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Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

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Acórdão nº 094/2010

Recurso VOL/CRF-289/2009

RECORRENTE: VRG LINHAS AÉREAS S/A (GOL TRANSPORTES AÉREOS S/A)

RECORRIDA: GERÊNCIA EXECUTIVA DE JULGAMENTO DE

PROCESSOS FISCAIS

REPRESENTANTES: ADILSON DE QUEIROZ COUTINHO FILHO E OUTROS

AUTUADO: JEAN CARLOS DA SILVA

PREPARADORA: RECEBEDORIA DE RENDAS DE JOÃO PESSOA

AUTUANTES: FRANCISCO LUIZ DE OLIVEIRA E PAULO SÉRGIO B. B. CAVALCANTI

RELATOR: CONS. FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO

RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS DESACOBERTADAS DE NOTAS FISCAIS. AUSÊNCIA DA DATA DE CIÊNCIA DO AUTUADO NA PEÇA ACUSATÓRIA. NULIDADE DO JULGAMENTO SINGULAR. REFORMADA A DECISÃO RECORRIDA.

É imperativo para a fiel observância dos Princípios do Devido Processo Legal, Ampla Defesa e Contraditório, bem como para a regularidade dos atos processuais, que seja definido o marco temporal em que ocorreu a ciência do acusado. Nesse sentido, impõe-se, pois, a correta cientificação do autuado.

Vistos, relatados e discutidos os autos deste Processo, etc...

A C O R D A M os membros deste Conselho de Recursos Fiscais, à unanimidade e de acordo com o voto do relator pelo recebimento do RECURSO VOLUNTÁRIO, por regular e tempestivo, e quanto ao mérito pelo seu PROVIMENTO, para ANULAR a decisão prolatada em primeira instância que julgou PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão Termo de Depósito nº 3.232, lavrado em 10 de outubro de 2005, contra o condutor JEAN CARLOS DA SILVA, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob nº 964.735.094-53, ao tempo em que DETERMINO à repartição preparadora que reenvie a peça acusatória para ciência do autuado, observando o contido no art. 698, do Regulamento do ICMS-PB, aprovado pelo Decreto nº 18.930/1997, e lhe seja aberto prazo para defesa em observância aos Princípios do Devido Processo Legal, Ampla Defesa e Contraditório.

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Continuação do Acórdão n.º 094/2010 2

P.R.I.

Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, 07 de maio de 2010.

_____________________________________________________ FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO – CONS. RELATOR

R E L A T Ó R I O

Recurso Voluntário tempestivo impetrado pela VRG Linhas Aéreas S/A, sucessora por incorporação da GOL Transportes Aéreos S/A., por intermédio de seus advogados, legalmente habilitados nos autos, em conformidade com o art. 125 da Lei nº 6.379/1996, contra a exigência de pagamento de crédito tributário, que lhe foi formulada pela repartição preparadora, após decisão pronunciada pela Gerência Executiva de Julgamento de Processos Fiscais, quando da análise do Auto de Infração e Apreensão Termo de Depósito nº 3.232, lavrado em 10 de outubro de 2005, contra o condutor Jean Carlos da Silva, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob nº 964.735.094-53 (fl. 02).

Consta da peça acusatória que o condutor acima estava transportando mercadorias desacompanhadas de documentos fiscais. Face ao cometimento de tal fato infringente, lhe foi exigido o crédito tributário de R$ 26.775,00, sendo R$ 8.925,00 de ICMS, por ir de encontro aos arts. 38, II, ‘c’, III; 150; 151; 158, I; 160, I, e 659, I, do Regulamento do ICMS-PB, e mais R$ 17.850,00 de multa por infração, por transgredir o art. 82, V, ‘b’, da Lei nº 6.379/1996.

O autuado tomou ciência da acusação na própria peça basilar, onde também se observa a ausência da data em que o mesmo apôs a sua assinatura na notificação daquela peça (fl. 02v).

Na data da autuação, a GOL Transportes Aéreos S/A, filial de Jaboatão, Pernambuco, requereu e obteve a guarda das mercadorias apreendidas no acima mencionado auto de infração (fls. 06 e 17 a 22).

Transcorridos mais de sessenta dias contados da data da lavratura da peça vestibular, sem que houvesse apresentação de reclamação por parte do autuado, foi informado que o autuado não é reincidente na infração de que está sendo acusado (fl. 07) e lavrado o necessário Termo de Revelia (fl. 08).

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Continuação do Acórdão n.º 094/2010 3

Conclusos (fl. 09), foram os autos enviados à Gerência Executiva de Julgamento de Processos Fiscais, onde foram distribuídos a nobre julgadora Maria da Graças D. Oliveira Lima, que se pronunciou pela procedência da acusação (fls. 12 e 13), resumindo-a na seguinte ementa:

REVELIA

A revelia do contribuinte frente à lavratura do Auto de Infração ergue-se como alicerce acusatório de fato e de direito, emoldurando o ato sentencial que confirma procedência do feito fiscal.

AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE.

De modo equivocado, por meio do Edital nº 050/2006 NCCDI-RRJP, de 28 de dezembro de 2006, o qual foi publicado no DOE apenas em 12 de outubro de 2007, a repartição preparadora comunicou ao autuado que o Conselho de Recursos Fiscais havia decidido pela improcedência da acusação exposta na peça vestibular (fl. 16).

Em 18 de maio de 2006, a repartição preparadora procurou informar o autuado acerca da correta decisão prolatada em primeira instância, agora por meio de Aviso de Recebimento, o qual foi devolvido pelos Correios com a justificativa de ser o destinatário ‘desconhecido’ (entre as fls. 16 e 17).

Em 12 de julho de 2006, novamente a repartição preparadora tentou informar o acusado acerca da correta decisão prolatada pela instância a quo, por meio de Aviso de Recebimento, o qual, desta vez, foi devolvido pelos Correios com a justificativa de ser o endereço ‘insuficiente’ (entre as fls. 16 e 17).

Por meio do Edital nº 011/2008 NCCDI-RRJP, de 27 de maio de 2008, publicado no DOE de 15 de julho de 2008, a repartição preparadora tentou, novamente, intimar o autuado acerca da decisão pronunciada pela instância singular (fl. 24).

Em 03 de abril de 2009, por meio de Aviso de Recebimento, a repartição preparadora enviou ofício a fiel depositária, GOL Transportes Aéreos S/A, como se fora para o autuado, comunicando a decisão preliminar, ao tempo em que exigia o pagamento do crédito tributário lançado na peça acusatória (fls. 25 e 26).

Tempestivamente, por meio de seus advogados, a fiel depositária recorre da exigência formulada pela representação fazendária, onde após breve retrospecto fático-processual alega:

a) que inexiste auto de infração lavrado contra a mesma;

b) que não foi devidamente intimada em quaisquer das fases processuais anteriores acerca da exigência de crédito tributário;

c) que a repartição fiscal incorreu em erro de forma e na indicação do sujeito passivo ao lhe expedir um ofício de cobrança;

d) que não há vínculo do depositário fiel com a infração, motivo pelo qual não pode a mesma ser responsabilizada pelo recolhimento da exação;

e) que não houve o devido processo legal e, por conseguinte, ocorreu cerceamento de defesa; e

f) que a incorporadora não pode ser responsabilizada por infração por ventura cometida pela incorporada.

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Continuação do Acórdão n.º 094/2010 4

Pede, por fim, a nulidade do feito fiscal (fls. 26 a 66-A).

Sob a forma de contra-arrazoado, um dos fazendários limitou-se a afirmar que a autuação fundamentou-se no flagrante de transporte de mercadorias sem documentação fiscal, ao tempo em que faz um retrospecto dos atos processuais pede que seja juntada a documentação que fundamentou a decisão do Conselho de Recursos Fiscais pela improcedência, citada no Edital nº 050/2006 NCCDI-RRJP, de 28 de dezembro de 2006 (fl. 68)

Este é o relatório.

V O T O

O presente contencioso reporta-se ao flagrante realizado pela fiscalização de mercadorias em trânsito, que acusa o condutor Jean Carlos da Silva de transportar mercadorias tributáveis desacobertadas de documentos fiscais.

Contudo, o flagrante de infração, que se apresenta relativamente corriqueiro, transformou-se em uma seqüência de equívocos processuais que denotam não só a urgente necessidade de treinamento dos servidores envolvidos com o trâmite dos processos de autuação, como também a reforma da decisão preliminar.

A peça acusatória, a despeito de estar razoavelmente bem descrita e embasada, deixou de expressar a data em que o autuado tomou ciência da acusação, o que comprometeu, sobremaneira, a contagem dos prazos processuais.

A mesma peça acusatória, há de se destacar, não aponta outro responsável pela infração que não o condutor Jean Carlos da Silva, apesar da possibilidade de ter havido a indicação da empresa de transporte, proprietária do veículo flagrado transportando as mercadorias desacobertadas de documento fiscal (fl. 04).

Assim sendo, ao não constar a data de ciência do sujeito passivo na autuação e ao não ser apontada a existência de co-responsáveis pela infração ou tributo, ficaram maculados os atos processuais executados pela repartição preparadora, a partir de então, por não oportunizar àquele, em sua plenitude, os Princípios do Devido Processo Legal e da Ampla Defesa e Contraditório.

Estabelece o art. 694, III, do Regulamento do ICMS-PB que se considera iniciado o procedimento fiscal para apuração das infrações ao mesmo com a lavratura do auto de infração. Já o art. 692, X, do aludido Regulamento afirma que é requisito do auto de infração a assinatura do autuado. É ainda o mesmo diploma regulamentar que no art. 698, I, destaca que o sujeito passivo terá ciência da lavratura do auto de infração, pessoalmente, mediante a entrega de cópia da peça lavrada, contra recibo no respectivo original.

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Continuação do Acórdão n.º 094/2010 5

Se observarmos o verso da peça acusatória aposta à folha 02 dos autos, veremos que o autuado tomou ciência da exigência, o que, em tese, atenderia aos preceitos do Regulamento do ICMS-PB. Contudo, o mesmo Regulamento fixa, de forma clara, no inciso I, do § 1º, do art. 698, que se considera dada a ciência a partir da data do recebimento da cópia da peça lavrada.

Essa data se reveste de importância maior, pois é a partir da mesma que são marcados os prazos para apresentação de reclamação por parte do acusado ou, em assim não acontecendo, ser lavrado o necessário Termo de Revelia (arts. 709 e 716 do Regulamento do ICMS-PB, respectivamente).

Ora, ao não se ter certeza de quando o acusado tomou ciência, ou noutros termos, em não sendo estipulado o marco inicial para contagem dos prazos para apresentação de defesa ou lavratura de Termo de Revelia, como podemos ter assegurado que o Termo apenso a folha 08 dos autos não redundou em atropelo à defesa do autuado?

Em assim considerando, prejudicada fica a decisão prolatada na instância preliminar, oportunidade em que deveria ter sido observada a falha contida na peça vestibular e providenciada a necessária correição, por meio de diligência.

Os demais atos processuais que se sucederam, demonstram a necessidade de aperfeiçoamento do corpo funcional fazendário.

Na primeira tentativa de comunicar ao autuado a decisão prolatada na instância primária, a repartição preparadora, de modo equivocado, optou por publicar o Edital nº 050/2006 NCCDI-RRJP (fl. 16) e informar ao autuado que este Conselho de Recursos Fiscais havia julgado improcedente a peça acusatória.

Também de modo equivocado, procedeu a repartição preparadora ao deixar de figurar, no envelope e no Aviso de Recebimento, o bairro e o CEP corretos do acusado (entre as fls. 16 e 17).

Na terceira tentativa de informar ao autuado a decisão preliminar, além dos equívocos acima relatados, a repartição preparadora fez constar no endereço do autuado no Aviso de Recebimento bairro diverso daquele que deveria ser (entre as fls. 16 e 17).

O resultado dessas tentativas de comunicação não poderia ser diferente do que foi relatado pelos Correios – desconhecido e endereço insuficiente.

O Edital nº 011/2008 NCCDI-RRJP, de aparente correção, trazia a menção de que o não atendimento aos seus termos implicaria no lançamento do crédito tributário exigido na peça vestibular na Dívida Ativa, providência esta que, em trâmite processual regular, estaria conforme as disposições normativas, e executada tão logo esgotasse o prazo regulamentar para apresentação de recurso contra a decisão preliminar (fl. 24).

Ao invés disto, preferiu a repartição preparadora encaminhar expediente cobrando da depositária, GOL Transportes Aéreos S/A, a quitação do crédito tributário lançado no auto de infração, cuja responsabilidade para tanto era do condutor Jean Carlos da Silva (fls. 25 e 26), o que a motivou a impetrar recurso voluntário (fls. 26 a 66).

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Ora, a responsabilidade da depositária fiel é de natureza cível, cabendo-lhe a guarda e conservação dos produtos ou mercadorias apreendidos até que lhe seja pedido a restituição dos mesmos. Não pode, pois, ser imputada à depositária fiel a responsabilidade pelo pagamento do imposto, por ausência de previsão legal (arts. 31 a 33 da Lei nº 6.379/1996), e menos ainda da penalidade por infração cometida por terceiros, uma vez que na seara tributária a responsabilização é direta e objetiva.

Portanto, descabe a exigência e desnecessária foi a medida adotada pela repartição fiscal, ao exigir da depositária fiel o adimplemento da obrigação contida na inicial.

Assim exposto,

VOTO pelo recebimento do RECURSO VOLUNTÁRIO, por regular e tempestivo, e quanto ao mérito pelo seu PROVIMENTO, para ANULAR a decisão prolatada em primeira instância que julgou PROCEDENTE o Auto de Infração e Apreensão Termo de Depósito nº 3.232, lavrado em 10 de outubro de 2005, contra o condutor JEAN CARLOS DA SILVA, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob nº 964.735.094-53, ao tempo em que DETERMINO à repartição preparadora que reenvie a peça acusatória para ciência do autuado, observando o contido no art. 698, do Regulamento do ICMS-PB, aprovado pelo Decreto nº 18.930/1997, e lhe seja aberto prazo para defesa em observância aos Princípios do Devido Processo Legal, Ampla Defesa e Contraditório.

Sala das Sessões do Conselho de Recursos Fiscais, em 07 de maio de 2010.

FRANCISCO GOMES DE LIMA NETTO CONSELHEIRO RELATOR

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