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Intensificação Das Relações Comerciais Entre Os BRICS A Partir Da Implementação Das Moedas Correntes Desses Países

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2 Seminário de Relações Internacionais: Graduação e Pós-Graduação: Os BRICS e as transformações na Ordem Global

28 e 29 de Agosto de 2014. João Pessoa- Paraíba- Brasil Painel individual

Área temática: Política Externa

Intensificação Das Relações Comerciais Entre Os BRICS A Partir

Da Implementação Das Moedas Correntes Desses Países

Christiane Maria Souza Alves Pontificia Universidade Católica de Minas Gerais-PUC /MG

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RESUMO

A politica comercial é um subcampo da politica externa, de formas diferentes analistas de política externa, consideram que essa política é caracterizada por uma "ação do Estado". Propondo-se estudar essa ação do estado na política externa comercial entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), tendo como foco as relações comerciais entre esses países não mais utilizando o dólar como a moeda de troca, que seria substituído pelas moedas locais. O que se pretende responder são os efeitos dessas relações comerciais entre os BRICS, a partir dessa implementação de um sistema de trocas com a

utilização de moedas locais?

A implementação de uma AMO (área monetária ótima) na Europa por exemplo, foi um processo que ocorreu em etapas, sendo possível a partir da adoção de políticas econômicas que primeiramente reduzissem as diferenças entre esses países, que deveriam ter políticas econômicas homogêneas por exemplo em relação a taxas de inflação, orçamento fiscal entre outros. A crise da Europa recente colocou inclusive em questão se foi uma escolha correta a implementação do Euro.

Considerando que os BRICS são economias emergentes mas que existem grandes assimetrias entre esses países, principalmente em relação a taxa de câmbio, o que foi verificado a partir da utilização de um sistema de taxas de câmbio cruzadas (Cross Rates), o que se pretende responder nesse trabalho é como seriam essas relações comerciais estabelecidas em moedas correntes dos BRICS? Essa troca comercial utilizando moeda local seria positiva ou negativa para as relações comerciais desses países? Seria benéfico para os países com superavit comercial a substituição desse saldo em dólar por outra moeda corrente?

Palavras-chave:

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INTRODUÇÃO

A taxa de câmbio é um instrumento monetário, que influencia as relações comerciais entre os países, pro exemplo quando temos uma valorização da taxa de câmbio de um pais em relação a taxa de câmbio de outros países, esse tipo de política cambial vai elevar as importações do um país, que tem a sua taxa de câmbio valorizada, porem se houver uma desvalorização da taxa de câmbio em relação a taxa de câmbio de outros países, esse mecanismo cambial vai eleva as exportações desse pais.

Segundo Lessa (2010), entre 2003 e 2010, a diplomacia brasileira buscou intensificar as relações comerciais brasileiras com seus principais parceiros, como Estados Unidos, Japão e União Europeia, priorizando também novos eixos econômicos com os países do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Valorizando parcerias estratégicas, através da consolidação acordos bilaterais.

Pretende-se enfatizar como estão as relações comerciais entre os países dos BRICS, em quais os produtos essas relações comercias poderiam intensificar a partir de uma relação comercial fundamentada na moeda de cada país, substituindo o padrão dólar. E se a taxa de câmbio desses países esta causando impactos negativos ou positivos nas relações comerciais desses países. Um outro mecanismo capaz de alterar ou intensificar essas relações entre os países seria a criação de uma Área Monetária Otima (AMO)

Segundo a teoria da AMO, mesmo que ocorram choques assimétricos, mas existindo livre mobilidade de fatores de produção e trabalho, há necessidade de homogeneizar essas áreas integradas. (Millet & Duran, 2012)

A expansão de um bloco econômico no sentido de implementar uma união monetária torna os padrões de comércio entre os países membros mais semelhantes, e as negociações entre os países se tornam mais relacionadas. Porém deve se priorizar a manutenção de taxas de inflação semelhantes entre esses países, uma condição necessária para a implementação dessa área monetária, além de orçamento federal e livre mobilidade dos fatores de produção. (Tizon, Gerde & Sanchez , 2012).

A taxa de câmbio é um instrumento monetário capaz de alterar o volume de comércio referente as compras e vendas de um país em relação ao resto do mundo. Uma governança em uma área monetária ótima, a taxa de câmbio não é um instrumento capaz de alterar a mobilidade dos fatores de produção como capital e trabalho. A constituição desta área monetária ótima deve criar instrumentos capazes de enfrentar os desafios de uma integração económica em um mundo globalizado. (Millet & Duran, 2012).

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Objetivo deste trabalho é o de avaliar a influência da taxa de câmbio nas relações comerciais realizadas entre os BRICS. Quais seriam os impactos nessas relações comerciais a partir de um sistema de trocas baseado em moedas locais. Considera-se que uma intensificação nas relações comerciais entre esses países, poderia aumentar o volume de comércio, fortalecendo os mesmos e poderia formar um bloco econômico de elevada competitividade, aumentando a importância dos mesmos no cenário internacional. Se essas trocas fossem realizadas com moedas dos países citados, até que ponto esse mecanismo cambial, proporcionaria um maior fortalecimento comercial entre esses parceiros. E quais seriam as possibilidades de implementar uma área monetária otima entre os BRICS.

EFEITOS DAS ALTERAÇÕES DA POLÍTICA CAMBIAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL Alguns fatores que influenciam as decisões de exportar ou importar produtos em determinado país são os preços no mercado doméstico, os preços no mercado externo e a taxa de câmbio. As mudanças na taxa de câmbio provocam alterações nos preços relativos dos produtos nos mercados internos e externos, o que implica aumento ou redução da balança comercial. Esse impacto na taxa de câmbio nas transações comerciais de um país depende das elasticidades da demanda e de oferta das importações e exportações (Carvalho & Silva, 2003).

Considerando um país pequeno, o volume de comércio não afetaria os preços internacionais, a demanda de exportações seria elástica, e a desvalorização cambial teria efeito sobre o saldo da balança comercial. As reduções nas importações de um país poderiam ser atingidas, no caso de uma política de desvalorização da taxa de câmbio, o que implicaria aumento nas exportações e redução nas importações.

As exportações implicam a oferta de divisas e as importações, a demanda de divisas. A determinação da taxa de câmbio envolve tanto as importações quanto as exportações de produtos. De acordo com Gremaud & Toneto, (2002) (p 278), “se tais variáveis fossem preponderantes no mercado de divisas do país, a taxa de câmbio de equilíbrio deveria refletir a competitividade da produção doméstica diante do restante dos países”. Essa taxa de câmbio também poderia ser alterada pela valorização cambial, que diminuiria a competitividade desse país no mercado internacional, ou por uma desvalorização cambial, que aumentaria essa competitividade, encarecendo os produtos importados e diminuindo os preços dos produtos exportados. Dessa forma, os governos poderiam influenciar as taxas de câmbio, desvalorizando-as para aumentar as exportações, ou valorizando-as para aumentar

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as importações.

Se a taxa de câmbio real aumentasse, os bens estrangeiros tornar-se-iam mais caros em relação aos domésticos, isto é, cada unidade de produto local compraria quantidade menor de produto estrangeiro. Os consumidores externos demandariam mais das exportações do país que promovesse a desvalorização, devido ao menor preço do produto. Essa maior demanda do exterior aumentaria as exportações, melhorando a conta corrente do país. No caso das importações, o aumento da taxa de câmbio real implicaria elevação de preço no mercado interno, o que levaria os consumidores domésticos a demandarem menor quantidade de produtos, mas as importações poderiam tanto aumentar quanto diminuir. O aumento na taxa de câmbio real elevaria o valor de cada unidade importada, em termos de unidade de produção local, e não o volume de bens estrangeiros importados. Dessa forma, o aumento na taxa de câmbio real sobre a conta corrente poderia ser ambíguo (krugman & Obstfeld, 2001).

Considerando um país pequeno, o volume de comércio não afetaria os preços internacionais, a demanda de exportações seria elástica, e a desvalorização cambial teria efeito sobre o saldo da balança comercial. As reduções nas importações de um país poderiam ser atingidas, no caso de uma política de desvalorização da taxa de câmbio, o que implicaria aumento nas exportações e redução nas importações.

A competitividade de um produto no mercado internacional poderia ser verificada pela taxa de câmbio real, que é a taxa de câmbio nominal deflacionada pela razão entre a inflação doméstica e a inflação externa. A taxa de câmbio real poderia ser obtida pela seguinte fórmula:

ߦ ൌሺாൈ௉భሻ

௉మ

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Em que E é taxa de câmbio nominal; P1, preço do produto externo, em moeda estrangeira; e P2, preço do produto nacional, em moeda do país.

Quanto maior a taxa de câmbio efetiva maior a competitividade do produto no mercado internacional. Nesse caso, se a desvalorização nominal da taxa de câmbio fosse superior à variação da inflação, o produto exportado tornar-se-ia mais barato no mercado internacional (Gremaud & Toneto., 2002).

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As desvalorizações da taxa de câmbio aumentariam a competitividade do produto doméstico no mercado internacional. Com isso, haveria estímulo ao aumento da produção para o mercado externo, ou seja, haveria aumento nas exportações, na produção e no emprego. O efeito nocivo dessa política cambial seria o aumento dos preços no mercado interno, o que resultaria em processo inflacionário.

Considerando que haveria a possibilidade de criação de uma moeda local, ao invés de um sistema de trocas baseado nas moedas dos países. A eliminação dessas distorções cambiais e a adoção de uma moeda única seria um mecanismo capaz de anular os efeitos dessas alterações cambiais. Mas a proposta de uma moeda única, para poder funcionar precisa dentre outros elementos atender blocos com um elevado grau de abertura econômica, interesses nacionais semelhantes, as questões sociais também necessitam ser semelhantes, sendo também essencial uma maior participação dos países no processo de decisão do bloco em relação aos países menores.

Os BRICS são economias em desenvolvimento bastante simétricas, porém existem diferenças entre esses países quando são levados em conta outros aspectos como taxas de inflação, taxas de crescimento económico e taxas de câmbio em relação a outras moedas como o dólar e o euro. A Rússia e a China já estão utilizando as moedas locais para as transacções comerciais, mas a expansão desse tipo de comercialização entre outros países até o momento não foi ampliada.

Em Julho deste ano o encontro dessas economias, em Fortaleza, marcou o que podemos considerar como primeiro passo para o avanço dessas negociações no futuro. A criação de um Banco e de um fundo por esses países, seria uma forma de melhorar a negociação entre esses países com as moedas locais. Esse encontro mostra um avanço das negociações entre esses países que se iniciou em 2009, nesse acordo de julho de 2014, está previsto que cada um desses países financie a sua moeda para os demais países membros, fator que pode ser um facilitador dessas negociações, comerciais com moedas locais

O QUE SÃO TAXAS DE CÂMBIO CRUZADAS

A maioria das moedas têm suas cotações diárias, informadas em Euro ou em Dólar, principais moedas utilizadas nas relações comerciais entre os países. Porém muitas vezes precisamos de utilizar de um mecanismo de conversão para sabermos o valor de outras

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moedas locais. Por exemplo, supondo que vamos viajar para a China, e queremos utilizar a moeda local o Renmimbi Iuan, para fazermos essa conversão de reais para Renmimbi Iuan, podemos utilizar as taxas de câmbio cruzadas. Assim saberemos do valor das duas unidades monetárias em relação ao dólar por exemplo, e dividindo a paridade de uma moeda pela outra, saberemos o valor do Real em relação ao Renmimbio Iuan e vice-versa. Esse mecanismo é o que denominamos de taxas de câmbio cruzadas, assim será possível sabermos se a nossa moeda vale mais ou menos do que a moeda de outros países. Atualmente o próprio site do Banco Central do Brasil- BACEN, faz essas conversões, com isso é possível sabermos o valor do real em relação a moedas utilizadas no mundo inteiro. Como já falamos que a taxa de câmbio é um instrumento muito importante nas trocas entre os países, vamos verificar como estão se comportando as taxas de câmbio dos países que compõem os BRICS.

As taxas de câmbio cruzadas, serão de fundamental importância nesse trabalho uma vez que ela nos permite verificar, se existem desequilíbrios entre as taxas de câmbio dos países dos BRICS. Levando-se em conta que estamos utilizando somente a taxa de câmbio como um mecanismo que poderá afetar o volume exportado ou importado desses países. Uma vez que há desequilíbrios entre as taxas de câmbio desses países, esse pode ser um fator relevante para influenciar nas relações comerciais dos países.

As tabelas construídas abaixo baseado em taxas de câmbio cruzadas, vão permitir analisar o poder de compra das moedas utilizadas pelos países dos BRICS. A primeira análise será feita considerando o poder de compra dessas moedas em relação ao dólar.

Tabela 1: Taxa de câmbio dos países em relação ao dólar

Países Moedas locais Dólares

Brasil 2,2402999 reais US$1,00

Rússia 35,0990495rublo US$1,00

Índia 60,1898388 rúpias US$1,00

China 6,2043014 renmimbi iuan US$1,00

Africa do Sul 10,72649848 randes US$1,00

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Tabela 2: O dólar em relação a moeda dos outros países

Países Moedas locais Dólares

Brasil 1,00 real US$ 0,4463688

Rússia 1,00 rublo US$ 0,0284908

Índia 1,00 rúpia US$ 0,0166141

China 1,00 renmimbi iuan US$ 0,1611785

Africa do Sul 1,00 rande US$ 0,0932271

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

Essas primeiras tabelas mostram que as moedas de todos esses países estão desvalorizadas em relação ao dólar. As moedas brasileiras e chinesas demonstram uma menor desvalorização e a da Índia e da Rússia são as mais desvalorizadas em relação ao dólar e a da Africa do Sul está entre ambas. Essa primeira disparidade demonstra que as moedas da China e Brasil beneficiaram o sector importador e a moeda dos demais países seria mais benéfica ao setor exportador desses países, essas considerações levam em conta um comércio internacional puro, ou livre comércio, baseado somente no instrumental cambial como mecanismo de troca, sem nenhum tipo de política protecionista.

As tabelas 1 e 2 demonstram mais uma vez que as moedas do Brasil e da China que possuem menor desvalorização em relação ao dólar, são as moedas mais valorizadas entre os países que compõem os BRICS, com isso podemos afirmar que em um comércio livre entre esses países, as taxas de câmbio brasileira e chinesa estão beneficiando o setor importador, por estarem mais valorizadas em relação as moedas dos demais países e as moedas da Rússia, India e Africa do Sul, estariam beneficiando o setor exportador desses países, por estarem mais desvalorizadas que o Real *moeda brasileira, e o Renmimbi Iuan moeda chinesa.

Abaixo vamos fazer as taxas de câmbio cruzadas para comparar as moedas utilizadas entre os BRICS. A moeda brasileira o real, a moeda da Rússia o Rublo, a moeda da India a Rupia, a moeda da China o Renmimbi Iuan e a moeda da Africa do Sul o Rande.

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Tabela 3: O Real em relação a moeda dos outros países

Países Moedas locais Reais

Rússia 1,00 rublo R$ 0,0639

Índia 1,00 rúpia R$ 0,0372

China 1,00 renmimbi iuan R$ 0,3611

Africa do Sul 1,00 rande R$ 0,2090

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

Tabela 4: A moeda dos demais países em relação ao Real

Países Moedas locais Reais

Rússia R$ 1,00 15,6592 rublos

Índia R$ 1,00 26,8601 rúpias

China R$ 1,00 2,7693 renmimbi iuan

Africa do Sul R$ 1,00 4,7847 randes

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

As tabelas confirmam a valorização do real em relação as demais moedas utilizadas pelos países estudados. A moeda mais valorizada é o Brasil, seguido por China, Africa do Sul, Rússia e Índia.As demaistabelas abaixo que vão de 5 a 12, todas vão demonstrar o que já constatamos, que as moedas desses países possuem poder de compra com bastantes disparidades.

Tabela 5: O Renmimbi Iuan em relação a moeda dos outros países

Países Moedas locais Renmimbi Iuan

Brasil 1,00 real $ 2,7693

Rússia 1,00 rublo $ 0,1767

Índia 1,00 rúpia $ 0,1031

Africa do Sul 1,00 rande $ 0,5783

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

Tabela 6: A moeda dos demais países em relação ao Renmimbi Iuan

Países Renmimbi Iuan Moedas de outros países

Brasil $ 1,00 $ 0,3611

Rússia $ 1,00 $ 5,6581

Índia $ 1,00 $ 9,7029

Africa do Sul $ 1,00 $ 1,7291

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Tabela 7: O Rande em relação a moeda dos outros países

Países Moedas locais Rande

Brasil 1,00 real $ 4,7847

Rússia 1,00 rublo $ 0,3057

Índia 1,00 rúpia $ 0,1781

China 1,00 renmimbi iuan $ 1,7292

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

Tabela 8: A moeda dos demais países em relação ao Rande

Países Rande Moedas locais

Brasil $ 1,00 $ 0,2090

Rússia $ 1,00 $ 3,2708

Índia $ 1,00 $ 5,6134

China $ 1,00 $ 0,5783

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

Tabela 9: O Rublo em relação a moeda dos outros países

Países Moedas locais Rublo

Brasil 1,00 real $ 15,6592

Índia 1,00 rupia $ 0,5829

China 1,00 renmimbi iuan $ 5,6581

Africa do Sul 1,00 rande $ 3,2708

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

Tabela 10: A moeda dos demais países em relação ao Rublo

Países Rublo Moedas de outros países

Brasil $ 1,00 $ 0,0639

Índia $ 1,00 $ 1,7156

China $1,00 $0,1767

Africa do Sul $ 1,00 $ 0,3057

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Tabela 11: A Rúpia em relação a moeda dos outros países

Países Moedas locais Rúpia

Brasil 1,00 real $ 26,8600

Rússia 1,00 rupia $ 1,7156

China 1,00 renmimbi iuan $ 9,7029

Africa do Sul 1,00 rande $ 5,6134

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

Tabela 12: A moeda dos demais países em relação a Rúpia

Países Rupia Moedas de outros países

Brasil $ 1,00 $ 0,0372

Rússia $ 1,00 $ 0,5829

China $ 1,00 $ 0,1036

Africa do Sul $ 1,00 $ 0,1781

Fonte de dados: Banco Central do Brasil, paridade baseada em 17/07/2014

As tabelas nos permitem afirmar que o Brasil possui a moeda mais valorizada, seguido da China, Africa do Sul, Rússia e India, o mesmo que nos mostrou a utilização do dólar nessas relações comerciais, não há uma modificação nesse ranking. Porem o que nos cabe analisar são os ganhos ou perdas que o pais que possui a moeda mais valorizada, no caso o Brasil e o pais com a moeda mais desvalorizada a India, teriam ao substituir o dólar por moedas locais. Além da possibilidade da criação de uma moeda única para as transações comerciais entre esses países.

Diante dessas observações e tabelas acima, poderíamos afirmar que no caso de um acordo comercial em que as relações comerciais fossem realizadas em uma única moeda, a China e o Brasil seriam os potenciais membros que poderiam ser escolhidos, uma vez que o poder de compra das moedas desses países é maior em relação a moeda dos demais.

Todas essas tabelas demonstram que o real é a moeda com paridade de compra maior em comparação as demais moedas utilizadas pelos parceiros locais, logo podemos afirmar que para os demais países utilizar o real ou receber o real nas suas transações comerciais seria algo positivo, uma vez que essa moeda possuí uma valorização em relação as demais. Para o Brasil no entanto manter moedas mais fracas do que a sua no caso de um superavit comercial não seria algo tão positivo.

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COMO ESTÃO AS RELAÇÕES COMERCIAIS NA ATUALIDADE ENTRE OS BRICS

A partir da década de 90, o Brasil começa a abrir a sua economia e buscar novas parcerias comerciais, por considerar como os demais países que essa é uma forma de alavancar seu crescimento económico, gerar empregos e realizar investimentos. Além disso atualmente as economias buscam diminuir a dependência de importar ou exportar produtos para um único país, experiência que o Brasil conhece bem e sofreu suas consequências nas décadas de 1930 e 1980.

Embora os principais parceiros comerciais brasileiros não sejam os integrantes dos BRICS, existe um comércio internacional com esses países, conforme podemos descrever na tabela abaixo.

Tabela 13: Negociações comerciais entre Brasil e os BRICS -2014

Meses Exportações Importações Saldo

Janeiro 2.875.918.369 5.184.851.098 (2.308.932.729) Fevereiro 3.492.786.109 3.689.322.323 (196.536.214) Março 5.137.664.679 3.500.787.874 1.636.876.805 Abril 5.057.879.796 3.540.333.949 1.517.545.847 Maio 5.863.194.350 4.007.710.411 1.855.483.939 Junho 5.586.860.554 3.591.755.111 1.995.105.443

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior- MDIC

Os principais produtos que o Brasil exporta para os países dos BRICS são principalmente produtos básicos embora exporte também industrializados. Já as importações são principalmente de manufaturados embora ele importe também industrializados. A balança comercial no início do ano se mostrou negativa, mas seu saldo nos últimos meses de 2014, analisados mostram a recuperação. Mesmo com o real valorizado em relação as demais moedas, as relações comerciais brasileiras com os países dos BRICS se mostram como um fator positivo. Ou seja mesmo diante de uma moeda valorizada as relações comerciais brasileiras com os BRICS, embora favoreçam o setor importador não estão resultando em um saldo negativo da balança comercial brasileira.

As próximas tabelas vão demonstrar as relações brasileiras com os demais países dos BRICS. A tabela 14, mostram as relações comerciais estabelecidas entre Brasil e Rússia.

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Tabela 14: Exportações e importações brasileiras com a Rússia no ano 2014

Meses Exportações Importações Saldo

Janeiro 222.004.830 216.919.369 5.085.461 Fevereiro 256.856.677 134.712.157 122.144.520 Março 194.008.789 169.328.978 24.679.811 Abril 281.376.271 194.811.843 86.564.428 Maio 282.436.074 310.346.008 (27.909.934) Junho 432.895.891 307.296.090 125.599.801

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior- MDIC

Embora o real seja valorizado em relação ao Rublo, o desempenho da balança comercial brasileira, só demonstra negativo no mês de maio de 2014, para os demais essa relação comercial é positiva para o Brasil. As exportações brasileiras para a Rússia são principalmente de produtos semimanufaturados e industrializados, já as importações brasileiras dos russos é principalmente de manufaturados e industrializados.O Brasil teria um saldo a receber em Rublo que não seria interessante de manter em saldos monetários, considerando que o poder de compra do Rublo se mostra inferior ao poder de compra do real.

As relações comerciais brasileiras com a India, vão demonstrar um desempenho diferente das relações brasileiras com a Rússia.

Tabela 15: Exportações e importações brasileiras com a Índia ano 2014

Meses Exportações Importações Saldo

Janeiro 395.516.643 878.998.887 (483.482.244) Fevereiro 282.841.269 519.665.185 (236.823.916) Março 280.313.940 500.905.578 (220.591.638) Abril 182.673.289 360.027.111 (177.353.822) Maio 470.338.821 546.168.097 (75.829.276) Junho 264.227.148 582.011.543 (317.784.386)

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior- MDIC

Como podemos verificar na tabela acima, as relações comerciais brasileiras com a Índia, representam um deficit comercial para o Brasil, como a taxa de câmbio brasileira é muito mais valorizada do que a taxa de câmbio da Índia, esse pode ser um fator que está resultando nessa balança comercial deficitária no Brasil, uma vez que essa valorização excessiva do real em relação a rúpia deixa os preços dos produtos indianos mais baixos no

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mercado brasileiro. Mas como o Brasil não vai manter a Rupia em saldos monetários, seria uma relação comercial interessante para o Brasil, em moedas locais.

A próxima analise será das relações comerciais brasileiras com a China, que são as de taxas de câmbio mais homogéneas em relação aos demais países.

Tabela 16: Exportações e importações brasileiras para a China ano 2014

Meses Exportações Importações Saldo

Janeiro 2.178.163.689 4.004.979.916 (1.826.816.227) Fevereiro 2.846.883.917 2.977.136.930 (130.252.013) Março 4.556.792.099 2.765.913.225 1.790.878.874 Abril 4.487.340.344 2.914.543.651 1.572.796.693 Maio 5.019.539.299 3.099.996.952 1.919.542.347 Junho 4.791.126.882 2.641.890.945 2.149.235.937

Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior- MDIC

A tabela acima demonstra que as relações brasileiras com os chineses também iniciaram o ano de 2014, com um saldo negativo, mas se recuperaram a partir do mês de marco. Mesmo com o Brasil tendo uma taxa de câmbio mais valorizada do que a taxa de câmbio da China, esse fato não está prejudicando as relações comerciais brasileiras que estão superavitárias. Os chineses exportam dos brasileiros principalmente produtos básicos e a china importa para o Brasil principalmente manufaturados e industrializados. O Brasil manteria em saldos monetários a moeda chinesa, que também se mostra desvalorizada em relação ao real porem mais valorizada que as moedas dos outros países.

As relações comerciais com a Africa, são retomadas a partir de 2003 com o governo Lula, embora o marco dessas negociações seja ainda no governo militar de João Figueiredo. Tabela 17: Exportações e importações brasileiras com a Africa do Sul ano 2014

Meses Exportações Importações Saldo

Janeiro 80.233.207 83.952.926 (3.719.719) Fevereiro 106.203.246 57.808.051 48.395.195 Março 105.549.851 64.640.093 41.909.758 Abril 106.489.892 70.951.344 35.538.548 Maio 90.880.156 51.199.354 39.680.802 Junho 98.610.633 60.556.542 38.054.091

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Podemos observar que as relações comerciais brasileiras com a Africa do Sul também começaram negativas no ano de 2014, mas se recuperaram, o Brasil possuí um saldo positivo nessas relações comerciais também e as exportações brasileiras para a Africa é principalmente de produtos manufaturados e industrializados.Também não seria benéfico para o Brasil manter em saldos monetários o Rande que esta desvalorizado em relação ao Real.

Todas essas tabelas mostram que as transacções brasileiras com os países em sua maioria são positivas, mas como a taxa de câmbio brasileira esta valorizada em relação as moedas dos demais países não seria relevante para o Brasil, manter essas moedas em saldos monetários.

CONCLUSÕES:

As transformações históricas e as crescentes rivalidades econômicas e políticas entre as nações, novos arranjos nos mercados internacionais estão gerando uma reorganização do sistema internacional, devido a fatores como: intensidade das rivalidades interestatais, novas formas de poder e as perdas das vantagens competitivas. (Pautasso, 2010)

A globalização e a heterogeneidade entre os países provocam efeitos sobre o comércio internacional em variáveis como crescimento e desenvolvimento econômico. Afetando algumas variáveis importantes como os tipos de empregos e não os números de empregos. Por exemplo, a adoção de políticas protecionistas geram empregos na importação, e não nos mercados internos, porém o comércio internacional proporciona ganhos para todos, pois o país quando exporta gera empregos. (Steinberg, 2008)

Mudanças tecnológicas e surgimento de novos concorrentes como a China e a Índia, e o avanço da Globalização, tem provocado mudanças drásticas no comércio mundial e nas vantagens comparativas e competitivas. Economias emergentes como o Brasil atualmente representam maior parte do crescimento da produção doméstica e do comércio internacional. Embora tenham ocorrido mudanças na economia mundial, principalmente durante o seu ciclo de expansão (2003- 2007), o protecionismo não foi banido em setores tradicionais como agricultura, subsídios às exportações e políticas de dumping. O Novo

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cenário internacional progrediu as negociações multilaterais abrindo espaço para medidas protecionistas. (Rosales, 2009).

Diante desses contextos de elevada competitividade e elevado protecionismo entre as economias, mas considerando um mercado sem distorções na política comercial. Como seriam as relações comerciais em moedas locais pelos BRICS?

Podemos afirmar que existem grandes disparidades entre as moedas dos países que fazem partem dos BRICS, ao realizar o mecanismo de conversão entre as moedas pelas taxas de câmbio cruzadas. Essas assimetrias deixam clara que as transacções comerciais em moedas locais é possível, desde que aos países se comprometam em não realizar drásticas alterações em seus câmbios, de maneira que os países que atualmente ganham com essa política cambial passem a perder, como seria o caso brasileiro. Essas taxas de câmbio cruzadas também permite afirmar que o Real, moeda do Brasil, e o Renmimbi Iuan, moeda da China, seriam potenciais moedas, no caso de opção por uma moeda única entre os países, por serem moedas mais valorizadas dos BRICS.

Não se percebe na maioria das análises das relações comerciais brasileiras com os demais países, que essas relações comerciais estão sendo afetadas por essas disparidades nas taxas de câmbio, pelo menos é o que se percebe em relação ao Brasil. Embora o real seja mais valorizado que as demais moedas, o que elevaria as importações brasileiras desses países para o Brasil e reduziria as exportações brasileiras para esses países, não é o que ocorre analisando só os primeiros seis meses de 2014. A única exceção é o caso da India, onde a balança comercial brasileira, está desempenhando um papel negativo, esse fator pode ser devido a influência da taxa de câmbio.

Para todos os países é interessante manter o real, em suas transacções comerciais, uma vez que a moeda brasileira é mais valorizada que as moedas locais desses países. O mesmo não se pode afirmar no caso do Brasil, o poder de compra dessas moedas, principalmente da Rússia e da Índia é muito baixo, não sendo interessante manter saldos comerciais em moedas locais ao invés de dólar, considerando entre essespaíses transacções comerciaispositivos. Isso não ocorre no caso da India, visto que o Brasil tem saldo a pagar na sua balança comercial e não a receber, mas no caso da Rússia, onde a balança comercial brasileira é positiva, é melhor manter esse saldo comercial em dólar ao invés de Rublos.

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As sanções impostas pelos Estados Unidos e por outros países a Rússia, devido ao recente conflito, demonstra que é interessante para a Rússia intensificar essas relações comerciais principalmente por manter uma parceria comercial forte. De acordo com informações de reportagens a Rússia já está utilizando a sua moeda em parceria comercial com a China, mas não temos dados no momento que nos possibilitem analisar o impacto dessas negociações. O que se observa é que embora o Rublo seja desvalorizado em relação ao real esse fato não está prejudicando as exportações brasileiras, que estão se mantendo positivas em 2014.

Diante dessas colocações, considera-se que a taxa de câmbio por si só mesmo com heterogeneidade, não está sendo capaz de pesar de forma positiva ou negativa nas relações comerciais entre esses países. Mas manter moedas de menor valor de outros países, já é uma questão que nem todos os países podem considerar satisfatória. Mas diante dos avanços de implementação de um banco e de um fundo pelos países dos BRICS, talvez esse seja um fator positivo que pode facilitar as trocas a partir dessas transações em moedas locais. Esse banco e fundo criado pelos países, possibilitariam os mesmos a não manutenção de outras moedas em saldos monetários, que poderiam ser trocadas. Se esses países puderem contar com esse sistema como um financiador dessas trocas, considera - se que nenhum desses países sairia perdendo.

A inserção de uma moeda única ou de um sistema de trocas que substituí o dólar pelas moedas dos demais países parece perfeitamente possível uma vez que não se percebe que o câmbio está prejudicando ou favorecendo países que tenham suas taxas de câmbio mais ou menos valorizadas em relação aos demais. No entanto essa afirmação só é valida para o caso do Brasil, onde se pode verificar detalhadamente como estão as relações comerciais brasileiras com a Rússia, Índia, China e Africa do Sul,

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