• Nenhum resultado encontrado

ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA DO TESTE FLEXÃO CRÂNIO-CERVICAL EM INDIVÍDUOS COM DOR CERVICAL CRÔNICA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA DO TESTE FLEXÃO CRÂNIO-CERVICAL EM INDIVÍDUOS COM DOR CERVICAL CRÔNICA"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

ANÁLISE DE CONCORDÂNCIA DO TESTE FLEXÃO CRÂNIO-CERVICAL EM INDIVÍDUOS COM DOR CERVICAL CRÔNICA

Caroline Garrote Quintiliano (PIBIC//UENP)1

carolgarrote@hotmail.com

Fabrício José Jassi (orientador) 1

Tiago Tsunoda Del Antônio1

Thais Cristina Chaves2

1 - Centro Ciências da Saúde - Campus de Jacarezinho - Universidade Estadual do Norte do Paraná.

2 - Professora do Departamento de Neurociências e Ciências do

Comportamento/Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – FMRP-UPS, Coordenadora do Laboratório de Pesquisa Interdisciplinar em dor

Musculoesquelética. fjjassi@uenp.edu.br

Resumo

O objetivo do estudo foi verificar a concordância dos resultados da eletromiografia (EMG) dos músculos da cervical com a palpação clínica do Teste de Flexão Crânio-Cervical (TFCC), utilizando o Pressure Biofeedback Unit (PBU) em indivíduos com dor cervical crônica. Métodos: Participaram do estudo 16 indivíduos organizados em dois grupos (grupo I: controle e grupo II: dor cervical crônica). O grupo com dor cervical crônica preencheu a escala visual analógica de intensidade de dor (EVA) e respondeu o questionário de incapacidade funcional relacionado ao pescoço (Neck Disability Index

-NDI). Ambos os grupos foram submetidos ao TFCC, sendo os músculos

esternocleidomastoideo (ECOM) e escaleno anterior (EA) avaliados pela eletromiografia de superfície e palpados por um examinador com experiência clínica. O TFCC foi realizado para as 5 zonas alvo (22,24,26,28 e 30). A análise de concordância foi realizada por meio de estatística descritiva. Resultados: A concordância entre a palpação do examinador e os dados da EMG no grupo controle foi de 75,42% para o músculo EA e 67,79% para o músculo ECOM. A concordância no grupo com dor cervical crônica foi de 66,67% para o músculo EA e 68,33% para o músculo ECOM. Conclusão: Pode-se concluir com o estudo que a palpação dos músculos esternocleidomastoideo e escaleno anterior é um método confiável para utilização na prática clínica.

Palavras-chave: Dor cervical crônica, Pressure Biofeedback Unit (PBU), Eletromiografia

(EMG), Teste flexão crânio-cervical (TFCC), Índice de incapacidade relacionada ao pescoço.

Fundamentação teórica

Estima-se que 22% a 70% da população mundial apresentarão dor cervical em algum momento de suas vidas (Childs et al, 2008). A coluna cervical pode demonstrar

(2)

instabilidade segmentar quando os músculos flexores superficiais da coluna cervical (Escaleno Anterior e Esternocleidomastoideo) realizam o movimento na ausência de ativação da musculatura profunda (Longo da cabeça e Longo do pescoço) (Winters e Peles, 1990).

O teste de flexão crânio-cervical (TFCC) tem sido utilizado na literatura como estratégia de intervenção terapêutica (Falla et al, 2006; Jull et al, 2009; Falla et al, 2012; Thoomes-de Graaf e Schimitt, 2012) e avaliação. Jull et al (2009) demonstraram que o treinamento da musculatura flexora profunda com baixa carga levou a melhora no padrão de ativação dos músculos flexores profundos cervicais e superficiais em indivíduos com dor cervical crônica e diminuição dos sintomas.

O objetivo do estudo foi verificar a concordância dos resultados da Eletromiografia dos músculos da cervical com a palpação clínica no Teste de Flexão Crânio-Cevical (TFCC) utilizando o Pressure Biofeedback Unit (PBU) em indivíduos com dor cervical crônica.

Materiais e métodos

O presente trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa em seres humanos FMRP-USP sobre o número de protocolo 4524/2013.

Foram recrutados 16 indivíduos de ambos os gêneros da Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP. O grupo controle consistiu de 5 mulheres e 3 homens com idades entre 17 a 26 anos; média 19,75 e desvio padrão (DP) 2,81 anos]. O grupo com dor consistiu de 7 mulheres e 1 homem com idades entre 19 e 25 anos; média 20,75 e DP 1,83anos.

Para o grupo com dor cervical foram considerados elegíveis os indivíduos com as seguintes características: a) dor cervical há pelo menos três meses (Hoy et al, 2010); b) limitação funcional, pelo menos leve, no Índice de incapacidade relacionada ao pescoço (NDI); c) dor de intensidade 3 na maioria dos dias em uma escala numérica de dor (0 a 10) (Lau et al, 2010). Já para o grupo controle foram selecionados indivíduos sem disfunção cervical há pelo menos três meses.

Os critérios de exclusão foram: cefaleia cervicogênica, doenças reumatologias como fibromialgia e artrite reumatoide, lesões cervicais pre diagnosticadas como hérnias de disco, lesão em chicote cervical, fratura cervical e presença de dor aguda e também indivíduos fazendo uso de analgésicos e anti-inflamatórios nas últimas 48 horas.

Todos os indivíduos após concordarem com os procedimentos da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. As etapas do estudo ocorreram no Laboratório de Biomecânica na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) de Jacarezinho. Os procedimentos que compõem a avaliação eletromiográfica seguem as normas previstas pelo consórcio europeu Surface EMG for the Non-Invasive Assessment of Muscles (SENIAM). Para coleta dos dados de Eletromiografia foi utilizado o equipamento

Noraxon® (Noraxon dual electrodes, Noraxon, USA, Inc®). Os eletrodos após preparo da

pele foram fixados no esternocleidomastoideo (ECOM) e escaleno anterior (EA) ambos unilateral.

(3)

Para avaliar incapacidade no grupo com dor cervical foi utilizado O índice de incapacidade funcional relacionado ao pescoço (Neck Disability Index - NDI). O questionário é composto por 10 questões e possui 6 possíveis respostas (0 a 5), o valor total varia de 0 até 50 pontos (Shellingerhout et al, 2012). No questionário, 7 itens estão relacionados a atividade da vida diária, 2 relacionados a dor e 1 relacionado a concentração (Childs et al, 2008).

O NDI foi utilizado na forma auto administrável. A classificação de incapacidade é considerada da seguinte maneira: 10 - 28% (5 - 14 pontos) - incapacidade leve; 30 - 48% (15 - 24 pontos) - incapacidade moderada; 50 - 68% (25 – 35 pontos) - incapacidade severa e 72% ou mais (36 pontos ou mais) – incapacidade completa.

Os indivíduos inicialmente passaram por um processo de triagem para determinar aqueles que eram legíveis para o estudo. Após serem considerados elegíveis os indivíduos eram alocados em um de dois possíveis grupos (grupo I: controle e grupo II: dor cervical crônica). O grupo com dor cervical crônica ainda preencheu a escala visual analógica (EVA) e respondeu o Índice de incapacidade funcional relacionado ao pescoço (Neck

Disability Index - NDI).

Os indivíduos ficaram em posição de decúbito dorsal, com os joelhos estendidos e com a cervical em posição neutra. A bolsa desinflada do PBU foi posicionada sob a cervical, logo abaixo do occipital e inflada até atingir 20 mmHg. O dispositivo forneceu a direção e o

feedback para o indivíduo realizar o teste das 5 zonas alvo (22, 24, 26, 28 e 30 mmHg).

Os indivíduos foram instruídos a realizar a flexão crânio-cervical sem atividade dos músculos ECOM e EA até atingir cada zona alvo (Falla et al, 2003). O movimento foi realizado lentamente e gentilmente movendo o queixo em direção ao esterno como se o sujeito estivesse falando “sim”. O teste foi praticado em cada zona alvo pelos indivíduos antes da coleta de dados, a fim de permitir-lhes conhecimento sobre o movimento a ser realizado no teste.

Realizado a familiarização com as zonas alvo o avaliador se posicionou contralateral ao lado em que os eletrodos estavam fixados e manteve a palpação sobre o ECOM e o EA. O teste teve uma duração de 55 segundos, com contrações de 5 segundos, repetidas por 3 vezes com pausa de 10 segundos entre elas (figura 1). O tempo de intervalo foi de 30 segundos entre cada zona alvo (Jull et al, 2008).

(4)

Resultados

No grupo I a média (desvio padrão) de peso, altura e IMC foram respectivamente: 62,25 (13,86); 1,69 (0,11); 21,38 (2,49), estando um dos indivíduos classificado como acima do peso e um abaixo do peso. No grupo II a média (desvio padrão) de peso, altura, IMC foram respectivamente: 64,81 (13,70); 1,63 (0,05); 24,35 (5,73), sendo um dos indivíduos classificado em obesidade grau I, três indivíduos em sobrepeso e dois indivíduos abaixo do peso.

A concordância entre a palpação do examinador e o EMG no grupo I foi de 75,42% para o músculo EA e 67,79% no músculo ECOM. A não concordância para o grupo I foi de 24,58% para o músculo EA e 32,21% para o músculo ECOM. A concordância no grupo II foi de 66,67% para o músculo EA e 68,33% para o músculo ECOM. A não concordância para o grupo II foi de 33,33% para o músculo EA e 31,67% para o músculo ECOM.

Na avaliação sobre intensidade de dor no momento da avaliação, aplicada apenas ao grupo II, a média (desvio padrão) da EVA foi 1,12 (0,64). Para os último três meses a média (desvio padrão) foi de 3,87 (0,64). No NDI a média foi de 9 pontos e desvio padrão de 1,60. Assim, a classificação de todos os indivíduos do grupo II foi incapacidade leve.

Considerações Finais

Pode-se concluir com o estudo que a palpação dos músculos esternocleidomastoideo e escaleno anterior é um método confiável para utilização na prática clínica demonstrando níveis de concordância acima 65% entre as avaliações. O grupo com dor cervical crônica apresentou um aumento da atividade da musculatura superficial em relação ao grupo controle. O teste de flexão crânio cervical serve como um feedback para o treinamento da musculatura.

Referências

CHILDS John D, CLELAND Joshua A, ELLIOTT James M, TEYHEN Deydre S, WAINNER Robert S, WHITMAN Julie M, SOPKY Bernard J, GODGES Joseph J, FLYNN Timothy W. Neck Pain: Clinical Practice Guidelines Linked to the

International Classification of Functioning, Disability, and Health From the Orthopaedic Section of the American Physical Therapy Association. J Orthop Sports

Phys Ther.2008; 38(9):A1-A34.

FALLA Deborah L, CAMPBELL Carolyn D, FAGAN Amy E, THOMPSON David C, JULL Gwendolen A. Relationship between cranio-cervical flexion range of motion and

pressure change during the cranio-cervical flexion test. Elsevier Science. 2003; 8:92-6.

FALLA D, JULL G, HODGES P, VICENZINO B. An endurance-strenght training

regime is effective in reducing myoeletric manifestations of cervical flexor muscle fatigue in females with chronic neck pain. Clinical Neurophysiology. 2006; 117:828–

(5)

FALLA Deborah, O’LEARY Shaun, FARINA Dario, JULL Gwendolen. The change in

deep cervical flexor activity after training is associated with the degree of pain reduction in patients with chronic neck pain. Clin J Pain 2012; 28:628–634.

HOY DG, PROTANI M, DE R, BUCHBINDER R. The epidemiology of neck pain. Best Pract Res Clin Rheumatol. 2010; 24(6):783-92.

JULL A, FALLA D, VICENZINO B, HODGES PW. The effect of therapeutic exercise

on activation of the deep flexor muscles in people with chronic neck pain. Manual

Therapy. 2009; 14:696–701.

JULL Gwendolen A, O’LEARY Shaun P, FALLA Deborah L. Clinical Assessment of the

deep cervical flexor muscles: the craniocervical flexion test. Journal of manipulative

and physiological therapeutics. 2008; 21(7):525-533.

LAU Kwok Tung, CHEUNG Ka Yuen, CHAN kwok Bun, CHAN Man Him, LO King Yuen, CHIU Thomas Tai Wing. Relationships between sagittal postures of thoracic and

cervical spine, presence of neck pain, neck pain severity and disability. Man Ther.

2010; 15(5):457-62.

SCHELLINGERHOUT Jasper M, VERHAGEN Arianne P, HEYMANS Martijn W, KOES Bart W, DE VET Henrica C, TERWEE Caroline B. Measurement properties of

disease-specific questionnaires in patients with neck pain: a systematic review. Qual Life

Res.2012; 21(4):659-670.

THOOMES-DE GRAAF Marloes, SCHMITT Maarten A. The effect of training the deep

cervical flexors on neck pain, mobility, and dizziness in a patient with chronic non-specific neck pain after prolonged bed rest: A case report. J Orthop Sports Phys Ther. 2012; 42(10):853-860.

WINTERS JM, PELES JD. Neck muscle activity and 3-D head kinematics during quasi-static and dynamic tracking movements. In: Winters JM, Woo SLY, editors. Multiple muscle systems: Biomechanics and movement organization. New York: Springer-Verlag; 1990. p. 461-80.

Referências

Documentos relacionados

É necessário deixar claro que o uso das TIC’s no ensino ajuda na aprendizagem aflorando uma evidente verdade: aprender é também explorar os sentidos,

RESUMO: O trabalho ora apresentado faz parte do processo de sistematização do projeto de extensão Proteção Social como Proteção Integral: a atuação da rede

Com relação às proposições negativas (Tabela 9), para as quais os valores da escala são 1 = concordo muito e 7 = discordo muito, ao analisarmos os escores atribuídos

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

Na série azul Figura 33, observe um comportamento linear decrescente do comprimento do peixe em função de sua taxa de crescimento, este padrão está descrito pela

Para utilizar um vídeo especificamente como recurso pedagógico, é preciso planejá-lo com uma didática adequada para que se dê a aprendizagem significativa.7 Nesse contexto, a escola

Os dados foram coletados a partir do final do primeiro e início do segundo semestre letivo do ano de dois mil e dez, através da observação diária e de diálogos informais com

a) Avaliar, nas amostras de ração para cães comercializadas no varejo em embalagem fechada e a granel, a presença de indicadores de condição higiênico-sanitária, como