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XIII Congresso Brasileiro de Sociologia 29 de Maio a 1º de Junho de 2007, UFPE, Recife (PE) Grupo de Trabalho: GT20: Sexualidades, Corporalidades,

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XIII Congresso Brasileiro de Sociologia

29 de Maio a 1º de Junho de 2007, UFPE, Recife (PE)

Grupo de Trabalho: GT20: Sexualidades, Corporalidades, Transgressões

Título do Trabalho: O Debate Feminista sobre a Reprodução Assistida e Direitos Sexuais e Reprodutivos

Nome do(a) Autor(a): Fernanda Bittencourt Vieira Instituição: Universidade de Brasília

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O Debate Feminista sobre a Reprodução Assistida e Direitos Sexuais e Reprodutivos no Brasil

As novas tecnologias da reprodução criaram novas situações, antes sequer imaginadas: um cenário em que espermas, óvulos, embriões e até mesmo o útero podem ser deslocados de seu “lugar” original. O “lugar” que tradicionalmente ocupavam, dentro de uma relação heterossexual e dentro de um casamento. A tradição, na maioria das sociedades ocidentais, supõe que um casal tenha um filho gestado pela mulher, geneticamente relacionado a ambos os pais e admite a adoção. No entanto, intercambiar esperma, óvulo, embriões e útero possibilita novas experiências sociais e culturais que não se referenciam nem exclusivamente no modelo parental biológico, nem no modelo parental por adoção. Com as ntrs, a reprodução se autonomiza da conjugalidade heterossexual. Questões aparentemente simples que se tornaram complexas: Quem é pai? Quem é mãe? Como são produzidos os discursos que vão estabelecer o que é natural, em um contexto de interferência sem tamanho nos processos biológicos? As ntrs trazem questões cruciais nas sociedades modernas. À sociologia cabe analisar o impacto social da reprodução assistida na sociedade, em suas múltiplas dimensões e atores sociais. Essa pesquisa – com seis anos de duração – foi realizada para o Doutorado em Sociologia . O texto focaliza o debate feminista em torno da reprodução assistida no Brasil, a partir da pesquisa realizada entre os anos de 2001 a 2005.

Desde o nascimento do primeiro bebê de proveta, em 1978, na Inglaterra, o campo da reprodução assistida se expandiu no mundo todo, dando origem a mais de um milhão de bebês, segundo dados da Organização Mundial de Saúde- OMS1. Em 2001, mais de 40.000 bebês nasceram nos Estados Unidos por reprodução assistida; estima-se que nasçam, por ano, mais de 30.000 bebês de sêmen doado e que em cerca de 10% dos ciclos foram utilizados óvulos ou embriões doados. Dos ciclos com embriões doados, 0,7% envolveram mães gestacionais (Thompson, 2005). Em alguns países europeus, atualmente, mais de 5% de todos os nascimentos estão relacionados à reprodução assistida. No Brasil, embora não se disponha de dados seguros, estima-se o nascimento de cerca de 7.000 bebês através das novas tecnologias de reprodução e não se dispõe de dados sobre quantos desses de sêmen, óvulos e/ou embriões doados ou ainda sobre o número de crianças gestadas em úteros de substituição. Estamos diante do que Giddens (2000) denominou uma

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Current Practices and Controversies in Assisted Reproduction. Report of a Meeting on Medical, Ethics and Social Aspects of Assisted Reproduction (Práticas recentes e controvérsias sobre a Reprodução

Assistida. Relatório do Encontro sobre Aspectos Médicos, Éticos e

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sociedade que gerou um “risco fabricado”: aquela que, em face das inovações científicas e tecnológicas, se depara com novas e surpreendentes e, muitas vezes imprevisíveis, experiências sociais.

No entanto, apesar do ineditismo de algumas possibilidades, essas não deixam ser ancoradas em parâmetros prévios que garantem sua significação num campo de entendimento comum. Assim, o campo das novas tecnologias reprodutivas no mundo todo vem envolvendo novos e antigos atores na arena da reprodução: doadores de sêmen, óvulo, embrião, útero, médicos, laboratórios, indústria farmacêutica, bancos de sêmen, homens e mulheres heterossexuais e homossexuais, legisladores, feministas, religiosos, entre outros. Nesse sentido, é um terreno fértil para análise das políticas de reprodução entendidas como as políticas que definem os critérios e as condições acesso à reprodução, que estabelecem o lugar de cada um na reprodução (homens, mulheres, homossexuais, heterossexuais, pais, mães e filhos) através dos elementos da biologia, da genética, da consangüinidade ou da adoção2 e que moldam os sentidos do que pode ser assumido como uma família a partir dos padrões de gênero e de sexualidade. As políticas da reprodução também tangenciam os ideais sociais e os valores que devem ser reproduzidos, como aspectos fundamentais da reprodução social. Como no dizer de Rapp e Ginsburg (1995:2): “reprodução, no seu sentido biológico e social, está inextrincavelmente relacionada com a produção da cultura”.

A pesquisa compreendeu um esforço no sentido de apresentar uma análise do fenômeno em um país do Terceiro Mundo que apresenta características peculiares em relação aos países desenvolvidos os quais foram com mais freqüência objeto de vários estudos sociológicos sobre a temática na perspectiva indicada. Sua relevância se encontrou justamente no pioneirismo3 de analisar a reprodução assistida no Brasil

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Embora a adoção não seja o objeto de pesquisa por excelência da tese, a questão da adoção tangencia toda a pesquisa, não só porque é considerada uma alternativa possível para pessoas que se deparam com algum impedimento para procriar, como também porque apresenta parâmetros morais de família e “normalidade”.

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A tese não é a primeira sobre Reprodução Assistida. A primeira tese de Doutorado sobre o tema foi: A Tecnologia a Serviço de um Sonho. Um

estudo sobre a Reprodução Assistida no Brasil do Instituto de Medicina

Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1997. Depois já houve várias teses. Em 1999, Rosana Machin Barbosa concluiu o Doutorado em Sociologia na Universidade de São Paulo com a tese Desejo

de Filhos e Infertilidade: um estudo sobre reprodução assistida no

Brasil. Em 2003, Marlene Tamanini escreveu para o Programa

Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina a tese Novas Tecnologias Reprodutivas à luz da Bioética e das

Teorias de Gênero: Casais e Médicos/as no Sul do Brasil. Em 2004,

Marta Ramírez Gálvez defendeu a tese Novas Tecnologias Conceptivas:

Fabricando a Vida, Fabricando o Futuro, no Instituto de Filosofia e

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sob as lentes da política de reprodução, uma lente que apreende características locais em um contexto global. Nesse sentido, essa pesquisa iluminou novas questões que ainda não haviam sido inquiridas sobre o campo da reprodução assistida no Brasil, a partir de um olhar não-hegemônico, seja porque feminista, seja porque não olha do centro, mas da periferia do sistema-mundo.

Entendo e adoto a categoria políticas de reprodução – seguindo Inhorn and Balen(2002) – como um conceito sintético que apreende as duas perspectivas – a global e a local. Examino os elementos dos quais as práticas e políticas reprodutivas dependem e que fundamentam uma perspectiva global, multidisciplinar, complexa e polifônica sobre o campo da reprodução no Brasil4.

A análise das políticas de reprodução no Brasil aponta que desde a década de 60, os discursos sobre o controle populacional se disseminaram e ganharam força, principalmente a idéia de que as populações dos países do terceiro mundo deveriam ser contidas. O tema populacional, tratado como questão de Estado, envolve, por princípio, a vida reprodutiva das mulheres e homens, mas na maior parte das vezes a responsabilidade pela reprodução tende a recair sobre as mulheres e comprometer sua autonomia.

O conceito de direitos reprodutivos critica o fato de que, embora as políticas demográficas tenham tradicionalmente sido destinadas às mulheres, que apareciam para a sociedade como corpos que precisam ser regulados, ou controlados, as decisões tomadas não consultavam seus interesses ou opiniões. A partir desta crítica foi estabelecido o princípio de que, na vida reprodutiva, existem direitos a serem respeitados, mantidos ou ampliados. Estes são os direitos reprodutivos (Doria, ).

Na década de 70, os direitos reprodutivos estavam centrados nas reivindicações das mulheres pelo controle do próprio corpo, da fecundidade e atenção especial à saúde. Foi um período fortemente marcado pela luta para a descriminalização do aborto e pelo acesso à contracepção. Posteriormente, nos anos 1980 e 1990, a agenda dos direitos reprodutivos incorporou a questão da saúde da mulher de uma maneira mais ampla, desde à concepção, o exercício da maternidade e às novas tecnologias reprodutivas. Assim, o conceito de direitos reprodutivos representa uma novidade ao inserir o pensamento feminista na longa trajetória da discussão sobre regulação da fecundidade e natalidade .

Provetas e Clones: Teorias da Concepção, Pessoa e Parentesco nas Novas Tecnologias Reprodutivas, no Doutorado de Antropologia Social da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, só para citar algumas.

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“Allying ourselves with a growing number of social scientists who hope to place reproduction at the center of social and political-economic analysis” (Inhorn and Balen,2002).

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As questões até então defendidas pelas feministas ganharam o fórum da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento. A questão demográfica foi então deslocada para o âmbito dos direitos reprodutivos e do direito ao desenvolvimento.

Os chamados Direitos Reprodutivos (Ventura, 2002) são constituídos por certos direitos humanos fundamentais, reconhecidos nas leis internacionais e nacionais. Além das leis, um conjunto de princípios, normas, medidas administrativas e judiciais possuem a função instrumental de estabelecer direitos e obrigações, do Estado para o cidadão e de cidadão para cidadão, em relação à reprodução e ao exercício da sexualidade.

Nesse sentido, não se limitam à proteção da reprodução, mas abrangem um conjunto de direitos individuais e sociais que devem interagir em busca do pleno exercício da sexualidade e da reprodução humana. Também não podem ser reduzidos ao campo da saúde, embora não se prescinda da dimensão da saúde entendida como bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade mas devem ser considerados na sua dimensão política, em que se correlacionam com os demais direitos sociais, como os direitos à saúde, à educação e ao trabalho à vida, à igualdade, à liberdade e à inviolabilidade da intimidade.

Os discursos das feministas sobre a reprodução assistida não incorporaram, de maneira geral, a reprodução e o “tratamento” da infertilidade no contexto dos direitos sexuais e reprodutivos. Na verdade, constata-se uma resistência ao tema e a qualquer associação a alguma tipo direito das mulheres à procriação.

Thompson (2002) destaca que muito da resistência à pesquisa do tema se deve a uma espécie de dissenso entre as estudiosas feministas: algumas afirmando que as tecnologias são nocivas e ideológicas por si mesmas (o que impede a pesquisa) e reforçam o destino das mulheres como mães, outras procurando formas mais nuançadas, contextualizadas, como etnografias críticas – o que estimula a pesquisa empírica sistemática e recoloca a questão da maternidade na pauta do feminismo.

Um grupo de feministas auto-denominadas radicais organizou-se para oferecer resistência ao uso as Novas Tecnologias Reprodutivas. O grupo chamado FINRRAGE – Feminist International Network on Resistance of Reproductive and Genetic Engineering – é contra a divisão, fragmentação e separação do corpo feminino em partes distintas para sua recombinação pela ciência misógina e a medicina experimental.

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Assim como nos países desenvolvidos, no Brasil, as feministas não assumiram uma posição homogênea sobre as ntrs. Um grupo assumiu a posição de denúncia dos abusos das ntrs sobre os corpos femininos, e sua relação com os poderes médicos e científicos, como poderes patriarcais. Esses grupos acentuam que as técnicas encontram-se em caráter experimental, não se sabendo quais as suas conseqüências para a saúde das mulheres que são submetidas ao tratamento, além de ter uma taxa de sucesso muito baixa, fala-se de 10% a 20% de possibilidade de realização do sonho do Há ressalvas fundamentais ao uso das ntrs: além da exclusão das mulheres/casais de camadas baixas que não têm a mesma facilidade no acesso às ntrs, enfatiza-se o fato de que as ntrs são nocivas à saúde das mulheres (nos quais há maior incidência). São técnicas extremamente agressivas ao corpo e ao equilíbrio psíquico: há administração de hormônios e outros medicamentos e, como todo procedimento “cirúrgico”, há casos de morte da paciente. São repetidos com freqüência os procedimentos e a possibilidade de sucesso é muito baixa, além dos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados, dos quais pouco se fala.

Nessa linha, destaca-se que as estatísticas sobre o sucesso da técnica são manipuladas pelas clínicas. Fala-se de 15% a 25% de sucesso, comparando à uma tendência natural de 25% de sucesso nas relações sexuais ‘normais’. A mídia ajuda a vender a idéia do sucesso das ntrs na realização do sonho de um filho/a biológico, deixando de enfocar que, a grande maioria das pessoas submetidas ao tratamento não conseguem realizar o seu objetivo.

Além disso, o aprofundamento na pesquisa das ntrs desvia o foco para outros fatores que deveriam ser alvo de investimento como: programas públicos de saúde sexual e reprodutiva.

Também tem sido apresentada a interferência de fatores ambientais, como a poluição, relativa ao aumento de pessoas inférteis, que devem ser levados em consideração em uma política preventiva da esterilidade.

As críticas dessas feministas confluem para denunciar os abusos que estão sendo feitos com o uso indiscriminado das ntrs. Consideram-no como um negócio lucrativo e privatizado em todos os sentidos. Destacam que no Brasil, o campo é quase completamente dominado pela iniciativa privada.

Uma outra crítica feminista, inspirada nas análises foucaultianas da relação poder-saber, chama atenção para o fato de que as normas formas de medicina aprofundam o domínio do saber sobre os processos biológicos e, ainda, colocam a pergunta se “a demanda criada por desejo de filhos no contexto das novas tecnologias

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reprodutivas não teria as próprias tecnologias reprodutivas como um de seus principais protagonistas? Dito de outra maneira, não seriam as novas tecnologias criadora de um novo desejo de desejo de filhos?”(Corrêa,1997:27).

O advento de bancos de material reprodutivo é analisado pelas feministas contrárias às ntrs como desumano e perigoso, porque se associa à tecnologia genética, abrindo margem à toda sorte de manipulações e intervenções na espécie.

Todos esses argumentos são extremamente relevantes, mas deixam de lado as potencialidades que as ntrs podem trazer, além de reduzir o desejo por filhos a uma dominação patriarcal. Enfatizando a necessidade do poder masculino de controlar a reprodução para submeter às mulheres, reduzemnas a vítimas passivas de homens que têm o poder científico-tecnológico, e acabam por reiterar o argumento biológico, por serem favoráveis a vivência de uma maternidade tida como natural.

Uma outra visão procura pensar ao mesmo tempo os riscos e perigos das ntrs, tanto quanto suas possíveis subversões da ordem tida como natural. Como diz Haraway, “a invenção e reivenção da natureza se constitui como o terreno mais importante de esperança, opressão e antagonismo para os habitantes atuais do planeta terra” (1991:61, tradução livre). Assumir esta visão é pisar em um terreno extremamente fluido, mal delineado e arriscado; é assumir a angústia que as sociedades de risco geram em face das mudanças aceleradas; e transformar essa angústia em perguntas sobre os sentidos e significados ambíguos que são construídos, inventados, reinventados e mobilizados, para as pessoas que experimentam essas mudanças, e para as instâncias de regulação social e ética.

A contribuição desse feminismo com seu foco nas relações de poder, nas estruturas das hierarquias sociais, sejam elas de gênero, de sexo, raciais/étnicas ou de classe, é central para essa pesquisa, porque as inovações da tecnociência são desigualmente distribuídas e atribuídas. Por exemplo, que a maioria dos tratamentos seja predominantemente exercido no corpo das mulheres (mesmo nos casos em que são seus maridos diagnosticados como responsáveis por não haver reprodução) é algo que diz muito sobre a nossa cultura: é à mulher que cabe a responsabilidade pela reprodução, é do seu corpo que se espera um “fracasso” ou um “sucesso”, resposta aos tratamentos e (re)adequação. Mas não é de todas as mulheres que se esperam resultados, esforços e investimentos para reproduzirem. Algumas são consideradas mais merecedoras, mais compatíveis, em única expressão, moralmente mais adequadas, para serem mães do que outras. Quem são as mulheres e os casais a quem o tratamento se destina? Aquelas e aqueles que “desesperadamente” (na forma

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como são representados) precisam ter um filho e devem viver sua jornada nessa busca? E quem são aquelas/aqueles a quem o acesso é negado ou restringido?

Inhorn and Balen e Thompson (2002) questionam o silêncio das pesquisas acadêmicas em relação à temática da infertilidade. Na década de 80, segundo as autoras, por exemplo, as novas tecnologias da reprodução, quando estudadas, nos Estados Unidos ou na Europa, eram consideradas com um olhar mais filosófico do que empírico. Filosófas, bioeticistas, feministas, insistindo numa crítica radical5 acabaram por deixar de lado a temática. Considerando-a irrelevante, ou até mesmo, politicamente incorreta, as pesquisadoras deixaram um grande vácuo etnográfico e analítico. Em relação aos países do Terceiro Mundo essa omissão é ainda mais marcada.

É de se perguntar, com as autoras, em que medida isso se deve a uma espécie de neomalthusianismo disseminado no corpo da nossa sociedade: “o silêncio das pesquisas em relação à infertilidade de mulheres não-ocidentais espelha o monolítico neomalhusiano das políticas públicas ocidentais, que são muitas vezes obcecados com a hiperfertilidade de mulheres não-ocidentais. Não as vêem como merecedoras de alta tecnologia. Afinal, ajudar subpopulações inférteis nunca foi uma prioridade no discurso populacional e pode até ser visto côo contrário ao controle populacional global” (Inhorn and Balen: 7, 2002).

Assim, o trabalho também desafia a idéia dos estudos que tendem a reiterar a “hiperfertilidade” das mulheres do terceiro mundo ao restringir a discussão da infertilidade às mulheres e homens de países desenvolvidos, entendendo, tal como Thompson (2005) as tecnologias reprodutivas como uma parte menor de um amplo cenário em que sentimentos pro e anti-natalistas, ideologias, práticas e políticas são reveladas. De certa forma, as feministas que enfatizam uma oposição indiscutível às ntrs também tendem a contribuir para o discurso neomalthusiano.

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A feminista exemplar nesse sentido é Gena Corea que acredita haver uma dominação médica (masculina) dos corpos femininos, através das ntrs, e diz, claramente “muitas das mulheres, como eu, têm trabalhado para impedir o avanço dessas técnicas, não falo em regulamentação, falo em realmente impedir que elas avancem”In Scavone, 1996.

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