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Prescrição e Decadência

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Academic year: 2021

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Prescrição e Decadência

Fonte: Flávio Tartuce

Existe um brocardo jurídico da seguinte forma: “o direito não socorre os que dormem”. Desde a faculdade escutamos isso, mas não sabemos o que de fato é prescrição e decadência.

É possível também afirmamos que esses institutos que vamos estudar estão intimamente relacionados com a boa-fé e segurança jurídica, evitando que uma espécie de incerteza quanto aos assuntos relacionados.

De acordo com Tartuce: “O Código Civil em vigor traz um tratamento diferenciado quanto a tais conceitos: a prescrição consta dos seus arts. 189 a 206, a decadência, dos arts. 207 a 211. Aliás, os prazos de prescrição estão concentrados em dois artigos do Código Civil: arts. 205 e 206. Os demais prazos, encontrados em outros dispositivos da atual codificação, são, pelo menos em regra, todos decadenciais”.

Além disso, Tartuce também explica que os prazos de prescrição são todos ​em

anos​, enquanto decadência pode ser dias, meses e anos. E sobre a diferenciação dos institutos, continua:

Esse brilhante professor paraibano associou a prescrição às ações condenatórias, ou seja, àquelas ações relacionadas com

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direitos subjetivos, próprio das pretensões pessoais. Desse modo, a prescrição mantém relação com deveres, obrigações e com a responsabilidade decorrente da inobservância das regras ditadas pelas partes ou pela ordem jurídica.

Por outro lado, a decadência está associada a direitos potestativos e às ações constitutivas, sejam elas positivas ou negativas. As ações anulatórias de atos e negócios jurídicos, logicamente, têm essa última natureza. A decadência, portanto, tem relação com um estado de sujeição, próprio dos direitos potestativos. Didaticamente, é certo que o direito potestativo, por se contrapor a um estado de sujeição, é aquele que encurrala a outra parte, que não tem saída.

Atenção! ​Cuidado! Na prescrição ocorre a perda da pretensão, mas não do direito em si, que permanece incólume. Leciona Tartuce: “Tanto isso é verdade que, se alguém pagar uma dívida prescrita, não pode pedir a devolução da quantia paga, já que existia o direito de crédito que não foi extinto pela prescrição”.

Como isso já caiu em provas? ​Na prova discursiva da PGE-MA (FCC), existia

uma questão para diferenciar os institutos da prescrição e decadência, bem como para dar exemplos de cada um dos prazos.

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jurisprudência do STJ podemos encontrar a súmula nº 278, que dispõe: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”. Trata-se da aplicação da teoria da actio nata​, que significa (Cristiano Farias e Nelson Rosenvald):

A tese da actio nata, reconhecida jurisprudencialmente, melhor orienta a questão. Efetivamente, o início da fluência do prazo prescricional deve decorrer não da violação, em si, de um direito subjetivo, mas, sim, do conhecimento da violação ou lesão ao direito subjetivo pelo respectivo titular. Com isso, a boa-fé é prestigiada de modo mais vigoroso, obstando que o titular seja prejudicado por não ter tido conhecimento da lesão que lhe foi imposta. Até porque, e isso não se põe em dúvida, é absolutamente possível afrontar o direito subjetivo de alguém sem que o titular tenha imediato conhecimento.

O STJ também tem alguns informativos recentes sobre o tema prescrição, que costumam ser bastante cobrados na prova do CESPE, vejamos: 1) O termo inicial da prescrição da pretensão de restituição dos valores pagos parceladamente a título de comissão de corretagem é a data do efetivo pagamento (desembolso total). Informativo 634; 2) É decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em inadimplemento contratual. Informativo 632; 3) São imprescritíveis as ações de reintegração em cargo público quando o afastamento se deu em razão de atos de exceção praticados durante o regime militar. Informativo 630; O pedido de concessão de prazo para analisar documentos com o fim de

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verificar a existência de débito não tem o condão de interromper a prescrição. Informativo 619 e muito mais.

Para não perder nenhum prazo prescricional, recomendo que você utilize o buscador ou vade mecum do dizer o direito, bem como anote todos os prazos prescricionais no vade mecum.

Agora vejamos o que dispõe o Art. 190, CC: “a exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão”. De acordo com TARTUCE: “os prazos aplicáveis às pretensões também devem regulamentar as defesas e exceções correspondentes, de acordo com a equivalência material, consagração, em parte, do princípio actio nata, pelo qual o prazo também pode ter início a partir da ciência da lesão ao direito subjetivo”.

Outro artigo muito importante é o 191, CC, que dispõe: “A renúncia da prescrição pode ser ​expressa ou tácita​, e só valerá, sendo feita, ​sem prejuízo de terceiro​, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição”.

Importante também ressaltarmos que os prazos de prescrição não podem ser alterados pela vontade das partes. Ou seja, a prescrição somente tem origem legal, enquanto a decadência pode ser convencional.

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A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.

Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.

A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

Por ser assunto meramente “decoreba”, não vou tratar aqui das hipóteses de suspensão e interrupção da prescrição, tema que deve ser lido pelo aluno nos Artigos 197 a 204 do Código Civil.

Como dito acima, a decadência pode ter origem ​legal ou ​convencional. Bem como, salvo disposto em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.

Tartuce faz quadro explicativo sobre a diferença entre decadência legal e convencional. Vejamos:

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Por fim, vejamos tabela com as diferenças entre prescrição e decadência, bem didática e efetiva para os estudos.

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1) (FCC - Auditor SC 2018) De acordo com o Código Civil de 2002, os prazos prescricionais podem ser alterados mediante acordo entre as partes. R: Falso! Conforme vimos, não podem ser alterados pelas partes, mas somente pela LEI.

2) (UEM - Advogado) É imprescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrentes de ilícito civil. R: Falso! O STF já se debruçou sobre o tema e decidiu ser PRESCRITÍVEL.

Sobre o tema, vejamos lição do professor Márcio André: Ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrentes de ilícito civil é PRESCRITÍVEL (STF RE 669069/MG).

Ação de ressarcimento decorrente de ato de improbidade administrativa praticado com CULPA é PRESCRITÍVEL (devem ser propostas no prazo do art. 23 da LIA).

Ação de ressarcimento decorrente de ato de improbidade administrativa praticado com DOLO é IMPRESCRITÍVEL (§ 5º do art. 37 da CF/88).

Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2018/10/info-910-stf.pdf

3) (MPU - CESPE) Se houver capacidade legal e manifestação expressa por escrito, será válida a renúncia prévia da prescrição. Falso! Não é válida a renúncia prévia.

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4) (CESPE - DELTA/SE) Ao celebrar contratos com terceiros, as duas sociedades referidas na situação hipotética podem estabelecer prazos prescricionais mais amplos que os previstos no Código Civil. R: Falso! Item já comentado acima.

5) (COREN - PR, Advogado) A prescrição é ato personalíssimo, de modo que se iniciada contra uma pessoa, não continua a correr contra o seu sucessor. R: Falso! Pode sim continuar, sendo a previsão do CC.

6) (PGM - São Bernardo do Campo) A interrupção da prescrição produzida contra o devedor principal não prejudica o fiador. R: Falso! De acordo com o CC, prejudica sim!

Como vocês podem ver, a grande parte das questões são sobre lei seca, por isso recomendo a sua leitura, juntamente com o VM do dizer o direito e a resolução de questões.

Bons Estudos! Equipe CTPGE

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