação. Neste caso, o complemento deve ser obrigatoriamente uma lei, sob pena de violação do princípio da reserva legal.

ANALOGIA

Consiste na aplicação de lei regulamentadora de caso semelhante a um caso não previsto em lei. Só pode ser utilizada em relação ás leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal.

Seu fundamento repousa na exigência de igual tratamento aos casos semelhantes.

Analogia é diferente de interpretação analógica. Na analogia não há lei regulamentadora para o caso concreto. Na interpretação analógica existe uma norma regulamentadora para o caso concreto, mas essa norma expressa o ato de forma mais genérica, o que tona necessário o recurso á via interpretativa.

Espécies:

1. Analogia in malam partem  seria aquela pela qual se aplicaria ao caso concreto uma lei maléfica ao réu, disciplinadora de caso semelhante. Não é admitida no ordenamento jurídico.

2. Analogia in bonam partem  é aquela em que se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu, reguladora de caso semelhante. É possível no Direito Penal, exceto no que diz respeito às leis excepcionais.

3. Analogia legal  é aquela em que se aplica ao caso omisso uma lei que trata de caso semelhante. Mas não pode ocorrer em substituição a outra lei validamente existente.

4. Analogia jurídica  é aquela em que se aplica ao caso omisso um princípio geral do direito.

LEI PENAL NO TEMPO

Princípio regra  tempus regitis actum  a lei penal que deve ser aplicada é aquela que estava regendo o ato no momento do crime.

Uma lei só pode ser revogada por outra lei. Há exceções, como as leis temporárias e excepcionais, que são auto-revogáveis.

Os costumes, por mais consagrados que sejam em determinada sociedade, não revogam as leis. A regra constitucional é a irretroatividade da lei penal, porém há exceções para ela retroagir quando beneficiar o réu. Desta forma há dois princípios:

Irretroatividade da lei in pejusRetroatividade da lei in melius

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Quando uma nova lei é editada a regra geral é a da prevalência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato, vale dizer, aplica-se a lei vigente quando da prática da conduta. Desta maneira resguardam-se a reserva legal, bem como a anterioridade da lei penal.

Há, porém, exceções na hipótese de sucessões de leis penais que disciplinem, total ou parcialmente, a mesma matéria. E se o fato tiver sido praticado na vigência da lei anterior 5 situações podem ocorrer:

1. A lei cria uma nova figura penal  novatio legis incriminadora

2. A lei posterior se mostra mais rígida em comparação com a lei anterior  Lex gravior 3. A lei posterior extingue o crime  abolitio criminis

4. A lei posterior é benéfica ao réu em relação à sanção penal ou à forma de seu cumprimento  Lex mitior ou novatio legis mellius

5. A lei posterior contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brandos 1. A lei cria uma nova figura penal  novatio legis incriminadora

É a nova lei que tipifica como infrações penais comportamentos até então considerados irrelevantes. Só atinge situações consumadas após sua entrada em vigor. Jamais poderá retroagir.

2. A lei posterior se mostra mais rígida em comparação com a lei anterior  Lex gravior É a lei que de qualquer modo implica tratamento mais rigoroso às condutas já classificadas como infrações penais. Atingirá somente os fatos posteriores à sua entrada em vigor, jamais retroagindo.

3. A lei posterior extingue o crime  abolitio criminis

“Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.” Abolitio criminis é a nova lei que revoga um tipo incriminador, que exclui do âmbito do Direito Penal um fato até então considerado criminoso. Ela extingue, assim, o direito de punir do Estado. A conseqüência do abolitio criminis é a extinção da punibilidade do agente.

Alcança a execução e os efeitos penais da sentença condenatória, não servindo como pressuposto da reincidência, também não configurando maus antecedentes. O abolitio criminis devolve a primariedade para o agente. Sobrevivem, entretanto, os efeitos civis (extrapenais) da eventual condenação, quais sejam, a obrigação de reparar o dano provocado pela infração penal, constituição de título executivo judicial, perda de cargo público, perda de pátrio poder, perda da habilitação, confisco dos instrumentos do crime etc.

Por beneficiar o agente, o abolitio criminis alcança fatos anteriores (deve retroagir para beneficiar o réu), e será aplicado pelo Juiz do processo, podendo ser aplicado antes do final do processo, levando ao afastamento de quaisquer efeitos da sentença, ou após a condenação transitada em julgado. No caso de já existir condenação transitada em julgado, o abolitio criminis causa os seguintes efeitos: a extinção imediata da pena principal e de sua execução, a libertação imediata do condenado preso e extinção dos efeitos penais da sentença condenatória (ex.: reincidência, inscrição no rol dos culpados, pagamento das custas etc.).

4. A lei posterior é benéfica ao réu em relação à sanção penal ou à forma de seu cumprimento  Lex mitior ou novatio legis mellius

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A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fato anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. A lei nova que for mais benéfica retroage em favor do agente.

A lei nova é, em algum ou alguns aspectos, mais vantajosa ao réu. Essa lei mais favorável deve ser aplicada. Por isso deve retroagir para beneficiar o réu.

Tanto para a abolitio criminis quanto para a nova lei mais favorável, o juízo competente para aplicação é o órgão judiciário em que a ação penal estiver em trâmite.

Pode ocorrer Tb a ulltratividade da lei mais benéfica. Tal se verifica quando o crime foi praticado durante a vigência de uma lei, posteriormente revogada por outra prejudicial ao agente. Subsistem, no caso, os efeitos da lei anterior, mais favorável. Isso porque a lei penal mais grave jamais retroagirá.

Obs

A competência para aplicar a novatio legis in melius após o trânsito em julgado da condenação é do juiz da execução.

5. Lei posterior que contém alguns preceitos mais rígidos e outros mais brandos

A doutrina se divide quanto a esse aspecto. Alguns afirmam que o juiz poderia mesclar duas leis escolhendo os pontos mais favoráveis ao réu( doutrina dominante). E outros afirmam que o juiz não poderia mesclar as leis por violar o princípio da separação dos poderes.

EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL

Retroatividade  quando ocorre novatio legis in melius  aplica a nova lei Ultra-atvidade  quando ocorre novatio legis in pejus  aplica a lei revogada Obs

É possível uma mesma lei ter efeito retroativo e ultrativo ao mesmo tempo. Ex: Lei A  2 a 4 anos

Lei B  1 a 2 anos – Lei penal intermediária Lei C  3 a 10 anos

A lei B intermediária, terá efeito retroativo em relação à Lei A, e efeito ultrativo em relação à lei C.

LEI PENAL INTERMEDIÁRIA

Em caso de sucessão de leis penais é possível a aplicação de uma lei intermediária mais favorável ao réu, ainda que não seja a lei em vigor quando da prática do delito ou a lei vigente à época do julgamento. Importa que, dentre todas, seja a mais benéfica ao réu. Essa lei será retroativa e ultrativa ao mesmo tempo.

LEI PENAL TEMPORÁRIA E LEI PENAL EXCEPCIONAL

Lei Penal temporária  tem sua vigência predeterminada no tempo, isto é, tem data certa para se auto-revogar.

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Lei penal excepcional  sua duração está relacionada a situações de anormalidade. Só terá validade enquanto essa situação perdurar. Cessada a situação excepcional, ela se auto-revogará

Possuem ultratividade, pois se aplicam ao fato praticado durante sua vigência, mesmo depois de decorrido o período de sua duração (lei temporária), ou cessadas as circunstâncias excepcionais (lei excepcional).

A ultratividade é a aplicação da lei mesmo depois de ela estar revogada. LEI PENAL EM BRANCO E CONFLITO DE LEIS NO TEMPO

É o conflito que ocorre quando há alteração posterior na norma que complementa a lei penal em branco: retroage ou não para beneficiar o réu.

Se o complemento inicial da lei penal em branco tiver sido editado em período de normalidade, ou seja, não é uma lei penal excepcional, então o novo complemento que for mais benéfico ao réu retroagirá.

Porém, se esse complemento inicial tiver sido editado em um período de anormalidade, caracterizando assim uma lei penal excepcional, então prevalece o princípio da ultratividade da lei penal excepcional, onde a sua modificação, ainda que benéfica ao réu, não poderá retroagir.

VACATIO LEGIS

Tempo necessário para que a população conheça a lei.

Segundo o STF é possível aplicar novatio legis in melius ainda que no prazo da vacatio legis. Obs

Princípio da Continuidade Normativa Típica

Revoga a norma penal incriminadora, mas mantém o tipo penal ora revogado.

Haverá o abolitio criminis somente quando revoga-se a norma penal incriminadora na qual a nova lei não faça menção do tipo penal revogado.

COMBINAÇÃO DE LEIS

O STF não admite a combinação de leis.

Mas o STF permite que apenas um parágrafo de uma lei, em especial da lei 11343/06, pode retroagir para beneficiar o réu. Aplicar-se-á a lei antiga 6368/76, com a pena mínima de 3 anos, e poderá ser aplicada o parágrafo 4 do art. 33 da lei 11343/06 para diminuir a pena em 1\6 a 2\3 nos casos de o agente ser primário, de bons antecedentes e não fazer parte de organização criminosa. TEMPO DE CRIME

Três teorias buscam explicar o momento em que o crime é cometido: 1. Teoria da atividade

ou da ação

 Considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), pouco importando o momento do resultado.

2. Teoria do resultado ou do evento ou da consumação

 Considera-se praticado o crime no momento em que ocorre a consumação. É irrelevante a ocasião da conduta.

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3. Teoria mista ou da ubiquidade

 Busca conciliar as 2 anteriores. Para ela o momento do crime é tanto o da conduta, quando o do resultado.

O CP brasileiro acolheu a teoria da atividade:

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Consequências dessa teoria:

 Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do tempo do resultado for mais benéfica.

 A imputabilidade é apurada ao tempo da conduta.

 No crime permanente em que a conduta tenha se iniciado durante a vigência de uma lei, e prossiga durante o império de uma outra, aplica-se a lei nova, ainda que seja mais severa. O tempo do crime será enquanto durar a permanência do crime.

 O crime continuado são vários crimes em que o legislador junta todos e aplica uma única pena pra todos, como se fossem um único crime. No crime continuado em que os fatos anteriores eram punidos por uma lei, operando-se o aumento da pena por lei nova, aplica-se esta última a toda a unidade delitiva, desde que sua vigência continue a ser praticada.

 No crime habitual Tb deve ser aplicada a lei nova, mesmo que mais severa.

Em matéria de prescrição o CP adotou a teoria do resultado, uma vez que a causa extintiva da punibilidade tem por termo inicial a data da consumação da infração penal.

LEI PENAL NO ESPAÇO

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE

Aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos em território nacional  regra geral

Mas é um princípio relativo  princípio da territorialidade temperada, pois algumas pessoas possuem imunidade, ou seja, mesmo cometendo crimes no Brasil, serão julgadas de acordo com a lei de seu país de origem.

Território é o espaço em que o Estado exerce sua soberania. O território brasileiro compreende:

 Solo e águas interiores  Mar territorial  12 milhas  Espaço aéreo correspondente

 Rios e lagos internacionais que passam pelo Brasil

 embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.  são hipóteses de extensão do território nacional

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A competência para julgar os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves que são extensão de território brasileiro é da justiça federal.

Já os crimes cometidos a bordo de outro tipo de embarcação que não seja navio é da justiça estadual, como um iate, lancha, etc.

Um crime metido em embarcação que vai transitar entre Estados brasileiros, será aplicada a lei do primeiro porto que a embarcação aportar após o cometimento do crime, ou quando a embarcação se afastar do país, será aplicada a lei pelo do ultimo porto que a embarcação passou.

Obs

Embaixada não é extensão territorial. Desta forma, o crime cometido em uma embaixada norte americana situada no Brasil, será aplicada a lei brasileira. No entanto, na maioria dos casos os crimes dentro das embaixadas são cometidos por pessoas que possuem imunidade, e por isso aplica-se a lei da origem da pessoa.

Um crime cometido na embaixada brasileira localizada em território estrangeiro será julgado segundo a lei estrangeira.

PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA NACIONALIDADE

Personalidade ativa  agente é punido de acordo com a lei brasileira, independente da nacionalidade do sujeito passivo e do bem jurídico ofendido. Sua função é evitar a impunidade de crimes cometidos por brasileiros no exterior. Esses brasileiros que, após cometerem crime no exterior fogem para o Brasil, não podem ser extraditados por direito constitucional (proibição de extradição de brasileiros), e por isso devem ser julgados aqui mesmo.

É o que está contido no art. 7:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes:

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes:

b) praticados por brasileiro;

Personalidade passiva  nos casos em que a vítima é brasileira. O autor do delito que se encontrar me território brasileiro, embora seja estrangeiro, deverá ser julgado de acordo com as leis brasileiras.

PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO

O autor do crime deve ser julgado em consonância com a lei do país que for domiciliado, pouco importando a sua nacionalidade.

PRINCÍPIO DA DEFESA REAL OU DA PROTEÇÃO

Permite submeter à lei brasileira os crimes praticados no estrangeiro que ofendem bens jurídicos pertencentes ao Brasil, qualquer que seja a nacionalidade do agente e o local do delito.

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes:

(15)

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO

Tb chamado de princípio do pavilhão, da bandeira, subsidiário ou da substituição.

Aplica-se a lei brasileira aos crimes cometido em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

Se a aeronave ou embarcação for pública ou estiver a serviço do governo brasileiro não será aplicado o princípio da representação, mas sim os princípio da territorialidade, pois são considerados territórios nacional.

LUGAR DO CRIME

Três teorias buscam identificar o lugar do crime: 1. Teoria da atividade

ou da ação

 Lugar de crime é aquele onde foi praticada a conduta

2. Teoria do resultado ou do evento

 Lugar de crime é aquele em que se produziu o resultado ou deveria produzir-se o resultado, pouco importando o lugar da prática da conduta

3. Teoria mista ou da ubiquidade

 Lugar de crime é tanto aquele em que foi praticada a conduta, quanto aquele em que se produziu ou deveria se produzir o resultado.

O CP brasileiro adotou a Teoria da ubiqüidade:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Obs

LUTA  L=Lugar de crime, U=Ubiqüidade, T=Tempo de crime, A=Atividade

EXTRATERRITORIALIDADE

Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Temperada ou Mitigada que admite, excepcionalmente, a aplicação da lei penal brasileira a crimes cometidos fora do Brasil.

Não se admite a aplicação de lei penal brasileira às contravenções penais praticadas no estrangeiro.

(16)

EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

Não está sujeita a nenhuma condição. A simples prática do crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei brasileira. O agente pode ter sido, inclusive, absolvido ou condenado no estrangeiro. Pode haver a dupla condenação do sujeito, e a pena cumprida no estrangeiro será compensada da pena aplicada no Brasil.

São eles:

a) Crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

c) Crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

Alguns crimes possuem certas condições para serem julgados no Brasil. Os crimes são:

a) os que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) os praticados por brasileiro;

c) os praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

E as condições, cumulativas, são:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

(17)

EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA

A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições acima e Tb quando:

d) entrar o agente no território nacional;

e) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

f) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; f) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

g) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

h) não foi pedida ou foi negada a extradição; i) houve requisição do Ministro da Justiça

DISPOSIÇÕES FINAIS ACERCA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Para isso a sentença penal estrangeira deve ser homologada no Brasil pelo Supremo Tribunal de Justiça. E essa sentença já deve ter sido transitada em julgado no estrangeiro.

A homologação da sentença estrangeira depende da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça, e tem as seguintes funções:

a) obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis  a homologação depende Tb do pedido da parte interessada.

b) sujeitá-lo a medida de segurança. CONTAGEM DE PRAZO

O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Ex: se a pena é de 1 ano, e teve início em 10 de outubro, estará cumprida em 9 de outubro do ano seguinte.

Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro

(18)

FRAÇÕES NÃO-COMPUTÁVEIS DA PENA

Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES (de acordo com o sujeito do crime) CRIMES COMUNS, PRÓPRIOS E DE MÃO PRÓPRIA Se baseia na qualidade do sujeito ativo.

1 – Crimes Comuns ou gerais

É aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. O tipo penal não exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial.

Ex. furto, homicídio, roubo

2 – Crimes Próprios ou especiais Exige um sujeito ativo próprio.

O tipo penal exige qualidades especiais (situação fática ou jurídica diferenciada) do sujeito ativo para serem praticados.

Uma pessoa comum que ajuda o sujeito ativo próprio a cometer o crime próprio tb responderá pelo crime próprio, mesmo um infanticídio. Desta forma admitem co-autoria e participação.

Ex: infanticídio (só a mãe); corrupção ativa; peculato (só funcionário público) 3 – Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível É aquele que só pode ser praticado pelo sujeito ativo pessoalmente.

Ex. Falso testemunho (só a testemunha intimada poderá mentir em juízo. Esse crime é comum e de mão própria)

Esses crimes não admitem co-autoria, somente participação, eis que a lei não permite delegar a execução do crime a uma terceira pessoa. No caso de falso testemunho, por exemplo, o advogado pode instigar, induzir ou auxiliar a testemunha a faltar com a verdade, mas jamais poderá, em juízo, mentir em seu lugar ou juntamente com ela.

O crime de homicídio é um crime comum, porém não é de mão própria. CRIMES SIMPLES E COMPLEXOS

Se refere à estrutura da conduta delineada pelo tipo penal. 1 – Crimes simples

Se amolda em um único tipo penal. Ex: furto

(19)

2 – Crimes complexos

Resulta da união de 2 ou mais tipos penais. (viola mais de 1 direito) Ex: crime de roubo  fusão de furto e ameaça ou furto e lesão corporal. Obs

 Homicídio  crime simples (lesa somente a vida)  Sequestro  crime simples

 Furto  crime simples

 Roubo  crime complexo (patrimônio e ameaça, vida)  Extorsão mediante seqüestro  crime complexo

CRIMES MATERIAIS, FORMAIS E DE MERA CONDUTA

Diz respeito à relação entre a conduta e o resultado naturalístico 1 – Crime material ou causal

São aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a consumação.

Ex: homicídio  conduta é matar alguém, e o resultado é a morte. 2 – Crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado

São aqueles em que o tipo penal tem em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário (dispensável) para a consumação. Considera-se o crime consumado na mera execução da conduta.

Ex: extorsão mediante seqüestro  basta privar a vítima da liberdade para restar consumado o crime. O bandido não necessariamente precisa receber o resgate.

3 – Crimes de mera conduta ou de simples atividade

São aqueles em que o tipo penal se limita a descrever uma conduta, ou seja, não contém resultado naturalístico.

Ex: ato obsceno; invasão de domicílio

CRIMES INSTANTÂNEOS, PERMANENTES, DE EFEITOS PERMANENTES E A PRAZO 1 – Crimes instantâneos ou de estado

São aqueles em que a consumação se verifica em um momento determinado, sem continuidade no tempo.

Ex: furto

2 – Crimes permanentes

São aqueles em que a consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente.

A prisão em flagrante é cabível a qualquer momento, enquanto perdurar a situação de ilicitude. Esses crimes se dividem ainda em:

a) Necessariamente permanentes  são aqueles que para a consumação é imprescindível a manutenção da situação contrária ao Direito por tempo juridicamente relevante. Ex: seqüestro.

(20)

b) Eventualmente permanente  em regra são crimes instantâneos, mas, no caso concreto, a situação de ilicitude pode ser prorrogada no tempo pela vontade do agente. Ex: furto de energia elétrica.

Obs

A conduta é quem vai dizer se o crime é instantâneo ou permanente.  Homicídio  instantâneo

 Ocultação de cadáver  permanente

3 – Crimes instantâneos de efeitos permanentes

São aqueles em que os efeitos subsistem após a consumação, independente da vontade do agente. Ex: bigamia

4 – Crimes a prazo

São aqueles em que a consumação exige a fluência de determinado período. É o caso da lesão corporal de natureza grave em decorrência de incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.

CRIMES UNISSUBJETIVOS, PLIRISUBJETIVOS E EVENTUALMENTE COLETIVOS 1 – Crimes unissubjetivos, unilaterais, monossubjetivos ou de concurso eventual

Podem ser praticados por um único agente. Admitem, entretanto, o concurso de pessoas. Ex: homicídio.

2 – Crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário

São aqueles em que o tipo penal reclama a pluralidade de agentes, que podem ser co-autores ou partícipes, imputáveis ou não, conhecidos ou desconhecidos, e inclusive pessoas em relação às quais já foi extinta a punibilidade. Subdividem-se em:

a) Crimes bilaterais ou de encontro  o tipo penal exige 2 agentes, cujas condutas tendem a se encontrar. Ex: bigamia

b) Crimes coletivos ou de convergência  tipo penal exige a existência de 3 ou mais agentes.

b.1) De condutas contrapostas  os agentes devem atuar uns contra os outros. Ex: rixa

b.2) De condutas paralelas  os agentes se auxiliam, mutua,ente, com o objetivos de produzirem o mesmo resultado. Ex: quadrilha.

3 – Crimes eventualmente coletivos

São aqueles em que, não obstante o seu caráter unilateral, a diversidade de agentes atua como causa de majoração da pena. Ex: furto qualificado.

CRIMES DE SUBJETIVIDADE PASSIVA ÚNICA E DE DUPLA SUBJETIVIDADE Relacionada com o número de vítimas

(21)

São aqueles em que consta no tipo penal uma única vítima. Ex: estupro. 2 – Crimes de dupla subjetividade passiva

São aqueles em que o tipo penal prevê a existência de 2 ou mais vítimas, como corre no aborto sem o consentimento da mãe, em que são afetados a mãe e o feto.

CRIME PUTATIVO, IMAGINÁRIO OU ERRONEAMENTE SUPOSTO

Só existe na mente do sujeito ativo, que acredita, por erro, estar praticando uma conduta delituosa, sem saber que seu ato é irrelevante.

Ex: furto de uso; vender pó talco pensando que é cocaína Pode haver o crime putativo:

a) Por erro de tipo b) Por erro de proibição

c) Por obra do agente provocador Arma branca

Própria  feita para ser arma. Ex: espada

Imprópria  não foi feita para ser arma. Ex: taco de basebol, cabo de vassoura, etc. CRIMES DE DANO E DE PERIGO

Refere-se ao grau de intensidade do resultado almejado pelo agente 1 – Crime de dano ou de lesão

Consumação somente se produz com a efetiva lesão do bem jurídico. Ex: homicídio, lesão corporal, etc.

2 – Crime de perigo

Consumam-se com a mera exposição do bem jurídico penalmente tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade de dano. Subdividem-se em:

a) Crimes de perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência  consumam-se com a prática da conduta. Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Há presunção absoluta de que determinadas condutas acarretam perigo a bens jurídicos. Ex: tráfico de drogas

b) Crimes de perigo concreto  consumam-se com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. Ex: periclitação da vida.

c) Crime de perigo comum ou coletivo  atingem número indeterminado de pessoas, como na explosão.

d) Crime de perigo atual  perigo está ocorrendo, como no abandono de incapaz e) Crime de perigo iminente  perigo está prestes a ocorrer.

f) Crimes de perigo futuro ou mediato  situação de perigo decorrente da conduta se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo.

CRIMES UNISSUBSISTENTES E PLURISUBSISTENTE

Referente ao número de atos executórios que integram a conduta criminosa. 1 – Crimes unissubsistentes

Conduta se revela mediante um único ato de execução, capaz de, por si só, produzir a consumação. Ex: calúnia, difamação, injúria.

(22)

Conduta se exterioriza por meio de 2 ou + atos, os quais devem somar-se para a consumação. Ex: homicídio praticado por diversos golpes de faca.

CRIMES COMISSIVOS, OMISSIVOS E DE CONDUTA MISTA 1 – Crimes comissivos ou de ação

Praticados mediante conduta positiva do agente, um fazer. Ex: homicídio

2 – Crimes omissivos ou de omissão

Cometidos por meio de uma conduta negativa, de um não-fazer.

Divide-se em:

a) Omissivos próprios ou puros  a omissão está contida no tipo penal (contida na lei), ou seja, a descrição da conduta prevê a realização de um crime por meio da conduta negativa. Não há previsão legal do dever jurídico de agir, de forma que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa. O omitente responderá simplesmente pela omissão, independente do resultado que ela acarrete. São crimes unissubsistentes, ou seja, a conduta é composta de um único ato. Não admitem a forma tentada. Ex: omissão de socorro.

b) Omissivos impróprios, impuros ou comissivos por omissão  o tipo penal aloja em sua descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente, que descumpre o dever jurídico de agir, acarreta a produção do resultado naturalístico e sua conseqüente responsabilização penal. São crimes próprios, pois só podem ser praticados por quem tinha o dever de agir. São Tb crimes materiais, pois precisam do resultado naturalístico para se consumarem. Admitem a tentativa. As hipóteses de dever jurídico são:

 Dever legal

 Posição de garantidor  Ingerência

A o CP assim afirma:

Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado

(23)

Tipo penal é composto de 2 fases distintas, uma inicial positiva, outra final omissiva. Ex: apropriação de coisa achada.

CRIMES PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS 1 – Crimes principais

Possuem existência autônoma, isto é, independem da prática de um crime anterior. Ex: estupro

2 – Crimes acessórios

Dependem da prática de outro crime anterior. Ex: receptação.

A extinção da punibilidade do crime principal não se estende ao crime acessório. CRIME TRANSEUNTE E NÃO-TRANSEUNTE

Relacionado à necessidade ou não de realização do exame de corpo de delito.

1 – Crime transeunte ou de fato transitório

São os crimes que não deixam vestígios materiais, como nos crimes de injúria e calúnia. 2 – Crime não-transeunte ou de fato permanente

São os crimes que deixam vestígio, em que a realização do exame de corpo de delito é obrigatória. Ex: homicídio e lesões corporais.

A não realização do exame de corpo de delito nesses crimes leva á nulidade da ação penal. CRIMES INDEPENDENTES E CONEXOS

1 – Crimes independentes

São apresentam nenhuma ligação com outros delitos. 2 – Crimes conexos

Interligados entre si. A conexão material ou penal pode ser:

a) Teleológica ou ideológica  crime é praticado para assegurar a execução de outro delito. Ex: matar segurança para seqüestrar empresário.

b) Consequencial ou causal  Crime é cometido para assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro delito. Ex: ocultação de cadáver.

Essas duas espécies de conexão têm precisão legal. Funcionam como qualificadoras no crime de homicídio e como agravante genérica nos demais crimes.

c) Ocasional  crime é praticado em conseqüência da ocasião, da oportunidade. Ex: ladrão, após roubar a vítima, a estupra. O agente responde pelos 2 crimes.

CRIME EXAURIDO

É aquele em quem o agente, depois de já alcançada a consumação, insiste na agressão ao bem jurídico. Não caracteriza novo crime, constituindo-se em desdobramento de uma conduta perfeita e acabada. É o crime que, depois de consumado, alcança suas conseqüências finais.

(24)

Nos crimes formais, que não precisam de resultado para serem consumados, a ocorrência do resultado constitui um exaurimento. Ex: crime de extorsão mediante sequestro, em que o crime se consuma com a privação de liberdade da vítima. O recebimento do resgate é mero exaurimento.

CRIME VAGO

É o crime no qual o sujeito passivo é uma entidade destituída de personalidade jurídica, como a família ou a sociedade. Ex: tráfico de drogas.

CRIME HABITUAL

Só se consuma com a reiterada e uniforme prática de vários atos que revelam um criminoso estilo de vida do agente. Cada ato, considerado isoladamente, é atípico. Se cada ato fosse típico, estaria configurado o crime continuado.

O indivíduo pode ser acusado de crime habitual pela prática de um único ato, o primeiro ato, desde que fique comprovada a intenção da prática reiterada do ato.

Ex: exercício ilegal da medicina.

CRIME PROGRESSIVO

É aquele que para ser cometido deve o agente violar obrigatoriamente outra lei penal, a qual tipifica crime menos grave, chamado de crime de ação de passagem. O agente pretende desde o início produzir o resultado mais grave.

Ex: queria matar, e faz isso com lesões corporais sucessivas

Aplica-se o princípio da consunção, em que o crime mais grave absorve o menos grave. PROGRESSÃO CRIMINOSA

Quando ocorre mudança no dolo do agente, que inicialmente realiza um crime menos grave e, após, quando já alcançada a consumação, decide praticar outro delito de maior gravidade. Há 2 crimes, mas o agente responde somente pelo mais grave, em face do princípio da consunção.

CRIME DE ATENTADO OU DE EMPREENDIMENTO

É aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime consumado e a forma tentada, isto é, não há diminuição da pena em face da tentativa.

Ex: evasão mediante violência contra a pessoa.

TEORIA GERAL DO CRIME

INFRAÇÃO PENAL é um gênero, do qual o crime é uma espécie. Espécies de Infração Penal

1 – Sistema Tricotômico ou tripartida  Crime

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Infração Penal (gênero) Crime ou delito Contravenção Penal

(ou crime anão, crime vagabundo ou crime lilicutiano (espécie) Sanção Penal Medida de Segurança (pata os inimputáveis) Pena Privativa de liberdade Restritiva de direito Pecuniária (multa) Reclus ão Detenç ãoPrisão simples* (gênero) (espécie)  Delito  Contravenção penal

2 – Sistema Dicotômico ou bipartida  Crime ou Delito

 Contravenção penal (ou crime anão) O Brasil adota o Sistema Dicotômico.

* Prisão simples é a pena privativa de liberdade aplicada para as contravenções penais

Obs

A pena de reclusão pode iniciar em regime fechado, semi-aberto ou aberto.

Já a pena de detenção ou prisão simples só podem se iniciar em regime semi-aberto ou aberto. E na pena de detenção, quem não cumprir as regras do semi-aberto pode regredir para o sistema fechado. Já na prisão simples não há essa possibilidade.

A Contravenção na sua estrutura é igual ao crime, porém é menos grave (na violabilidade, na reprovabilidade é menor).

Deve-se punir a contravenção porque ela pode criar um ambiente propício à prática do crime. A contravenção penal por si só não é grave, porém ela pode ser porta de entrada para o crime (gerar um ambiente propício para o crime). Ex: a vadiagem, uma contravenção penal, pode ser ambiente propício para o indivíduo arrumar alguma briga. Jogo de bicho é uma contravenção. Outra contravenção é a Vias de fato (um beliscão, um tapa, etc)

No Código Penal Brasileiro não há contravenção penal. Todas as infrações penais contidas no CP são crime. Decreto-Lei 3688  Lei das Contravenções Penais (LCP) CP é a lei central dos crimes

LCP é a leis central das contravenções penais E há outras leis que tratam de outros crimes.

Diz-se que o crime de portar substância entorpecente para consumo pessoal sofreu despenalização, de pena privativa de liberdade, e não descriminalização.

(26)

Direito Penal trabalha com 3 elementos em ordem cronológica: 1. Crime

2. Criminoso 3. Pena CRIME

Pode ser determinado através de 3 conceitos diferentes:

1. Conceito Legal  a referência, o critério é a LEI. Neste conceito o crime é ação ou omissão humana proibida por lei.

2. Conceito Material ou substancial  faz referência ao BEM JURÍDICO. Neste conceito o crime é ação ou omissão humana que lesa ou ameaça (expõe a perigo de lesão) bem juridicamente protegido. Leva em conta a relevância do mal produzido aos interesses e valores selecionados pelo legislador como merecedores de tutela penal. Importante para orientar a formulação de políticas criminais.

3. Conceito Analítico, Formal ou Dogmático  análise = decompor, destrinchar, estudar cada parte. Se funda nos elementos que compõem a estrutura do crime. Por este conceito ocrime é fato típico, antijurídico e culpável. Junta os 2 critérios anteriores. (na teoria tripartida o crime é considerado fato típico, antijurídico e culpável)

É a espécie de infração Penal que a lei estabelece pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.

De acordo com a Teoria bipartida (minoritária) o crime é um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade um pressuposto para aplicação da pena. Relaciona-se com a Teoria Finalista da Conduta

Quando o conceito fizer referência à lei  conceito formal Quando se pune o crime, a matéria é o bem jurídico. Bem jurídico é a vida, a honra, a liberdade, etc.

A PUNIBILIDADE não é elementos do crime, mas conseqüência de sua prática.

LEI  é ato normativo emanado do Poder Constitucional criado para isso: o legislador. (Conceito estrictu sensu). No sentido Latu sensu LEI engloba qualquer norma, como portaria, ato, etc.

A Lei Penal é Ordinária do Congresso Nacional. Estado não pode legislar sobre crime.

O Presidente não pode criar um crime através de uma MP. Criar crime somente com Lei Ordinária.

CONTRAVENÇÃO PENAL

É a espécie de infração penal que a lei estabelece isoladamente pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.

Não admite tentativa. Obs

O critério mais eficiente para diferenciar crime de contravenção penal é analisar a pena. Geralmente quando a pena é só multa é contravenção. A exceção é a Leis de Drogas, onde quem porta

(27)

CRI ME (Concei to Analíti co ou Dogmá tico) TEORIA CLÁSSICA(Causal ou Naturalista da conduta) TEORIA FINALISTA(Finalis mo)

É a Teoria adotada pelo CP Brasileiro CRI ME FATO TÍPICO ILÍCI TO CULPÁ VEL CRI ME FATO TÍPICO ILÍCI TO CULPÁ VEL CONDUTA RESULTADO NEXO DE CAUSALIDADE TIPICIDADE CONDUTA RESULTADO NEXO DE CAUSALIDADE TIPICIDADE IMPUTABILIDADE DOLO E CULPA

(com consciência da ilicitude) EXIGIBILIDADE DE

CONDUTA DIVERSADOLOSACULPOSA

IMPUTABILIDADE POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA DOL O VONTA DE CONSCIÊNCIA CULP A FALTA DE CUIDADO CRI ME TEORIA CLÁSSICA DA CONDUTA TEORIA FINALISTA DA CONDUTA CRI ME FATO TÍPICO ILÍCI TO CULPÁ VEL CRI ME FATO TÍPICO ILÍCI TO CULPÁ VEL FATO TÍPICOILÍCI TO TEORIA TRIPARTIDA DO CRIME TEORIA BIPARTIDA DO CRIME TEORIA TRIPARTIDA DO CRIME

droga para consumo próprio pode ter aplicada somente a pena de multa, ou outras penas alternativas. Neste caso houve uma despenalização da conduta ( e não descriminalização).

Na coação moral irresistível não há inexibilidade da conduta diversa, logo não há crime. A Teoria Bipartida de crime só pode ser enquadrada na Teoria Finalista da conduta. O CP brasileiro adota a Teoria Bipartida do crime. (há controvérsias)

Se usar o conceito tripartida, onde o crime deve ser fato típico, ilícito e culpável, o inimputável não cometeria crime. Porém, não é isso que ocorre. O inimputável comete crime, porém ficará isento de pena.

(28)

CRIME AMBIENTAL

CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

E CONTRA A ECONOMIA POPULAR

ÚNICOS CASOS DE CRIMES EM QUE A PESSOA JURÍDICA PODE RESPONDER COMO SUJEITO

ATIVO DE CRIME

Quando o sujeito pratica um fato típico e ilícito, diz-se que ele pratica um INJUSTO PENAL. Desta forma diz-se que o crime é o injusto penal culpável.

SUJEITOS DO CRIME SUJEITO ATIVO

É aquele que realiza, direta ou indiretamente, a ação ou omissão incriminada pela norma, assim como aquele que de qualquer forma concorre para a prática delituosa. (pratica isoladamente ou em concurso).

Autor e co-autor realizam o crime de forma direta, ao passo que partícipe e autor mediato o fazem indiretamente.

Quem, de qualquer forma, concorre para a prática de um crime, Tb responde por ele. É chamado de INDICIADO, RÉU ou ACUSADO durante o Processo Penal.

Criminoso  aquele que pratica o fato típico e antijurídico

Animal não pode ser sujeito ativo de crime, apenas mero instrumento, pois o sujeito ativo precisa apresentar vontade, e o animal não possui. No caso de um cão morder alguém, o autor do crime é o dono do cão.

De acordo com o art. 39, caput do CP, qualquer um que concorra para o crime (auxilia, ajuda), para um crime, vai ser culpado, e não só aquele que praticou a ação. E todos serão considerados sujeitos ativos. Não interessa como, mas colaborou, é sujeito ativo do crime.

Ex: aquele que atirou, o que emprestou a arma, o que segurou a vítima.

A Pessoa Jurídica pode ser responsabilizada penalmente por esse crimes através da Teoria da Dupla Imputação ou imputação Paralela, quando imputa-se ao mesmo tempo tanto a Pessoa Jurídica quanto a Pessoa Física que praticou o crime.

Não cabe Habeas Corpus em favor de Pessoa Jurídica. Para ela utiliza-se o Mandado de Segurança.

SUJEITO PASSIVO É a vítima ou ofendido

É o titular do bem (direito) lesado ou ameaçado. Espécies de Sujeito Passivo

1. Constante, Formal, Mediato, Geral, Genérico ou Indireto  Estado, pois todos os crimes violam a lei do Estado. É sujeito passivo de todos os crimes. É o titular do direito de punir no Direito Penal.

(29)

2. Eventual, Material, Imediato, Direto, Particular ou Acidental  a vítima, que tem o bem jurídico lesado ou ameaçado, como vida, patrimônio, etc.; Titulares dos bens jurídicos lesados.

No homicídio constantemente o Estado é sujeito passivo e eventualmente a pessoa que sofreu o crime, a vítima.

Em alguns crimes o Estado além de sujeito passivo constante, tb será eventual, como nos crimes contra a administração pública.

Para que uma Pessoa Jurídica seja vítima de crime, esse crime deve ter sido feito de acordo com a natureza dela. Ex. Empresa pode ser vítima de crimes contra o patrimônio, porém nunca poderá ser vítima de homicídio.

Uma Pessoa Jurídica pode ser roubada, pois o objetivo do indivíduo é levar o patrimônio, e para isso ele ameaça quem estiver pela frente (os funcionários da empresa por ex.) É um crime complexo. Esta Tb pode ser vítima do crime de extorsão mediante seqüestro, quando se prende uma pessoa da empresa para que esta pague o resgate. Esse crime é um crime contra o patrimônio.

Incapazes tb podem ser sujeitos passivos eventuais de crimes, mesmo os nascituros (crime de aborto).

Um animal não pode ser sujeito passivo de crime. No caso de alguém matar o cachorro de outra pessoa, a vítima é o dono do cachorro, pois o crime é contra o patrimônio. E se o cão morder alguém, o autor do crime é o dono do cão. Nos crimes contra a fauna é a coletividade que figura como vítima (é um crime vago), assim como no crime de maus tratos, onde a vítima é a sociedade.

Morto não pode ser sujeito passivo (e nem ativo) de crime. O sujeito passivo será a sua família. O Morto será o objeto material do crime, pois ele não possui nenhum direito para ser violado. Com a morte cessa a existência jurídica do indivíduo. Da mesma forma o animal Tb não pode ser sujeito passivo de crime. Na ocultação, distribuição, esquartejamento do corpo, a vítima é a família, e o criminoso responderá por 2 crimes.

Ninguém pode praticar crime contra si mesmo.

O Direito Brasileiro não reconhece uma pessoa como sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo. O suicídio não é crime.

Pessoa que se bate não comete crime.

Pessoa que instiga a outra a cometer lesão corporal contra si mesma tb não comete crime pois o corpo é bem disponível.

Já a pessoa que instiga a outra a cometer suicídio comete um crime, pois a vida é um bem indisponível.

Também é possível ocorrer o chamado SUJEITO PASSIVO INDETERMINADO, nos casos de crimes vagos, que tem como vítima um ente destituído de personalidade jurídica.

CRIMES VAGOS  a vítima é um grupo de pessoas.

O sujeito passivo material é destituído de personalidade jurídica. São crimes coletivos, como crimes contra a família.

Ex: Crime de tráfico de drogas  vítima é a Saúde Pública Crime de porte ilegal de armas  vítima é a paz, a tranqüilidade

OBJETO DO CRIME (ou objetividade)

(30)

Jurídico  Abstrato . É o bem tutelado ou protegido pela norma penal (direito lesado, atingido). Ex. vida no homicídio

Material  Concreto, corpóreo. É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do agente. Ex. morto no crime de vilipêndio de cadáver

Há crime sem objeto material, como nos casos de crimes de mera conduta, porém não há crime sem objeto jurídico, pois se não houver bem protegido pela norma, não haverá crime.

Obs

Na calúnia contra o morto:  Objeto jurídico  honra  Objeto material  morto No homicídio:

 Objeto jurídico  direito à vida  Objeto material  corpo No roubo de carro

 Objeto jurídico  direito ao patrimônio  Objeto material  carro

FATO TÍPICO OU TIPO PENAL Tipo penal do crime Modelo do crime

Definição (descrição) legal do crime. Elementos do Fato Típico:

1. Conduta 2. Resultado

3. Nexo de Causalidade 4. Tipicidade

Os quatro elementos estarão presentes nos crimes materiais, que precisam de resultado. Já nos crimes de mera conduta, nos formais em que o resultado não ocorre e na tentativa, o fato típico será composto somente dos elementos conduta e tipicidade.

1 – CONDUTA

É a ação ou omissão humana (comportamento humano), consciente e voluntária, voltada para uma finalidade, que consiste em produzir um resultado (produzir modificação do mundo exterior), tipificado em lei como crime ou contravenção penal.

Não existe crime sem conduta. (NULLUM CRIMEN SINE CONDUTA)

Deve haver VONTADE + CONSCIÊNCIA, que resulta em intenção ou finalidade (pois é ela que define o crime). Por ex. um epilético que, durante ataque, mata o socorrista, não comete crime, pois não há intenção, logo não há conduta e por isso não há crime.

Referências

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